Palavra do Embaixador Iraniano Seyed Ali Saghaeyan no Encontro Islâmico no Brasil

Em nome de Deus, Clemente e Misericordioso.

Com minhas saudações e as bênçãos de Deus a Mohammad al-Mostafa, o último Profeta e Mensageiro da Moral e da Dignidade Humana.

Excelentíssimas autoridades, teólogos, religiosos e honrados participantes deste evento.

Desejando as boas vindas e sucesso a todos os presentes, devo expressar minha gratidão aos organizadores desta reunião tão importante.

O terrorismo e extremismo são termos antigos que possuem raízes no autoritarismo e no senso de busca por poder e interesses próprios do ser humano; essa atitude está presente em todas as religiões, em todas as sociedades e em todas as épocas. Portanto não é possível definir um limite temporal ou uma fronteira geográfica.

O perigo do terrorismo, de qualquer lado que seja, sempre é grande. Porque mira sempre a vida humana. Na religião islâmica tirar a vida de um inocente é como tirar a vida de toda a humanidade. Mas o que é mais importante, e creio que ocupa grande parte da nossa reunião, são os dois seguintes assuntos:

1) Conhecimento acerca das origens do terrorismo e extremismo, e os motivos e razões de suas formações e perpetuação.

O uso da força extrema, ultrapassando as regras e limites, para alcançar um objetivo, seja um objetivo individual ou coletivo, sempre existiu em toda a história humana, uma atitude que não se limita a um período específico.

Esta atitude existia antes do Islam de uma maneira peculiar à época. Num aspecto geral se manifestava em forma de guerras territoriais ou simplesmente guerras por poder que duravam décadas. A descoberta da pólvora e fabricação de armas acentuaram e complicaram ainda mais este fenômeno. Hoje esta atitude preparou um ambiente propício para o uso de elementos complexos para expandir o extremismo, seja para coordenar esses grupos ou para relacioná-los entre si.

Explicando melhor, os indivíduos ou os grupos que não atingem os seus objetivos através do diálogo escolheram o caminho da força extrema. A derrota nesse caminho leva à formação da união e estruturação do extremismo, terrorismo e violência.

De um outro ponto de vista, as sociedades em desenvolvimento ficaram divididas por causa dos ataques, invasões e conflitos entre si. Assim, os seus processos de desenvolvimento encontraram barreiras. A pobreza nessas sociedades está se acentuando e se agrava cada vez mais. Os efeitos negativos desta situação, como o aumento de taxas de desemprego e um panorama fraco e incerto a respeito de um futuro melhor, faz que prevejamos uma sociedade debilitada. Essa situação prepara o terreno para a aparição e desenvolvimento de várias formas de debilidade social e uma crescente violência política.

Outro elemento importante é a incapacidade de organização e ordem governamental para responder às necessidades básicas da população. Certamente, isso poderia ser analisado no quadro da incapacidade decepcionante do mundo Islâmico para resolver a situação da Palestina.

As medidas perigosas tomadas pelo regime de Israel para continuar a sua ocupação, as violações repetidas dos direitos dos palestinos e de outros países e as políticas expansionistas que continuam durante décadas acentuam-se graças ao apoio explícito do novo governo dos Estados Unidos da América ao regime sionista. Esse regime, desde 1948 invadiu pelo menos quatorze vezes os seus vizinhos e outros países da região, e continua esta atitude e reprime violentamente os Palestinos com respaldo dos Estados Unidos da América. A última crise no Beit-Ol Moghaddas, a proibição da entrada dos muçulmanos na Mesquita al-Aqsa, é o último exemplo das medidas ilegais desse regime. Inclusive, ele violou várias resoluções do Conselho da Segurança das Organizações das Nações Unidas e há inúmeros documentos nos relatórios da ONU sobre as políticas invasivas, apartheid e crimes de guerra cometidos por este regime. A continuação da construção ilegal de colônias nos territórios palestinos e a violação da 4ª Convenção de Genebra são exemplos dos crimes de guerra. Todas as atitudes deste regime demonstram que nunca procurou a paz, e a sua participação nas negociações são meramente para ganhar tempo e continuar a invasão e o expansionismo.

2) A situação atual e as maneiras de enfrentamento.

Os acontecimentos no cenário internacional, especialmente o desmantelamento da União Soviética e o aparecimento de um vazio de poder nesse cenário, propiciaram o unilateralismo. Esta situação, infelizmente, deu à alguns países e pólos de poder a oportunidade de perpetuar suas agendas de dominação sobre diversas regiões geopolíticas do mundo, especialmente do Oriente Médio e sua periferia, usando elementos de extremismo. A formação de grupos terroristas e extremistas foi um dos infelizes sucessos dos dominadores na região e no mundo islâmico. Este procedimento causou a instabilidade permanente no Afeganistão, guerra e massacre no Iraque, na Síria, destruição de infraestrutura generalizada e uma grande parte da riqueza cultural da civilização islâmica também foi arrasada.

Por isso, agora os sábios e intelectuais dos Centros Islâmicos em regiões mais remotas do mundo islâmico, têm essa pesada responsabilidade, no sentido de fazer reconhecer o verdadeiro Islam aos jovens, enriquecendo suas mentes e desenvolvendo programações adequadas e positivas. E para preservar a união no mundo islâmico, deve-se organizar reuniões e encontros para a troca de ideias e procura de soluções convenientes.

Espero que esta reunião em São Paulo seja um início nesse sentido, e no futuro, além da continuação dessas reuniões com a participação de altas personalidades islâmicas sejam realizadas outras reuniões similares com a participação de integrantes de outras diversas outras religiões, para esclarecer a verdadeira imagem do terrorismo e seus apoiadores, explícitos ou disfarçados.

Finalmente, devo agradecer ao governo brasileiro, aos honrosos responsáveis do governo do Estado de São Paulo e às policias Federal e Militar do Estado de São Paulo, que apoiaram a realização desta reunião.

Obrigado!

Excelentíssimo Senhor Seyed Ali Saghaeyan, Embaixador da República Islâmica do Irã no Brasil
Encontro Islâmico no Brasil – São Paulo, 29 de julho de 2017.

 

 

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