Uma aula sobre o conhecimento, sua posição e a sua ética

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Disse o Imam Ali (A.S.) ao seu companheiro Kumail ibn Ziyad: “Ó Kumail, as pessoas se dividem em três categorias: Um sábio divino, um aprendiz no caminho da salvação, e um bando de tolos que vão atrás de todo latido e se inclinam com qualquer vento. Estes jamais se iluminarão com a luz do conhecimento…”

A importância do conhecimento está sendo apresentada aqui neste dito, pois ele divide as pessoas em três categorias onde a principal referência desta classificação é o conhecimento. A primeira categoria são os sábios divinos, aqueles que dão voz ao conhecimento e o transmitem para os outros. A segunda categoria são os aprendizes, aqueles que estão e querem estar no caminho do aprendizado, para serem salvos e conquistarem o Paraíso. Já a terceira categoria é um bando de tolos e estúpidos, que correm atrás de todo latido e se inclinam para todos os lados de acordo com o vento.

O ser humano em sua jornada na vida busca a perfeição ou chegar ao mais próximo dela, mas durante a jornada ele pode se distrair com algumas coisas que tiram seu foco. É como alguém que está indo em direção a um jardim, mas resolve descansar e tirar uma soneca, mas quando acorda já esta tarde demais e ele corre para chegar a seu destino, mas antes do fim do dia não chega e assim fica para atrás. Ele perde as duas coisas, tanto chegar a seu destino quanto aquilo que o distraiu nesta vida. Na vida real é a mesma coisa, não temos que perder o nosso foco ao querer buscar a perfeição, e o mais alto grau dela é o conhecimento da nossa religião e jurisprudências. Nós também temos que focar em conhecer sempre mais e mais a nossa religião e jurisprudências, pois elas representam o caminho da nossa salvação nesta e na outra vida.

A pergunta é: Como fazemos para estar enquadrados entre a primeira e a segunda categoria de pessoas e não a terceira?

Para isso há uma receita, um manual cujo o fim dele é o fortalecimento das bases da crença e conhecimento de todos nós. É como um viajante que vai para um lugar com pragas e doenças, ele procura se imunizar e tomar uma vacina antes de viajar. O conhecimento é assim também, ele nos torna imunes dos ataques, desvios e extravios que levam o ser humano ao caminho da escuridão e extravio.

De acordo com a tradição do profeta Mohammad (S.A.A.S.) há algumas orientações para quem busca este objetivo. Ele disse sobre o conhecimento: “… Observá-lo, escutá-lo, memorizá-lo, executá-lo e divulgá-lo”. Estas são orientações básicas e fundamentais para as pessoas colocarem em prática o conhecimento. Na Mesquita, na sala de aula, na escola ou colégio, na universidade, na oficina de trabalho, em qualquer lugar onde estamos aprendendo alguma coisa temos que levar em consideração esta orientação do profeta Mohammad (S.A.A.S.). Numa outra passagem o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Prendam o conhecimento”. Daí as pessoas perguntaram como prender o conhecimento. Ele (S.A.A.S.)  disse: “Com a escrita”. Ou seja, a sexta dica que o Profeta (S.A.A.S.) nos dá sobre suas observações com o conhecimento é escrevê-lo, anotá-lo, pois assim ele se fortalece mais em nossa mente e memória.

A sétima observação que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) dá para todos nós sobre o conhecimento é debatê-lo. O debate é algo benéfico que pode erguer e expandir o conhecimento fazendo que seus estudiosos naveguem em seus horizontes e descubram seus mistérios e segredos. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) dizia: “A busca pelo conhecimento é o dever de todo muçulmano e muçulmana. Busquem-no de suas fontes pois ensiná-lo por Deus é considerado uma boa ação, sua busca é uma devoção e seu debate é uma recordação”.

O debate sobre o conhecimento é tão importante que foi igualado a recordação de Deus. Ou seja, quem estiver em um debate benéfico e objetivo com um sábio sobre uma certa questão que ele deseja conhecer é como se tivesse em recordação constante de Deus, louvado seja.

A oitava observação é a pergunta que é considerada a porta do conhecimento. O Imam Assadeq (A.S.) dizia: “As pessoas se arruinaram porque não perguntaram”. Ou seja, um dos motivos que as pessoas se arruinaram nesta e na outra vida foi porque deixaram de perguntar. Isso é um erro e engano, quando achamos que conhecemos tudo ou sobre tudo. O Imam Assadeq (A.S.) numa outra passagem dizia: “O conhecimento é um tesouro e suas chaves são as perguntas”. Algumas pessoas erroneamente acham que por se manterem ignorantes Deus não irá cobrá-las ou questioná-las no dia do Juízo Final. Isso é um grande erro, pois naquele dia que nada valerá senão as ações boas pela causa de Deus, Ele te perguntará: “Por que fizeste aquilo?” e tu responderás que não sabia. Mas Ele voltará a te perguntar: “Se não sabias por que não perguntou?”. Portanto, a falta de conhecimento jamais será uma justificativa aceitável por Deus no dia do Juízo Final, pois a pessoa será cobrada por não ter perguntado e se informado. Todos nós temos acesso aos sábios e aos líderes que conhecem mais daquilo que não conhecemos. Hoje em dia, com as redes sociais e a tecnologia, ou até mesmo com a presença dos líderes ao nosso redor, podemos tirar todas as nossas dúvidas sobre todas as questões. Temos que aproveitar desta oportunidade para não cairmos em arrependimento no dia do Juízo Final. Saibam que há uma tradição do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) que diz: “Três coisas se queixarão para Deus no dia do Juízo Final. A mesquita abandonada, o Alcorão abandonado e o sábio abandonado”.

A posição dos sábios

Os sábios possuem uma posição privilegiada na nossa tradição e cultura, e isso está afirmado e presente nas tradições e ditos dos Ahlul Bait (A.S.). De acordo com a passagem do Imam Ali (A.S.) ele dizia: “Um sábio entre os ignorantes é como um vivo entre os mortos”. Ou seja, a diferença que faz um sábio entre as pessoas que não sabem é como a vida e a morte. O conhecimento nos dá a vida e nos mantém vivos nesta vida mesmo se estivermos mortos. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) dizia: “Um sábio está vivo mesmo se estiver morto, e um ignorante está morto mesmo se estiver vivo”. Ou seja, a principal referência da verdadeira vida é o conhecimento, pois ele te inspira à verdadeira vida.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Encontrar com os sábios é a honra dessa e da outra vida”. Numa outra passagem ele (S.A.A.S.) dizia: “Olhar para a face de um sábio é devoção” e também disse: “Os sábios são os herdeiros dos profetas”.

Numa das suas mais belas tradições, sendo que todas as tradições do profeta (S.A.A.S.) são belas, ele diz: “Aquele que receber os sábios é como se tivesse me recebido, aquele que visitar os sábios é como se tivesse me visitado, aqueles que se encontram com os sábios é como se tivessem se encontrado comigo, e quem se encontrar comigo é como se tivesse se encontrado com meu senhor.”

Se encontrar com os sábios é algo benéfico, mas temos que saber quem são os verdadeiros sábios. São aqueles que não buscam algo em troca por seus trabalhos, aqueles que desejam realmente a orientação e o bem para os próximos e aqueles que com seu conhecimento divino expandem e iluminam o caminho e a caminhada das pessoas rumo ao caminho da salvação e da verdade, e sem querer, desejar, procurar ou exigir algo em troca por este trabalho.

Aula de 23 de março de 2019
Ministrada por Nasser Khazraji

 

 

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