O Salvador, a Esperança dos Povos

A ideia do Mahdi Esperado não é uma ideia xiita, nem islâmica. A concepção do Reformador e Salvador é mais abrangente, é religiosa: “Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos. Ele foi Quem enviou Seu Mensageiro com a Orientação e a verdadeira religião, para fazê-la prevalecer sobre todas as outras, embora isso desgostasse os idólatras” (Alcorão Sagrado, 9:32-33). A Luz significa o Líder Esperado, que aparecerá e purificará a terra da injustiça e da corrupção. Cada povo lhe dá um nome em particular. Esses nomes, mesmo diferentes, indicam, no final, uma só personalidade, preparada para a salvação do mundo.

Os judeus crêem no aparecimento do salvador esperado como sendo o Messias. Eles não acreditam, porém, que esse Messias tenha sido Jesus, filho de Maria (AS), muito menos que Cristo tenha sido um Mensageiro divino. Eles afirmam que o Messias prometido surgirá nos fins dos tempos. Já os cristãos acreditam que Jesus (AS) retornará à Terra para limpá-la dos pecados com a água da misericórdia e da felicidade.

O que acontece com judeus e cristãos, acontece com budistas. Eles entoam, em seus templos, hinos pedindo o retorno de Buda à Terra para salvar o seu povo do sofrimento e da dor. O mesmo se diz a respeito das demais religiões.

Essa questão nos faz perceber, portanto, que a concepção de um Salvador está oculta no inconsciente do ser humano. Ele a vê com o coração antes de vê-la com os olhos. Apesar de, algumas vezes, afetar descrença ou indiferença em relação ao tema, está convencido, intimamente, da existência de uma força que poderá, por fim, salvá-lo.

Todas as religiões afirmam que, no fim de cada etapa da história, a humanidade caminha na direção da decadência moral e espiritual e não consegue, por si própria, colocar um fim a esse movimento descendente. Por isso, é necessário que um dia surja um personagem espiritual de nível elevado, inspirado no princípio da Revelação, que arrebate a humanidade das trevas da ignorância, da perdição, da injustiça e do exagero.

Estamos hoje na era das luzes e da tecnologia, que nos priva, muitas vezes, da nossa condição humana. Esta é a era do domínio consumista e da embalagem das mentes; era da satisfação dos instintos e da fome sexual, da decadência moral e espiritual. Nessa época, a opressão encontrou campo fértil para vicejar, em todas as formas, organizado ou desorganizado todas as fases da vida. O ser humano sente que começa a viver num mundo inadequado para ele e para o desenvolvimento de sua cordialidade: é um mundo que trabalha para transformá-lo, novamente, num animal.

Quando paramos e percebemos o volume das perdas a que estivemos sujeitos ao longo dos últimos séculos – morais e espirituais, notadamente – verificamos que estamos sendo levados a uma situação na qual perderemos nossa condição humana. Não há comunidades, por exemplo, que defendem com ardor que as pessoas devem andar nuas?

A transformação mais perigosa é a que acontece na estrutura mental e psicológica do ser humano. Enquanto as operações de opressão, humilhação e exploração estão em andamento, nos desconectamos de altos valores – olhados com desdém atualmente – como a honra e a solidariedade. Então, nos acostumarmos com a humilhação que nos é impingida e aos outros também. Aceitamos passivelmente a violência e o tratamento desumano aplicado a nós e aos outros, sob as nossas vistas.

Acostumando-nos à humilhação, passamos a considerar a tortura do preso uma coisa normal. Não nos importamos com as sequelas desse ato sobre o indivíduo vitimado, mesmo depois de sua saída da prisão. Como não nos importamos com as sequelas da tortura no executor. Será que ele consegue retornar com facilidade à sua vida cotidiana normal depois de sair da sala de torturas?

Não conseguimos ver coisas como estas sem estarmos convencidos da ideia do Salvador. A espera dele nos fornece ânimo para enfrentarmos tudo o que é desumano, força para nos prepararmos de todas as formas para sua chegada: moral, religiosa, política, econômica, tecnológica, científica e culturalmente. Ele é o único que pode mudar a marcha da injustiça, da agressão e da corrupção, dando um fim em tudo isso, fazendo prevalecer a justiça, a liberdade, a cordialidade, a honra e a dignidade. “Em verdade, eles vêem (o Dia) muito remoto, ao passo que Nós o vemos iminente.” (Alcorão Sagrado, 70:6-7).

“E perguntam: Quando chegará essa vitória, se estiverdes certos? Responde-lhes: No dia da vitória, de nada valerá a fé tardia dos incrédulos, nem serão tolerados. Afasta-te, pois, deles, e espera, porque eles também não perdem por esperar.” (Alcorão Sagrado, 32:28-30).

 

 

 

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