Por Kamal Al Sayyd
Tradução de Ismail Ahmed Barbosa Júnior
Quando se presta atenção à península arábica, se vê uma vasta área desértica a leste. É a área do al-Rub al-Khali. Esta área é privada de todos os sinais de vida. Não há plantas ou água. Esta região era um deserto há milhares de anos atrás?
A resposta é não. Havia áreas férteis nesta terra deserta. Os arqueólogos encontraram as ruínas de uma cidade sob as areias. As fortes tribos de ‘Ad viviam nesta área nas eras pré-históricas. Elas pertenciam aos antepassados dos árabes. A história nada menciona sobre essas tribos. Apenas o Alcorão Sagrado as mencionou. As tribos de ‘Ad viviam naquela região verdejante. Chovia ali em todas as estações. Assim a terra se tornava fértil. Pequenos riachos e ribeirões estavam cheios de água e os campos eram belos. Sua terra era repleta de tamareiras, videiras e campos. Além disso, seus jardins eram vastos. O povo daquele tempo era especialmente dedicada à construir casas. Eram especialistas na construção de palácios, castelos e fortes. Eram fortes e arrogantes. As bênçãos os fizeram ingratos. Não davam ouvidos à voz da razão. Eram pagãos que adoravam ídolos. Eles faziam os ídolos com suas próprias mãos e em seguida prestavam cultos a eles. Construíam seus templos sobre as colinas e colocavam os ídolos neles. E diziam: “Este é o deus da fertilidade, este é o deus do mar, este é o deus da terra e aquele é o da guerra.” Por esta razão, recorriam a estes ídolos quando se deparavam com algum infortúnio.
A terra de al-Ahqaf era verde. Cheia de campos de pastagem. Seu gado era abundante. Assim eles levavam uma vida de luxo e arrogância. Pensavam que seus deuses tinham produzido todas aquelas bênçãos. Por conseguinte, se firmavam ao culto a seus deuses. Eles oprimiam os inocentes e puniam severamente aqueles que não seguissem suas crenças e o seu modo de vida. As pessoas boas temiam a eles. Estas eram uma minoria mais fraca. Os ricos eram fortes, altos e musculosos. Seus corações eram duros como pedra.
O Profeta Hud (A.S.) vivia naquela região naquela época. Ele era um homem correto. Tinha um coração bondoso e amava o bem. Deus, o Glorioso, escolheu-o como profeta e enviou-o como um Mensageiro à seu povo. Hud predicava a seu povo a adoração a Deus, o Único. Ele os prevenia para que não adorassem aos ídolos e as falsas divindades. Dizia -lhes que os ídolos e os falsos deuses eram pedras inúteis. O Profeta Hud (A.S.) era corajoso. Ele não tinha medo dos pagãos. Os pagãos eram fortes fisicamente. Porém, o profeta era mais forte do que eles em sua vontade e em seu espírito, pois ele defendia a Deus e Deus o apoiava. Deus tem poder sobre todas as coisas. As pessoas bondosas acreditaram na missão do profeta Hud (A.S.), mas eram em pequeno número.
Os fortes e as pessoas abastadas zombavam do profeta Hud (A.S.). Zombavam de sua missão diziam que Hud era um tolo, um louco. Eles o ofendiam e o ameaçavam. O Profeta Hud (A.S.) continuou convocando as pessoas a crerem em Deus. Ele sempre pregava a elas. Recordando as bênçãos e os favores de Deus, mas todos seus esforços eram em vão. Eles achavam que os deuses os abençoavam, que faziam a chuva cair, que faziam as plantações germinarem e seu gado crescer.
E diziam: “Hud está louco. Os deuses o amaldiçoaram.” Eles também queriam fazer com que Hud temesse o resultado de suas palavras. Assim, diziam a ele: “Se você continuar a nos convocar a crença em seu Senhor , os deuses o punirão.”
O Profeta Hud (A.S.) desafiou os tiranos de ‘Ad. E também desafiou seus deuses. Ele continuou realizando sua missão, assim os tiranos foram incapazes de resistir a ele. As pessoas de ‘Ad formavam dois grupos. Um grupo acreditava em Deus e no Dia do Julgamento. Eles eram poucos. O outro grupo não acreditava na Mensagem de Hud. Eles adotaram a agressão, a corrupção e o extravio. Hud não tinha esperança em reformá-los, pois eles insistiam em viver uma vida de erro.
A Seca
A estação das chuvas chegou, mas não choveu. As nuvens passavam no céu de al-Ahqaf e iam embora. Juntavam-se e em seguida se dissipavam. O povo de ‘Ad vivia da pecuária, da agricultura e dos frutos dos pomares. O ano passou, mas não choveu. Seus produtos escassearam. Uma parte do seu gado morreu em razão da fome. Algumas árvores morreram pela falta de chuva. O povo de ‘Ad recorreu a seus deuses. Prestaram culto e sacrificaram carneiros a eles, mas todos os seus esforços deram em nada. A próxima estação veio, as nuvens se juntaram. As pessoas de ‘Ad se regozijaram com aquilo. As nuvens eram negras.
Alguns disseram: “Aquelas nuvens estão cheias de chuva.” De repente, as nuvens se dissiparam.
Eles redobraram seus sacrifícios. Porém, as nuvens surgiam e se dissipavam. O vento soprava e trazia areia para eles. O Profeta Hud veio e pregou para o seu povo. Disse a eles: “Ó Povo, eu vos amo. Eu desejo fazer o bem para vós.” Então disse: “Ó povo, peçais perdão a vosso Senhor , e retorneis arrependidos para Ele. Ele vos enviará as nuvens e derramará chuvas abundantes e adicionará força a vossa força.”
O Povo de ‘Ad não deu ouvidos a predicação do mensageiro de Deus. Eles se afastaram dele e o ameaçaram. Além disso, foram a seus ídolos e sacrificaram carneiros a eles.
A estação das chuvas se foi. Nem uma gota caiu. A terra se tornou seca. A terra verde se fez um deserto. A maior parte do gado e das árvores morreu. Um terceiro ano veio. Foi um ano crítico. A água era escassa. Eles a guardavam para os animais. Não tinham água para seus campos. Eles iam a seus templos todos os dias e prestavam culto e suplicavam a seus ídolos. Enquanto isso o Profeta Hud (A.S.) aconselhava seu povo e o convocava à crença em Deus, o Grandioso, o Poderoso. Queria que compreendessem que Deus tinha poder sobre todas as coisas e que os ídolos eram apenas pedras.
Iram, a maravilhosa cidade
Naquela época, o povo de ‘Ad construiu a maior cidade do mundo. Era a cidade de Iram ” A que nenhuma cidade se comparava “.
Era repleta de palácios e jardins. Shaddad, um homem poderoso e pagão, ordenou sua construção. Ele queria que fosse um jardim para viver nele. Ele imaginava que jamais morreria. Como era muito forte, achava que era imortal.
A Tempestade da destruição
A terceira estação das chuvas veio. Entretanto, não havia nada senão a seca. O vento soprava e movia ondas para os vales, que haviam sido verdes. A fome golpeou a terra de al-Ahqaf.
O Profeta Hud (A.S.) continuava convocando seu povo a crença em Deus. Ele desejava afastá-los da adoração dos ídolos. Hud dizia a seu povo: “Deus, o Glorioso, é capaz de criar a chuva e reavivar a terra seca. Deus, o Altíssimo, pode criar plantas nos vales e planícies. Os ídolos são pedras inúteis.”
A despeito disso, as tribos de ‘Ad não acreditavam em sua Mensagem. Elas obedeciam aos tiranos. Ninguém acreditou em Hud, exceto algumas pessoas bondosas. Na terceira estação, o povo de al-Ahqaf se retirou. Eles olhavam para o céu esperando por chuva. O céu estava claro e azul. Não havia nenhuma nuvem nele. Os pagãos sacrificaram mais carneiros para os seus deuses. Pensavam que o deus da fertilidade os salvaria da seca, ainda assim, não houve chuva. O Profeta Hud (A.S.) se dirigiu a seu povo. Ele queria dar a eles o último conselho. E disse a eles: “Retornem a Deus em arrependimento. Apenas Deus pode enviar nuvens e criar a vegetação”. O povo de ‘Ad ofendeu nosso Profeta Hud. Disseram a ele: “Vá embora! Tu és louco! És um mentiroso! Se fores verdadeiro, que o teu Senhor nos castigue! Não abandonaremos nossos deuses. Nossos deuses concedem bençãos a nós, enviam nuvens, fazem surgir as plantas e aumentam nosso gado! Nossos deuses jamais se esquecem disso! “
O Profeta Hud estava triste por seu povo. Queria que acreditassem em Deus. Desejava guiá-los para uma vida pacífica. As horas se passaram. Temíveis e escuras nuvens surgiram no horizonte. Elas se moveram gradualmente. Até que cobriram de modo completo o céu de al- Ahqaf.
O povo de ‘Ad regojizou-se com aquilo. Eles disseram: “Nossos deuses responderam a nossas preces. Enviaram-nos as nuvens, assim os vales e os jardins ficarão cheios de vegetação.”
Quando o Profeta Hud viu os sinais da punição, disse: “Pois sim! Isto é o que vós procurastes apressar, uma rajada de vento na qual está um doloroso castigo “.
Hud e os crentes buscaram proteger-se na montanha. O castigo estava muito próximo. Os pagãos olhavam fixamente para as nuvens negras esperando por chuva. Todavia, não havia chuva. Um vento frio soprou. Então uma destruidora tempestade de vento começou. Relâmpagos cruzavam o céu. Trovões ressoavam. Raios atingiram os pagãos. Os pagãos estavam tomados de pavor, assim correram para suas casas. Eles não tinham qualquer esperança quanto as nuvens. Não tinham dado ouvidos as palavras do Profeta Hud (A.S.). Apenas cuidaram de seus ídolos. Pensavam que estes poderiam beneficiá-los de algum modo. A tempestade da ira celeste teve início. O vento era brutal, frio e seco. Não carregava as nuvens, tampouco trazia chuva, ao invés disso, trazia o frio e areia.
As terríveis horas passavam. A tempestade de vento continuava soprando. As ondas de areia se moviam para o vale. O povo de ‘Ad se orgulhava de sua força. Achava que superariam a seca, a aridez e a tempestade. Eles pensavam que a tempestade de vento diminuiria à noite ou na manhã seguinte. O vento destruidor começou a soprar numa quarta-feira, continuou soprando por sete noites e oito dias. O vento cessou na quarta-feira seguinte, ele tinha enchido o vale fértil com areia. O vento sepultou a maravilhosa cidade de Iram sob as areias. Ele tinha destruído suas casas e seus fortes pilares de mármore. Tinha também feito perecer o povo que tinha desacreditado na Mensagem do Profeta Hud (A.S.). Aquelas pessoas jaziam sobre a areia. Como eram altas, seus corpos pareciam com tamareiras secas. Os ídolos ruíram e se fizeram em pedaços. Os templos se tornaram ruínas. A maldição sobreveio ao povo de ‘Ad. Elas eram pessoas tirânicas cujos corações eram privados de misericórdia. Suas vidas eram cheias de diversão fútil. Construíam palácios para a diversão. Nada de útil faziam em seus palácios. Não acreditavam em Deus e perseguiam os crentes. Por isso, Deus destruiu o povo de ‘Ad. Poupou o Profeta Hud (A.S.) e os crentes dentre eles. Ele queria que o povo retornasse a sua natureza e levasse uma vida cheia de bondade, fertilidade e prosperidade.
Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso.
50. “E (enviamos) ao povo de Ad seu irmão Hud, o qual lhes disse: ó povo meu, adorai a Deus, porque noa tereis outra divindade além d’Ele. Sabei que não sois mais do que forjadores (quanto a outros deuses).
51. Ó povo meu, não vos exijo, por isso, recompensa alguma, porque minha recompensa só procede de Quem me criou. Não raciocinais?
52. Ó povo meu, implorai o perdão de vosso Senhor e voltai-vos arrependidos para Ele, Que vos enviará do céu copiosa chuva e adicionará força à vossa força. Não vos afasteis, tornando-vos pecadores!
53. Responderam-lhe: Ó Hud, não tens apresentado nenhuma evidência, e jamais abandonaremos os nossos deuses pela tua palavra, nem em ti creremos;
54. Somente dizemos que algum dos nossos deuses te transtornou. Disse: Ponho Deus por testemunha, e testemunhai vós mesmos que estou isento de tudo quanto adorais,
55. Em vez d’Ele. Conspirai, pois, todos contra mim, e não me poupeis.
56. Porque me encomendo a Deus, meu Senhor e vosso; sabei que não existe criatura que Ele não possa agarrar pelo topete. Meu Senhor está na senda reta.
57. Porém, se vos recusais, sabei que vos comuniquei a Mensagem com a qual fui enviado a vós; e o meu Senhor fará com que vos suceda um outro povo, e em nada podereis prejudicá-Lo, porque meu Senhor é Guardião de todas as coisas.
58. E quando se cumpriu o Nosso desígnio, salvamos Hud e com ele os fiéis, por Nossa misericórdia, e os livramos de um severo castigo.
59. E eis que o povo de Ad negou os versículos do seu Senhor; rebelaram-se contra os Seus mensageiros e seguiram as ordens de todo o déspota obstinado.
60. E, neste mundo, forma perseguidos por uma maldição, e o mesmo acontecerá no Dia da Ressurreição. Não é certo que o povo de Ad renegou seu Senhor? Distância de Ad, povo de Hud!
Alcorão Sagrado, C. 11 – V. 50 a 60