PRIMEIRO SERMÃO
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e com todos os seus profetas e mensageiros.
Deus, o Altíssimo, disse no seu livro sagrado: “Ó fiéis, quando fordes convocados para a Oração da Sexta-feira, recorrei à recordação de Deus e abandonai os vossos negócios; isso será preferível, se quereis saber.” (62:9)
Recomendo a todos e a mim mesmo o temor a Deus. Pois esta é a melhor das bagagens e é o testamento e conselho dos Ahlul Bait (A.S.) a todos nós.
As exceções da Ghibah
Iremos dar continuidade ao nosso assunto da semana passada, no qual falamos sobre a Ghibah, que é classificada como um dos pecados capitais no Islam.
Deus disse no Alcorão Sagrado: “Estes são os que se abstêm dos pecados graves e das obscenidades, conquanto cometam faltas leves. Que saibam que o teu Senhor é Amplo na indulgência; Ele vos conhece melhor do que ninguém, uma vez que foi Ele Que vos criou na Terra, em que éreis embriões nas entranhas de vossas mães. Não atribuas pois, pureza a vós mesmo, porque Ele bem conhece os tementes”. (53:32)
E quais são as faltas leves?
Há alguns pecados que não são considerados capitais ou grandes como a fornicação, Ghibah ou assassinato, e sim consideradas faltas leves, mas mesmo assim devem ser evitadas. Isso porque uma das condições da temência a Deus é a pessoa não praticar qualquer tipo de pecado, seja pequeno ou grande, seja leve ou pesado.
Voltando ao assunto, a Ghibah, como havíamos dito, é citar o seu irmão fiel por um defeito dele em público ou até mesmo mediante a uma pessoa só. Deus nos proibiu de falar sobre os defeitos dos irmãos, sejam ocultos ou não. Certo dia lembro que o falecido Ayatullah Beheshti discursou em Qom e ele dizia: “Imaginem alguém bebendo álcool em sua própria casa. É certo eu escalar a parede e olhar para dentro da casa, espiar e ver o que ele está fazendo?”. Claro que não. Portanto, não é valido e não é certo fazer a Ghibah de forma alguma, exceto em algumas situações.
Antes de falar sobre as exceções da Ghibah é importante ressaltar que é um dever ao ouvinte da Ghibah defender a vítima da Ghibah ou sair daquele local. Se a pessoa não faz isso, é como se ela mesmo tivesse praticado a Ghibah, e será abandonada por Deus, nesta e na outra vida.
Voltamos a repetir que a Ghibah é um dos pecados capitais e por isso deve ser repudiada e condenada de todas as formas.
As situações em que se pode fazer a Ghibah
1) O Faseq
O Faseq é o pecador, aquele que é publicamente desobediente a Deus e não faz questão do público não ver ou saber disso. Ele não se importa de pecar e demonstrar a sua desobediência em público e nem se importa com o que as pessoas irão dizer. Os pecadores são de dois tipos: aqueles que ao praticarem um delito se empenham para não fazê-lo em público pelo menos e outros não estão nem aí. Praticam os pecados em público esmagando a lei de Deus na frente de todos e encorajam os outros a fazerem o mesmo. Este é o Faseq.
2) O Injusto
A vítima do injusto pode praticar a Ghibah para derrotar o seu opressor. A justificativa disso é o versículo de Deus que diz: “Deus não aprecia que sejam proferidas palavras maldosas publicamente, salvo por alguém que tenha sido injustiçado; sabei que Deus é Oniouvinte, Onisciente” (4:148). Portanto, na medida certa um oprimido ou uma vítima pode praticar a Ghibah sobre o seu opressor, isso para que ele pelo menos seja derrotado socialmente e perante os olhos dos outros, e que a vítima tenha uma posição maior perante as pessoas.
3) Conselho do fiel
Casos em que uma pessoa lhe peça conselhos sobre alguém, é permitido que cite os defeitos da pessoa, como por exemplo quando alguém quer casar com uma mulher, é permitido que você cite os defeitos daquela mulher, já que a pessoa te pediu o conselho e você deve ser fiel a este conselho e citar tanto as qualidades quanto os defeitos e falhas. O mesmo também é válido caso uma mulher ou a família dela peçam um conselho sobre um homem. Citar os defeitos de alguém nestas situações é uma questão necessária, ainda por cima quando você tem certeza dos defeitos, pois deixando de cita-los, podem ocorrer grandes danos ou problemas. É lógico que ao citar os defeitos ou questões nestes conselhos, todas devem ser verdadeiras e não manipuladas e mentirosas.
4) Coibir a pessoa a praticar o mal
Às vezes, existem pessoas que só evitam praticar o mal quando alguém começa a falar delas. Neste caso então, pode-se fazer a Ghibah desta pessoa para evitar que ela continue tendo uma conduta desviada. Também se pode fazer a Ghibah quando a consequência dela seja a favor da religião. Como por exemplo um líder desviado ou governantes injustos. Pessoas que agem em nome da religião e da fé, mas que não são verdadeiramente representantes da religião. Neste caso pode ser fazer a Ghibah deles pois se não fizer a religião pode ser afetada pela conduta deles.
5) Desmentir as testemunhas
Fazer a Ghibah de quem faz um testemunho falso é também permitido. Isso para que invalide o seu depoimento falso perante o juiz. É permitido fazer isso no caso dos testemunhos serem falsos e de injúria. Em alguns casos isso pode até chegar a ser obrigatório para expor aquela testemunha falsa e mentirosa.
6) Proteger o fiel
Para defender um fiel e afastar o mal que pode atingi-lo ou até mesmo para preservar sua vida. Como por exemplo em estados onde os fiéis e os religiosos são perseguidos, eu posso alegar para as autoridades policiais locais cujo perseguem estes fieis que por exemplo fulano ou ciclano não são fieis como eles imaginam e nem são religiosos e que praticam certas coisas. Isso fará com que as autoridades se distanciem deles e por fim, sua vida será protegida. Neste caso até a mentira está liberada pois o objetivo é proteger e salvar uma vida de um sistema opressor injusto.
7) Não agirem de acordo com a religião
Pessoas que não agem com base na fé e com base nos ensinamentos da religião, como por exemplo, pessoas polêmicas que gostam de fazer ou falar coisas ilícitas e desviadas. Fazer Ghibah destas pessoas é permitido. Na verdade, estas pessoas nem fazem questão de guardar o seu respeito para serem respeitadas.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com Mohammad e sua purificada linhagem.
Que a paz e as benções de Deus estejam com todos.
SEGUNDO SERMÃO
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e com todos os seus profetas e mensageiros.
Servos de Deus, recomendo a todos e a mim mesmo pelo temor a Deus, a seguirmos suas ordens e evitarmos desobedecê-lo.
Recomendo a todos os irmãos e irmãs a praticarem todas as orações obrigatórias e também a oração do início do mês, cujo citamos na semana passada. Deus disse: “…Quem temer a Deus, Ele lhe apontará uma saída” (65:2).
Martírio do Imam Al-Hassan (A.S.)
Hoje, de acordo com algumas narrativas, é o martírio do Imam Al-Hassan (A.S.) o qual, sobre ele o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizia: “Hassan e Hussein são os dois senhores dos jovens do paraíso”. Numa outra passagem o Profeta (S.A.A.S.) dizia: “Hassan e Hussein são os dois Imames, em todos as situações”.
Imam Al-Hassan (A.S.) foi martirizado por ordem de Mu´awiyah, filho de Abi Sufiyan, o qual tinha prometido a esposa do Imam, chamada Al-Ju´da filha de Al-Ash´ath, que iria lhe pagar e lhe casar com seu filho Yazid, isso se ela envenenasse o Imam e o matasse. A narrativas afirmam que o Imam já tinha sido envenenado 2 vezes, mas ele orava e suplicava a Deus ao lado do túmulo do seu avô, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e então era curado. No entanto, desta vez o efeito do veneno foi tão forte, que ele nem conseguia sair de casa. Nesta terceira vez a força do veneno foi tanta que cortou suas tripas por dentro. O Imam (A.S.) vomitava sangue e pedaços de seu próprio fígado. “Não há força nem poder exceto de Deus”.
O pacto de paz com Mu´awiyah
O Imam Al-Hassan (A.S.) foi oprimido e abandonado por seus próprios companheiros. Isso porque o Imam Al-Hassan (A.S.), seguindo o método do seu pai, lutando contra a opressão e a ilegitimidade de Mu´awiyah, preparou seus companheiros e seu exército, e antes da partida, foi traído por eles. Ele foi abandonado por seus companheiros mais próximos, pois Mu´awiuah tinha pago a eles e os trazido para seu lado. O Imam ficou a sós e não podia prosseguir na luta contra Mu´awiyah, pois muitas pessoas tinham sido influenciadas pela mídia difamatória e mentirosa da época que era comandada por Mu´awiyah. Por isso, ele preferiu fazer um pacto com Mu´awiyah, pacto este que em breve seria a principal forma de desmascarar Mu´awiyah perante todas as pessoas, pois ele deixou de cumprir todas as suas cláusulas e ainda por cima fez questão de declarar que não fez este acordo e jamais iria respeitar suas condições. Mu´awiyah declarou e assumiu que só assinou o acordo para assumir o poder e que todas as condições do acordo estavam debaixo de seus pés. Imaginem como a nação do Islam se sentiria e seria se a cabeça, e o comando dela fosse assim, descumprindo acordos, sendo que uma das características dos verdadeiros fieis é cumprir com seus pactos e promessas.
O Imam Hassan (A.S.) ficou a sós depois que seus companheiros o abandonaram, sendo que um pequeno grupo ainda insistia em lutar contra Mu´awiyah, mas o Imam não achava que a hora era a certa. Por isso, além dele ser abandonado pelos companheiros que tinham sido comprados por Mu´awiyah ele acabou sendo abandonado pelos seus companheiros que contrariavam sua ideologia e estratégia. Estes, quando chegavam a ele, diziam com sarcasmo, a este Imam cujo obediência é um dever. Diziam: “Saudações ó humilhado dos fiéis”. Alguns até mesmo chegaram a atacar o Imam com espada. É muito triste.
Estes são alguns motivos que levaram o Imam (A.S.) a assinar um acordo com Mu´awiyah, o qual o envenenou e o matou. A nação não estava preparada ainda para lutar contra este governante opressor e nem haviam fiéis companheiros que podiam lutar em número ao lado do Imam Al-Hassan (A.S.).
Palavras do Imam Al-Hassan (A.S.)
É valido que nesta ocasião aprendemos algo das tradições do Imam (A.S.), que dizia: “A aniquilação do indivíduo está em 3 questões: Arrogância, Ganância e Inveja. A arrogância leva a destruição da fé e foi por meio da arrogância que Satã foi amaldiçoado. Já a ganância é a inimiga da alma e por meio dela Satã foi expulso do Paraíso. Por fim, a inveja é o guia do mal e foi por ela que Caim matou Abel”.
Testamento do Imam Al-Hassan (A.S.)
Junaba afirma que foi ao encontro do Imam antes do seu martírio. Então, Junaba disse ao Imam: “Me aconselhe, ó Imam”.
O Imam (A.S.) lhe disse: “Se prepare para sua viagem e prepare a sua bagagem antes de sua morte. Saiba que você corre atrás da vida enquanto a morte corre atrás de você. Não vive a aflição do dia que ainda não chegou. Saiba que esta vida tem cobrança em todas as coisas, tanto nos atos lícitos quanto nos ilícitos. Aquele que desejar ser nobre, pertencer a nobreza e desejar poder, sem possuir um cargo, então que saia do humilhante estado de desobediência a Deus e que ingresse no reino da obediência a Deus. Viva esta vida como se fosse vivê-la eternamente e viva para a outra como se fosse morrer amanhã”.
Saibam irmãos, que a obediência a Deus atrai dignidade, nobreza e honra. Já a humilhação atrai desgraça, humilhação e vexame. Portanto, a receita da nobreza e dignidade está no que nós decidimos fazer e seguir.
Poemas do Imam Al-Hassan (A.S.) sobre a morte
Diga ao residente que está na casa que não merece residi-la
Chegou a hora da partida, então dê adeus aos queridos
Aqueles que me acompanharam e eu amava
Todos estão hoje debaixo da terra em seus túmulos
Este é o estado da vida irmãos e irmãs. A vida é passageira e a pessoa morre a qualquer momento.
Com seu irmão Al-Hussein (A.S.)
Antes do martírio do Imam Al-Hassan (A.S.) o seu irmão Imam Al-Hussein (A.S.) foi a seu encontro. Quando o viu Imam Al-Hassan (A.S.) lhe disse para não causar polêmica e nem intriga com o seu sepultamento. Caso não houvesse condições dele ser sepultado ao lado do seu avô, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), como Imam Al-Hassan (A.S.) desejava, que o enterrassem no cemitério de Al-Baqui. E foi realmente isso que ocorreu. Um grupo de inimigos dos Ahlul Bait (A.S.) evitaram a chegada do sagrado corpo do Imam Al-Hassan (A.S.) à casa do Profeta (S.A.A.S.) e lançaram mais de 70 flechas contra o seu cachão. Imam Al-Hussein (A.S.) acalmou os ânimos e evitou que ocorresse um conflito sangrento, e por isso seguiu o testamento do seu irmão e levou o seu corpo ao cemitério do Al-Baqui e o enterrou lá.
Antes do falecimento do seu irmão, quando Imam Al-Hussein (A.S.) entrou no cômodo dele e viu uma bacia cheia de sangue e pedaços do fígado do seu irmão, Hussein (A.S.) começou a chorar e então Hassan (A.S.) lhe perguntou porque ele estava chorando. Hussein (A.S.) respondeu: “Choro pelo seu estado. A sua dor me entristece”. Hassan (A.S.) então disse a Hussein (A.S.): “Ó meu irmão, Aba Abdillah. Tu terás um dia pior que este. Será cercado por 30 mil homens os quais te matarão e ainda por cima querem a interseção do seu avô, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.)”.
Que a paz e a benção de Deus estejam contigo, ó Hassan ibn Ali!
Que Deus nos faça estar entre os seguidores fiéis deste e dos demais imames, que faça deles nossos intercessores no dia do juízo final.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S) e seus purificados Ahlul Bait (A.S.).
Que a paz e a bênção de Deus estejam com todos.