A Família Muçulmana

Tradução de Ismail Ahmed Barbosa Júnior.

A MULHER NAS CIVILIZAÇÕES NÃO-ISLÂMICAS

A aflição da humanidade e a causa de sua tragédia sob a cultura moderna materialista se originam da crise do intelecto, da ruína ideológica, juntamente com os conceitos e idéias confusas, as quais impõem atitudes estranhas, limitando a perspectiva das coisas e definindo os seres humanos e a sociedade de uma maneira absurda. Se um pesquisador ou um analista lançar um olhar superficial à natureza e à aparência das condições sociais, culturais e psicológicas da cultura materialista atual, reconhecerá imediatamente o trágico retrato dos sofrimentos humanos, da injustiça, da opressão, da falência e da privação nesta complexa civilização.

Ao buscar a origem dessas catástrofes sociais, psicológicas e intelectuais em suas raízes históricas, pode-se perceber que se encontram fortemente ligadas a atitudes supersticiosas na história da ignorância neste planeta. Elas traçam um esboço cujas linhas atravessam a dimensão dos tempos da ignorância e cortam o vácuo do período contemporâneo, formando o maior círculo da confusão mental e espiritual e do extravio cultural da humanidade.

Elas ilustram uma imagem desfigurada cuja natureza intrínseca foi poluída, e cuja vida foi desviada da lei da natureza humana, da senda da retidão e da justiça. Surge a figura de uma personalidade confusa, privada de quaisquer valores e conceitos humanos, e incapaz de cultivar ou expressar sua verdadeira identidade e sua pura essência.

Desses distorcidos conceitos de valores e relações, se originam as profundezas da história da ignorância, e deságuam na cultura materialista moderna, as desviadas teorias sobre o ser humano, mulher, o sexo, a vida familiar, as relações sociais, etc., que se formaram. A história desses conceitos, valores e relações apresenta uma imagem trágica da humanidade e de seu brutal comportamento, que ofende a própria lei da vida, contraria a natureza inata da humanidade, degradando miseravelmente a mulher e colocando-a numa posição que não é digna de sua natureza e conturba o equilíbrio social e a equidade das relações entre o homem e a mulher.

Assim, a mulher, sofre imensamente com o desvario da sociedade moderna, sendo maltratada pelo homem e pelas leis desumanas. Tem sido assim desde os tempos primitivos até a civilização materialista moderna. Estas leis e costumes culturais estabelecidos pelo homem sempre viram a mulher como uma mercadoria comercial, um meio de prazer, uma prisioneira que não tem nenhuma liberdade e uma criatura que não possui nenhum mérito humano semelhantes aos que foram concedidos ao homem. Na realidade, a mulher é considerada uma fonte de mal neste mundo, uma causa do pecado, ou uma impureza da qual se faz necessário purificar-se.

Historicamente falando, a mulher tem sido explorada. Nas civilizações do passado, como a Grega e a Romana, ela era privada de direitos civis e estava sujeita aos maus tratos de seu pai, de seus irmãos e de seu marido, que a consideravam somente como um fardo pesado, um meio de prazer ou uma escrava para a labuta.

De acordo com os conceitos do Judaísmo, desviados das leis originais de Moisés (A.S.), a mulher era menosprezada como uma causa do pecado. O mito ia mais além, dizendo que a mulher foi quem provocou o pecado e a expulsão de Adão (A.S.) do Paraíso. A Torá (adulterada pelos judeus) diz: “A mulher é mais amarga do que a morte” e também diz “O bom homem diante de Deus deve evitá-la”.

Sob esta errônea interpretação da Mensagem Divina de Moisés (A.S.), a mulher é considerada uma propriedade de herança. O Velho Testamento diz: “Não houve em toda terra mulheres tão formosas como as filhas de Jó, seu pai deu-lhes em herança entre seus irmãos”. Jó (42: 15)

Além disso, a lei judaica, declara que se um homem morrer sem ter deixado filhos, sua viúva, denominada “Yabamah” na terminologia hebraica, deve imediatamente tornar-se esposa de seu irmão, quer ela queira ou não, e ele tem que sustentá-la e herdar dela após sua morte.

Reproduzimos abaixo o seguinte texto do velho testamento:

“Quando morrerem irmãos juntamente e um deles morrer sem filhos, a mulher do defunto não casará com um estranho, mas o irmão do defunto a receberá e suscitará descendência a seu irmão. Ao filho primogênito que tiver dela porá o nome do seu irmão para que o nome deste não se extinga em Israel. Mas se ele não quiser receber a mulher do seu irmão a qual lhe é devida segundo a lei, irá esta mulher à porta da cidade, recorrerá aos anciãos e lhes dirá: O irmão de meu marido não quer fazer reviver o nome de seu irmão em Israel nem me receber por mulher. E eles logo o farão comparecer e o interrogarão. Se responder: Eu não a quero receber por mulher, a mulher se aproximará dele diante dos anciãos, tirar-lhe-á o sapato do pé, cuspir-lhe-á no rosto e dirá: Assim será feito ao homem que não edifica a casa de seu irmão, e sua casa será chamada em Israel de a casa do descalçado”. Deuteronômio (25:5-10)

O Artigo 36 da lei judaica pessoal confirma este fato. Diz: “Se um homem morre sem deixar filhos, e se ele tem um irmão de sangue, ou com laço consangüíneo, sua viúva é considerada esposa legítima desse irmão. Ela se torna ilícita para qualquer outro homem exceto ele enquanto ele viva, a menos que ele a liberte”.

Além disso, esta religião dos judeus, permite a um pai pobre que venda sua filha como uma escrava, a fim de livrar-se da miséria. Em suma, esta religião distorcida degrada o status das mulheres e vê as jovens como uma mercadoria negociável. Se observarmos a sociedade árabe durante o período da ignorância (pré-islâmico), ele também apresenta um triste quadro da amarga tragédia que as mulheres sofriam. Os árabes costumavam considerar a mulher como uma vergonha, e odiavam sua existência, pois eles temiam a desgraça e as conseqüências de seu cativeiro. Um árabe preferia não ter uma filha. E se nascesse uma, ele não queria ver sua face. Ódio e má vontade dominavam as almas desses homens cruéis assim que alguns desses bebês começavam a caminhar. Como resultado desta absurda e obtusa maneira de pensar, a mulher se tornou uma propriedade ou uma mercadoria na sociedade árabe, a ponto de um filho ter a permissão de casar com suas madrastas.

O Alcorão Sagrado ilustra este horrível retrato da ignorância dos árabes, denunciando todos os seus costumes, atitudes e pensamentos sobre as mulheres.

“Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do povo, pela má notícia que lhe foi anunciada, a deixará viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Que péssimo o que julgam!” (Alcorão Sagrado C.16 – V.58-59)

“Quando a filha, sepultada viva, for interrogada: Por qual delito foste assassinada?” (Alcorão Sagrado C.81 – V. 8 e 9)

“E não vos caseis com as mulheres que desposaram vossos pais, salvo fato consumado (anteriormente), porque é uma obscenidade, uma abominação e um péssimo exemplo…” (Alcorão Sagrado C.4 – V.22)

Com respeito aos conceitos da Igreja cristã, eles são uma mistura confusa das idéias judaicas e do estado pagão romano. A atitude da igreja em relação à mulher é explicitamente declarada na opinião da Cristandade sobre a mesma: “Ela é a porta que Satã usa para adentrar a alma do homem. Ela impeliu o homem para a árvore proibida, violando a lei de Deus, e desfigurando a imagem de Deus, que é a imagem do homem”.

Um destacado sábio cristão, diz o seguinte sobre a mulher: “Ela é um mal inevitável, uma praga desejada, um perigo para a família, uma querida assassina, e uma calamidade dourada”.

Assim, foi natural que o desenvolvimento da cultura materialista moderna européia reagisse e rejeitasse estes conceitos retrógrados, míticos e selvagens dos judeus e dos cristãos que por séculos tinham dominado o pensamento dos povos da Europa, da América e de outros lugares. Portanto, naturalmente, essas mal interpretadas teorias sobre as mulheres, e seu relacionamento com o homem, a vida e a civilização, se desfizeram em pedaços e a Europa materialista teve que formular suas próprias teorias para preencher o vácuo resultante.

Estas teorias foram baseadas, por um lado, na herança cultural greco-romana, por outro, no resultado de uma contra-ação à trágica posição da mulher sob os valores, leis e conceitos herdados das distorções do Judaísmo e do Cristianismo. Mas, infelizmente, esta teoria moderna, embora apelasse para a destruição dos falsos conceitos míticos, e clamando o slogan da liberdade e da emancipação da mulher, na verdade, caiu presa de sua própria consciência, voltada para a busca de prazer.

Este conceito materialista de prazer, sexo, contentamento e busca instintiva de satisfação, advogado pela cultura européia moderna, distorceu o status da mulher, a noção de sexo e de relacionamento entre o homem e a mulher, e da existência, causando mais prejuízo do que conceitos, oriundos do fóssil eclesiástico e dos remanescentes do pensamento judaico. Sob esta cultura moderna, a mulher foi submersa mais profundamente na sujeira da degradação, e as garras da tragédia social apertaram-se ainda mais em seu pescoço. Esta tendência não dava qualquer chance a ela de sair da desgraça do desprezo, da servidão e do estado de desdém a sua própria condição humana, e ela afundou no caos da satisfação lasciva, na perda dos valores, nas angústias familiares e no sofrimento psicológico, impostos a ela por esta decadente e enferma cultura. De certo modo, como se tentando escapar da frigideira ela caiu no fogo.

Assim, ao analisar o status da mulher na Europa, na América, no Japão, na Rússia e em outras partes do mundo afetadas por esta corrente materialista, se pode observar os dolorosos e trágicos resultados. Ao mesmo tempo, percebemos que a civilização deste homem ignorante está finalmente à beira do colapso, enquanto sua caravana tropeça sobre uma e outra pedra atravessando os desertos da ruína e do extravio. Reconhecemos que isso seja uma repetição do que tinha sido vivido pelas gerações ignorantes do passado, cuja desgraça foi descrita pelo Alcorão:

“Sois como aqueles que vos precederam, os quais eram mais poderosos do que vós e mais ricos em bens e filhos. Desfrutaram de sua parte dos bens e vós desfrutais da vossa, como desfrutaram da sua os vossos antepassados; tagarelais, como eles tagarelaram. Suas obras se tornarão sem efeito, neste mundo e no outro, e serão os desventurados”. (Alcorão Sagrado C.9 – V. 69)

A despeito dos argumentos desta cultura sobre a emancipação feminina, de seus direitos e de sua igualdade, os problemas da mulher, do sexo e de seu relacionamento com o homem e a sociedade se tornaram mais complexos e sérios, ameaçando a felicidade, não somente da família, mas de toda a sociedade.

Na realidade, tais argumentos se tornaram a causa da desgraça da mulher, destruindo sua natureza humana. Estimativas e estatísticas surgem todos os dias com fatos dolorosos e terríveis, alertando sobre uma nova destruição, que força o homem contemporâneo a reconsiderar seus conceitos e seu entendimento sobre o sexo, o homem, a mulher e as relações sociais.

A fim de apresentar ao leitor um testemunho apoiado pelas estatísticas e estimativas obtidas em estudos relevantes, eis alguns exemplos que anunciam o terrível retrato da ruína e da tragédia na cultura materialista moderna, com relação aos problemas familiares, tais como o divórcio, o adultério, os filhos ilegítimos e a desgraça da vida familiar do homem e da mulher de nosso tempo.

O Jornal “Al-Qabas” em sua edição de 11-7-1979 noticia que:

“12.713 donas de casa fugiram de suas casas no decorrer de um ano, numa média de 35 por dia. A polícia japonesa revelou estes dados no dia das Mães, como resultado das demandas de filhos e maridos procurando suas mães e esposas. A maior parte desses desaparecimentos foram causados por brigas familiares, crueldade dos maridos e questões similares, diz a Polícia. O número de donas de casa que fogem com outros homens, abandonando seus maridos e filhos, está crescendo. A Polícia acrescenta que 400 donas de casa abandonaram seus lares em conseqüência de dívidas”.

Um outro relatório diz:

“Um comitê realizando uma busca por esposas e maridos que abandonaram seus lares em N.York. anunciou que a investigação demonstrou que em 1952 por volta de 70.000 maridos tinham abandonado seus lares nos EUA e apenas 15 donas de casa tinham abandonado seus esposos.”

Al-Mujtama, uma revista kuwaitiana noticiou que a Grã-Bretanha encabeça a lista dos países no número de divórcios por ano. Os índices do último ano mostram uma estimativa de 170.000 divórcios contra 146.000 do ano anterior. Estatísticas demonstram que 700.000 divorciados se sustentam pelo plano governamental de assistência e bem estar social que coloca um pesado fardo financeiro no orçamento estatal.

Um juiz americano escreveu: “em Denver, no ano de 1922, quase todos os casamentos resultaram em separação. Para cada dois casamentos a côrte presenciou um divórcio. Esta não é uma característica exclusiva de Denver. De fato, é mais ou menos parecido em todas as cidades e vilarejos americanos”.

De acordo com um relatório médico de Baltimore, as côrtes municipais cuidaram de 1000 casos de estupro de garotas com idade inferior a doze anos.

E ainda, um outro relatório diz: “Na Inglaterra, 9 entre 12 moças são submetidas a estupro ou rapto”.

Dra. Homer, uma sueca, quando requisitado pela ONU para estudar o status das mulheres nos países árabes em 1975, comentou: “É a mulher sueca que deve exigir sua liberdade, desde que a mulher nos países árabes já alcançou o máximo de sua liberdade sob o Islam”. E acrescentou: “a mulher sueca atualmente tenta conseguir transformar este ano no “Ano internacional da Mulher” e é então que declara um outro ano para o homem, de modo que esse possa extrair seus direitos da mulher”.

A Dra. Homer prossegue em seu relatório: “25% das mulheres suecas sofrem de doenças psicológicas e nervosas, e 40% da renda sueca é gasta com estas doenças causadas pela assim chamada liberdade que a mulher sueca alcançou e que está a exercer. De fato, a tragédia sueca está a beira de um terrível precipício.”

A gravidez pré-matrimonial alcança uma proporção epidêmica nos EUA, onde o adultério é uma prática desenfreada.

Com a gravidez indesejada surge a questão moral do aborto, ou seja, tirar a vida de uma criança não-nascida. Doenças sexualmente transmissíveis tornaram-se um horror mundial. Um estudo recente noticiado pela Associated Press demonstrou: “quatro em cada cinco mulheres americanas solteiras mantinham relações sexuais com a idade de 20 anos. Uma em cada três tinha vivido com um homem fora do casamento. Um terço de todas essas mulheres tinham engravidado ao menos uma vez, e 40% dessas que haviam engravidado tinham praticado aborto”.

Estas estatísticas parecem ser sintomáticas desta avançada nação, senão a maior do Mundo Ocidental. Maridos e esposas são frequentemente infiéis a seus compromissos matrimoniais. As crianças aprendem esta ausência de valores com seus pais e o ciclo é perpetuado. Assim, uma vez mais estamos diante de outro problema insolúvel no nível humano.

Em outro relatório revelando a tragédia humana sob a cultura materialista, a Associação América para a Assistência da Família diz: “a desintegração da família, que alcançou um estágio epidêmico, encabeça a lista dos problemas sociais, A cada ano mais de um milhão de pessoas se separam (pelo divórcio), o que é uma porcentagem sete vezes maior comparada com a de um século atrás. O número de crianças ilegítimas é 3 vezes maior do que era em 1938. A cada ano, 4 milhões de crianças ilegítimas nascem nos EUA”. Um outro relatório diz: “o FBI divulga que nos casos de assassinato em família, os esposos são majoritariamente os assassinos de suas esposas., em 15% desses crimes as crianças são vítimas de seus pais”.

De acordo com estatísticas recentes divulgadas pela UNESCO, 60% das donas de casa nos EUA e na Europa sentem-se descontentes, desapontadas e infelizes. Nos EUA 6.500 pessoas se divorciam por dia, isto é, muito mais de um milhão por ano. Recentes pesquisas demonstram que, nos EUA, entre 21 e 43% das mulheres casadas cometeram adultério. A delinquência juvenil e a violência têm crescido nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. Em 1950 1 em cada 8 crimes violentos foram cometidos por jovens abaixo dos 18 anos, mas nos últimos anos as estimativas elevaram-se para 2 em cada 8. O suicídio entre jovens está em pleno crescimento, e as crianças são abandonadas. Entre 1900 e 1985, nos EUA, a taxa de divórcio cresceu 70%. Hoje, um em cada 3 casamentos (1 entre 2 em muitas cidades grandes) termina em divórcio ou separação. A taxa de nascimentos ilegítimos está acima de 50% entre certos segmentos sociais.

O ocidente e outras sociedades não-Islâmicas continuam a produzir filhos ilegítimos em grandes proporções. Violência contra as esposas, fuga de crianças, violências contra os pais, abuso sexual contra crianças e separações são ocorrências fora de controle em tais sociedades. Um relatório concernente aos casos de divórcio no Reino Unido devido a infidelidade dos esposos mostra as seguintes estimativas:

Ano – Número de Divórcios
1950 – 29.096
1960 – 27.870
1969 – 60.134
1970 – 70.575
1971 – 10.017
1972 – 109.822
1973 – 115.048
1977 – 146.000
1979 – 170.000
1981 – 181.000

A edição de outubro de 1895 do Woman`s World revelou os seguintes fatos assombrosos que provam a decadência das sociedades não-Islâmicas:

– Uma em cada 6 crianças nascidas no Reino Unido era ilegítima.

– Uma pesquisa dirigida a mulher casada há 5 e 15 anos demonstrou que 2 em cada 5 admitia ter um caso extra-conjugal.

– Uma pesquisa nos colégios para meninas demonstrou que 3/4 das entrevistadas não quer casar de modo algum e todas prefeririam sexo sem casamento.

– O número de estupros aumentou em 27% durante os primeiros seis meses desse ano, comparado ao mesmo período no ano passado. O Home Office divulgou que um total de 780 estupros ocorreram na Inglaterra e País de Gales apenas, comparado a estimativa oficial de 613 na primeira metade de 1984.

– De acordo com um destacado psicólogo do National Children`s Home, uma em cada cinco crianças britânicas sofreram abusos físicos ou sexuais. Culpando a epidêmica falência da vida familiar, ele diz que as crianças foram abusadas por seus padrastos ou pelos amantes de suas mães.

– Uma pesquisa nacional conduzida por um psicólogo educacional indicou que mais do que um em cada dez adultos foram abusados sexualmente durante a infância no Reino Unido.

A agência britânica Reuters em seu despacho de 3 de dezembro de 1985, disse que uma média de 4 crianças por semana foram assassinadas na Grã-Bretanha por seus pais ou guardiões, de acordo com a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade as Crianças (NSPCC). Dizendo que o problema é muito mais sério do que se pode imaginar, um porta-voz do Conselho revelou a horrível estimativa de 200 crianças mortas a cada ano por abuso paterno, e, além disso, a cada duas semanas uma criança é assassinada na Grã-Bretanha por estranhos ou outros parentes.

O Conselho registra que na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte foi descoberta uma lista de um total de 30.000 crianças vítimas de abuso, representando um aumento de mais de 5.000 novos casos descobertos nos últimos dois anos.

As estimativas foram reveladas por Brian Roycroft, líder da Associação dos Diretores de Serviço Social em um inquérito judicial sobre o abuso de crianças em Cleveland, Inglaterra. Ele disse que a alta foi superior a 22% em algumas áreas e descreveu a situação em Cleveland como “alarmante”. Os números mostraram aumentos significantes nas regiões onde estatísticas separadas foram mantidas para agressões sexuais contra crianças, ele ressaltou.

A falência da estabilidade familiar na Grã-Bretanha que dramaticamente aumentou os números de mães solteiras, de pessoas não-casadas vivendo juntas e pessoas vivendo sozinhas, é em muito responsável por estes males sociais.

De acordo com novas estimativas publicadas pelo governo Britânico em 14 de janeiro de 1988, a porcentagem de nascimentos ilegítimos se elevou de 4% dos anos 50 para 21% de todos os nascimentos em 1986. A Dinamarca, com 43%, tem a taxa mais alta na Europa.

As estatísticas das tendências sociais confirmam que a Grã-Bretanha tem a taxa mais alta de divórcios na Europa, e que esta é quase duas vezes a taxa da França e da Alemanha.

Entre 1979 e 1985, descobriu-se que a proporção de pessoas coabitando sem casamento quase dobrou. 15% de todas as moças solteiras entre 18 e 49, e incluindo muitas divorciadas, estavam coabitando ilicitamente em 1985.

A falência da vida familiar viu também um rápido crescimento de pessoas vivendo sozinhas. Quase 25% das habitações continham apenas uma pessoa em 1986, comparado com uma média de 10 pessoas em 1951. O modo como a mulher é tratada nos países ocidentais, que clamam serem os campeões da liberdade e da igualdade, foi evidenciado no Encontro Internacional sobre as Mulheres e a Mídia de Massa realizado em Atenas, Grécia, em 20 de novembro de 1985.

Uma das participantes, Petra Kelly, membro do Parlamento Alemão, queixou-se amargurada: “Na Alemanha nos tratam como uma minoria, igual aos inválidos, a mais baixa camada da sociedade, e como crianças. Nos retratam de modo pornográfico e consideram o uso de violência contra nós como algo natural. A cada 15 minutos uma mulher é vítima de estupro”.

O Encontro exigia que o Parlamento Grego aprovasse uma lei proibindo a exploração da mulher na TV. Embora críticas dessa exploração da mulher sejam absolutamente justas, as mulheres desses chamados países avançados devem ser as próprias culpadas. Se as mulheres não consentissem não haveria publicações pornográficas, filmes do gênero e publicidade com nudez.

Ao nos voltarmos para o mundo oriental, encontramos a igualmente chocante decadência da sociedade no mundo comunista. A revista Interphase em sua edição de abril de 1977 noticia: “O grave problema da sociedade soviética é que, entre dois casamentos, um termina em divórcio na maior parte da Rússia ocidental. Em Moscou, por exemplo, quase 49% dos casamentos terminam em divórcio, depois do nascimento do primeiro filho. Na região de Mavadansk a porcentagem é de 72,9%. A conferência Médica realizada na Universidade de Moscou em 1975 apelou por medidas urgentes para resolver este grave problema social, relativo a alta taxa de divórcio e os baixos índices de natalidade…”

Está evidente no relatório que de acordo com as estatísticas mais recentes, o número de Muçulmanos na União Soviética (atual Rússia) cresceu numa taxa muito mais alta do que o crescimento normal da população, enquanto, ao mesmo tempo a taxa de natalidade nas regiões não-Islâmicas está em decréscimo, um fato que é preocupante para os russos.

Os relatórios e estatísticas confirmam que todas as tentativas de separar os Muçulmanos do Islam falharam e que o espírito Islâmico tem demonstrado um crescimento sem precedentes, e que os movimentos Islâmicos subterrâneos começaram a crescer e se espalhar.

As demonstrações ocorridas nas ruas de Baku, capital do Azerbaijão, em apoio ao triunfo da Revolução Islâmica no Irã, são uma prova da ressurgência Islâmica na Rússia, como também a simpatia demonstrada pelos Mujahidin afegãos em luta contra o regime soviético imposto. Além disso, tem havido freqüentes relatos de deserção de soldados Muçulmanos da ocupação armada no Afeganistão.

É digno de nota que os problemas da família mencionados estão confinados às regiões não-Islâmicas da (ex) União Soviética. A despeito da supressão comunista dos ensinamentos Islâmicos nas terras Muçulmanas sob o controle russo, o Islam ainda exerce sua influência na vida e na conduta social dos Muçulmanos ali, reduzindo a instabilidade familiar e a exploração da mulher. É possível que este crescimento populacional dos Muçulmanos foi o responsável pela recente emenda da constituição russa, que primeiramente permitiu às chamadas repúblicas autônomas sob o controle colonial russo controlar a retirada da União com base no autogoverno. Os sovietes temem que os Muçulmanos venham a se tornar a maioria por volta do final deste século.

Assim, analisando os fatos acima, descobrimos o significado das conexões sociais e políticas do sistema Islâmico, que exerce uma profunda influência na vida dos Muçulmanos. Também percebemos a importância da família Islâmica ao afetar positivamente a vida dos Muçulmanos, mesmo se não haja uma aderência estrita.

As seguintes estatísticas revelam quão alarmante a falência epidêmica da instituição familiar se tornou nas sociedades não-Islâmicas:

FRANÇA

Um em cada quatro casamentos termina em divórcio, em algumas cidades a taxa pode chegar a 50%. A cada ano 600.000 se casam, 100.000 escolhem viver juntos sem casamento e 100.000 se divorciam.

CANADÁ

Quase 40% dos primeiros casamentos terminam em divórcio. A taxa de divórcio dobrou entre 1972 e 1982.

RÚSSIA

Por volta de 70% dos casamentos são desfeitos em 10 anos, de acordo com o Moskovskaya Pravda. Os fatores envolvidos incluem alcoolismo, falta de dinheiro e de privacidade.

AMÉRICA DO SUL E CENTRAL

A UNESCO declara que a família de um único responsável é criada com freqüência com a mulher migrando para as cidades e tendo filhos numa série de uniões instáveis. Devido ao abuso de álcool ou a incapacidade dos maridos de encontrar trabalho adequado localmente, as famílias se separam e as mães e os filhos são abandonados na pobreza. As nações com as mais altas percentagens de nascimentos ilegítimos no mundo estão no Caribe, na América Central e do Sul.

CHINA

Embora a taxa de divórcio na China seja mais baixa do que nas nações ocidentais, ela tem crescido em 70% nos últimos cinco anos. O Peking Review noticiou que a taxa de divórcio está crescendo dramaticamente.

GRÃ-BRETANHA

A taxa de divórcio no Reino Unido é a mais alta da Europa ocidental. Algo perto de uma em sete mulheres solteiras entre 18 e 49 anos de idade vive com um homem em concubinato.

ESTADOS UNIDOS

Metade dos casamentos provavelmente terminarão em divórcio. 60% das crianças nascidas este ano passarão parte de sua infância numa família de apenas um responsável.

JAPÃO

A taxa de divórcio dobrou nos últimos 20 anos. Antes de 1947, os maridos tinham permissão para despejar suas esposas nas ruas com apenas uma breve notificação de divórcio. Agora, por volta de 70% dos casos de divórcio são iniciados pelas mulheres.

Retornando à análise e à avaliação das relações inter-sexos, o status da mulher na cultura materialista européia, percebemos que esta cultura não apenas arruinou a vida familiar através do divórcio, dos filhos ilegítimos, do aborto, do estupro, da desgraça, da frustração, do aumento da delinqüência juvenil, etc., mas esta praga maligna realmente afetou a saúde do homem e da mulher, em razão das desordenadas, anormais e bestiais relações sexuais praticadas por ambos, com o apoio desta cultura decadente da ignorância.

Relatórios de médicos, institutos de saúde e outras estatísticas relevantes testificam o que dissemos, e dão os sinais de alerta.

Abaixo temos alguns exemplos:

Dr. Lirbete, um médico francês, relata que “Na França pessoas morrem todos os anos de diversas doenças venéreas resultantes da fornicação e adultério”.

Abul A`la Al-Mawdudi, em seu livro “Al Hijab” escreve: “…estima-se que 90% da população dos EUA sofrem com doenças venéreas”.

A enciclopédia britânica menciona que em 650 hospitais governamentais no Reino Unido 100.000 pacientes são tratados de sífilis e outros 160.000 de gonorréia. Mas as estimativas caem em insignificância quando comparadas com as clínicas privadas que tratam e estimam 61% de pacientes de sífilis e 89% de gonorréia.

Além disso, algo entre 30 e 40 mil crianças nos EUA morrem de doenças venéreas hereditárias a cada ano. Fontes seguras dizem que ao menos 60% da população jovem, solteiros ou não, sofrem de gonorréia. Ginecologistas ressaltam que 75% das mulheres que passam por exames se encontram infectadas com doenças venéreas.

A Organização Mundial de Saúde estimou que existem entre 30 e 50 milhões de casos de sífilis venérea no mundo e mais de 150 milhões de casos de gonorréia. O diretor geral da organização, Halfdon Mahler, estima que pode haver 10 milhões de portadores do vírus da Aids na população mundial.

Durante os anos 60 os organismos gonococcus tornaram-se progressivamente resistentes às drogas. Então, nos anos 70 a herpes genital rapidamente se espalhou com a permissividade sexual.

Porém, a mais infecciosa doença que ameaça as próprias fundações da sociedade ocidental é a Aids, que está forçando as pessoas a reconsiderarem as relações sexuais, o homem e a mulher. Ela está se espalhando como fogo, especialmente nos EUA onde se acredita que milhões estejam contaminados. Nenhuma cura até o momento foi encontrada para esta perigosa doença, e a pessoa, após perder toda resistência às doenças, morre numa lenta e horrível agonia.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) registrou 73.747 casos de Aids, mas um número duas vezes maior é considerado mais preciso e chega a 10 milhões, que são os que podem estar infectados pelo vírus, o qual pode levar até cinco anos para se desenvolver.

O mais afetado é o EUA que tem 49.700 casos com outros países duramente atingidos bem atrás, a França contando com 2.500 casos, Uganda e Brasil com 2.300 cada, Tanzânia com 1.600, Alemanha 1.500, Canadá 1.400 e Grã-Bretanha 1.200.

Muitos dos contaminados também contraíram a doença de recipientes de sangue em transfusões e de agulhas infectadas partilhadas no uso de drogas injetáveis.

O número de pessoas sofrendo de Aids mais do que dobrou na Grã-Bretanha durante o ano passado, de acordo com as estimativas publicadas pelo Departamento de Saúde em janeiro de 1988. As estimativas mostram que ao menos cinco pessoas todos os dias se contaminam com o vírus fatal e a cada dia alguém morre em razão da doença. O Departamento de Saúde registrou 32 óbitos de contaminados no mês passado, chegando ao total de 679 mortes do total de 1.227 casos conhecidos. Alguns pesquisadores acreditam que o total de infectados pode ser de 50.000, com uma esmagadora maioria não consciente disso por causa da demora de anos que certos casos levam para se manifestar.

Este é um breve relato sobre a inter-relação homem e mulher e da vida familiar nas culturas materialistas não-Islâmicas, especialmente na cultura europeia moderna que foi arrastada à lascívia e promiscuidade, que justifica o caos resultante por meio de filosofias e ciências absurdas, assim chamadas por seus teóricos, tais como Freud que explicava a atividade humana como algo inteiramente causado por impulsos sexuais. Ele considerava a conduta e a civilização humana, e todas as inovações, tragédias, a excitação e a frustração como sendo meramente diferentes aspectos dos instintos sexuais do homem.

Em suas pesquisas sobre as doenças e os desequilíbrios psicológicos, ele as atribui à repressão sexual, e prescreveu a liberdade sexual como o único meio de se livrar da repressão e do sofrimento. Porém, os fatos científicos, as estatísticas e as estimativas registradas pelos institutos, clínicas e sanatórios confirmam que a crise psicológica do homem se encontra agravada, e que as doenças venéreas estão se espalhando na mesma medida que as liberdades sexuais estão a crescer.

De acordo com a filosofia materialista, na qual crê a ignorante cultura moderna, todos os tipos de práticas e expressões sexuais são consideradas lícitas, não importando quão anormais e extraviadas possam ser.

Portanto, estas culturas materialistas, com suas absurdas e anti-naturais filosofias, teorias e práticas relativas a mulher e ao sexo, chegaram a um estado calamitoso minando seriamente sua civilização e o seu modo de vida.

A MULHER E A UNIDADE DA ESPÉCIE HUMANA

“Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado.” (Alcorão Sagrado C.49 – V.13)

“Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador.” (Alcorão Sagrado C.4 – V.1)

É uma base fundamental a ser tomada como segura aquela que um pensador ou pesquisador toma, estudando o Islam baseando suas pesquisas e estudos em um esquema de aderência ao Monoteísmo, e que creia sinceramente na Unicidade de Deus, o que o capacitará a compreender as leis e os valores Islâmicos.

Sem esquema semelhante o estudo será infrutífero e os julgamentos do pesquisador não atingirão a sua meta de compreender a verdade. A crença em Deus, Aquele que é todo conhecimento, toda sabedoria, toda justiça e todo poder, terá efeito direto sobre a atitude do pesquisador em relação às leis e à jurisprudência Divina. A aceitação desses fatos leva a uma crença que esses atributos refletem-se nas legislações divinas, que são de fato, todas baseadas em fundações realistas. Se esta crença e conceito forem implantados e desenvolvidos no íntimo e na consciência daquele que trata com a religião Islâmica, ele reconhecerá estes atributos: justiça, sabedoria e conhecimento real-personificado Nele (Deus), como declarou o Islam.

Então, seguindo este princípio básico no trato com o Islam e seus ensinamentos, leis, conceitos e jurisprudências que organizam as relações entre o homem, a mulher e família, perceberemos que são conceitos científicos baseados na razão, sem lugar algum para a lenda, a petrificação ou a injustiça. Estes conceitos podem ser inferidos ao se fazer uma comparação científica entre o status da mulher no Islam e a sua miserável condição sob as leis não-Islâmicas e os conceitos criados pelo homem, parte dos quais já foram mencionados.

Mais uma vez citamos os versículos do Alcorão Sagrado para confirmar que o Islam constrói todos os seus conceitos, valores e leis concernentes a família, a mulher e a suas relações com o homem e a sociedade, a partir de um ângulo racional e científico – a crença na unicidade da espécie humana – e no fato que o homem e a mulher estão unidos como seres humanos, com nenhuma diferença real entre eles:

“Ele foi quem vos criou de um só ser e do mesmo, plasmou a sua companheira para que convivesse com ela…” (Alcorão Sagrado C.7 – V.189)

“Ó Humanos, em verdade Nós vos criamos de macho e fêmea…” (Alcorão Sagrado C.49 – V.13)

“Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador.” (Alcorão Sagrado C.4 – V.1)

No Islam, o homem e a mulher são dois trilhos do trem da vida. O Islam não faz nenhuma distinção entre eles como seres humanos. Ambos são do mesmo espírito, o mais nobre dentre eles é o de melhor conduta, quer seja homem ou mulher. O Islam não tem nenhuma regulamentação especial para o homem, ou que seja diferente para a mulher, exceto dentro do contexto de suas particularidades físicas e características naturais, convenientes aos seus diferentes papéis na vida.

Conseqüentemente, a assim chamada reivindicação pelos direitos da mulher clamando para libertá-la, e para considerá-la igual ao homem no conhecimento, na política, nos direitos civis e etc, é uma palavra de ordem alheia para o Islam, e totalmente estranha. No Islam nunca surgiu a necessidade para tais palavras de ordem sobre liberação ou concessão dos direitos da mulher, pois o Islam não impede uma mulher de nenhum de seus direitos. De fato o Islam já garantiu a mulher os seus direitos no mesmo dia em que garantiu os do homem.

Ele trata com as duas partes da sociedade – homens e mulheres – na mesma base humana. Frisando a unicidade da espécie humana e igualmente atribuindo as características humanas a ambos, o Islam estabeleceu todas suas leis e valores com base no princípio da Unicidade da espécie humana, a espécie a quem Deus concedeu o dom da razão e tratou com afetuosidade.

Quanto às alegações, argumentos e clamores levantados aqui e ali criando uma fúria em meio às sociedades Muçulmanas, isso lamentavelmente reflete o fato desta luta entre duas correntes que nada tem a ver nem com o Islam, tampouco com os direitos da mulher.

É uma luta, por um lado, entre a corrente de licenciosidade e comportamento sexual irrestrito que se infiltrou junto com o ataque cultural e educacional europeu sobre o nosso mundo Islâmico, e por outro, uma corrente primitiva que ainda está firmemente atrelada a certos costumes sociais antiquados e tradições de circunstâncias e ambientes retrógrados, no decorrer de muitos séculos.

Estes conceitos sobre a mulher e sua relação com o homem, a sociedade e a vida, não tem nenhuma conexão com o Islam e seus elevados valores e ideais.

Infelizmente, estas atitudes sociais são atualmente as filhas da decadência das sociedades Muçulmanas, e um fator que aponta para a ausência dos conceitos e relações Islâmicas reais. Portanto, a fim de se ter uma correta compreensão dos ideais Islâmicos é necessário distinguir entre o status da mulher nos países Islâmicos e seu status de acordo com as leis, os princípios e valores Islâmicos. É injusto considerar o Islam, como religião e Lei, responsável pelo atraso dos Muçulmanos, nem é correto condenar o Islam, em quaisquer de seus aspectos por causa da vida social atrasada vivida pelos Muçulmanos já que eles se afastaram de seus ensinamentos e negligenciaram-no na prática e na aplicação.

O ISLAM RESPEITA A MULHER

Na sociedade Islâmica a mulher possui uma posição honrada, e junto com seus direitos civis e legais, goza de respeito especial, afeto e dos sentimentos de bondade que ela, sobretudo merece. Não é ela a mãe compassiva, a esposa querida e a filha afetuosa? A melhor expressão dessa realidade é apresentada pelos seguintes versículos do Alcorão Sagrado:

“E recomendamos ao homem benevolência para com seus pais. Sua mãe o suporta, entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos, (E dizemos): Agradece a Mim e aos teus pais, porque o retorno será a Mim. Porém, se te constrangerem a associar-Me o que tu ignoras, não lhes obedeças., comporta-te com eles com bondade neste mundo, e segue a senda de quem se voltou contrito a Mim. Logo o retorno de todos vós será a Mim, e vos inteirarei de tudo o que tiverdes feito.” (Alcorão Sagrado C.31 – V.14 e 15)

“E recomendamos ao homem benevolência para com seus pais. Com dores sua mãe o carrega durante a gestação e depois, sofre as dores do parto. E de sua concepção até a sua ablactação há um espaço de trinta meses, quando alcança a puberdade e depois, ao atingir os quarenta anos, diz : Ó Senhor meu, inspira-me, para praticar o bem que Te compraz, e faze com que minha prole seja virtuosa. Em verdade, converto-me a Ti e me conto entre os muçulmanos”. (Alcorão Sagrado C.46 – V.15)

“O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele, que sejais indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos em vossa companhia., não os reproveis nem os rejeiteis, outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. E estende a eles a asa da humildade e dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequeno.” (Alcorão Sagrado C.17 – V.23 e 24)

“Entre Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão Sagrado C.30 – V.21)

“Quando vos divorciardes das mulheres, ao terem elas cumprido o seu período prefixado, tomai-as de volta eqüitativamente ou libertai-as eqüitativamente…” (Alcorão Sagrado C.2 – V.231)

As tradições do Profeta (S.A.A.S.), como o Alcorão, também dão ênfase a honra e ao status da mulher, e concedem a ela um lugar respeitável na sociedade. Quando uma tradição fala de uma mulher e sua posição social, a circunda com uma aura de amor, carinho e afeição, especialmente quando esta tradição fala da mãe, da esposa ou da filha. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), se dirigindo aos Muçulmanos na ocasião da Peregrinação do Adeus os acautelou sobre os valores que temia que fossem negligenciados depois de sua partida, e referiu-se a mulher como uma das questões importantes, sobre a qual ele disse:

“Cumpram vosso dever com Deus a respeito das mulheres e recomendem aos demais que sejam bem tratadas” (Tuhafal Uqul An Rasul p.30)

De acordo com Imam Jafar Assadeq (A.S.) o Profeta ressaltou sua proximidade com a mulher e sua posição em sua vida, dizendo:

“É parte do modo dos profetas amar as mulheres “. (Al Kulayni Furu`al Kafi v.5 p.32)

Ele também é citado como tendo dito:

“Eu não acredito que um homem possa melhorar sua fé sem que aumente o seu amor pelas mulheres”.

Um homem certa vez buscou o conselho de Imam Assadeq (A.S.) a respeito das mulheres, dizendo que como sua esposa, que lhe era agradável, tinha morrido, ele queria casar novamente. O Imam lhe disse:

“Esteja atento de onde você está se colocando, veja bem a quem está tomando como parceira em sua vida, e para quem revelará sua religião e seus segredos. Assim, se você tiver que casar, case-se com uma donzela conhecida por sua retidão e bom comportamento”.

Um homem veio ao Profeta (S.A.A.S.) e perguntou:
“Ó Mensageiro de Deus! A quem devo maior obediência?
O Profeta (S.A.A.S.) respondeu: “A sua mãe”.
O homem perguntou: “E em seguida, a quem?”
E ele respondeu: “A sua mãe”.
Outra vez o homem perguntou: “E em seguida, a quem?”
O profeta (S.A.A.S.) disse: “A seu pai”.

É narrado que uma irmã adotiva do Profeta (S.A.A.S.) visitou-o um dia, ele ficou muito satisfeito. Ele estendeu seu cobertor para que se sentasse e conversou agradavelmente com ela. Depois que ela foi embora, seu irmão chegou, mas o Profeta não o recebeu tão afetuosamente como tinha feito com sua irmã. Mais tarde, quando alguém perguntou a razão para que recebesse a irmã com mais cortesia do que a seu irmão, o Profeta respondeu: “Porque ela foi mais obediente a seus pais do que ele”.

Abu Khadijah cita que o Imam Assadeq (A.S.) disse:

“Um homem veio ao Profeta (S.A.A.S.) e disse a ele: “Eu tive uma filha. Criei-a até que alcançasse a puberdade, eu então a vesti, a enfeitei e a levei a um poço e a empurrei para dentro dele. A última coisa que ouvi foi seu lamentoso clamor “Ó pai!” E ele continuou: “Então, que expiação posso oferecer?” O Profeta (S.A.A.S.) perguntou a ele “Sua mãe ainda vive?” Ele respondeu: “Não”. O Profeta (S.A.A.S.) perguntou: “Você tem uma tia?” Ele respondeu: “Sim”. O Profeta (S.A.A.S.) o instrui: “Então seja obediente a ela, já que ela é como uma mãe, esta será sua expiação pelo que você fez”. Abu Khadijah perguntou ao Imam “Quando isto aconteceu?” Ele respondeu: “Durante o período da ignorância. Quando costumavam matar as filhas por temor de que se tornassem cativas e tivessem seus filhos entre outros povos”.

O Imam Assadeq (A.S.) também é citado como tendo dito:

“Aquele que provê o sustento de três filhas ou irmãs, o paraíso certamente será dele.
Ele foi perguntado: “E se forem duas?”
Respondeu: “Mesmo se forem duas”.
E foi perguntado: “E se for uma?”
Respondeu: “Mesmo se for uma”.

(Al Kulayni Furu`Al kafi)

O Imam Abu al-Hassan Al-Redha (A.S.) é citado como tendo dito:

“O Profeta (S.A.A.S.) disse: “Deus o Altíssimo é mais bondoso para com as mulheres do que para com os homens. Aquele que busca aprazer uma mulher de sua família, Deus o aprazerá no dia do Julgamento.”

O Imam Assadeq (A.S.) disse: “Filhos são um favor e filhas são boas ações. Deus questiona sobre os favores, mas recompensa as boas ações”.

Estes foram alguns exemplos dos textos Islâmicos com respeito a mulher. Está claro que o Islam proclama sua honra, e a tratou afetuosamente de um modo sem precedentes, que nenhuma outra civilização, cultura ou sociedade jamais fizeram.

O que relatamos é uma prova do espírito do Islam, que veio para honrar a humanidade, proteger seus direitos e abrir as asas da misericórdia sobre todo o mundo.

“E não te enviamos senão como misericórdia para a humanidade.” (Alcorão Sagrado C.21 – V.107)

Portanto, o Islam através dos textos supramencionados, fala de modo respeitoso sobre a mulher, a mãe, a esposa, a filha, a irmã, e as trata com amor, cuida delas, ressalta sua dignidade merecedora de afeição, misericórdia e generosidade. Ele aconselha a mulher antes de aconselhar o homem. Considera o amor à mulher como um sinal de fé. E ainda, ele eleva este amor à mulher ao nível de ser uma conduta dos profetas, e olha para ela como uma curadora que zela pelos bens, a religião e os segredos de uma pessoa.

OS DIREITOS DA MULHER NA SOCIEDADE

Baseado nesses princípios, o Islam garante direitos iguais a mulher e aos do homem, exceto onde existam diferenças ligadas a constituição física, psicológica, sexual e de posição na sociedade.

O Islam garante os seguintes direitos a mulher:

1. O direito do aprendizado

De fato, o Islam ordena ao homem e a mulher o estudo e o aprendizado. Uma tradição diz: “Buscar o conhecimento é um dever imposto para todos os Muçulmanos, homens e mulheres”.

2. O direito ao trabalho

Ao homem e a mulher é dado o direito de trabalhar. Todos os trabalhos lícitos segundo a religião estão a disposição para ambos. A mulher casada, contudo, necessita da permissão de seu marido (para trabalhar fora), porque os direitos matrimoniais e o sistema familiar são prioritários no Islam. Para a esposa é obrigatório proteger a vida familiar e cuidar de suas obrigações do lar.

3. Os direitos politicos

No Islam, a mulher goza de direitos políticos plenos, exceto para a nomeação do posto de Chefe de Estado ou de Juiz que são funções reservadas exclusivamente ao homem. Ela participa em todas as atividades políticas e sociais, tais como a eleição de um Chefe de Estado, dos representantes do parlamento, etc. Pode até mesmo ser uma parlamentar, fazer parte do Ministério e ocupar todos os outros postos políticos.

O Alcorão fala sobre a fidelidade das mulheres para com o Profeta (S.A.A.S.), e a história é testemunha de que as mulheres prestaram juramento aceitando a soberania do Profeta e de seus sucessores:

“Ó Profeta! Quando as fiéis se apresentarem diante de ti, jurando-te fidelidade, afirmando que não atribuirão parceiros a Deus, não roubarão, não fornicarão, não serão filicidas, não se apresentarão com calúnias que forjarem intencionalmente, nem te desobedecerão em causa justa, aceita então, o seu compromisso e implora para elas o perdão de Deus. Porque Deus é Indulgente e Misericordiosissimo.” (Alcorão Sagrado C.60 – V.12)

Realmente, este voto de fidelidade é obrigatório para os homens e as mulheres, já que é a aceitação da tutela do Líder ou do Imam da nação Islâmica.

4. Os direitos civis

A mulher, como o homem, goza de plenos direitos civis, ela pode herdar, comprar, vender, doar, receber, concluir contratos, etc. No Islam, a mulher tem personalidade legal e independente, e suas obrigações são independentes das do seu pai, dos seus irmãos ou do seu marido. Assim, a mulher no Islam possui todos os direitos e é tratada em igualdade com o homem neste aspecto.

A MULHER E A FAMÍLIA

No estudo anterior discutimos a posição da mulher e seu status social e humano, e também os sentimentos dos homens a respeito dela e suas relações psicológicas gerais.

Aqui falaremos sobre a mulher e a família. A mulher no Islam é a base e a pedra angular na construção da família, e é o querido coração que se inunda de sentimento de amor, misericórdia e serenidade.

“Entre Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão Sagrado C.30 – V.21)

Ela é a fonte de tranqüilidade, segurança e estabilidade emocional para o homem. É o centro do harmonioso encontro da família que protege os filhos do desamparo e do extravio. É a principal fonte de afeto, amor e compaixão para o marido e os filhos.

Por isso que uma família organizada é psicologicamente, socialmente e legalmente uma necessidade, porque é a unidade básica para a construção da sociedade, do estado e da humanidade como um todo.

Quanto mais correta a família, mais forte a construção, com seus membros mais estritamente unidos entre si. Quanto mais sadia a sociedade, mais livre estará da vida do crime, da miséria e da infelicidade espiritual. Ao contrário, quanto mais a família declina moralmente e as relações entre seus membros deterioram, mais grave são a ruína e o extravio, e mais profundo o sentimento de estranheza, de depressão e solidão.

Assim sendo, o homem há de ser privado do perfume do amor e dos sentimentos de bondade e afeição. Todos os estudos psicológicos e estatísticas científicas confirmam este fato e ressaltam que a causa do extravio, da expansão do crime e do colapso da personalidade dos adultos é a infelicidade sofrida na infância, devido as separações familiares, ou em razão da ausência de objetivo ou da falta de afeição e cuidado dos pais.

Isto prova que a família é uma necessidade instintiva, social, psicológica e educacional, e não um fenômeno econômico, como foi alegado pelo Marxismo, que advoga a liberdade sexual, e por isso destrói a vida matrimonial legalizada e arruína a família, justificando isso com sua absurda filosofia interpretando de modo equivocado a história e o surgimento da família na sociedade.

O Marxismo afirma que a mulher se refugiou junto ao homem em razão de uma motivação econômica, já que ela era fraca e incapaz de caçar e lutar contra a natureza cruel, enquanto o homem vivia uma vida livre. Portanto, ela veio ao homem para conseguir sustento e proteção. Mas, na era moderna, como a mulher é capaz de prover a si mesma e as suas necessidades sem a assistência do homem, não há nenhuma necessidade de família ou de casamento.

Ambos podem satisfazer seus desejos sexuais longe dos requerimentos e responsabilidades de uma família e um contrato matrimonial, exatamente como os animais satisfazem seus instintos.

O comunismo acredita que a destruição da vida familiar é um passo necessário em direção da sociedade comunista, que está baseada na ruína do estado, da religião, da família e da propriedade privada, uma sociedade onde as mulheres se tornam uma propriedade comum disponível para todos os homens, como os comunistas alegam que eles faziam antes do surgimento da vida familiar. Isto foi claramente anunciado no Manifesto Comunista por Marx e Angels, os fundadores da teoria do comunismo:

“Destruir a família! Mesmo os mais radicais extremistas sentem-se irados com esta vergonhosa e vil intenção dos comunistas. Mas sobre qual base a família burguesa está erguida no presente? Está erguida sobre o capitalismo e o interesse pessoal. Ela pode ser encontrada, com sua plena existência e completa construção somente sob a burguesia. Porém seu sustento é sua inevitável anulação do respeito para com o proletariado, e em seguida a aberta prostituição do mesmo. A família burguesa é naturalmente dissolvida com o desaparecimento de seu sustento, e a família e seus sustentos dissolvidos com o desaparecimento do capitalismo. Portanto, nos culpam porque almejamos a abolição da exploração das crianças por seus pais e parentes? Se é assim, então confessamos este crime, acusando-nos de destruir a mais sagrada das ligações e relações com nossa tentativa de remover a educação do seio da família para a sociedade”.

Eis aí! Marx e Angels são absolutamente claros ao abertamente clamarem pela destruição da família, cortando as relações de parentesco entre os filhos e seus pais, arruinando os laços de relacionamento com a libertinagem e a falta de relações matrimoniais legítimas, e impondo à sociedade, isto é, às instituições do estado, a educação dos filhos depois que suas mães os abandonem.

Por causa dessa idéia fantasiosa, que é contrária a lei da natureza e da vida, o comunismo falhou em todo o mundo, e começou a recuar. Os estados que advogaram a aplicação desta teoria começaram a enfrentar problemas e dificuldades para pô-la em prática. Encontraram a recusa e uma rígida resistência. Nenhum meio de terror ou ditadura pôde forçar o povo que esteve sob o regime comunista a aceitar e por em prática algo tão anti-natural.

Não foi apenas o comunismo que exigiu a liberdade sexual. Na cultura capitalista surgiram filosofias advogando conceitos similares aos defendidos pelo comunismo, sendo apenas baseados em uma interpretação diferente. Ao invés da interpretação econômica apresentada pelo Marxismo para explicar o surgimento e o desenvolvimento da família, das relações matrimoniais e outras atividades humanas, Freud, o proeminente psiquiatra da cultura capitalista, apresentou sua “explicação sexual” para o surgimento da família, da sociedade e de toda a atividade humana.

Ambas teorias chegam à mesma conclusão, a despeito de seus diferentes pontos de vista e equivocadas explanações. Freud entende que o desejo sexual é o único impulso motivador da formação da família e da relação entre o homem e a mulher. (n.e. Embora mais tarde Freud tenha retificado sua teoria em razão de sua incapacidade de explicar a totalidade das atividades humanas, o fator sexual ainda permaneceu o eixo central em sua teoria, que movia as atividades humanas e as tendências psicológicas).

De fato, esta não é a única teoria que advoga a liberdade sexual na cultura capitalista, como também existem outras teorias materialistas defendendo a mesma filosofia e as mesmas noções.

Portanto, vemos que estas culturas materialistas se dirigem à libertinagem sexual, a desintegração da estrutura familiar e à dissolução de seus sagrados laços, e se conformam à satisfação carnal de qualquer maneira disponível, quer seja pela sodomia, pelo coito com animais ou por algum meio artificial. Algumas estatísticas e pesquisas a este respeito já foram mencionadas.

Porém, a grande religião do Islam vê a família como a célula construtiva essencial na estrutura da sociedade. Ela se firma sobre bases naturais da criação, num sistema precisamente definido.

É uma necessidade da qual nem o indivíduo nem a sociedade podem prescindir. Destruir a família significaria destruir a lei natural da vida social. O homem é sociável por natureza e inclinado a travar conhecimentos com seus semelhantes e a congregar-se com eles. Há entre o homem e a mulher um processo psicológico de aperfeiçoamento, que não se trata de apenas satisfazer o desejo. Ao se interromper este processo se causará o sentimento de solidão, de ansiedade, tensão e sofrimento espiritual, de ambas as partes. Estes sentimentos de amor e de desejo pelo outro sexo, e de livrar-se de sua tormentosa tensão emocional não podem ser saciados com a mera satisfação do instinto, como as noções materialistas e as teorias libertinas afirmam.

O Alcorão Sagrado ilustra estes princípios psicológicos e motivações naturais para a formação da família, dizendo:

“Entre Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão Sagrado C.30 – V.21)

“Ele foi quem vos criou de um só ser e do mesmo plasmou a sua companheira, para que ele convivesse com ela…” (Alcorão Sagrado C.7 – V.189)

Portanto, todos os apelos para a destruição da família e a ênfase no aspecto instintivo, resultam em nada, admitindo-se seu fracasso, reconhecendo-se a grandeza da lei divina e a trivialidade de sua oposição de ignorância.

O comunismo, que considera a família como um fenômeno da sociedade burguesa e que exige que seja abolida, e busca fazer o máximo para que isso ocorra, tem sido forçado a recuar e re-confirmar a instituição da família. Em muitos países do mundo, na Europa, na América e no bloco socialista, a mulher começa a perceber a amargura desse tipo de vida proposta a ela, e anseia por uma família com um esposo e filhos, viver sob a sombra da árvore da afeição e da segurança.

Pode ser útil que se dêem alguns exemplos dessas tentativas relatadas pelos órgãos oficiais. Um desses relatórios diz: “Na Alemanha mais de 1 milhão de mães trabalham fora. Revelou-se que 72% dessas mães são nervosas, sentem fraqueza generalizada, queixam-se de alterações na pressão sanguínea e de afecções cardíacas. 60% delas quando retornam para o lar sentem-se muito cansadas em razão de seu trabalho, para cumprirem suas tarefas domésticas. 43% das mães afirmaram que tinham consultado médicos diversas vezes durante o ano para tratamento”.

Os relatórios confirmam que uma mulher necessita de uma família e anseia por uma vida matrimonial feliz e com suas agradáveis bênçãos, já tendo sofrido com o afastamento da família e experimentado a solidão e a privação do amor do marido, da afeição maternal e do conforto da vida familiar numa atmosfera feliz.

As autoridades educacionais da Escócia se preocuparam com a onda de casamentos que “ameaçavam” a permanência das professoras em seus postos de trabalho. Foi divulgado que em 1960 empregaram-se 1563 professoras, mas no fim do ano 1000 delas tinham se demitido em virtude do casamento. As autoridades disseram que o casamento estava ameaçando o sistema escolar.

Um instituto nos EUA promoveu uma pesquisa entre as mulheres que trabalhavam fora. O resultado foi que 65% delas preferiam voltar para suas casas. A mulher pensava que tinha alcançado o que havia desejado, mas hoje, tendo se cansado e se desgastado pela via desigual do trabalho ela prefere retornar a seu ninho e ter seus filhos em seus braços.

Por esta razão o Islam ordena o casamento e a formação de famílias, fortalecendo suas relações e auxiliando sua construção já que é o ambiente natural para a felicidade do indivíduo e o centro de seu conforto e bem-estar.

COMO O ISLAM CONSTRÓI A FAMÍLIA

Estudando o Islam e analisando suas idéias, leis e valores concernentes à construção e a organização desse grande projeto cultural que é “a família”, pode-se claramente classificar suas medidas em:

1. O chamado à construção da família.

2. A organização das relações familiares.

Analisando os significados léxicos das palavras árabes para “esposo” e “matrimônio”, entendemos as implicações espirituais, sociais, psicológicas e orgânicas do casamento na religião Islâmica e a razão pela qual o Alcorão utiliza a palavra “zauj” (esposo) para o homem e a mulher ligados por um processo legal e a palavra “nikah” (casamento) para o processo conjugal e o prazer lícito entre o marido e a esposa.

Em árabe, “zawaja” (casar) significa tanto “associar-se”, “cônjuge” e “mescla” (mistura), diz-se: “a chuva casou com a terra” significando que a chuva se misturou com o solo. Ou “as árvores casaram” significando que as árvores se uniram ou se aproximaram uma da outra.

Voltando ao estudo léxico e analisando o significado de “mistura ou mescla”, o que implica (em árabe) os conceitos de ambas as palavras “esposo’ e ‘casamento’ percebemos que o significado de misturar algo com outra coisa é o de reunir e mesclar. “Unir-se, associar-se” implicado pela palavra casar significa (também) atar, conectar, como se encontra no léxico árabe.

Assim, através do estudo da origem semântica compreendemos os significados de “esposo” e “casamento” usados em termos religiosos. E descobrimos as grandes implicações humanas contidas na relação entre o homem e a mulher do ponto de vista islâmico: juntar, misturar, atar e conectar. Portanto, para o Islam, o casamento é uma interação, uma mescla, uma conexão espiritual e psicológica, é a ligação de um homem e de uma mulher para tornarem-se um casal, um par. Um casal consiste de dois indivíduos que são similares um ao outro. Sem esta similaridade nenhum de nós teria encontrado sua metade para formar um casal, teria permanecido solteiro, sentindo a solidão longe de sua esposa.

O Alcorão Sagrado ilustrou de modo belíssimo o amor e a relação entre o homem e a mulher, descrevendo uma imagem verbal num maravilhoso estilo expressando a verdade humana envolvida nessa relação:

“Entre Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão Sagrado C.30 – V.21)

O Alcorão descreveu o casamento como um relacionamento de “descanso”, “amor” e “misericórdia”, (por descanso está a se dizer “a segurança e o conforto”) que são desejados pelo indivíduo quando está longe de sua outra metade, pois não tem a felicidade e a afeição do amor, da compaixão e da simpatia, a menos que se junte a ela e se compreendam.

Isto nos faz entender que “casal” para o Alcorão, não se refere a uma figura matemática resultante da adição de um homem a uma mulher. Na realidade é um processo de apagar a separação, em seu sentido emocional e orgânico, e em seu sentido específico e social, por intermédio do encontro natural e a perfeição do “par”, de modo que todas as ligações psicológicas e biológicas, e os sentimentos, possam se mesclar, reagir, se comunicar e se unir.

Desta maneira, o aperfeiçoamento psicológico e biológico entre eles e suas personalidades são firmemente unidas para que possam formar a continuação da existência e a preservação da espécie humana. A humanidade que cresce, se torna fértil e pratica suas atividades é a humanidade absolutamente natural formada pelos laços unidos de um par, enquanto que de outra maneira a humanidade se desintegraria e não seria capaz de sobreviver.

“Ele foi quem vos criou de um só ser e do mesmo, plasmou a sua companheira para que ele convivesse com ela, e quando se uniu a ela (Eva), injetou-lhe uma leve carga que nela permaneceu, mas quando se sentiu pesada, ambos invocaram a Deus, seu Senhor: Se nos agraciares com uma digna prole, nos contaremos entre os agradecidos.”. (Alcorão Sagrado C.7 – V.189)

É, portanto, óbvio que a defesa Islâmica do casamento e da construção da família é uma defesa cultural e legislativa, para se alcançar as metas sociais e naturais da vida humana.

Quem quer ouça atentamente ao chamado do Islam ao casamento, e pesquise os textos e conceitos relevantes, perceberá a importância deste relacionamento humano, e a grande ênfase do Islam sobre o mesmo, e seu caráter sagrado para a vida humana.

Numerosos versículos do Alcorão Sagrado tratam deste relacionamento entre o homem e a mulher e definem os direitos e os deveres de ambos.

Existem mais de oitenta versículos que falam do casamento, do prazer matrimonial, do amor e do respeito às mulheres e das relações estabelecidas com elas.

Falando sobre o casamento, o Alcorão o considera como um relacionamento geral da criação que percorre o universo como um todo, e cobre todas as coisas nele, um átomo, uma planta, um animal e um ser humano. etc, já que é um relacionamento de atração, desejo e ligação entre as duas partes de “um par” neste universo, aperfeiçoando seu sistema e mantendo seu curso certo.

Este sistema geral e universal de acasalamento é expresso em poucas palavras pelo Alcorão Sagrado:

“E criamos um casal de cada espécie, para que mediteis”. (Alcorão Sagrado C.51 – V.49)

Que todo homem e toda mulher compreenda que suas relações com seus esposos (as) devem se basear numa consciência universal, além dos limites do prazer e dos sentimentos instintivos passageiros, e que alcance as profundezas da compreensão legal deste relacionamento como está mencionado no Alcorão.

Ao dirigirmos nossa atenção do Alcorão Sagrado para as tradições do Profeta (S.A.A.S.), veremos que elas se encontram repletas de dizeres sobre diversos aspectos do casamento, e as relações matrimoniais, incluindo o que acontece ao casal em sua privacidade e durante seus momentos de prazer sexual. Eis aqui alguns exemplos relativos ao casamento e a formação da família:

Imam Jafar Assadeq (A.S.) citou do Profeta (S.A.A.S.) o seguinte:

“Casem-se e dêem em casamento (seus filhos e filhas). Afortunado é o Muçulmano que está apto a prover o sustento de uma esposa. Nada é mais amado por Deus o Altíssimo no Islam do que um lar estabelecido pelo casamento, e nada é mais desagradável a Deus o Altíssimo no Islam do que um lar desfeito pelo divórcio”.

O Imam (A.S.) explicou isto dizendo:

“Deus o Glorioso enfatizou suas palavras sobre o divórcio porque Ele se desagrada sobremaneira com a separação”.

O Comandante dos Fiéis, o Imam Ali ibn Abi Talib (A.S.) citando do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse:

“Quem quer que queira seguir minha tradição, eis que o casamento faz parte dela”.

O Imam Assadeq (A.S.) também citou do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.):

“Os de mais baixa posição entre vossos mortos são os que morreram solteiros”.

Também é narrado:

“Aquele que casa, salvaguarda metade de sua religião, que então cuide de sua obrigação quanto à outra metade”.

Também é narrado Imam Assadeq (A.S.):

“A esposa de Uçman Ibn Maz’un, um companheiro do Profeta, veio ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e disse: Ó Mensageiro de Deus, Uçman jejua durante o dia e passa a noite em oração”. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) ficou zangado e imediatamente saiu apressado e chegou onde Uçman estava orando. Ao ver o Mensageiro Uçman interrompeu sua prece. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) lhe disse: “Ó Uçman, Deus não me enviou com o sistema monástico, mas com uma simples e compassiva religião monoteísta. Eu jejuo, oro e toco minha esposa (tenho relações com ela). Assim, quem quer que for dos meus, que siga minha tradição, e o casamento faz parte dela”.

Portanto, esta coletânea de conceitos e regulamentos, encontrados no Alcorão Sagrado e nas tradições do Profeta, nos esclarecem perfeitamente sobre os valores humanos, uma lúcida compreensão do casamento e uma convocação à edificação de uma família, o ninho da felicidade, o berço do amor e o lar da afeição que abraça todos os seus membros e inunda sentimentos de amor e compaixão.

Esta elevada edificação cultural, a família, é a expressão de um sentimento natural, um anelo íntimo e um desejo inato de ser sociável, amigável e atencioso. Assim, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) se aborreceu com Uçman porque este negligenciou sua esposa, explicou-lhe a atitude do Islam e efetivamente informou-o que o Islam era contrário à vida celibatária que arruína o casamento e destrói a humanidade, contradiz a natureza humana e a ordem da vida.

Por isso ouvimos o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) em muitas outras ocasiões confirmar que o casamento faz parte da sua tradição e da lei de sua religião, porque sua religião divina e tolerante é justa, isto é, está distante de ser anormal ou desviada. Está em perfeita harmonia com a lógica da existência universal e a inata ordem natural. Assim, o celibato é considerado um mal e o casamento entendido como o cumprimento de metade da religião de uma pessoa, já que regula os instintos, as inclinações e as atividades que afetam metade da conduta, instintiva, psicológica, econômica, social e moral.

A fim de realizar seus objetivos harmoniosamente e livre de contradições, o Islam desaprova os obstáculos criados por uma sociedade desviada dos princípios da fé. Removendo as barreiras psicológicas e sociais do caminho da construção da família e o estabelecimento das relações do matrimônio, ele impede um conflito entre os diferentes valores sociais e a lei natural da vida.

Ele rompe com a discriminação de classe, o racismo e outras diferenças originadas da ignorância, e as permuta por valores humanos e legítimas considerações objetivas.

Também modifica os costumes relativos à partilha dos bens no casamento e o dote de maneira que este não seja demasiado oneroso e uma barreira natural no caminho da união matrimonial e da formação da família. Vejamos o que o Alcorão Sagrado diz sobre estes princípios e valores práticos a respeito do casamento:

“Casai os celibatários dentre vós e também os virtuosos dentre vossos servos e servas. Se forem pobres Deus os enriquecerá com a Sua graça porque é Munificente, Sapientíssimo. Aqueles que não possuem recursos para casar-se, que se mantenham castos, até que Deus os enriqueça com a sua graça. Quanto aqueles dentre vossos servos e servas, que vos peçam a liberdade por escrito, concedei-lha, desde que os considereis dignos dela e gratificai-os com uma parte dos bens com que Deus vos agraciou. Não inciteis vossas servas à prostituição para proporcionar-vos o gozo transitório da vida terrena, sendo que eles querem viver de modo casto. Mas se alguém as compelir, Deus as perdoará por terem sido compelidas, por que é Indulgente, Misericordiosissimo.” (Alcorão Sagrado C.24 – V.32 e 33)

“Não desposareis as idólatras até que elas se convertam, porque uma serva fiel é preferível a uma idólatra, ainda que esta vos apraza, Tampouco consintais no casamento das vossas filhas com os idólatras até que eles se tenham convertido, porque um servo fiel é preferível a um idólatra livre, ainda que este vos apraza. Eles vos arrastam para o fogo infernal, em troca, Deus, com sua bondade, vos convoca ao Paraíso e ao perdão e elucida seus versículos aos humanos, para que Dele se recordem” (Alcorão Sagrado C.2 – V.221)

Estes versículos são claros em seu apelo ao casamento e para que sejam abolidas as diferenças financeiras e de classe, e para que se lute contra a prostituição e a libertinagem sexual. No Islam, os bens, a classe, a cor e mesmo a beleza física não devem ser obstáculos no caminho do casamento. O único critério é a bondade, a piedade e ter uma boa origem. Estes são os valores e princípios do Islam que derivam de seu espírito humano e de sua objetiva visão da humanidade e da realidade das atividades sociais e dos fenômenos.

Em adição ao Alcorão, as tradições também desempenham um papel importante em ressaltar e confirmar esses valores e conceitos:

“Ali ibn Asbat escreveu ao Imam Mohammad Al-Baqer ibn Ali ibn Al-Hussain ibn Ali ibn Abi Talib (A.S.) se queixando que não podia encontrar ninguém de sua mesma posição social para casar com suas filhas. O Imam respondeu e o exortou a não ver a questão daquele modo, já que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) tinha dito: “Se alguém de bom caráter e boa conduta propor casamento a vossas filhas, dei-as em casamento. Se não o fizer, haverá discórdia e grande corrupção na terra”. (Al Kulayni Furu`Al Kafi)

O próprio Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) deu um exemplo prático casando Zayd Haritha, seu servo livre, com Zainab Bint Jahsh, prima do Profeta, uma das mais nobres e belas mulheres. Mais tarde, quando Zayd se divorciou dela, o Profeta (S.A.A.S.) tomou-a como esposa.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) também deu em casamento Diya Bint Al Zubair ibn Abd Al-Muttalib de Quraish – uma outra prima sua – à Al-Miqdad ibn Al-Aswad – que estava muito abaixo em nobreza e posição tribal de acordo com os costumes vigentes na época.

Comentando sobre este casamento o Imam Assadeq (A.S.) diz:

“Ao casar Al-Miqdad ibn Al-Aswad com Diya’a bint Al-Zubair ibn Abd Al-Muttalib, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) almejava encorajar o povo a seguir seu caminho, simplificar o casamento e lembrar que “O mais nobre dentre vós, aos olhos de Deus, é o de melhor conduta”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) ordenou a Ziyad Ibn Labid Al-Ansari, um nobre de Bani Bayada a dar em casamento sua bela filha Al-Dhalfa a Juwaybir, um companheiro pobre do Profeta. Ele costumava se sustentar com a caridade, com algumas outras pessoas pobres, pessoas sem família sob um teto construído para elas pelo Mensageiro (S.A.A.S.) chamado As-Seffah.

A história de Juwaybir começa com um maravilhoso diálogo entre o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e seu respeitável companheiro: “O Juwaibir” o Profeta disse:

“O que achas de se casar, para que sua esposa possa mantê-lo casto e auxiliá-lo neste mundo e no outro?” “Ó Mensageiro de Deus” respondeu Juwaybir “Que meu pai e minha mãe sejam vosso resgate, quem gostaria de mim? Por Deus, não tenho nenhuma nobreza ancestral, nenhuma riqueza e nenhuma beleza, assim, que mulher poderia me querer?” “Ó Juwaybir”, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) respondeu, “Deus, com o Islam, rebaixou aquele que tinha sido arrogante durante a época da ignorância, tornando respeitável, com o Islam, aquele que tinha sido humilhado durante a época da ignorância, e aboliu com o Islam, a altivez e o orgulho pelo tribalismo e a ancestralidade. Hoje todos, não importando se sejam brancos, negros ou de Coraix, árabes ou não-árabes são filhos de Adão, a quem Deus criou do barro. Os mais amados para Deus o Glorioso, no Dia do Juízo serão os mais tementes e obedientes a Ele”.

Em seguida o Mensageiro disse a ele que fosse até Ziyad Ibn Labid e pedisse a mão de sua filha. Quando Ziyad ouviu a proposta de Zuwaibyr mal pode acreditar, e rejeitou Juwaibyr prontamente. Mas sua filha, Al-Dhalfa, protestou contra a atitude arrogante de seu pai para com a ordem do Profeta. Finalmente Ziyad reconsiderou, mudando sua opinião e deu sua filha em casamento à Juwaibyr.

Esses princípios e nobres valores estão incorporados nas práticas da vida daqueles da linhagem do Mensageiro (S.A.A.S.), que foram os Imames dos Muçulmanos e os mais nobres dos árabes. Narrou-se que o Imam Ali Ibn Al-Hussain (A.S.) teve um maravilhoso diálogo ideológico com o Califa omíada Absul Malik ibn Marwan, que costumava se opor ao Imam (A.S.), insultá-lo e menosprezá-lo.

É relatado que Abdul Malik ibn Marwan destacou um agente em Al-Madina para espioná-lo e reportar sobre ele. Um dia o Imam emancipou uma serva e se casou com ela. O espião informou a Abdul Malik que escreveu ao Imam dizendo: “Chegou a mim que tu casaste com tua serva, enquanto eu sei que existem mulheres em Coraix que são do mesmo nível que tu e que trariam glória pelo casamento e te dariam filhos dignos, mas tu não te preocupas nem contigo mesmo tampouco respeita teus filhos”.

O Imam (A.S.) respondeu escrevendo:

“Recebi tua carta reprovando-me por casar com minha serva, argumentando que haveria em Coraich mulheres que me trariam glória se eu me casasse e tivesse filhos com elas. Porém, ninguém é superior ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) em glória e generosidade. Ela tinha sido minha serva e eu a emancipei esperando a recompensa de Deus, então a tomei em casamento de acordo com a lei de Deus. Todo aquele que se firma na religião de Deus, nada o prejudicará. Com o Islam Deus elevou os que eram rebaixados, aperfeiçoou-os e tirou-lhes os defeitos e a ignomínia. Assim, um Muçulmano não pode ser privado de dignidade e a ignomínia pertence à época da ignorância”.

Quando Abdul Malik leu a carta, ficou embaraçado e atirou-a para seu filho, Sulayman, reconhecendo seu erro ao insultar o Imam (A.S.). Sulayman, ao ler a carta, disse a seu pai: “Ó comandante dos Fiéis, quão soberbo Ali ibn Hussain é para contigo!” Abdul Malik respondeu: “Ó filho, não diga isso, ele é o mais nobre de toda Bani Hashim, que abriu a rocha e bebeu dela um oceano de conhecimento, Ali Ibn Al Hussain, querido filho, alcança a parte mais alta onde as outras pessoas só alcançam a mais baixa”.

Dessa maneira o Islam afastou o mais sério e relevante dos obstáculos que se contrapõem ao espírito humano e a natureza. Tendo conseguido superar a desvantagem social e transformar este modo de pensar retrógrado, o Islam resolveu um outro problema material, cujo efeito prejudicial impedia os casamentos e a formação de famílias, que é o problema dos dotes no matrimônio.

Tendo definido o conceito de casamento como um sistema universal e natural através do qual o homem realiza seus laços legais, o Islam considera o dote como algo secundário e coloca o casamento muito acima de todos os benefícios e interesses materiais.

Ele aboliu todos os conceitos que consideravam o dote como “o preço da mulher” ou como despesas da cerimônia de casamento. O Islam considera o consenso mútuo, do marido e da esposa, como dois ângulos das relações matrimoniais. A melhor razão para concluir um casamento, enquanto que o dote é apenas um presente sobre o qual o contrato legal se baseia. É fixado antes da conclusão do contrato legal. Ainda que o Islam não fixe quaisquer limites, ele encoraja a menor quantia possível que seja aceitável pela noiva, mesmo um dirham ou menos que isso.

Ele também permite que o dote seja na forma da prestação de um serviço, assim como o ensinar uma esposa a ler ou escrever, ou a memorizar um capítulo do Alcorão, ou ainda ensiná-la um idioma ou uma certa profissão, etc. Tudo isso visa facilitar o casamento e por fim a quaisquer obstáculos que se interponham ao mesmo, como os altos dotes que em nossa sociedade contemporânea forçam as pessoas a permanecerem solteiras e são sérios impedimentos ao casamento.

Estes obstáculos se devem ao ressurgimento dos conceitos pré-Islâmicos retrógrados sobre o dote, as despesas cerimoniais e os presentes da noiva, especialmente com o alto custo de vida e a baixa renda pessoal da contemporaneidade.

Portanto, a fim de resolver estes problemas sociais e auxiliar os indivíduos a construírem a vida familiar fácil e corretamente, o Islam rejeita e resiste ao alto custo das cerimônias e das extravagâncias, e aconselha as pessoas a reduzirem as exigências do dote ao mínimo possível.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse:

“As melhores mulheres de meu povo são as mais belas, mas que exigem os menores dotes”.

E também disse:

“A benção de uma mulher é seu dote modesto”.

É também narrado:

“… e quanto à mulher, seu infortúnio está em seu alto dote e no parto (difícil)…”

O casamento de Fátima (A.S.), filha do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), foi peculiar com respeito a seu dote. Ela casou-se com Imam Ali (A.S.) e com a mais modesta quantia de dote já registrada na história, a despeito de ser filha do Profeta (S.A.A.S.), a mais nobre das mulheres do mundo, e que seu pai poderia proporcionar a ela uma riqueza comparável a das mulheres dos césares e dos grandes reis.

Contudo, seu objetivo era muito superior e a personalidade de Fátima (A.S.) e seu casamento estavam muito acima dos bens e das trivialidades deste mundo.

A história preservou esta maravilhosa descrição com respeito e esplendor, quando o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) quis dar sua filha em casamento a Imam Ali (A.S.), perguntou-lhe:

“Tens algo para dotá-la?” O Imam respondeu que tinha apenas uma espada, uma armadura e um camelo. Decidiu-se que ele venderia sua armadura, a qual o Imam vendeu por 480 dirhams e entregou a quantia ao Profeta (S.A.A.S.). O Profeta (S.A.A.S.) aceitou esta modesta quantia e pediu a alguns homens e mulheres para que comprassem artigos para a noiva e utensílios domésticos.

Compraram então os seguintes itens:

1- Uma esteira de lã egípcia.
2- Um trevesseiro de couro cheio de fibras de palmeira.
3- Uma manta de Khaybar
4- Um cantil.
5- Cinco canecas de barro.
6- Jarros de barro.
7- Uma bacia.
8- Cortinas de lã fina.
9- Uma cama.
10- Um tapete de Hajar.
11- Um recipiente para tintura.
12- Uma leiteira.
13- Uma camisa.
14- Um pequeno cantil.
15- Uma peneira.
16- Uma toalha.
17- Um moedor manual.
18- Uma panela de cobre.

Com esta modesta descrição para o novo lar pelo custo mencionado o mensageiro de Deus (S.A.A.S.) tencionou que fosse um exemplo do mais alto nível, personificando os princípios a serem seguidos na vida prática dos Muçulmanos.

COMO COMEÇA A CONSTRUÇÃO DA FAMÍLIA?

A família, este importante edifício baseado em fundações legais e nas relações dos seres e nas relações instintivas, é uma séria construção humana. O Islam preparou o caminho para o seu estabelecimento por meio de passos preliminares básicos e construtivos:

1- Encorajando e simplificando o casamento, como já foi explicado.

2- Escolhendo o cônjuge, já que esta é uma importante questão e sobre a qual se baseia a vida do casal e o futuro da família e dos filhos. O Islam adota um cuidado especial, e recomenda os bons princípios morais, os atributos físicos e a conduta reta como um código a ser observado por ambas as partes na seleção do cônjuge. Ele também chama a atenção para as características indesejáveis e inconvenientes a serem evitadas quando da escolha de um parceiro.

Portanto, o Islam pede ao homem que escolha uma mulher casta, afável e temente, de bom caráter e de boa educação, que seja de uma família conhecida por sua honra e boa conduta, dotada de uma respeitável personalidade. Além disso, o Islam não negligencia os elementos estéticos como a beleza e a boa aparência, e também as características físicas masculinas desejadas pelas mulheres. Todavia, não prioriza esses elementos acima da moralidade e do bom comportamento. O Islam os considera de uma importância secundária e abaixo dos atributos necessários para um bom marido ou boa esposa.

As tradições do Profeta (S.A.A.S.) são abrilhantadas com numerosos dizeres que lançam luz sobre este importante aspecto do homem e da mulher. Eis alguns desses dizeres que tratam desse assunto:

“Cuidado com o esterco verde!” “Perguntaram o que queria dizer com o “esterco verde”. Ele respondeu: “É uma bela jovem tornando-se adulta num ambiente ruim”.

“Escolhei vossa descendência, já que o cunhado (representa) um dos dois parceiros” (Isto se refere as qualidades hereditárias transferíveis de uma família para outra. Antes de escolher uma esposa deve-se considerar os hábitos de seu irmão em particular e de sua família em geral pois certamente os filhos herdarão alguns de seus traços ).

“Procurai a bondade nas faces belas, quando suas ações são boas”.

“Case-se com uma mulher temente, (ou) suas mãos podem se sujar”.

“Casai com a donzela fértil, não com a bela estéril”.

“Deixem que vos fale sobre as piores de vossas mulheres: a humilhada dentre seus parentes, a arrogante com seu marido, a estéril rancorosa, a que não se refreia do mal, a que se enfeita na ausência de seu marido demonstrando recato apenas em sua presença, a que é desatenta ao que ele diz, a que desobedece as suas ordens, se retraindo dele quando estão a sós, como um cavalo indomado, que não aceita nenhuma desculpa e que não perdoa nada dele”.

“A melhor de vossas esposas é a fértil, afetuosa, a recatada, a querida por sua família, a que é humilde para com seu esposo, que se enfeita em sua presença, que demonstra auto-controle diante dos outros homens, que dá ouvidos ao que ele diz e obedece às suas ordens e que se oferece a ele quando estão a sós”.

Imam Ali ibn Al-Hussain (A.S.) disse:

“Se um homem deseja se casar, que busque saber sobre os cabelos da mulher, assim como busca conhecer seu rosto, pois os cabelos fazem parte de seus atrativos”.

De modo semelhante, existem diretrizes para a mulher sobre as características básicas a serem procuradas em um marido.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse:

“Não se casem com um consumidor de álcool, mesmo que ele vos proponha casamento”.

Uma vez, Hussayn ibn Bashshar Al-Wasati escreveu a Imam Ali ibn Musa Al-Redha (A.S.), dizendo:

“Um parente meu propôs casamento a minha filha, mas ele é um tanto irascível”.

O Imam aconselhou-lhe: “Não a dê em casamento se ele é irascível”.

O segundo passo para o estabelecimento de uma família é um passo construtivo que se inicia com a conclusão do contrato matrimonial. O casamento pronuncia legalmente o marido e a esposa, e se trata de um acordo para que gozem licitamente da companhia mútua.

Este contrato não pode ser concluído sem o consentimento de ambas as partes, já que são dois esteios que dão origem e valor a tal contrato.

É digno de ser mencionado que é a mulher, ou seu representante, que concluem o contrato, e não o homem. É ela quem oferece o casamento ao homem, consente, concorda, fixa o dote a ser entregue a noiva e a ser declarado quando o acordo estiver sendo feito. Ela também pode impor condições especiais além dos direitos matrimoniais garantidos pela Lei Islâmica. Isso também é válido para o homem, contanto que estas condições não sejam contrárias a qualquer princípio religioso estabelecido.

O acordo de casamento é concluído oralmente: A mulher diz ao homem: “Eu me caso com você, aceitando como dote (cita então a quantia ou o que esteja acordado a ser o dote)”.

O homem em seguida responde: “Eu aceito”.

Assim, quando a mulher (ou seu representante) pronuncia este texto do acordo, e o homem (ou seu representante) declara sua aceitação, o acordo ou contrato está concluído entre ambos, e as relações matrimoniais se iniciam, sendo que o que tinha sido vedado para eles se torna lícito. Eles estão livres para começar uma família e gozar da vida de casados.

Portanto, o casamento é um processo de consentimento e de acordo entre as vontades do homem e da mulher. Nenhum casamento e nenhuma relação legal pode ser estabelecida entre eles pela força ou sem o consentimento mútuo, pois o casamento, em seu sentido original, não pode se realizar senão através da harmonia psicológica voluntária entre ambos.

1- O Guardião e o contrato de casamento.

A legislação sagrada permite que o pai ou o avô, representando o pai, possam casar seu filho ou filha menores (antes da puberdade), e este acordo é considerado válido, a menos que seja prejudicial ou não traga benefícios ao jovem ou à jovem, neste caso, quando alcançarem a maioridade estarão livres para aceitar ou não o casamento realizado por seus guardiões.

Com respeito a uma mulher adulta que tenha alcançado a maioridade legal, se for divorciada ou viúva, seu pai e seu avô não possuem nenhuma autoridade sobre ela. A escolha lhe pertence quanto a seu esposo, de acordo com sua livre vontade. Mas, com respeito à donzela, os sábios Islâmicos possuem diferentes opiniões sobre o papel do pai e do avô na condução do casamento.

Eles sustentam suas opiniões em tradições e dizeres do Profeta (S.A.A.S.).

Ao estudarmos estas opiniões, encontraremos 3 categorias:

1. Um grupo diz que o pai (ou o avô ou ainda um representante) possui o direito de usar sua autoridade sobre a jovem virgem a respeito de seu casamento. Por conseguinte, o guardião da jovem púbere tem o direito de casá-la com um homem adequado mesmo sem o seu consentimento. Estes, dizem que tal casamento é legal e válido, e que ela não pode recusá-lo. Porém, se o homem escolhido for ineficiente esta união é considerada ilegal e a jovem tem o direito de recusá-la.

2. Um segundo grupo sugere que o consentimento do pai e do avô (ou seus representantes) e da filha é necessário. Eles sustentam que o pai não pode casar sua filha sem o seu consentimento e de modo similar, ela não pode aceitar uma proposta de casamento sem o consentimento do pai. Nenhum deles tem o direito de agir unilateralmente. Já que a legalidade deste procedimento depende de seu consentimento unânime, contanto que o guardião não escolha um marido inapropriado, pois se tiver feito isso e insistido em sua escolha, seu consentimento não será mais considerado necessário, e a jovem estará livre para escolher com quem se casar não importando o consentimento de seu guardião.

3. Um terceiro grupo diz que uma jovem que tenha alcançado a puberdade e a maioridade não pode estar sujeita à autoridade de seu pai, avô ou de seus representantes, e eles não possuem nenhum direito de casá-la à força. E ao mesmo tempo, ela não está obrigada a pedir o consentimento deles para se casar. Apenas ela pode escolher seu marido. Este grupo considera o casamento um contrato como qualquer outro. Eles sustentam que desde que uma mulher adulta tem o direito de concluir contratos ou transações de compra, venda, doação posse, etc, ninguém pode impedi-la disso, ou mesmo de participar na tomada de decisões, similarmente, ela pode agir do mesmo modo a respeito do casamento. Eles apóiam sua opinião em várias tradições e dizeres do Profeta (S.A.A.S.).

Ao analisarmos estes argumentos compreendemos que nenhum dos sábios Islâmicos nega o direito da jovem de exercer sua vontade. Ao contrário, eles tentam protegê-la de qualquer ato temeroso causado por sua ingenuidade juvenil, sua tenra adolescência ou seus desejos impulsivos, e impedir que caia nas garras da sedução masculina e de seus desejos carnais, o que pode torná-la um objeto de prazer e exploração.

Por isso, esses sábios insistem no consentimento do pai ou deixam a decisão para ele. Contanto que sua decisão não venha a prejudicar a jovem, neste caso exigem que a própria jovem deva ser madura o suficiente e capacitada a entender de tais assuntos.

Contudo, a coisa mais importante é que a mulher obedeça às instruções de um Sábio neste respeito, aquele a quem ela seja seguidora e a ninguém mais. Assim, o Islam estabelece uma família ordenada na moral exata e nas fundações legais, baseada numa forte e duradoura construção, de modo que através da vida matrimonial saudável a família possa desempenhar seu grandioso papel humano na sociedade.

2- Organizando as relações familiares.

A maior tarefa realizada pelo Islam é a organização da vida humana e sua proteção contra a desintegração e a desordem por leis racionais, valores e princípios morais.

No Islam a família é a pedra fundamental da construção social, organiza, controla e suporta a ordem da sociedade, e é também o ponto de partida para a organização psicológica e moral da sociedade.

Assim, o Islam concentra-se na organização da família para a disposição das bases legais e morais necessárias para sistematizar a vida dentro de seus limites, e descreve cada elemento emocional e instintivo que seja requerido.

Portanto, ele define os seguintes direitos básicos como a firme fundação de uma família.

1. Os direitos da esposa sobre o marido.
2- Os direitos do marido sobre a esposa.
3- Os direitos dos filhos sobre os pais.
4- Os direitos dos pais sobre os filhos.
5- A herança.

1. Os direitos da esposa sobre o marido:

A fim de estabelecer as relações entre a esposa e o marido numa base honesta de acordo com o princípio religioso definido, o Alcorão diz:

“… e elas têm direitos equivalentes aos deles (homens)…” (Alcorão Sagrado C.2 – V.228)

Por meio deste belíssimo relacionamento legal o Islam constrói a ligação do casal com base numa exata e justa igualdade.

A mulher tem seus direitos legais sobre o marido, como também ele os tem sobre ela. Em suma, O Islam impôs certos direitos sobre ambos.

Estudando as relações matrimoniais no Islam percebemos que as leis Islâmicas advogam laços de afeição, bondade, compaixão e de bom tratamento de um para o outro, e considera o contrato de casamento como um acordo sagrado.

O Imam Jafar Assadeq (A.S.) se refere a este sagrado contrato dizendo:

“Quando um homem deseja se casar com uma mulher que diga a ela: Eu aceito o compromisso assumido, por Deus… e então (a mulher) deve ser retida com honra ou liberada (do acordo) com bondade”.

Os textos e conceitos religiosos definem os direitos da esposa sobre seu marido.

A esposa tem o direito de ser convenientemente mantida por seu marido e ele é responsável de prove-la com alimentos, vestimentas, residência, tratamento médico, adornos (conforme seus meios) e demais despesas necessárias apropriadas a seu status social, e também que estejam no âmbito dos recursos financeiros do marido.

Deus o Altíssimo diz:

“Instalai-as (as divorciadas) onde habitais, segundo os vossos recursos, e não as molesteis, para criar-lhes dificuldades. Se estiverem grávidas, mantende-as, até que tenham dado à luz. Se amamentam os vossos filhos, pagai-lhes a sua recompensa e consultai-vos cordialmente. Porém, se encontrardes constrangimento nisso, que os amamente outra mulher. Que o abastado retribua isso, segundo as suas posses; quanto àquele, cujos recursos forem parcos, que retribua com aquilo com que Deus lhe agraciou. Deus não impõe a ninguém obrigação superior ao que lhe concedeu; Deus trocará a dificuldade pela facilidade.” (Alcorão Sagrado C.65 – V. 6 e 7)

O Mensageiro (S.A.A.S.) disse:

“O melhor de vós é o que melhor trata de suas mulheres e eu sou de vós, o que melhor trata as mulheres”.

Ele também disse:

“Que Deus abençoe aquele que pratica o bem em relação a sua esposa, já que Deus lhe deu autoridade sobre ela e tornou-o o seu guardião”.

A vida familiar é fonte de felicidade, de amor e de afeição. No calor da vida familiar o homem encontra seu conforto e sua estabilidade, e próximo de sua esposa ele se sente satisfeito e seguro. Quanto mais afetuosas as relações, melhor o companheirismo do casal, e mais profundo o sentimento de paz, segurança e conforto nos espíritos do marido, da esposa e dos filhos.

Quão preciso é o Profeta (S.A.A.S.) quando diz:

“As palavras de um homem para sua esposa: “Eu a amo” jamais abandonarão o coração dela”.

O Islam incrementa o bom companheirismo com a esposa, preenchendo suas inclinações emocionais e estéticas e satisfazendo seu desejo sexual de modo que todas as dimensões do casamento possam ser agradáveis para ambos.

O Islam vai mais além, ele pede para que o marido recorra a todos os meios para que sua esposa o ame, física, espiritual e instintivamente, ligando-a firmemente à ele.

O Islam incentiva o homem a se empenhar em manter-se atraente e com boa aparência para sua esposa, correspondendo a seu desejo sexual, começando com carinhos preliminares para o excitamento, para que possam alcançar o clímax simultaneamente, já que é a sua parceira nos prazeres sexuais. Ela não é um simples meio para satisfazer o desejo do homem. Uma tradição diz: “Todas as diversões do Muçulmano são fúteis, exceto três: a equitação, o treino do uso do arco e flecha e o cortejar sua esposa, estas são atividades justas”.

“Três atos são considerados atos grosseiros: acompanhar alguém sem perguntar seu nome, recusar um convite para a refeição ou aceitar o convite e não comer, e começar o ato sexual com sua esposa sem carinhos preliminares”.

“Quando um homem deseja ter relações sexuais com sua esposa, não deve se apressar, pois as mulheres têm seus desejos”.

Relata-se que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) ao entrar na casa de Umm Salama, sentiu um forte perfume. Ele perguntou: “Al-Hawla está aqui?” Umm Salama respondeu: “Sim, ela está aqui se queixando de seu marido”. Al-Hawla saiu e disse ao Profeta: “Meu marido me negligencia”. Ele disse: “Fale mais sobre isso, Hawla”. “Ela respondeu: Eu nunca deixo de usar perfume e mesmo assim ele se descuida de mim”. O Profeta observou: “Se ele soubesse o que ganharia se aproximando de ti!” Ela perguntou: “O que ganharia se aproximando de mim?” O Profeta respondeu: “Se ele se aproximasse de ti, dois anjos o acompanhariam e ele seria como um homem que desembainha sua espada para lutar pela causa de Deus. Então, por ter relações, seus pecados cairiam dele como as folhas caem de uma árvore, e quando ele se banhasse, seus pecados seriam lavados dele”.

Al-Hassan ibn Al-Jahm narra que viu o Imam al-Redha (A.S.) com sua barba tingida. Então lhe disse: “Eu vejo que tingiste a barba”. O Imam disse: “Sim, o embelezamento aumenta a castidade das mulheres. Elas abandonam a castidade quando seus maridos abandonam o embelezamento”. E então continuou: “Gostarias de vê-la como ela o vê sem se adornar?” Ibn Al-Jahm respondeu que não. O Imam disse: “É isso! O hábito dos profetas é o estar limpo, usar perfumes, cuidar dos cabelos e coabitar com suas esposas”.

Pelo que foi mencionado em relação aos direitos da esposa sobre seu marido podemos fazer uma clara descrição da condução de uma boa vida matrimonial, que preencha todos os aspectos das relações, material, moral, instintivo e estético, do homem e da mulher.

2. Os direitos do marido sobre sua esposa

Para complementar a igualdade entre o homem e a mulher, o Islam garante ao marido certos direitos bem definidos sobre sua esposa. E estes são, entretanto, menos onerosos e mais limitados do que os direitos dela sobre seu marido.

Ao analisarmos o Alcorão e as tradições do Profeta descobrimos os direitos básicos garantidos pelo Islam ao marido, direitos que estão clara e precisamente definidos:

“Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus dotou-os com mais (força) do que a elas, e porque dispendem do seu pecúlio (para o sustento delas).” (Alcorão Sagrado C.4 – V.34)

De acordo com uma narrativa, uma mulher veio ao Profeta (S.A.A.S.) e perguntou a ele:

“Ó Mensageiro de Deus, fale-me que direitos o marido tem sobre sua esposa. Ele disse: “São muitos”. Ela disse: “Explique-me alguns deles”. Ele respondeu: ‘Ela não pode jejuar sem sua permissão, nem sair de sua casa sem seu consentimento. Ela tem que usar seus melhores perfumes, vestir suas melhores roupas, adornar-se tanto quanto possa, para oferecer-se a ele de dia ou de noite, e os direitos dele são ainda mais do que isso”.

Para uma melhor explicação, os direitos do marido sobre sua esposa podem ser classificados assim:

a) A proteção do seu lar, de seus bens e filhos.

O marido deve fazer os arranjos necessários para o ambiente doméstico e a família, de outro modo, a esposa não é responsável pela manutenção do lar, pela limpeza e o preparo das refeições, etc. Não é compulsório para ela amamentar ou cuidar de seus filhos. O Islam interpreta estes atos como atos de afeição por parte da mulher, e os considera bons atos e um meio para a proximidade de Deus, a menos que tais responsabilidades sejam declaradas pelo marido nas condições do acordo matrimonial.

Uma tradição concernente aos direitos do marido sobre sua esposa diz: “Nenhum Muçulmano tem um benefício maior do Islam do que uma esposa muçulmana que agrada seu marido, obedece à suas ordens e protege sua honra e sua propriedade na sua ausência”.

Também encontramos uma maravilhosa arbitração conduzida pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) entre o Imam dos fiéis, Ali ibn Abi Talib (A.S.) e sua esposa Fátima (A.S.), que o Imam Assadeq (A.S.) narra: “Ali e Fátima vieram ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) para uma arbitração relativa ao trabalho doméstico. O Profeta (S.A.A.S.) decidiu que todo trabalho doméstico deveria ser feito por Fátima (A.S.) e que todos os trabalhos externos (para a manutenção do lar) caberiam a Ali (A.S.). Fátima, mais tarde, disse: “Ninguém, senão Deus, sabe quão satisfeita fiquei com esta arbitração do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), que me poupou do trabalho do homem”. (Esta decisão não é uma obrigação, mas uma modalidade de orientação geral).

b) Obediência e autoridade.

A família é uma importante unidade social cuja construção ordenada depende de disciplina correta e organização eficiente. Já que deve haver alguém encarregado para a responsabilidade com sua família, e para desempenhar a tarefa de orientação e liderança dentro dos limites prescritos, o Islam autorizou o marido a ser obedecido, e que seja dada a ele a liderança sobre sua esposa e filhos, até que alcancem a maioridade. Esta autoridade, contudo, está sob a condição de que ele não ordene nada que seja contrário aos mandamentos e princípios da religião. Se ele ordenar a sua família para que cometa um ato pecaminoso, seu direito será cancelado e ele não deverá ser obedecido.

Uma tradição diz: “Nenhuma criatura deverá ser obedecida na desobediência a Deus”.

A seguinte citação do Alcorão Sagrado confirma os direitos do marido:

“Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus dotou-os com mais (força) do que a elas, e porque dispendem do seu pecúlio (para o sustento delas).” (Alcorão Sagrado C.4 – V.34)

Uma tradição do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) diz: “A mulher não deve se ausentar de casa sem o consentimento de sue marido, e deve obedecer às suas ordens”.

c) Bom comportamento.

A fim de proporcionar uma atmosfera de amor e estabilidade a seu marido e seus filhos, a esposa deve eliminar todas as causas de desgosto e desconforto, e tudo que possa perturbar a paz da família. Isto deve ser conseguido pela demonstração de afeto e amizade a seu marido, e pela difusão de sentimentos de bondade, amor e alegria na atmosfera do lar.

O homem não pode ver e ouvir de sua esposa o que o desagrada. Quanto mais o sentido de beleza cresce no íntimo de uma pessoa, mais sua necessidade por amor e afeto se satisfaz, e menores são as causas de aborrecimento, problema, frustração, amargura e ira.

Portanto, tal vida familiar harmoniosa, repleta de amor, alegria e afeto certamente terá seus resultados sobre o comportamento de seus membros e sobre suas relações sociais. Especialmente sobre os filhos, que crescem envoltos por semelhante atmosfera amorosa, ao contrário de uma família infeliz e triste, onde o marido leva uma vida de ódio, tensão, repulsa e mau humor, com isso tudo trazendo ruína à família. Tal ambiente afeta seriamente os filhos, tornando-os complexados e tristes, ou mesmo impelindo-os à agressividade, irresponsabilidade e a levarem uma vida improdutiva.

O Islam incentiva a mãe a ser a fonte de amor, beleza, paz e segurança, e a aconselha a se esforçar para criar uma vida familiar fortemente unida, repleta de harmonia e afeto.

Um homem disse ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.): “Eu tenho uma esposa que me saúda quando eu chego, e que me acompanha até a porta quando eu saio. Quando ela me vê angustiado me pergunta: “O que o angustia? Se estás angustiado quanto a teu sustento, saiba que isto é garantido por Deus, e se estás preocupado com sua vida futura, que Deus aumente a tua preocupação”. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Deus tem representantes e ela está entre eles. Ela terá metade da recompensa de um mártir”.

d) Agradar ao marido.

A esposa deve prestar a devida atenção a sua aparência e a seu embelezamento, para atrair seu marido e corresponder à suas inclinações sexuais, já que isso é efetivo no impulso do homem para sua esposa, e para o fortalecimento das relações de amor entre eles. Ela deve proporcionar a ele os meios para que goze de sua beleza e que satisfaça seus desejos afastando-o da tentação de lançar-se nas armadilhas dos desejos proibidos.

O Imam Assadeq (A.S.) relata que uma mulher veio ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e ele a inquiriu se ela era uma mulher-esquiva. A mulher perguntou o significado daquilo, e o Profeta respondeu: “É uma mulher que, quando seu marido a procura, se afasta até que ele adormeça. Tal mulher será continuamente amaldiçoada pelos anjos até que seu marido acorde”.

O Alcorão Sagrado afirma de modo conciso o direito de desfrutar de uma esposa, dizendo:

“Vossas mulheres são vossas semeaduras. Desfrutai pois da vossa semeadura, como vos apraz, porém, praticai boas obras antecipadamente, temei a Deus e sabei que comparecereis perante Ele…” (Alcorão Sagrado C.2 – V.223)

De acordo com o versículo acima, o Alcorão Sagrado confirma o direito do marido de desfrutar de sua esposa de diversos modos, como ela também, tem o direito de desfrutar deste relacionamento. A observação moral e legislativa do versículo com respeito a esta licitude está evidente pelo conselho ideal do Alcorão Sagrado:

“… e praticai boas obras antecipadamente, temei a Deus e sabei que comparecereis perante Ele…”.

Estas recomendações referentes ao homem, a mulher e as relações sexuais provam o fato de quão inteligentemente o Islam planejou os meios para que ambos desfrutem um do outro de acordo com seus respectivos direitos, de maneira que não possa haver nem opressão, nem exploração da mulher, como resultado da extravagância ou do abuso do homem.

O Islam, que encoraja a mulher a prestar atenção a sua beleza, aparência e adorno para seu marido, e para que demonstre afeto para com ele, ao mesmo tempo a proíbe de fazer o mesmo para qualquer outro homem, porque isso criaria a separação psicológica entre o casal e impeliria a mulher ao desvio, promiscuidade e descrença, além de criar tensão, desconfiança e ódio no coração de seu marido, e por fim, destruiria o nobre edifício da família.

Portanto uma tradição diz: “Se uma mulher provoca a ira de seu marido injustamente e adormece, Deus não aceitará suas preces até que seu marido esteja contente com ela, e se uma mulher usa perfume para outro homem além de seu marido, Deus não aceitará sua prece até que ela se purifique de tal perfume com o banho ritual”.

3. Os direitos dos filhos sobre seus pais.

Os filhos são o fruto das relações matrimoniais. São o adorno da casa, a beleza da família e as sementes que garantem a continuação da vida. Eis porque Deus fez do afeto maternal o mais forte de todos os instintos. O nascimento da criança está ligado ao desejo de sobreviver e se eternizar, e os filhos representam a continuação da vida dos pais.

O Islam expressa e interpreta esses e os sentimentos inatos do homem através de suas leis e regulamentos, controlando o casamento, as relações e as responsabilidades paternais, definindo as relações dos pais com seus filhos e designando os direitos e os deveres de cada membro na proporção de seu papel na família.

a) O pai é responsável pelo fornecimento do sustento para seus filhos, assim como pela satisfação de suas outras necessidades enquanto eles sejam menores, e mesmo depois disso, se eles não estiverem capacitados a ganhar o seu sustento devido a razões aceitas pela lei Islâmica, como no caso de doença ou invalidez.

Deste modo o relacionamento e o princípio de compromissos recíprocos continuam. Estas relações possuem dimensões materiais e morais efetivas na construção da família e da sociedade, e no fortalecimento dos laços entre os membros da família. Assim, o pai é aquele que é responsável pelos arranjos para a educação, o cuidado, a alimentação e a assistência de seus filhos durante sua infância. A mãe está isenta desta tarefa. O Islam dá a mãe o direito de ser remunerada pela amamentação de seus filhos e pelo cuidado e a educação deles, já que a mãe não é responsável por isso. Mas, ela é responsável pelo cuidado apropriado a seus filhos e pela orientação e a educação deles da melhor maneira possível, já que o seu papel no lar é o de uma professora, educadora e guia.

Contudo, se ela voluntariamente cuida de seus filhos, os amamenta e os assiste, etc, isto será uma ação agradável para Deus, e Ele a recompensará por isso. De certo, o Islam a encoraja a fazer isso, mas sem qualquer compulsão ou obrigação.

b) O segundo direito dos filhos sobre seus pais é o dever que os pais têm de educá-los com a orientação apropriada, e tratá-los com amor e afeto. Naturalmente, uma criança precisa do cuidado, do amor e do afeto de seus pais, tanto quanto precisa de leite, de remédios, roupas, etc. As seguintes tradições conclamam ao amor e o afeto em relação aos filhos:

“Amem as crianças e sejam compassivos com elas. Quando prometerem a elas, cumpram, já que eles entendem que com isso vocês as estão auxiliando”.

“Aquele que beija seu filho, Deus o Altíssimo escreve para ele uma recompensa, aquele que agrada seu filho, Deus estará contente com ele no Dia da Ressurreição, e aquele que ensina seu filho a ler o Alcorão, ele e a mãe da criança serão cobertos com vestes cuja luz iluminará as faces dos habitantes do paraíso”.

“Deus terá misericórdia do homem que ama seu filho com ternura”.

Está cientificamente comprovado que as crianças que vivem num ambiente de amor, afeto e cuidado paternal, crescem livres de complexos, traumas psíquicos e de sintomas de fraqueza de caráter. A ciência também provou que as relações paternais harmoniosas possuem efeitos positivos sobre o comportamento dos filhos e nas relações destes com os outros, na infância, na adolescência e na vida adulta.

Ao contrário, a criança que carece de tratamento afetuoso e que cresce numa atmosfera de ódio, desrespeito e negligência, adquire uma personalidade fraca e leviana, um comportamento agressivo e irresponsável e sofre de complexo de inferioridade.

Por conseguinte, o Islam ressalta a responsabilidade dos pais na educação dos filhos com uma orientação adequada. E diz:

“Ó fiéis, precavei-vos, juntamente com as vossas famílias, do fogo, cujo alimento serão os homens e as pedras, o qual é guardado por anjos inflexíveis e severos, que jamais desobedecem às ordens que recebem de Deus, mas executam tudo quanto lhes é imposto.” (Alcorão Sagrado C.66 – V.6)

Um homem veio ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e perguntou: “Que direito tem meu filho sobre mim?” O Profeta respondeu: “Que dê a ele um bom nome e uma boa educação, e que o coloque numa boa posição”.

Sendo assim, é responsabilidade do pai orientar e educar seus filhos de modo que possam levar uma vida correta. O Islam confia ao pai, ou ao avô consangüíneo, a autoridade e o controle sobre os filhos. Ao mesmo tempo, considera-o responsável pelo comportamento deles em relação aos direitos alheios na sociedade.

4. Os direitos dos pais sobre seus filhos.

“E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta, entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos. (E lhe dizemos): Agradece a Mim e aos teus pais, porque retorno será a Mim.” (Alcorão Sagrado C.31 – V.14)

“O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele, que sejais indulgentes para com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos em vossa companhia, não os reproveis nem os rejeiteis, dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade e dize: Ó Senhor meu, tende misericórdia de ambos, como eles tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequeno”. (Alcorão Sagrado C.17 – V.23 e 24)

O Islam não destina tão grande atenção e respeito a ninguém mais exceto os pais, e ninguém mais é investido de direitos similares a estes, em relação aos filhos.

Deus declara os direitos dos pais em seguida a seus próprios direitos sobre o homem. Eis que Ele ordena o homem a reconhecer sua generosidade e a ser grato e prestar-Lhe adoração, e igualmente ordena-o a ser grato a seus pais, a obedecê-los, demonstrar bondade para com eles, já que são os meios para a existência do homem e a fonte da vida.

A mãe, que o carregou em seu útero, amamentou-o com todo carinho e amor, que carinhosamente o embalou dia e noite, privando-se do conforto do sono a fim de cuidar dele. Por toda sua vida ela o cerca de sentimentos de amor e atenção, o considera como sua alma e seu coração pulsando em outro corpo.

Portanto é natural que ela mereça ser tratada com bondade. Há alguém que mereça mais do que ela? Há uma tradição que diz:

“O Paraíso se encontra aos pés da mãe”.

O respeito pela mãe não significa que o Islam tenha negligenciado o pai. De fato, ambos devem ser obedecidos e respeitados pelos filhos. Uma tradição diz: “O aprazimento de Deus está no aprazimento do pai e o desagrado de Deus está no desagrado do pai”.

O pai é o educador e mantenedor amado, e aquele que empenha seus esforços e suporta as dificuldades para prover a seus filhos uma vida feliz e confortável. Ele vê seus filhos como um reflexo de sua própria existência e uma extensão de sua vida após sua morte. A carta de Imam Ali (A.S.) a seu filho Imam Al-Hassan (A.S.) é um exemplo para todos os pais que crêem nos nobres princípios de Ali (A.S.) e se esforçam para seguir seus elevados ideais:

“Meu querido filho, tu és parte do meu corpo e de minha alma e sempre que eu olho para ti sinto como se eu estivesse a olhar para mim mesmo. Se qualquer adversidade acontece a ti, sinto como se tivesse sobrevindo a mim. Tua morte seria sentida como a minha própria morte. Teus assuntos são como os meus próprios assuntos …”

Assim, se estes sentimentos e nobres aspirações são passadas dos pais para seus filhos, então, a lógica da moral e a conduta da consciência ditam aos filhos que respeitem seus pais e sejam bondosos e gratos para com eles, já que o que os sentimentos e tudo o que tenham os filhos para oferecer é muito pouco se comparado aos sentimentos e dádivas de seus pais.

Portanto, o dever dos filhos é o de serem bondosos e gratos, como um reconhecimento e uma tentativa de sentirem-se bem, jamais uma completa e perfeita compensação, nem mesmo uma quitação justa.

A fim de que os direitos paternos não sejam simples conselhos ou recomendações morais, o Islam definiu estes direitos como obrigações legais e decisões compulsórias aos filhos, e os previne de uma severa punição pela negligência quanto a isto.

Os filhos devem cuidar de seus pais quando idosos ou em necessidade. Eles têm que sustentá-los se estiverem incapacitados para o trabalho. No caso de qualquer desvio por parte de um filho o sistema judiciário tem o direito de forçá-lo a obedecer. O Islam considera a negligência para com os pais um pecado capital, e proíbe mesmo o mais insignificante sinal de desobediência, quanto mais demonstrar raiva para com os pais.

Uma tradição diz:

“Aquele que olha para seus pais com aversão, mesmo se eles tenham sido injustos com ele, Deus não aceitará suas preces”.

Portanto, o Islam ordena aos filhos que sejam bondosos para seus pais, mesmo se estes tenham agido de modo injusto com eles. Assim, ele se mantém enfatizando a necessidade de ser bondoso e paciente para com os pais e considera um olhar de amor e compaixão aos pais um tipo de adoração a Deus, como é evidenciado pela seguinte tradição:

“Um olhar afetuoso de um filho ao seu pai é adoração a Deus”.

Isto é encorajado não apenas durante o tempo de vida dos pais, este sentimento de carinho e de profunda relação dos filhos para com os seus pais deve continuar mesmo depois da morte deles, já que um pai falecido encontra-se em maior necessidade de bondade do que quando vive. A vida é o mundo de eventos e atividades humanas, onde um homem pode resolver seus assuntos. Mas um homem que tenha morrido nada mais pode fazer:

“A minha autoridade se desvaneceu”. (Alcorão Sagrado C.69 – V.29)

“E erigiu uma barreira entre eles e suas aspirações…” (Alcorão Sagrado C.34 – V.54)

“E não terão como deixar testamento, nem como voltar aos seus”. (Alcorão Sagrado C.36 – V.50)

Portanto, um homem morto está separado deste mundo, exceto pelas relações causais criadas durante sua vida. As boas ações feitas durante a vida são as únicas vantagens no além. Assim, ele necessita de uma existência virtuosa aqui, enriquecida e desenvolvida pelos meios da bondade, já que seu destino final no além depende do que tenha feito neste mundo. Ele não pode retornar, mas está ainda em necessidade de ajuda para corrigir suas más ações.

Então, quem pode ajudá-lo? Quem pode reformar suas más ações neste mundo ao qual ele não pode mais retornar? As tradições do Profeta (S.A.A.S.) respondem a essas questões. Elas ressaltam a extensão daquilo que o homem deixou para trás e que perdura mesmo depois de sua morte. Esta extensão é parte dele, uma colheita do que quer que ele tenha semeado.

O Profeta (S.A.A.S.) disse: “Quando um homem morre seus atos se interrompem, exceto três atos: o que deixou em caridade ininterrupta, um conhecimento benéfico à humanidade e um filho virtuoso que ora por ele”.

Assim, o Profeta (S.A.A.S.) diz: “a bondade para com os pais não se encerra com a morte deles, mas deve sim continuar mesmo depois disso”.

Um beduíno certa vez perguntou ao Profeta (S.A.A.S.):

“Ó Mensageiro de Deus! Existe alguma bondade que eu possa fazer por meus pais?” Ele respondeu: “Sim, orar e pedir perdão para eles, pagar as dívidas que tenham deixado, manter os laços de parentesco e honrar seus amigos”.

Portanto, os filhos devem ser bondosos para com seus pais, fazer o bem para eles, pagar as dívidas que porventura tenham deixado após sua morte, cumprir suas ações obrigatórias que não tenham podido cumprir durante a vida, tais como as preces, o jejum e a peregrinação, e continuamente pedir perdão a Deus por eles. Estes são direitos dos pais em relação a seus filhos, como está evidente na seguinte tradição:

“Se um homem é obediente e bondoso para com seus pais durante suas vidas, mas quando eles falecem ele nem paga suas dívidas nem pede perdão por eles, Deus o registrará como um homem desobediente, e da mesma maneira se um filho não é bondoso nem obediente para com seus pais, mas depois da morte deles paga suas dívidas e perde perdão por eles, Deus o altíssimo o registrará como sendo um filho obediente”.

Sendo assim, O Islam ordena ao filho mais velho a compensar as preces que seu pai não tenha podido cumprir durante a vida, no caso em que o pai não tenha pago a alguém para fazê-lo.

Além disso, os herdeiros devem cumprir a Peregrinação pendente do falecido, seu jejum e suas dívidas, como também recompensar aqueles a quem seu pai ou mãe tenham ofendido ou prejudicado, todas essas despesas devem ser feitas a partir do total da herança, antes que esta seja dividida entre os herdeiros.

5. Herança.

Este é o quinto e último fundamento de uma família organizada. A herança é uma legislação financeira com objetivos psicológicos e econômicos que visa o fortalecimento dos laços dos membros da família. No Islam a lei de herança alcança uma série de objetivos, dentre eles:

a) Fortalece os laços de amor entre o pai e seus filhos, esposa e outros membros da família. Ele se satisfaz com o fato que sua família herde seus bens, o fruto de seus esforços, enquanto que eles sentem que ele os favoreceu com seus bens os quais os auxiliarão em suas vidas, abrindo as portas do trabalho e assistindo-os no ganho da vida.

b) Garante uma ordenada e equilibrada distribuição econômica já que a riqueza de um indivíduo é dividida entre os seus parentes. Ajuda no controle da inflação e na superação da pobreza.

c) Encoraja o indivíduo ao trabalho produtivo e a redobrar seus esforços, já que ele sabe que seus mais próximos e queridos serão os que herdarão e, portanto, ele estará atento em provê-os com um futuro seguro e feliz, principalmente se eles ainda forem menores de idade e incapazes de ganhar seu sustento. Compare esta sábia lei Islâmica com as leis absurdas de uma sociedade que não acredita na herança, como a sociedade socialista. Nela os indivíduos não encontram nenhuma justificativa para aumentar sua produção e redobrar seus esforços, já que sua riqueza irá para o governo depois de sua morte, isto é, será retida por aqueles que não estão ligados a ele e que não asseguram a ele e nem seus parentes nenhum benefício.

d) A justa distribuição da herança entre os parentes do falecido, fazendo com que todos eles, homens e mulheres, sintam-se iguais, removendo de seus corações a aversão e o ódio, e salvaguardando a justiça moral e legal da melhor forma, diferentemente das leis que garantem a herança aos homens, excluindo as mulheres, ou que garantem ao filho mais velho, como é o caso das leis criadas pelo homem e as legislações extraviadas.

Assim o Islam constrói uma família ordenada e harmoniosa, e protege seus membros mesmo depois da morte de seu sustentador, provendo-os com a segurança financeira baseada em bases morais e psicológicas sãs.

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