Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Por: Sheikh Taleb Hussein al-Khazraji
Um dos sinais de sua nobreza e elevada posição, o que eternizou sua personalidade, foi seu nascimento dentro da sagrada Caaba, na cidade de Meca, no décimo terceiro dia do mês de Rajab, trinta anos após o nascimento do Profeta Mohammad (S.A.A.S.). Ninguém jamais tinha nascido, e após ele ninguém jamais nasceu, na casa sagrada de Deus, o que fez e faz o Imam se tornar o único homem a ter tido este privilégio.
Seu crescimento foi no berço do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e desde criança foi alimentado e sustentado pela fonte da profecia e da Mensagem do Islam, pelas próprias mãos do Profeta de Deus, Mohammad (S.A.A.S.). Ele (A.S.) foi considerado “O portal da cidade do conhecimento e sabedoria de Deus” e o aluno fiel, temente e irmão do Mensageiro de Deus, pois foi o primeiro a crer em sua mensagem e orar com o Profeta, sendo que assim como o Profeta (S.A.A.S.), o Imam (A.S.) jamais se prostrou diante de uma imagem ou ídolo. O Imam (A.S.) se sacrificou e se empenhou intensamente pela causa de Deus e pela causa do Islam, fortalecendo os pilares da fé e da mensagem divina. Ele (A.S.) foi uma das pessoas que mais se sacrificaram para o sucesso da divulgação e expansão islâmica, sendo um herói nos momentos mais críticos, nos combates enérgicos entre a verdade e a falsidade, entre o Islam e a ignorância, a luz e a escuridão.
Ele é o Príncipe dos Fiéis, o Senhor dos Imames e o primeiro sucessor reconhecido pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), que teve sua posição afirmada pelo Senhor do Universo. Ele (A.S.) foi o pai dos purificados Ahlul Bait (A.S.), os orientadores do bem, aqueles que foram declarados puros por Deus, O Altíssimo, no Alcorão Sagrado, no capítulo al-Ahzab, versículo trinta e três: “… Deus só deseja afastar de vós a abominação, ó Ahlul Bait, bem como purificar-vos integralmente”. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), o Imam Ali (A.S.) e sua esposa, a senhora das mulheres do universo, Fatima Azzahra (A.S.), e seus filhos, os senhores dos jovens do paraíso, os Imames al-Hassan e al-Hussein (A.S.), foram os indivíduos abençoados que acompanharam o Profeta de Deus no Mubahala, evento onde enfrentaram as confrontações filosóficas dos cristãos de Najran, o que está afirmado no Alcorão Sagrado, capitulo Al Imran, versículo sessenta e um: “… dize-lhes: Vinde! Convoquemos os nossos filhos e os vossos, e as nossas mulheres e as vossas, e nós mesmos; então, deprecaremos para que a maldição de Deus caia sobre os mentirosos”. Os Ahlul Bait (A.S.) são os indivíduos mais próximos do Profeta (S.A.A.S.), os quais, Deus obrigou a amarmos, o que é comprovado no Alcorão Sagrado, capítulo al-Shura, versículo vinte e três: “… Dize-lhes: Não vos exijo recompensa alguma por isto, senão o amor aos meus Ahlul Bait…”
Com a educação do Islam e do Alcorão o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) preparou o Imam Ali (A.S.) para o Imamato e a liderança, e o mesmo o sucedeu na preservação da religião e na proteção da mensagem islâmica, sendo o mais sábio diante das leis religiosas, o mais justo na prática deste sistema divino e o mais aprofundado em seus versículos sagrados. Eis os ditos do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a respeito do Imam Ali (A.S.): “Amá-lo é fé e odiá-lo é hipocrisia” e “Olhar a sua face e recordá-lo é uma devoção.”
Deus o mencionou nos livros celestiais e a sua recordação foi ornamentada no Alcorão Sagrado em centenas de versículos, em diversas e auspiciosas ocasiões. Assim como sua recordação também foi trazida à tona pelos Profetas e Mensageiros que antecederam ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.), o selo dos profetas, através de centenas de ditos que exaltaram sua majestosa posição. E em verdade, jamais se testemunhou alguém mais elogiado pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S.) do que o Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.), sendo que o Profeta disse sobre ele: “Ali está com o Alcorão e o Alcorão está com o Ali, e eles jamais se separarão até que me encontrem na fonte do paraíso”. E também disse: “Ali está com a verdade e a verdade está com o Ali, que o acompanha onde ele estiver”.
Ele (A.S.) é o portador da bandeira do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), da coragem e do sacrifício, e durante toda a sua vida sempre foi o primeiro a avançar na defesa do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua mensagem. As diversas batalhas que travou testemunharam isso, pois o anjo Gabriel o elogiou dizendo: “Não há espada senão Dhul-Fiqhar e não há homem corajoso senão Ali”. E eis o que Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse sobre ele na Batalha de Khandagh, quando o Imam (A.S.) enfrentou o representante do exército idólatra: “A fé enfrentou a personificação da idolatria” e “O combate de Ali no dia de Khandagh vale mais do que a devoção de toda a minha nação até o dia do juízo final”. E inclusive, no acontecimento de Khaibar, relata-se que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) tenha dito: “Darei a bandeira a um homem que é amado por Deus e por seu Mensageiro, como também ama Deus e seu Mensageiro, ele avança e jamais recua, ele é protegido por Gabriel em sua direita e por Miguel em sua esquerda”. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) sempre deu ao Imam Ali (A.S.) a posição de comando das forças islâmicas, e o Imam (A.S.) jamais foi comandado ou relegado a posições militares inferiores.
Devido à sua posição grandiosa no Islam, e à sua personalidade completa e infalível, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) o casou com a sua filha Fátima Azzahra (A.S.), a luz de seus olhos e senhora eterna das mulheres do universo, pois apenas o Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.) a merecia. E este casamento bendito teve como frutos os grandiosos Imames al-Hassan (A.S.) e al-Hussein (A.S.), e as nobres senhoras Zainab al-Kubra (A.S.) e Om Kolthum (A.S.).
Pela importância que o Alcorão Sagrado possui no Islam e na vida dos muçulmanos, orientando-os nas jurisprudências, o Príncipe dos Fiéis (A.S.) se dedicou a coletar os versículos do Alcorão Sagrado após o falecimento do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), e organizou o Livro Sagrado de acordo com a ordem de revelação dos versículos divinos. Sendo que também se dedicou a elaborar uma vasta explanação das ciências alcorânicas, ligada a uma fenomenal explicação e interpretação de variados versículos.
O Imam Ali (A.S.) deixou uma herança grandiosa que é razão de orgulho para toda a humanidade, uma herança que erradia sua luz e envolve todos os benfeitores e fiéis. Diante disto, seus ditos, sermões, conselhos e cartas foram coletados por al-Sharif al-Radhi (K.S.), o qual compilou todo este rico material e o transmitiu ao mundo através do livro que chamou de “Nahjul Balaghah – O Método da Eloqüência”. Porém, também há outras compilações realizadas por outros indivíduos, como o “Assahifa”, livro que contém as jurisprudências ligadas às punições, e o livro “al-Jame´ah”, o qual contém uma abordagem esclarecedora sobre o lícito e o ilícito, e também o livro “ al-Jafr”, que aborda os acontecimentos do futuro e as palavras dos profetas e mensageiros. Entre outros livros abençoados, súplicas e orações do Imam (A.S.), frutos de sua sabedoria em diversos campos, como na crença, ética, política, administração, história, psicologia e outras ciências naturais e humanas. Além de termos também seus inúmeros ditos, que se fazem presentes através dos trabalhos de diversos sábios religiosos.
Seu comportamento representava o Alcorão, ele falava a verdade e julgava com justiça. O conhecimento transbordava de seu ser, o que fazia que se sentisse solitário nessa vida e prolongasse suas meditações. Seu caráter exemplar fazia com que respeitasse os religiosos e se aproximasse dos pobres, e uma pessoa indefesa jamais perdia a esperança de obter sua justiça, pois apoiar os fracos, os miseráveis, as viúvas e os órfãos era parte integral de sua conduta.
O Príncipe dos Fiéis (A.S.) faleceu quando tinha a mesma idade do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), ou seja, sessenta e três anos de idade. Ele foi atingido com um golpe de espada na cabeça, pelo amaldiçoado Abdel Rahman ibn Muljim al-Moradi, no momento em que realizava a oração da manhã na Mesquita de Cufa, no décimo nono dia do mês sagrado de Ramadan, no ano 40 da Hégira. Deixou esta vida no dia vinte e um do mês de Ramadan do mesmo ano, e foi enterrado na região de Najaf al-Ashraf, Iraque, local que hoje é o destino da visita respeitosa de milhões de muçulmanos.