A fé de que Deus o Altíssimo, estabeleceu suas leis na Justiça e a imprimiu em toda sua criação, ordenando-a ao Homem. Assim, Deus é justo e equitativo em todas suas ações e em todos seus decretos. Nenhuma de suas ações ou decretos comporta injustiça ou erro.
A injustiça é um atributo maléfico, e por Deus ser isento deste atributo, representa a justiça em si, e nos convida sempre a praticá-la e pregá-la entre as pessoas. Assim, devemos completar esta tarefa nos opondo a qualquer tipo de injustiça e opressão na sociedade. Dessa forma, a doutrina islâmica objetiva uma vida repleta de paz e segurança para toda a humanidade.
Baseado nisso, o Islam condena o terrorismo, em todas as formas que é praticado, seja através de uma pessoa, de grupos ou de um Estado, pois o terrorismo significa a ofensa sobre os direitos dos outros, tanto físicos, psicológicos, materiais ou espirituais.
A ordem divina do estabelecimento da justiça está presente na essência de todos os aspectos do Islam. Este propósito é frisado do começo ao fim do Alcorão, em que a religião é apresentada como um restabelecimento do equilíbrio ou harmonia original entre os Direitos Divinos (de adoração, obediência) e os direitos das criaturas. Por outro lado, a descrença, as transgressões ou pecados são apresentados como “dzulumat” (injustiças). A própria razão da Profecia e missão dos Profetas e Mensageiros é declarada no Alcorão da seguinte maneira:
“Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça…” (C.57 – V.25)
A história dos profetas possui um ponto em comum: em todas as épocas e em todos os povos a que foram enviados seu desafio essencial foi predicar “a Justiça em seu amplo sentido”: o abandono da Idolatria (reconhecendo a Unicidade Divina), o arrependimento dos pecados com o abandono da corrupção e das muitas formas de opressão e injustiça.
Em razão disso, a concepção islâmica de religião não separa os vários aspectos da vida humana e da sociedade, destinando orientação a alguns aspectos e negligenciando outros. De fato, a religião tomou o sentido corrente no mundo moderno devido a um processo de secularização promovido por fatores alheios ao Plano Divino. O objetivo essencial das mensagens anteriores foi corrompido pelos interesses dos detentores de poder e influência nas sociedades que, ao separarem o Estado da Religião, conseguiram manter o predomínio da injustiça em suas muitas manifestações e ao mesmo tempo, reduziram a religião a um papel irrelevante e desprovido de efetivo poder de transformação social.
Este fator de integridade teórica e prática do Islam à justiça fez com que no decorrer da história diversos movimentos sociais e de resistência se aproximassem e até mesmo aderissem a ele. Mesmo no mundo ocidental temos um exemplo desse fenômeno notável no movimento dos muçulmanos afro-americanos que tiveram importante papel na luta por direitos civis dos cidadãos negros dos Estados Unidos, sendo um significativo referencial na formação de uma nova mentalidade do homem negro naquela sociedade.
Este fenômeno pode ser compreendido como um encontro das aspirações autênticas do homem com a Disposição Divina. Entretanto, a perspectiva de JUSTIÇA tal como é apresentada no Alcorão tem um caráter abrangente e complexo onde o restabelecimento da justiça trata-se de um plano global. Na verdade, o Islam não considera um verdadeiro restabelecimento da justiça nada que seja restrito a um determinado aspecto da vida humana, que não corresponda a um melhoramento voltado tanto para a esfera política, social, espiritual e individual.
Deus, em Sua Onipotência, jamais oprimiria sequer no peso de um átomo, seja na Terra ou no espaço, e tampouco permite aos homens oprimirem-se uns aos outros, pois a Justiça é uma das qualidades completas de Deus, o Qual não age e não ordena algo que contrarie os interesses, a prudência e a sabedoria.
Deus revelou no Alcorão Sagrado:
“Deus dá testemunho de que não há divindade senão Ele, e os anjos e sábios O confirmam Justiceiro, não há divindade exceto Ele, o Poderoso, Prudentíssimo". (C. 3,V. 18)
Não há tirania em Sua execução e nem injustiça em Sua prudência. Ele recompensa os obedientes e castiga os insubmissos e jamais usa o que a razão abomina. E tudo que Ele ordena e adverte em Sua doutrina está em concordância com a qualidade inata e a mente sã, sem que haja uma contrariedade ou indiferença. Ele, em Sua benevolência, não faz o obediente entrar no Inferno e nem o insubmisso entrar no Paraíso.
O Islam acautelou contra o apoio aos tiranos e a anuência às suas ações, pois aquele que concorda e apoia os procedimentos do opressor, não passa de cúmplice no favorecimento da tirania e na ruína do esclarecimento da Justiça.
O Imam Ali Ben Abi Táleb (A.S.) disse “O tirano, seu assistente e seu condescendente são três cúmplices”
E o amado Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Aquele que andou com um tirano e colaborou com ele, sabendo que ele é um opressor, notoriamente já saiu do Islam”.