Uma Mãe de Bagdá
Por Aminah
“A mãe ignorada de Bagdá , a que
nenhuma primavera alcança o coração.
Quando desperta a fria madrugada,
a saber que a espera uma chuva de sangue
na alvorada.
E então se purifica em silêncio
de água e lágrimas a alma se cobre.
A mãe esquecida de Bagdá
ajoelhada e de mãos estendidas
a que o murmúrio há de ser
sangue enegrecido no leite
das grandes potências.
O seu apelo alcança o trono
Daquele que Tudo Ouve.
A despeito da época do ódio,
da insuperável arrogância,
dos hipócritas que lamentam,
da ultrajante submissão.
A mãe desconhecida de Bagdá
entre a carne e os ossos
a mescla fluída, a sede
e a fome inominável
de justiça e vingança.
Nenhum dia que seja melhor
do que o anterior.
Nenhum dia que seja
o que define
Um tempo de lágrimas ,
de deitar sementes
no campo sagrado .
Vasto jardim de túmulos,
intermináveis fileiras de mártires,
elos de uma corrente brilhante
de Karbala .
Longa corrente estendida e atada
à uma das portas do Paraíso.
A mãe desprezada de Bagdá
cujo murmúrio se eleva acima
de um milhão de preces.
Cuja voz fará pesar a Balança,
a que um suspiro atirará
mil ao inferno.
Eis que por fim se ergue.
vestida de uma dignidade
sem preço.
À espera …
do que há de ser.”