Depressão versus Contentamento

Tradução de Ali Sivonaldo

“São fiéis e cujos corações sossegam com a recordação de Deus. Não é, acaso, certo, que à recordação de Deus sossegam os corações?” (C.13 – V.28)

Experimentamos a infelicidade e a perda em algum momento da vida. A nossa fé e a crença na vontade de Deus, O Todo-Poderoso, são normalmente suficientes para consolar e fortalecer o nosso sentido de perda, pena ou tristeza. Contudo o ser humano é propenso a sensações de depressão em circunstâncias sérias e difíceis. Diz-se que a depressão afeta até 40 % das pessoas em alguma etapa de suas vidas, e foi considerada ser mais comum em mulheres do que em homens.

A depressão pode afetar seriamente a vida diária de uma pessoa. Se você tiver se tornado cansado da vida, ou desejar ir para um mundo onde você possa estar sozinho, ou você sempre esta nervoso, desmotivado, agitado, sem sono e sombrio, você está sofrendo provavelmente de depressão. Cada um pode saber que tal pessoa que esteja sofrendo desta doença é incapaz de cumprir as suas necessidades ou ela chegou a tal ponto em sua vida que se sente totalmente incapaz e derrotada, em conseqüência de uma morte infeliz, uma oportunidade perdida, uma perda financeira, a sensação persistente da privação, ou outros motivos inesperados de uma experiência decepcionante, doença de longo prazo, pensamento negativo desnecessário. Isto pode contribuir invariavelmente em direção a sensações de ciúme, medo, covardia, pessimismo e insegurança. Uma forma aumentada desta ‘doença’ pode forçar o sofredor a cometer suicídio. Embora hoje esta ‘doença’ tenha ficado exuberante a cada nível da sociedade e o seu resultado de efeitos desastrosos contribui para todos os tipos de crimes horríveis dependendo das circunstâncias e da história do sofredor. O nosso objetivo não é pesquisar nas causas da depressão, um tanto concentrar-se somente na própria ‘doença’ de uma perspectiva diferente. A análise é de uma perspectiva religiosa e torna-se mais importante para um muçulmano desde que o desespero da palavra não deva existir no seu dicionário. Em termos leigos, a depressão pode ser de duas formas: cada um encontra as suas raízes na desorientação química do sofredor ao passo que a outra pode ser atribuída a circunstâncias sociais.

Um psiquiatra pode ajudar a recuperar a vítima que pertence à antiga categoria ao passo que um psicólogo pode ocupar-se de casos que formam o último grupo. De um ponto de vista social pode ser dito sem qualquer receio que um muçulmano verdadeiro nunca pode sofrer desta ‘doença’. A resposta está nesta compreensão fundamental, que governa (ou deve governar), a vida de um muçulmano na sua evolução que é uma prova.

“Jamais acontecerá calamidade alguma, senão com a ordem de Deus. Mas, a quem crer em Deus, Ele lhe iluminará o coração, porque Deus é Onisciente.” (C.64 – V.11)

Por isso, para um muçulmano, as dificuldades, o sofrimento, os fracassos e as adversidades são apenas testes de Deus Todo-poderoso. Tão vital para a continuação da vida assim como o oxigênio é para respiração. Não significa que a vida continue em um nível relativo de pobreza ou afluência até o fim. As cristas e os cochos desta onda da vida têm uma existência implícita. Cada subida é mais cedo ou mais tarde seguida por uma queda.
“Em verdade, com a adversidade está à facilidade! Certamente, com a adversidade está a facilidade!” (C.94 – V.5 e 6)
Para alguns o mar é mais turbulento do que a subida e a queda da maré é maior para outros que experimentam esta subida e queda em uma maneira que quase desafia a existência de qualquer alteração. Apesar do desacordo em uma condição dada, ao muçulmano verdadeiro com a sua fé forte no Todo-poderoso, observa o revestimento de prata, algo que lhe promete uma recompensa mais desejável e eterna na outra vida:

“Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. Mas tu (ó Mensageiro), anuncias (a bem-aventurança) aos perseverantes“. (C.2 – V.155)

Para um muçulmano verdadeiro, a sua fé (Imaan) no Todo-poderoso e na outra vida é o maior tesouro da prosperidade neste mundo materialista, e devido a esta fé forte, ele nunca sofre nenhuma espécie de depressão e nenhuma preocupação. Para aquele que procura ser independente: Um dos companheiros do Profeta Sagrado uma vez encontrou-se na pobreza severa. Sua esposa aconselhou que ele fosse ao Profeta Sagrado e solicitasse a sua ajuda. O homem aproximou do Profeta Sagrado, mas logo que os olhos do profeta caíssem no homem, ele disse: Se uma pessoa buscar algo de mim, vou conceder-lhe, mas se ele expuser-se-se como auto-suficiente e livre Deus o fará afluente. Ouvindo isto, o homem disse a si mesmo: “O Profeta Sagrado ensinou-me por este discurso. Sem proferir uma palavra, ele voltou em casa e narrou o incidente a sua esposa. Sua esposa disse: “O Profeta Sagrado é também humano; explique-lhe o seu dilema e ouviu o que ele tinha a dizer”. O homem voltou ao Profeta Sagrado pela segunda vez, mas ouviu a mesma oração dele e novamente voltou a casa sem dizer uma palavra. Quando isto foi repetido pela terceira vez, o homem emprestou uma picareta de um dos seus amigos e partiu em direção às montanhas. Em todas as partes do dia ele trabalhou muito para reunir a lenha, que ele vendeu por um pouco de farinha e naquela noite, ele e sua esposa tiveram o pão no jantar. No dia seguinte, ele trabalhou mais e reuniu mais lenha e isto continuou durante vários dias até que ele fosse capaz de comprar uma picareta para ele. Depois de algum período, em conseqüência do seu trabalho difícil, ele conseguiu comprar dois camelos, e lentamente se tornou um dos mais ricos. Um dia, se aproximou do Profeta Sagrado, e narrou-lhe a historia de sua vida e o efeito das suas palavras, sobre o qual o Profeta Sagrado respondeu: Eu tinha dito (antes): “Aquele que procura ser independente, Deus o fará independente.” A Moral: Meus caros amigos, durante a miséria não devemos abandonar a nossa esperança na clemência de Deus, porque aquelas dificuldades não estão além do nosso alcance. O Sagrado Alcorão diz-nos: Não impomos a nenhuma alma um dever exceto a ponto da sua capacidade… ” (C.6 – V.152)

«
»