O Musnad de Ibn Hambal e os méritos dos Ahlul Bait (A.S.)

Por Sayyd KazimTabatabai
Tradução de Ahmad Ismail

APRESENTAÇÃO

Abu Abdullah Ahmad Ibn Mohammad Ibn Hambal Shaybani (166- 241Hij) é o fundador de uma das quatro escolas Sunitas de Jurisprudência e sua obra Al Musnad é considerada dentre as mais completas e uma das primeiras coletâneas de Ahadith. Contém por volta de 30.000 dizeres atribuídos ao Profeta (S.A.A.S.) e o período em que foi escrito o coloca dentre os mais importantes dos seis livros aceitos pela ortodoxia sunita. Uma das características deste livro é o amplo espaço ocupado pelos Ahadith referentes aos méritos dos Ahlul Bait (A.S.), a maior parte dos quais são igualmente confirmados pelo ponto de vista xiita. Comparado as outras coletâneas sunitas, a ênfase do Musnad neste assunto é tão proeminente que atraiu a atenção de orientalistas e outros pesquisadores. O escritor deste artigo buscou focalizar este ponto particular do Musnad e de seu autor selecionando alguns dos Ahadith constantes neste volumoso compêndio com um curto comentário sempre que necessário.

INTRODUÇÃO

O Musnad de Ibn Hambal é provavelmente o primeiro dos seis livros de Ahadith considerados autênticos pelos muçulmanos sunitas, já que seu autor faleceu 15 anos antes da morte do mais velho dos seis compiladores, Muhammad Ibn Ismail Al Bukhari e 62 anos antes do último deles, Ahmad Ibn Shu’ayb Al Nasa’i. Através da história, sábios sunitas deram grande importância ao Musnad e o elogiaram.

Hafiz Abu Musa Madiani escreve: “Este livro é uma grande fonte e um confiável trabalho referencial para os pesquisadores do Ahadith. O autor selecionou de uma volumosa literatura um vasto número de narrativas para servir de diretrizes e auxílio às pessoas de modo que quando diferenças surgem elas encontram apoio nelas e as citam como autênticas.”

Shams Al Din Muhammad Ibn Ahmad Al Dhahabi escreve: “Este livro se concentra nas tradições do Profeta.Existem muito poucos ahadith não incluídos nele cuja autenticidade foi confirmada… uma das afortunadas qualidades do Musnad é que nós encontramos muito poucos ahadith nele que são considerados não-autênticos.”

Ibn Al Jazari é ainda mais enfático sobre o Musnad de Ibn Hambal e diz: “Na face da terra não existe melhor livro de hadith que tenha sido compilado.”

Ibn Hajar Al Asqalani escreve no Tajrid Zawa”id Al Musnad Al Bazzaz: “Se um hadith é mencionado no Musnad de Ibn Hambal, outros Masánid não são citados como fonte”.

Jalal Al Din Al Suyuti diz: “Mesmo os fracos hadith encontrados nele são quase corretos.-1*

Muito embora estas expressões sejam um claro exagero, elas confirmam a importância deste livro para os sunitas. Á luz da história, foi um hábito entre os Sunitas do passado recitar este livro na presença dos sábios da ciência do hadith, e as vezes tal recitação era realizada em um lugar sagrado. Por exemplo, durante a primeira metade do século 9 da Hégira, o Musnad de Ibn Hambal foi recitado na presença de Shams al din Muhammad Ibn Muhammad Al Jazari no Masjid Al Harám de Makka com a última sessão terminando no mês de Rabi Al Awwal de 828 Hij. É também relatado que durante o século 12 Hij. um grupo de devotos Sunitas reuniu-se na Mesquita do profeta em Medina para recitar o Musnad de Ibn Hambal em 56 sessões.(Silk al durar – Al Muradi).

Entretanto, a mais destacada característica do Musnad é que ele contém vários ahadith dirigidos aos méritos da família do Profeta (S.A.A.S.), enquanto a maior parte dos compiladores dos demais masánid, sihah e sunnan ou ignoraram ou relataram poucos desses ahadith.

Ibn Hambal sofreu problemas com as autoridades por ter relatado esses ahadith e sua casa foi revistada sob ordens do Califa abássida Mutawakkil por suspeita de apoio a causa Alawita.

É um fato bem conhecido que Ahmad Ibn Shu’ayb Al Nasa’i, o último dos compiladores dos seis livros sunitas, confiou nas narrativas de Hambal para escrever seu excelente trabalho entitulado “KHASA”IS AMIR AL M U MININ ALI IBN ABU TALIB (A.S.)”. (2)* Em resumo, o Musnad contém narrativas, muitas das quais são consideradas autênticas do ponto de vista xiita. Elas são tão evidentes quando comparadas as demais coletâneas sunitas que orientalistas e pesquisadores tentaram investigar a razão, e depois de estabelecerem uma comparação entre o Musnad e as demais coletâneas chegaram a conclusão que Bukhari e Muslim Ibn Hajjaj, por temor dos abássidas, omitiram esses ahadith mas desde que Ahmad foi corajoso ele não temeu relatar os ahadith sobre os méritos de Imam Ali (A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.).

Ibn Hambal não confinou os méritos dos Ahlul Bait (A.S.) a seu livro, mas sempre que necessário ele abriu sua boca para falar dessas virtudes. A despeito do fato de que ele manteve alta estima para todos os companheiros do profeta (S.A.A.S.) e tenha considerado aqueles que os criticavam como se estivessem fora do Islã, ele defendeu energicamente a superioridade dos familiares do Profeta (S.A.A.S.) contra seus inimigos, especialmente contra Mutawakkil que não deixou jamais de exercer sua inimizade para com Ahlul Bait (A.S.). O filho de Ibn Hambal, Abdullah Ibn Ahmad relata: “Uma vez, quando eu estava sentado com meu pai, um grupo de pessoas de Karkh chegou e iniciou uma discussão sobre o califado de Abu Bakr, Umar, Uçman e Ali. Meu pai levantou sua cabeça e olhou para eles e disse: “Ali (A.S.) e o califado. Estejam informados que o califado não tornou Ali formoso, mas foi ele que tornou o califado formoso.” Ibn Abu Al hadid M u tazili comentando esta observação disse: “O significado desta declaração é que os demais califas adornaram a si próprios com o califado e o califado cobriu suas falhas, mas não havia nenhuma fraqueza ou deficiência em Ali para que fossem aperfeiçoadas pelo califado.”

Abdullah Ibn Ahmad também cita que seu pai tenha dito: “Nenhuma narração com genuíno Isnád (corrente confiável) foi relatada sobre os méritos de ninguém mais (dos companheiros) como no caso de Ali”.

Ele declara ainda: “Eu perguntei a meu pai qual garantia ele tinha com respeito aos méritos preferenciais dos companheiros. Ele respondeu: Em matéria do califado, Abu Bakr,Umar e Uçman são superiores aos demais. Eu perguntei sobre Ali e ele respondeu: Oh meu filho, Ali Ibn Abu Talib é de uma família com respeito a qual ninguém pode deliberar.”

Um dos estudantes de Ibn Hambal narra: “Nós estávamos na presença de Ahmad Ibn Hambal quando uma pessoa perguntou: Oh Aba Abdillah! Qual sua opinião sobre o hadith que diz que Imam Ali (A.S.) declarou: “Eu sou o distribuidor do Inferno?” Ibn Hambal respondeu: “De qual aspecto você duvida de sua autenticidade? Não foi relatado que o Profeta (S.A.A.S.) disse a Ali: “Ninguém o amará senão o crente fiel e ninguém o odiará senão o hipócrita?” Nós dissemos: Sim. Ele perguntou: Onde é o lugar do crente fiel? No paraíso, nós respondemos. Ele perguntou então: Onde é o lugar do hipócrita? No inferno, respondemos. Ele disse: “Ali é portanto o distribuidor do Inferno.” *(3)

Assim, a crença de Ibn Hambal mantinha muita semelhança ao que seu mestre, Shafi”i, que também recordou os méritos e virtudes de Ali (A.S.) e de seus descendentes e considerou -se seu seguidor. Quando Ibn Hambal foi perguntado sobre a batalha entre Ali (A.S.) e Muwayah Ibn Abi Sufian, ele disse a respeito deles que não sabia nada que não fosse bom, mas acrescentou que no campo dos estudos de jurisprudência ele considerava Ali (A.S.) ligado a verdade. Por exemplo, quando na sua presença Shafi”i foi acusado de Tashayyu (xiita) por registrar as batalhas de Ali com Muwawyah e os Khawarij como governos de transgressores, ele respondeu que dentre os companheiros do Profeta (S.A.A.S.), Imam Ali (A.S.) foi o primeiro líder e que ele teve de tratar a sedição e a revolta de seus oponentes. Esta resposta torna claro que a categorização de Shafi”i das batalhas entre Imam Ali (A.S.) e Muwayah com o governos de transgressores, não o expõe aos argumentos depreciativos de seus críticos.

De fato, para qualquer honesto observador, o veredicto entre Shafi”i e seus críticos é que Muwayah foi um transgressor, como pode ser confirmado pelo famoso dizer do profeta (S.A.A.S.) para seu companheiro Ammar Ibn Yasir: “TAQTULUKA AL FI”AH AL BAGHIYAH” (VOCÊ SERÁ ASSASSINADO POR UM GRUPO DE TRANSGRESSORES).

Ninguém pode negar que Ammar, enquanto lutava ao lado de Imam Ali (A.S.), foi assassinado pelas forças de Muwawyah durante uma das batalhas da guerra de Siffin, e assim. À luz desse hadith, não resta qualquer dúvida, Muwawyah foi um transgressor.”

Ibn Hambal foi contemporâneo de quatro dos Imames infalíveis dos Ahlul Bait (A.S.) – Imam Musa Al Kadzim (A.S.), Imam Ali Ibn Musa “Al Rida” (A.S.), Imam Muhammad Al Jawád (A.S.) e Imam Ali Al Hádi (A.S.). O autor de “Rawzat Al Jannat” relata sobre a autoridade de Irshád Al Qulúb de Daylami que Ahmad Ibn Hambal foi um discípulo de Imam Al Kádzim (A.S.)*. Shaykh Al Ta’ifah Tusi considerou-o entre os estudantes de Imam Al Rida (A.S.).

Um pesquisador contemporâneo ressaltando os laços entre Ibn Hambal e os sábios imamitas, escreveu que ele estudou com muitos dos que eram conhecidos como seguidores da escola Jafa’ri, e que por esse motivo ele foi freqüentemente criticado pelos inimigos dos xiitas. Em vista desses fatos pode-se se dizer que em razão de Hambal ter estado sob a influência dos Imames Infalíveis (A.S.) ou de seus discípulos, ou porque ele tinha um espírito corajoso e retidão, ele não hesitou em incluir em seu Musnad muitos dos ahadith relativos às virtudes e os méritos dos Ahlul Bait (A.S.). Estas tradições são tão evidentes que um dos sábios contemporâneos registrou-os em um exclusivo trabalho entitulado Musnad Al Manáqib.

BREVE COLETÂNEA DAS TRADIÇÕES REGISTRADAS POR IBN HAMBAL

1. A NOMEAÇÃO DE ALI (A.S.)

Ahmad Ibn Hambal diz: “ASWAD BIN AMIR RELATOU-NOS DE SHARIK, DE A’MASH ,DE MINHAL DE ABDULLAH BIN ASAD , QUE ALI (A.S.) DISSE: QUANDO O AYAT “E ADMOESTA OS TEUS PARENTES MAIS PRÓXIMOS” (26:214) FOI REVELADO, O PROFETA REUNIU SUA FAMÍLIA A SEU REDOR E CONVIDOU 30 DELES PARA UMA REFEIÇÃO E ENTÃO DISSE: QUEM SE PRONTIFICAR A AFIANÇAR MEUS DÉBITOS E COMPROMISSOS ELE ESTARÁ COMIGO NO PARAÍSO E DEVE SER MEU SUCESSOR DENTRE OS MEUS FAMILIARES.” UMA PESSOA A QUEM SHURAIK NÃO NOMEOU, RESPONDEU: “ÓH MENSAGEIRO DE ALLAH, VOCÊ É COMO UM OCEANO,* QUEM PODE SE ENCARREGAR DE TUA RESPONSABILIDADE?” O PROFETA (S.A.A.S.) REPETIU SUA DECLARAÇÃO PARA SEUS PARENTES E ALI (A.S.) RESPONDEU: “ EU DESEMPENHAREI ESTA RESPONSABILIDADE .”

Ahmad Muhammad Shakir o anotador do Musnad enumerou o Isnad (corrente de narração) desta tradição como fiel. O mesmo evento foi narrado em maiores detalhes nas palavras de Imam Ali (A.S.) no hadith 1371 do Musnad (vol. 2 – pag.-352-353), e o anotador denominou seu isnád como correto.

2. HADITH AL MANZILAH

Em 9 da hijra o profeta (S.A.A.S.) preparou a marcha para a expedição contra os romanos e de acordo com Shaykh Mufid e Shaykh Tusi como ele estava preocupado com as más intenções de seus inimigos ele disse a Ali (A.S.): “Não é aconselhável partir de Medina sem mim ou você.” Em seguida ele colocou Ali (A.S.) na liderança em Medina antes de partir para a expedição para Tabuk e a fim de sufocar os hipócritas ( para que não falassem mal de seu primo), ele disse que a posição de seu encarregado era como a de Harun em relação ao Profeta Musa(A.S.). Este hadith é conhecido Al Manzilah e foi relatado por todos os eruditos. Ibn Hambal registrou-o no Musnad vinte vezes através de diferentes correntes de comunicação apoiado na autoridade de vários companheiros do Profeta (S.A.A.S.) incluindo Jabir Ibn Abdillah Al Ansári, Asma Bint Umayys, Abdullah Ibn Abbas, Abi Said Al Khidr e S a’ad Ibn Abi Waqqas.* Este último foi relatado 10 vezes e uma das versões diz o seguinte: “ABI AHMAD ZUBAYRI CITA DE ABDULLAH IBN HABÍB BIN ABI ÇABIT , DE HAMZAH IBN ABDULLAH, DE SEU PAI E DE SA’AD (IBN ABI WAQQAS) QUE NARROU ESTE HADITH: QUANDO O PROFETA (S.A.A.S.) PARTIU DE MEDINA PARA TABUK ELE COLOCOU ALI EM SEU LUGAR EM MEDINA. ALI PERGUNTOU AO PROFETA: “ESTÁS ME COLOCANDO COMO SEU ENCARREGADO?” O PROFETA RESPONDEU: “NÃO ESTÁS FELIZ QUE A SUA POSIÇÃO EM RELAÇÃO A MIM SEJA COMO A DE HARUN EM RELAÇÃO A MUSA, EXCETO QUE NÃO HÁ PROFETA DEPOIS DE MIM?”

Ahmad Shakir denomina o Isnad deste hadith como fiel.

3. A DEMISSÃO DE ABU BAKR DA LIDERANÇA DO HAJJ E O ENCARGO CONFIADO A ALI (A.S.) DE ENVIAR A SURA BARA’AH PARA O POVO DE MAKKA.

Ibn Hambal fala do evento ocorrido no mês de Dhul Al Hijjah de 9 da Hijra: “WAKI RELATOU-NOS DE ISRÁ IL, DE ABI ISHÁQ, DE ZAID IBN YUÇAI , DE ABU BAKR: O PROFETA (S.A.A.S.) ENVIOU A ELE (ABU BAKR) COM A SURA AL BARA’AH AO POVO DE MAKKA (PARA PROCLAMAR) QUE DEPOIS DAQUELE ANO NENHUM IDÓLATRA SERIA ADMITIDO NO HAJJ, NEM DEVERIA NENHUMA PESSOA DESNUDA FAZER O TAWAF AO REDOR DA KAABA , NEM ENTRARIA NO PARAÍSO EXCETO A PESSOA QUE SE TORNASSE MUÇULMANA, QUE TODO AQUELE QUE TIVESSE UM PACTO ENTRE ELE E O MENSAGEIRO DE ALLAH QUE ISSO SERIA VÁLIDO ATÉ O PERÍODO ESPECIFICADO, E QUE ALLAH E SEU MENSAGEIRO ESTAVAM LIVRES DE QUALQUER OBRIGAÇÃO PARA COM OS POLITEÍSTAS. LOGO EM SEGUIDA, O PROFETA DISSE A ALI: ALCANCE ABU BAKR E ENVIE-O DE VOLTA A MIM E VOCÊ PROCLAME (A SURA P/ O POVO DE MAKKA). ALI AGIU SEGUNDO AS INTRUÇÕES E QUANDO ABU BAKR RETORNOU, ELE CHOROU E DISSE: OH MENSAGEIRO DE ALLAH, ACONTECEU ALGUMA COISA? O PROFETA RESPONDEU: NADA ACONTECEU A SEU RESPEITO SENÃO O QUE É BOM, MAS EU FUI ORDENADO (POR ALLAH) QUE ESTAS ORDENS DEVERIAM SER ENVIADAS POR MIM OU POR UM HOMEM QUE PROVENHA DE MIM”.

Ahmad Shakir considerou o Isnád deste hadith como correto e disse que Zaid Ibn Yuçay foi uma pessoa digna de confiança da primeira geração dos muçulmanos depois do Profeta (S.A.A.S.) e o nome de seu pai foi também mencionado como sendo Uçay.

Habashi Ibn Junádah Al Sulúki que participou da peregrinação da despedida, registrou quatro ahadith com um texto similar em seu próprio Musnad que confirmam a narração acima.

Habashi cita Abu Bakr dizendo que o Mensageiro de Allah (S.A.A.S.) disse: “ALI É DE MIM E EU SOU DE ALI. MINHAS PALAVRAS NÃO SERÃO TRANSMITIDAS SENÃO POR MIM OU POR ALI.”

4. A DECLARAÇÃO DO PROFETA (S.A.A.S.) DA SOBERANIA DE ALI (A.S.)

Ahmad Hámbal diz: BURAYRAH (ASLAMI) RELATOU: O PROFETA (S.A.A.S.) DESPACHOU DOIS REGIMENTOS PARA O YEMEN, UM SOB O COMANDO DE ALI E OUTRO LIDERADO POR KHALID IBN WALID COM INSTRUÇÕES PARA QUE, QUANDO ESSES DOIS REGIMENTOS SE JUNTASSEM DEVERIAM ESTAR SOB O COMANDO DE ALI E QUE QUANDO SE SEPARASSEM DEVERIAM PERMANECER SOB SEUS RESPECTIVOS COMANDOS. NÓS, AS FORÇAS MUÇULMANAS ENCONTRAMOS A TRIBO YEMENITA DE BANI ZAYD E ENTÃO LUTAMOS E VENCEMOS OS INFIÉIS. QUANDO SEUS HOMENS TINHAM PERECIDO NA LUTA, AS FAMÍLIAS SE RENDERAM E DENTRE AS CATIVAS ALI ESCOLHEU UMA DONZELA PARA ELE”. BURAYRAH CONTINUA: KHALID IBN WALID ENVIOU-ME AO PROFETA COM UMA CARTA INFORMANDO-O SOBRE O ASSUNTO. EU ENTREGUEI A CARTA E QUANDO ELE SE INTEIROU DAQUILO EU VI SINAIS DE IRA SURGIREM EM SUA FACE. EU DISSE: OH MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) VOCÊ ENVIOU-ME COM UM HOMEM INSTRUINDO-ME A OBEDECER A ELE, E DE ACORDO A ISSO EU FIZ TUDO O QUANTO EU FUI ORDENADO A FAZER. O MENSAGEIRO DE ALLAH(S.A.A.S.) DISSE: “LA TAQA FI ALIYYN FA INNAHU MINNI WA ANA MINHU WA HUWA WALYYUKUM BÂDI WA INNAHU MINNI WA ANA MINHU WA HUWA WALYYUKUM BÂDI (NÃO TENTEIS ENCONTRAR ERRO EM ALI, ELE É DE MIM E EU SOU DELE, ELE É VOSSO LÍDER DEPOIS DE MIM. ELE É DE MIM E EU SOU DELE, ELE É VOSSO LÍDER DEPOIS DE MIM”.

5. HADITH AL ÇAQALAIN (HADITH DOS DOIS ENCARGOS)

Ahmad Hambal diz: ASWAD IBN AMIR RELATOU DE ABI ISRA’ IL, ISMAIL IBN ABU ISHÁQ MALAYI DE ATYYAH, DE ABU SAID QUE CITA QUE O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “INNI TÁRIKUN FIKUM AL ÇAQALAIN AHADUHUMÁ AKHARU MIN AL AKHAR KITABALLAH HABLUN MANDÚDUN MIN AS SAMA I ILAA AL ARD WA ITRATI AHLIL BAITY WA ANNAHUMÁ LAN YAFTARAQÁ HATIÁ YARIDÁ ALAYYA AL HAUD’ (EU ESTOU DEIXANDO ENTRE VÓS DUAS PRECIOSAS COISAS, UMA DAS QUAIS É MAIOR DO QUE A OUTRA. O LIVRO DE ALLAH QUE É UMA CORDA ESTENDIDA DO CÉU ATÉ A TERRA E MINHA DESCENDÊNCIA DOS AHLUL BAIT. E AS DUAS NUNCA SE SEPARARÃO UMA DA OUTRA ATÉ QUE RETORNEM AO HAUD’ (NO PARAÍSO-KAUÇAR)”

6. HADITH AL GHADÍR

Ahmad Ibn Hambal diz: “ABDULLAH IBN AHMAD RELATA DE ALI IBN HAKIM AWDI , DE SHARIK, DE ABI ISHÁQ, DE SAID IBN WAHAB E ZAID IBN YUIHAY E AMBOS NARRARAM: ALI (A.S.) RECLAMOU E DISCURSOU AO POVO EM RAHBAH DIZENDO: “TODOS AQUELES QUE OUVIRAM AS PALAVRAS DO PROFETA (S.A.A.S.) EM GHADIR KHUM LEVANTEM-SE.” OS NARRADORES DIZEM: SEIS PESSOAS (SEGUNDO SAID) E SEIS PESSOAS (SEGUNDO ZAID) LEVANTARAM-SE E TESTEMUNHARAM QUE TINHAM OUVIDO O PROFETA DIZER NO DIA DE AL GHADIR: “A LAYSA ALLAHU AWLÁ BI AL MUMININ QÁLA ALLAHUMMA MAN KUNTU MAWLAH FA ALYYUN MAWLÁH. ALLAHUMMA WÁLI MAN WALÁH WA ‘ADI MAN ‘ADAH (NÃO É ACASO ALLAH SOBERANO SOBRE OS FIÉIS? SIM, DISSERAM OS PRESENTES. ELE DISSE: Ó ALLAH, PARA TODO AQUELE QUE EU SOU SOBERANO ALI É SEU SOBERANO. Ó ALLAH SEJA AMIGO DOS SEUS AMIGOS E DESPREZAI OS QUE SE INIMIZAREM COM ELE”.

Ibn Hambal registrou o evento de Ghadir Khum mais de trinta vezes em seu Musnad através de diferentes correntes de transmissão e nas palavras de mais de 10 companheiros do profeta (S.A.A.S.). A versão mencionada acima é das anotações de Abdullah, filho de Hambal sobre o trabalho de seu pai. Ahmad Shakir, o anotador do Musnad descreveu como correta a corrente de transmissão deste hadith e disse sobre Said Ibn Wahab que era um homem digno de confiança dentre os muçulmanos da primeira geração após o Profeta (S.A.A.S.).

7. DA RAZÃO DO PROFETA (S.A.A.S.) NÃO TER ESCRITO SEU TESTAMENTO

Ahmad Ibn Hambal diz: WAHAB IBN JARIR RELATOU DE SEU PAI, DE YUNUS, DE ZUHARI, DE UBAYDULLAH QUE ABDULLAH IBN ABBAS NARROU UM HADITH EM QUE O PROFETA DISSE EM SEUS ÚLTIMOS DIAS: “VINDE,EU ESCREVEREI PARA VÓS UM TEXTO DE MODO QUE NÃO VOS DESVIAREIS DEPOIS DE MIM” VÁRIAS PESSOAS INCLUINDO UMAR IBN AL KHATTAB ESTAVAM PRESENTES E UMAR FALOU PARA OS DEMAIS: A AGONIA PREVALECEU SOBRE O PROFETA. O ALCORÃO ESTÁ COM VÓS E O LIVRO DE ALLAH É SUFICIENTE PARA VÓS.” AS PESSOAS DISCUTIRAM ENTRE SI SOBRE O ASSUNTO, ALGUNS REPETINDO AS PALAVRAS DE UMAR E OUTROS FALANDO A ELE: OUÇAM COM ATENÇÃO, ASSIM O PROFETA PODE ESCREVER ALGO PARA VÓS. MAS COMO VOZES SE LEVANTARAM E DISCUSSÕES SURGIRAM O PROFETA SENTIU-SE ANGUSTIADO E FALOU A ELES COM FIRMEZA: “LEVANTEM-SE E SAIAM DE MINHA PRESENÇA!” IBN ABBAS ACRESCENTOU: A GRANDE TRAGÉDIA É QUE, POR SUAS DISPUTAS E CLAMORES, É QUE IMPEDIRAM QUE O PROFETA ESCREVESSE SUA VONTADE PARA ELES .

Ahmad Shakir descreve a corrente de transmissão deste hadith como correta. E escreve: Este hadith foi repetido neste Musnad com as mesmas palavras ou numa forma abreviada em vários lugares.

8. TRÊS MÉRITOS DO IMAM ALI (A.S.) EM UM HADITH

Ahmad Ibn Hambal diz: QUTAYBAH IBN SAID RELATOU-NOS DE HATAM IBN ISMAIL, DE BUKAYR IBN MISMÁR, DE AMIR BIN SAAD, DE SEU PAI (SAAD IBN ABI WAQQAS ) QUE NARROU O HADITH QUE QUANDO O PROFETA (S.A.A.S.), PARTINDO PARA UMA CAMPANHA MILITAR ORDENOU A ALI (A.S.) PARA PERMANECER EM SEU LUGAR (NA CIDADE) E ESTE DISSE: “TU ESTÁS ME DEIXANDO COM AS MULHERES E AS CRIANÇAS?” EU OUVI O PROFETA (S.A.A.S.) RESPONDER: “YÁ ALI AMÁ TARZÁ AN TAKÚNA MINNI BI MANZILATI HÁRUN MIN MUSA ILLA ANNAHU LA NABYYA BÂDY (Ó ALI, NÃO ESTÁS CONTENTE QUE A VOSSA POSIÇÃO EM RELAÇÃO A MIM SEJA SIMILAR A DE HARÚN EM RELAÇÃO A MOISÉS, EXCETO QUE A PROFECIA CESSARÁ DEPOIS DE MIM?) SAD IBN ABI WAQQAS DIZ: EU TAMBÉM OUVI O PROFETA NO DIA DE KHAYBAR DIZER: “LA UTIYANNA AL RÁYAH RAJULAN YUHIBBU ALLAHA WA RASULAHU WA YUHIBBUHU ALLAHU WA RASULUH (EU DAREI A BANDEIRA (DA LIDERANÇA) PARA O HOMEM QUE AMA ALLAH E SEU PROFETA E QUE É AMADO POR ALLAH E SEU PROFETA).” TODOS NÓS ERGUEMOS NOSSOS PESCOÇOS PARA VER. ELE DISSE: “CHAMEM ALI PARA MIM. “AO OUVIR SUA ORDEM ALI FOI TRAZIDO AO PROFETA COM OS OLHOS DOENDO. O PROFETA UNTOU SEUS OLHOS COM SUA SALIVA E DEU A ELE A BANDEIRA E ATRAVÉS DE SUAS MÃOS ALLAH CONQUISTOU KHAYBAR PARA OS MUÇULMANOS. E QUANDO O AYAT “CONVOQUEMOS OS NOSSOS E OS VOSSOS FILHOS, AS NOSSAS MULHERES E AS VOSSAS E NÓS MESMOS…” (3: 61) FOI REVELADO, O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) CHAMOU ALI (A.S.), FÁTIMA (A.S.), HASSAN(A.S.) E HUSSEIN (A.S.) E DISSE: “ALLAHUMMA HAULA I AHLY (Ó ALLAH ESTAS PESSOAS SÃO A MINHA FAMÍLIA).”

O anotador do Musnad considerou a corrente de transmissão deste hadith como correta. Este hadith foi também registrado através de Qutaybah com a mesma corrente de transmissão no Sahih Muslim e no Tirmidhi (outros livros sunitas). No começo deste hadith, é mencionado nesses compêndios que Muwawyah ordenou a Saad Bin Abi Waqqas a amaldiçoar Ali (A.S.), dizendo: “O que o impede de amaldiçoar Abu Turab? Saad respondeu: “Eu recordo 3 coisas que o Mensageiro de Allah disse para Ali e portanto eu nunca o amaldiçoarei. Se uma apenas uma dessas virtudes fosse para mim eu teria considerado isso melhor do que possuir camelos ruivos. “Então ele relatou as 3 virtudes de Ali (A.S.) para Muwaywiah como disse antes.

9. OS MÉRITOS DO IMAM ALI (A.S.) SEGUNDO IBN ABBÁS

Ahmad ibn hambal diz: YAHIA IBN HAMMAD RELATOU-NOS DE ABI AWWANAH, DE ABI BALJ, DE AMR IBN MAYNUNAH QUE NARROU O HADITH, DIZENDO: EU ESTAVA SENTADO COM ABDULLAH IBN ABBAS QUANDO NOVE LITIGANTES SE APROXIMARAM DELE E DISSERAM: “LEVANTE-SE E NOS ACOMPANHE OU SAIA DAQUI!.” IBN ABBAS QUE NAQUELE TEMPO NÃO TINHA PERDIDO SUA VISÃO AINDA, RESPONDEU: EU OS ACOMPANHAREI. ELES CONFERENCIARAM COM ELE EM VOZ BAIXA E NÓS NÃO COMPREENDEMOS SOBRE O QUE TRATAVAM. IBN ABBAS ENTÃO VOLTOU PARA O SEU LUGAR E ENQUANTO SACUDIA SUAS ROUPAS DISSE: QUAL! ELES ESTÃO TENTANDO CRITICAR UM HOMEM QUE TEM DEZ PRIVILÉGIOS (OS QUAIS ELE CITOU): O PROFETA (SAAW) (NO DIA DA CONQUISTA DE KHAYBAR) DISSE: “EU ENVIAREI AQUELE A QUEM ALLAH NUNCA O ABANDONARÁ (Á AFLIÇÃO), ELE AMA ALLAH E SEU PROFETA”. EM SEGUIDA ELE PERGUNTOU: “ONDE ESTÁ ALI ?” RESPONDERAM QUE ELE ESTAVA EM SUA CASA SE CONTORCENDO DE DORES. ELE DISSE: “POSSA NENHUM DE VÓS SER AFLIGIDO POR DORES.” ENTÃO ALI CHEGOU E TINHA SEUS OLHOS EM UM ESTADO QUE ELE QUASE NÃO CONSEGUIA ENXERGAR ALGO OU MESMO O CAMINHO. O PROFETA (S.A.A.S.) SOPROU EM SEUS OLHOS E DEPOIS SACUDINDO A BANDEIRA (DE LIDERANÇA ) 3 VEZES, ENTREGOU-A A ALI, QUE RETORNOU VITORIOSO DESTA MISSÃO E TROUXE COM ELE (PARA O PROFETA) SAFYYAH BINT IBN KHATTAB. O PROFETA (S.A.A.S.) ENVIOU UMA PESSOA (ABU BAKR) PARA ENTREGAR A SURA AL BARA AH (AO POVO DE MAKKA). EM SEGUIDA ENVIOU ALI ATRÁS PARA ASSUMIR O ENCARGO DA SURA E DISSE: “ESTA SURA NÃO DEVE SER ENVIADA EXCETO POR AQUELE QUE É DE MIM E QUE EU SOU DELE.” ELE (O PROFETA) FALOU COM SEUS PARENTES PRÓXIMOS (FILHOS DE ABDUL MUTTALIB): “QUEM DENTRE VÓS ESTÁ PRONTO PARA ACEITAR MEU WILAYAH (ENCARGO DIVINO) NESTE MUNDO E NO OUTRO?” ELES NÃO RESPONDERAM. ALI QUE ESTAVA SENTADO PERTO DELE DISSE: “EU SOU SEU AMIGO NESTE MUNDO E NO OUTRO.” O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: TU ÉS NA VERDADE MEU AMIGO NESTE MUNDO E NO OUTRO.” O PROFETA (S.A.A.S.) NOVAMENTE VOLTOU-SE AS PESSOAS E PERGUNTOU: “QUEM DENTRE VÓS ESCOLHERÁ MINHA AMIZADE NO MUNDO E NO ALÉM? “ELES NÃO RESPONDERAM MAS ALI DISSE: “Ó MENSAGEIRO DE ALLAH! EU ESCOLHO TUA AMIZADE NESTE MUNDO E NO OUTRO. “E ELE DISSE: TU ÉS CERTAMENTE O MEU AMIGO NESTE MUNDO E NO OUTRO.” ELE (ALI) FOI O PRIMEIRO DEPOIS DE KHADIJAH A ABRAÇAR A FÉ. O PROFETA (S.A.A.S.) ERGUEU SEU MANTO E COBRINDO ALI, FÁTIMA, HASSAN E HUSSEIN COM ELE, E RECITOU: “EM VERDADE, ALLAH DESEJA REMOVER A IMPUREZA DE VÓS Ó AHLUL BAIT E MANTÊ-LOS PUROS TÃO PUROS QUANTO POSSAM SER.” (33: 33) ALI EMPENHOU SUA VIDA, VESTIU AS ROUPAS DO PROFETA (S.A.A.S.) E DORMIU EM SEU LUGAR QUANDO OS INFIÉIS DE MAKKA TINHAM A INTENÇÃO DE FAZER O PROFETA O ALVO DE SUA MALDADE. ALI ESTAVA DORMINDO QUANDO ABU BAKR APROXIMOU-SE PENSANDO QUE ELE FOSSE O PROFETA. ALI DISSE A ELE: “O PROFETA PARTIU EM DIREÇÃO DO POÇO DE MAYMUN,VÁ E JUNTE-SE A ELE.” ABU BAKR PARTIU E ENTROU NA CAVERNA DE THAUR COM O MENSAGEIRO. OS INFIÉIS COMEÇARAM A ATIRAR PEDRAS EM ALI (PENSANDO QUE ELE FOSSE O PROFETA) ELE DOBROU-SE EM DORES MAS NÃO DESCOBRIU-SE. APENAS QUANDO A AURORA ROMPEU ELE RETIROU O PANO QUE COBRIA SUA CABEÇA. QUANDO O PROFETA ESTAVA PARTINDO DE MEDINA COM O POVO PARA A EXPEDIÇÃO DE TABUK, ALI PERGUNTOU A ELE: EU NÃO O ACOMPANHO? O PROFETA (S.A.A.S.) RESPONDEU NEGATIVAMENTE. ALI LAMENTOU E O PROFETA DISSE A ELE: “NÃO ESTÁS SATISFEITO DE SER PARA MIM COMO HARUN FOI PARA MOISÉS, EXCETO QUE NÃO ÉS UM PROFETA? NÃO É APROPRIADO QUE EU PARTA E VOCÊ PERMANEÇA COMO MEU REPRESENTANTE?” O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE A ELE (ALI): “DEPOIS DE MIM TU ÉS O SOBRANO E LÍDER DE TODOS OS FIÉIS.” O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “FECHEM TODAS AS PORTAS (DAS CASAS) VOLTADAS PARA A MESQUITA EXCETO A DA CASA DE ALI. COMO RESULTADO DISSO ELE PODIA ENTRAR NA MESQUITA DE QUALQUER MODO, EXCETO POR ESTA PASSAGEM NÃO HAVIA NENHUMA OUTRA ENTRADA PARA SUA CASA.” O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “PARA TODO AQUELE PARA QUEM EU SOU SOBERANO, ALI É SOBERANO.”

10. O SIGNIFICADO CANÔNICO DOS AHLUL BAIT (A.S.)

Ibn Hambal diz: AHMAD RELATOU DE MUHAMMAD IBN MAS’AB, DE AWZA’I , DE SHADDAD ABI AMMAR QUE NARROU: EU ME APROXIMEI DE WATHILAH IBN ASQA’ ENQUANTO UM GRUPO DE PESSOAS ESTAVA COM ELE E ESTAVAM FALANDO SOBRE ALI. QUANDO ELES SE FORAM, WATHILAH DISSE: VOCÊ QUER QUE EU LHE DIGA O QUE EU VÍ DO MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.)? EU RESPONDI QUE SIM. WATHILAH DISSE: EU FUI ATÉ FÁTIMA PARA PROCURAR ALI E ELA DISSE-ME QUE ELE TINHA IDO TER COM O MENSAGEIRO DE ALLAH. EU ESPEREI POR ELE E VI O MENSAGEIRO DE ALLAH APROXIMANDO-SE COM ALI, HASSAN E HUSSEIN. O PROFETA ENTROU DE MÃOS DADAS COM HASSAN E HUSSEIN E ELE APROXIMOU-SE DE ALI E FÁTIMA E FEZ COM QUE ELES SE AJOELHASSEM EM FRENTE DELE E DE HASSAN E HUSSEIN. ENTÃO ELE (O PROFETA) COBRIU-OS COM SEU MANTO E RECITOU O AYAT: “EM VERDADE, ALLAH DESEJA REMOVER A VOSSA IMPUREZA Ó AHLUL BAIT…” E EM SEGUIDA ELE DISSE: “ALLAHUMMA HAULA I AHLU BAITI WA AHLU BAITY AHAQQ” (Ó ALLAH ESTA É MINHA FAMÍLIA E AS PESSOAS DE MINHA FAMÍLIA SÃO VERDADEIRAMENTE OS MAIS MERITÓRIOS). ASWAD IBN AMIR RELATOU-NOS DE HAMMAD IBN SALAMAH, DE ALI IBN ZAYD, DE ANAS IBN MÁLIK QUE NARROU QUE POR SEIS MESES TODA MANHÃ QUANDO O PROFETA SAIA DE SUA CASA PASSAVA PELA PORTA DA CASA DE FÁTIMA E DIZIA: “ORAI Ó AHLUL BAIT, EM VERDADE ALLAH DESEJA REMOVER A VOSSA IMPUREZA E MANTÊ-LOS PUROS TANTO QUANTO POSSAM SER.”

A tradição supracitada revela que a palavra dos Ahlul Bait (A.S.) no contexto deste ayat é um termo canônico estabelecido pelo Alcorão Sagrado e elucidado pelo Profeta (S.A.A.S.) que determinou a identidade desse grupo. O Profeta (S.A.A.S.) ao reunir sua filha Fátima (A.S.), seu esposo Imam Ali (A.S.) e seus dois filhos Hassan e Hussein (A.S.) sob seu manto e recitar o ayat que foi revelado referente aos mesmos , deixou claro quem realmente era Sua Família e quem não estava incluído no conceito deste Ayat.

Um interessante ponto a se notar aqui é que embora as narrativas de Ibn Hambal deste hadith tenham tornado evidente o conceito dos Ahlul Bait no Ayat At’tahir (versículo da Pureza), ele registrou nesta seção Musnad Ahlul Bait vários ahadith não apenas do Imam Hasan e Imam Hussein (A.S.) mas também de seus tios Aqil Ibn Abu Talib e Já’far Ibn Abu Talib e de seu primo Abdullah Ibn Já’far. É digno de menção que essas pessoas, a despeito de terem sido descendentes do clã do Profeta (S.A.A.S.), Bani Hashim, não eram membros dos Ahlul Bait no ponto de vista canônico do termo do ayat sagrado.

Este erro da parte de Ibn Hambal pode ser explicado pelos ahadith concernentes a Imam Ali (A.S.) os quais ele incluiu no assim denominado grupo Asharah al mubashirah e também mesclou ahadith sobre os méritos de Hazrat Fátima (A.S.) na seção intitulada Musnád An Nisa’.

11. AMOR AOS AHLUL BAIT (A.S.)

Ibn Hambal diz: A. AHMAD RELATOU DE IBN NUMAYR, DE A’MASH, DE ADIYY IBN ÇABIT, DE ZIRR IBN HUSBAISH, DE ALI (A.S.) QUE NARROU: “POR ALLAH! UM DOS COMPROMISSOS QUE O PROFETA (S.A.A.S.) ESTABELECEU COMIGO, É ESTE: NINGUÉM NUTRIRÁ INIMIZADE POR MIM SENÃO O HIPÓCRITA E NINGUÉM ME AMARÁ SENÃO O MUÇULMANO FIEL”.

Ahmad Shakir refere-se a corrente de transmissão deste hadith como sendo correta e acrescenta sobre Adiyy Ibn Çabit: “Ele foi um homem digno de confiança da primeira geração de muçulmanos depois do Profeta (S.A.A.S.) e sua condição de xiita não afeta suas narrativas já que foi verdadeiro e honesto.”

ABDULLAH IBN AHMAD REGISTROU: NASR IBN ALI AZDI NARRA DE ALI IBN JÁ’FAR, DE SEU IRMÃO MUSA IBN JÁ’FAR, DE SEU PAI JÁ’FAR IBN MOHAMMAD, DE SEU PAI MOHAMMAD IBN ALI AL BÁQIR, DE SEU PAI ALI IBN AL HUSSEIN, DE SEU PAI AL HUSSEIN E DE SEU AVÔ ALI IBN ABU TALIB, QUE NARRA O HADITH QUE O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) SEGURANDO AS MÃOS DE HASSAN E HUSSEIN DISSE: “MAN AHABBANI WA AHABBA HADHAIN WA ABÁHUMA WA UMMAHUMÁ KÁNA MÁ FII DARAJATI YAWM AL QYIÁMAH”. (AQUELE QUE AMA A MIM E ESSES DOIS E SEU PAI E SUA MÃE ESTARÁ JUNTO A MIM EM MEU LUGAR NO DIA DA RESSURREIÇÃO).

Ahmad Shakir considera a corrente de transmissão deste Hadith como correta e também anota que quando Nasr Ibn Ali Azdi narrou este hadith ele foi submetido a 1000 chicotadas segundo as ordens do califa abássida Al mutawakkil.

ABU AHMAD (MUHAMMAD IBN ZUBAYR ASADI) RELATOU-NOS DE THAWRI SUFIAN, DE ABU JIHÁF, DE ABU HAZIM, DE ABU HURAYRAH QUE CITA UM HADITH DO MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) DIZENDO: “MAN AHABBAHUMÁ FAQAD AHABBANI WA MAN ABGHAZAHUMÁ FAQAD ABGHAZANI, YA’NI HASANAN WA HUSAYNAN”. (AQUELE QUE OS AMA, HASSAN E HUSSEIN, NA VERDADE AMA A MIM, E AQUELE QUE OS ODEIA, CERTAMENTE ODEIA A MIM).

Ahmad Shakir considera este hadith como correto.

12. O DESTINO DE IMAM ALI (A.S.) É COMPARADO AO DE ISA (A.S.)

Ibn Hambal diz: ABDULLAH IBN AHMAD RELATOU-NOS DE ABU AL HARTH IBN YUNUS , DE ABU HAFS ABBAR , DE HAKAM IBN ABD UL MALIK , DE HARTH IBN HASÍRAH, DE ABU SADIQ, DE RABI AH IBN NAJIDH, DE ALI (A.S.) QUE NARRA: O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) DISSE- ME: “FÍKA MATHALUN MIN ISA, ABGHAZATHU AL YAHÚD HATTA BAHATU UMMAHÚ, WA AHABBATHU AL NASÁRA HATTA ANZALUHU BI AL MANZILATI ALLATI LAISA BIH” (TU TE ASSEMELHAS A ISA, OS JUDEUS O ODIARAM TANTO QUE DIFAMARAM SUA MÃE, E OS CRISTÃOS POR SUA EXCESSIVA DEVOÇÃO O COLOCARAM NUMA POSIÇÃO QUE NÃO ERA A DELE). ENTÃO ALI (A.S.) DISSE: “YUHLIKU FYYA RAJULAN MUHIBBUN MUFRITUN YUQARRIZUNI BI MA LAYSA FYYA, WA MUBGHIZUN YAHMILUHU SHAN ‘ANI ALA A N YABHATANI.” (DOIS GRUPOS DE PESSOAS SÃO CONDENADAS COM RESPEITO A MIM, OS EXTREMADOS NA DEVOÇÃO EXALTANDO-ME PARA O QUE EU NÃO SOU, E OS PERVERSOS QUE ME ODEIAM E ME CALUNIAM).

O anotador registra a corrente de transmissão como fiel.

13. A PROIBIÇÃO DA SADAQAH (CARIDADE) PARA A DESCENDÊNCIA DO PROFETA (S.A.A.S.)

Ibn Hambal diz: MUHAMMAD IBN JÁ’FAR RELATOU DE SHU’BAH, DE BURAYD, DE ABU HAWRÁ QUE NARROU O HADITH EM QUE ELE AO PERGUNTAR A HASSAN IBN ALI (A.S.): “QUE MEMÓRIAS TENS DE TEU AVÔ, O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.)? ELE RESPONDEU: EU LEMBRO QUE UMA VEZ QUANDO EU PEGUEI UMA TÂMARA DAS QUE ERAM PARTE DO ZAKAT E A COLOQUEI EM MINHA BOCA, O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) TIROU- A DE MINHA BOCA JUNTO COM A SALIVA E ATIROU-A DE VOLTA AS DEMAIS. ELE FOI PERGUNTADO (POR SEUS COMPANHEIROS): Ó MENSAGEIRO DE ALLAH! O QUE TERIA ACONTECIDO SE NÃO TIVESSES TIRADO DA CRIANÇA ESTA TÂMARA? ELE RESPODEU: “INNA AL A MUHAMMAD LA TAHILLU LANA AS SADAQAH”… (PARA A DESCENDÊNCIA DE MOHAMMAD A CARIDADE NÃO É PERMISSÍVEL).

De acordo com Shakir a corrente de transmissão deste hadith é correta e este texto é citado mais de quinze vezes no Musnad com leves variações e correntes de transmissão.

14. O EMPENHO DE ALI (A.S.) PARA A INTERPRETAÇÃO DO ALCORÃO

Ibn Hambal diz: WAKI’ RELATOU-NOS DE ISMA’IL IBN RAJA‘, DE SEU PAI, DE ABU SAID QUE NARROU QUE O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) DISSE (PARA SEUS COMPANHEIROS): “INNA MINKUM MAN IUQATILU ‘ALA TA’WILIH KAMA QATALTU ‘ALA TANZILIH” (QUEM DENTRE VÓS LUTARÁ PELA INTERPRETAÇÃO DO ALCORÃO COMO EU LUTEI POR SUA REVELAÇÃO ?) ABU SAID DIZ: NISTO ABU BAKR E UMAR LEVANTARAM-SE MAS O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “LA WA LAKIN KHÁSIF AL NA L.” (NÃO VOCÊS, MAS AQUELE QUE ESTÁ OCUPADO EM EMENDAR OS SAPATOS) E ABU SAID DIZ: ALI ESTAVA CONSERTANDO SEUS SAPATOS.

Está registrado que durante a batalha de Siffin o leal companheiro do profeta (S.A.A.S.), Ammar Ibn Yásir que estava do lado do Imam Ali (A.S.) referiu-se a este famoso hadith em favor de Ali (A.S.), enquanto enfrentavam o exército sírio de Muwawyah e recitou o seguinte verso épico: “NAHNU ZARABNÁKUM ÂLA TANZILIH WA AL YAWM NAZRIBUKUM ÂLA TA’WILIH” (NÓS LUTAMOS CONTRA TI NA REVELAÇÃO E HOJE O ESTAMOS LUTANDO CONTRA TI SOBRE SUA CORRETA INTERPRETAÇÃO).

15. O ASSASSINATO DE AMMAR PELOS TRANSGRESSORES

Ibn Hambal diz: ABU MUWAWYAH RELATOU-NOS DE A’MASH, DE ABDUR RAHMAN IBN ZYAD QUE CITOU ABDULLAH IBN HARTH DIZENDO: EU ESTAVA COM MUWAWYAH IBN ABU SUFIAN QUANDO ESTAVA RETORNANDO DA BATALHA DE SIFFIN E EU ESTAVA CAVALGANDO ENTRE ELE E AMR IBN A AS QUANDO, ABDULLAH, FILHO DE AMR IBN ‘AS DISSE: TU NÃO TE LEMBRAS QUE O MENSAGEIRO DE ALLAH TINHA FALADO DE AMMAR “WAIHAKA YÁ IBN AS SUMAYAH TAQTULUKA AL FI AH AL BAGHYAH (BRAVO Ó FILHO DE SUMAYAH! TU SERÁS MORTO POR UM GRUPO DE TRANSGRESSORES)?” AMR IBN A AS VOLTOU-SE PARA MUWAYAH E PERGUNTOU: TU NÃO OUVISTE O QUE ELE DISSE? MUWAWYAH RESPONDEU: ESTÁS PROCURANDO ERRO EM NÓS! NÓS O MATAMOS? AQUELES QUE O TROUXERAM AQUI É QUE SÃO RESPONSÁVEIS POR SUA MORTE!

Este hadith foi registrado mais de vinte vezes no Musnad segundo a autoridade de oito companheiros do Profeta (S.A.A.S.) com variações em seu texto. Shakir considerou-o não apenas correto mas também mutawatir (regularmente transmitido através de 3 gerações de muçulmanos por um grande número de transmissores) e disse que os sábios jamais duvidaram de sua veracidade. Explicando a palavra hannahu (procurar erro) como foi usada por Muwawyah ele escreve: “É claro que Muwawyah não está contestando mas sim censurando Amr Ibn Aas por recordá-lo naquela situação (quando Ammar tinha sido morto por suas tropas), já que ele temia que seu exército soubesse que ele estava num caminho errado e viessem a desertar. Em vista desse fato Muwawyah estava tentando distorcer e dar uma errada conotação às palavras do Profeta (S.A.A.S.) dizendo que os assassinos de Ammar eram os que o trouxeram para o campo de batalha.

Shakir citando os comentários de Ibn Hajar Asqalani em FATH AL BÁRI FI TAFSIR SAHIH BUKHARI (V. 1- P. 452) escreve ainda: Este hadith foi relatado por vários companheiros do Profeta (S.A.A.S.) incluindo Qatadah Ibn Nu’man, Umm Salamah, Abu Hurayrah, Abdulah Ibn Aas, Uçman Ibn Affan, Hudhaifah Al Yamani, Abu Ayyub Al Ansári, Abu Rafi, Khuzaymah Ibn Çabit, Abu al Yasar. Este hadith é uma prova consistente das virtudes de Ali (A.S.) e de Ammar, e de suas posições diante do Profeta (S.A.A.S.). É também uma justa resposta aos inimigos de Ali (A.S.) que o acusaram de erro em suas guerras (durante seu califado).

16. PROFECIA DO MARTÍRIO DO IMAM HUSSAIN (A.S.)

Ibn Hambal diz: MUHAMMAD IBN UBAYD RELATOU-NOS DE SHARHABIL IBN MADRAK, DE ABDULLAH IBN NUJAYY, DE SEU PAI QUE NARRA QUE ELE ESTAVA MARCHANDO COM IMAM ALI (A.S.) EM DIREÇÃO A SIFFIN E QUANDO ELES CHEGARAM EM NINEVAH, ALI GRITOU EM ALTA VOZ: “O ABA ABDILLAH SEJA PACIENTE! Ó ABA ABDILLAH SEJA PACIENTE ALÉM DO RIO EUFRATES.” EU PERGUNTEI A ELE: POR QUE? E RESPONDEU: UMA VEZ QUANDO EU FUI TER COM O PROFETA (S.A.A.S.) EU VI LÁGRIMAS EM SEUS OLHOS E PERGUNTEI: ‘O MENSAGEIRO DE ALLAH O QUE O AFLIGE? POR QUE SEUS OLHOS ESTÃO CHEIOS DE LÁGRIMAS? ELE RESPONDEU: ‘BAL QAMA MIN INDI JIBRAILU QABL FAHADDATHANI ANNA AL HUSAYN YUQTULU BISHATT AL FURÁT QÁLA HAL LAKA A N USHIMAKA MIN TURBATIH QÁLA QULTU NA AM FAMADDA YADAHU FAQABAZA QABZATAN MIN TURÁBIN FA ATÁNIHA FALAM AMLIKU ‘AYNI NA FAZÁTA”. (HÁ POUCO GABRIEL SE FOI. ELE, INFORMOU-ME QUE EM VERDADE HUSSAIN SERÁ MORTO ALÉM DO EUFRATES. E DISSE EM SEGUIDA: VOCÊ GOSTARIA DE CHEIRAR PARTE DA TERRA ONDE HUSSAIN SERÁ MORTO; EU DISSE: SIM. ELE ESTICOU SUA MÃO E APANHOU UM PUNHADO DE TERRA E ENTREGOU-ME. EM RAZÃO DISSO LÁGRIMAS ROLARAM DE MODO INCONTROLÁVEL DE MEUS OLHOS) .

O anotador do Musnad considerou a corrente de transmissão deste hadith como correta e escreveu que Nujay não foi o único a narrar isto de Imam Ali (A.S.).

17. O NÚMERO DOS IMAMES JUSTOS SUCESSORES DO PROFETA (S.A.A.S.)

Ibn Hambal diz: A. HASAN IBN MUSA RELATOU-NOS DE HAMMAD IBN ZAID, DE MUJÁLID, DE SHA’BI, DE MASRÚQ QUE DISSE QUE EM KUFA ABDULLAH IBN MAS’UD ESTAVA LECIONANDO O ALCORÃO QUANDO UMA PESSOA PERGUNTOU: Ó ABA ABDUR’RAHMAN TU NÃO PERGUNTASTE AO PROFETA (S.A.A.S.) QUANTOS CALIFAS ESTE UMMAH TERIA? IBN MAS’UD RESPONDEU: DESDE A MINHA VINDA PARA O IRAQUE NINGUÉM TINHA ME EXPOSTO ESTA QUESTÃO ATÉ QUE TU O FIZESTE. ENTÃO ELE ACRESCENTOU: SIM! NÓS PERGUNTAMOS AO MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) SOBRE ESTE ASSUNTO E ELE DISSE: “ITHNÁ AXARA KA IDDATI NUQABA BANI ISRA’IL” (DOZE, IGUAL O NÚMERO DE LÍDERES DAS TRIBOS DE ISRAEL).

O isnad deste hadith é correto segundo Shakir.

Ibn Hambal diz: SUFYAN IBN UYAYNAH RELATOU-NOS DE ABD AL MALIK IBN UMAYR, DE JÁBIR IBN SAMRAH AL SUWA I QUE NARROU QUE OUVIU O PROFETA (S.A.A.S.) DIZER: “LA IAZAL HÁDHA AL AMR MÁZYAN HATTA YAQÚM ITHNA ÁXARA AMIRAN” (ESTA QUESTÃO (DA RELIGIÃO) PERMANECERÁ ATÉ QUE SURJAM OS DOZE LÍDERES). ENTÃO ELE MENCIONOU ALGO QUE EU NÃO OUVI, ASSIM EU PERGUNTEI A MEU PAI (QUE ESTAVA SENTADO AO MEU LADO) QUE DISSE: “TODOS ELES SERÃO DO QURAIX”.

Este hadith foi registrado no Musnad mais de 40 vezes e em algumas versões a palavra khilafah é encontrada no lugar de Amir. A versão aqui citada é a que possui a mais curta corrente de transmissão e alcança o Profeta (S.A.A.S.) através de 3 narradores. Sábios sunitas e exegetas ficaram um tanto perplexos e apresentaram comentários dúbios na explanação deste hadith. Eles tem sido incapazes de conciliar com suas crenças o significado da figura de Doze líderes tal como foi expressado pelo Profeta (S.A.A.S.). Como resultado disto encontramos conflito e respostas contraditórias em suas explanações .

18. O SURGIMENTO DO AL MAHDI (A.S.)

Ibn Hambal diz: A. HAJJAJ E ABU NA’IM RELATARAM DE FITR, DE QÁSIM IBN ABI BAZZAH, DE ABU AL TUFAYL, DE IMAM ALI (A.S.), QUE MENCIONOU QUE O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “LAW LAM YAQBA MINA AD’DUN’YA ILLA YAUMUN LABA’ATHA ALLAHU RAJULAN MINNÁ YAMLA’UHÁ ADLAN KAMÁ MULI’AT JAWRAN” (MESMO SE APENAS UM ÚNICO DIA RESTASSE PARA O FIM DOS TEMPOS, ALLAH FARIA SURGIR UM HOMEM DE MINHA DESCENDÊNCIA QUE ENCHERÁ A TERRA COM JUSTIÇA TAL COMO ELA FOI CHEIA DE OPRESSÃO)

Ibn Hambal diz: FAZL IBN DUKAYN RELATOU-NOS DE YASIN AL IJL, DE IBRAHIM IBN MOHAMMAD IBN HANAFYYAH, DE SEU PAI (IMAM ALI ), QUE MENCIONOU QUE O PROFETA (S.A.A.S.) DISSE: “AL MAHDI MINNÁ AHLA AL BAYT YUSLIHUHU ALLAHU FII LAYLATIN” (AL MAHDI É DOS AHLUL BAIT, ALLAH ENDIREITARÁ SEUS ASSUNTOS EM UMA NOITE).

Ibn Hambal diz: SUFYAN IBN UYAYNAH RELATOU-NOS DE ‘ASSIM (IBN ABI AL NAJUD), DE ZIRR (IBN HUBAYSH), DE ABDULLAH IBN MAS’UD QUE NARRA QUE O MENSAGEIRO DE ALLAH (S.A.A.S.) DISSE: “LA TAQÚM AL S Á’AH HATTA YALIA RAJULAN MIN AHLUL BAITI IUWÁTIU ISMUHU ISMI” (O DIA DA RESSURREIÇÃO NÃO VIRÁ ANTES QUE VENHA UM HOMEM DE MINHA FAMÍLIA CUJO NOME É O MEU NOME).

Ahmad Shakir denominou o isnád destes 3 ahadith como corretos e criticou o sábio Abdul Rahman Ibn Muhammad Ibn Khaldún (1332- 1406) por rejeitar os relatos concernentes ao Mahdi (A.S.). É digno de menção o fato que Ibn Khaldún em sua famosa obra Muqaddimah embarcou numa longa discussão sobre as tradições relativas ao Mahdi (A.S.) e escreveu: “É bem conhecido (e geralmente aceito) por todos os muçulmanos em toda época, que no final dos tempos um homem da família do Profeta infalivelmente surgirá, alguém que fortalecerá a religião e fará a justiça triunfar. Os muçulmanos o seguirão e ele dominará todos os territórios islâmicos. Ele será chamado o Mahdi (o Bem-guiado)… evidência para esta questão foi encontrada nos ahadith que os eruditos propagaram. Eles tem discutido com aqueles que discordam (deste assunto) e freqüentemente tem sido refutados por outros.

Ibn Khaldun em sua discussão sobre os ahadith concernentes ao Mahdi (A.S.) diz que aqueles que rejeitam a vinda do Mahdi criticavam esses relatos, os quais ele sabia terem sido narrados com a autoridade de alguns dos proeminentes companheiros do Profeta (S.A.A.S.) e tinham sido registrados em todos os livros Sunitas reconhecidos como fiéis, cujos nomes ele mencionou. E escreve: “Sábios dos Ahadith reconhecem que a crítica negativa tem precedência sobre a crítica positiva. Se nós descobrimos que alguma pessoa na corrente dos transmissores é acusada de negligência, memória fraca ou julgamento fraco, isso afeta e prejudica a lisura do hadith. Não se deve dizer que estas mesmas faltas afetam as pessoas (mencionadas como confiáveis) nos dois Sahis (Bukhari e Muslim). O consenso geral dos transmissores do Hadith confirma a fidelidade dos itens (dos dois Sahihs) apresentados por Bukhari e Muslim.

O consenso geral no Islam também confirma a aceitabilidade deles e a necessidade de agir de acordo com os mesmos. Consenso geral é a melhor proteção e defesa. Outros trabalhos além desses não são do mesmo nível neste respeito.”

Ele continua a citar, um após outro, vários dos ahadith do Profeta (S.A.A.S.) sobre Al Mahdi (A.S.) junto com a corrente de transmissores como são encontrados nas fontes originais e tenta apontar erros neles de maneira claramente artificial. Um dos ahadith que ele critica é a narração que Hambal registrou com a autoridade de Abdullah Ibn Mas’ud. Ibn Khaldun então dirige seu ataque a Assim Ibn abi Al Najúd mesmo depois de reconhecê-lo como sendo um dos 7 mais capacitados recitadores do Alcorão.* Para desviar a crítica de sua suposição, ele escreve: “Se alguém argumentasse que (Bukhari ou Muslim) publicaram tradições transmitidas por ele (deveríamos responder) que eles o fizeram quando haviam outros comunicadores verazes e eles não o tomaram por autoridade básica”.

O anotador do Musnad, Ahmad Shakir considerou as críticas de Khaldun inconsistentes e rejeitando-as escreveu: “Ibn Khaldun tentou algo para o qual ele não estava qualificado e aventurou-se numa arena que não era o seu domínio. Sua preocupação com o Estado e os assuntos políticos e o seu serviço aos reis e nobres dominaram seu pensamento e suas palavras, como resultado disso ele foi induzido a imaginar que os relatos do surgimento do Mahdi (A.S.) era uma crença puramente xiita. Não obstante, é necessário mencionar que primeiro, Ibn Khaldun não compreendeu apropriadamente as declarações dos compiladores dos Ahadith que a crítica negativa tem precedência sobre a positiva. Se ele tivesse compreendido essas declarações não teria comentado deste modo. É também possível que ele compreendeu seus propósitos porém desde que seus pensamentos estavam profundamente influenciados pelos pontos de vista políticos de seu tempo, ele tentou tirar o crédito aos ahadith sobre Al Mahdi (A.S.).” Segundo, Assim Ibn Abi al Najúd é considerado um dos destacados recitadores do Alcorão e é também considerado como um confiável comunicador dos ahadith. Talvez ele tenha cometido erros em alguns ahadith mas isto não foi ao ponto que sua narração fosse rejeitada.

A mais forte crítica contra ele é que não era de boa memória. Mas, com base nessa crítica poderíamos ignorá-lo e considerar isso como uma razão para rejeitar um relato cuja autenticidade foi confirmada através de várias outras correntes de transmissão e narradas nas palavras de vários companheiros do Profeta (S.A.A.S.)? A confiabilidade deste relato é até o ponto que ninguém tem dúvidas sobre ele, porque entre os comunicadores podia ser visto como justo, fiel e sincero. Além disso, desde que este hadith foi narrado por outros comunicadores também, a possibilidade de um lapso de alguém que a capacidade de memória seja um tanto duvidosa, é completamente eliminada.

Esses foram alguns dos exemplos do vasto número de ahadith concernentes às virtudes dos Ahlul Bait (A.S.) encontradas no Musnád de Ahmad Ibn Hambal. Espera-se que este artigo venha a servir o propósito de diminuir as diferenças entre os muçulmanos e promover uma melhor compreensão entre eles.”

NOTAS

*1 Hasan (correto ou bom) – de acordo com os tradicionalistas Sunitas é o termo usado para classificar um hadith que é ligado na transmissão ao Profeta (S.A.A.S.) com o relato de uma pessoa de curta memória, porém, considerada confiável. Este tipo de Hadith é também isento de Shádh, o que significa uma tradição de confiável Isnád mas contrário a uma outra similarmente atestada tradição.

2 – Este trabalho causou a morte de de Nasa’i. É relatado que quando em uma viagem a Damasco ele encontrou pessoas na Síria que desconheciam a importância de Imam Ali (A.S.), ele então decidiu escrever um livro sobre os méritos de Amir Al Muminin. Quando Al Nasa’i começou a ler seu trabalho no púlpito da Mesquita de Damasco, os inimigos da Casa do Profeta o arrancaram de lá e o espancaram tão severamente que ele veio a falecer em virtude dos ferimentos na Palestina.

3- É essencial saber que de acordo com muitas fiéis narrativas, Imam Ali (A.S.) declarou: “Eu sou o distribuidor do paraíso e do inferno. Bihar Al Anwár – vol. 39 – p. 199

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