A maternidade é uma profissão sublime

Nos primeiros anos de vida do ser humano formam-se seus traços pessoais e plantam-se as sementes de suas características básicas. Por isso, os educadores os chamam de anos básicos. Nesse período, ninguém está mais próximo da criança do que a mãe. Por isso, ela constitui o ser que mais influencia a formação de sua personalidade. O vínculo orgânico e psicológico entre ela e a criança proporciona-lhe a maior oportunidade de influenciá-lo, pois, na realidade, ele é uma parte dela, forma-se no seu interior, alimenta-se de seu sangue, cresce em seu colo e o seu corpo se desenvolve com o leite dela. É natural que ela se ligue a ele e ele sinta por ela uma ligação particular e atração forte. Estes sentimentos colocam na mão da mãe os instrumentos que modelarão e formarão a personalidade da criança.

Nenhuma outra pessoa ocupa o lugar da mãe e a sua influência, mesmo que assuma algumas funções básicas da genitora, como a amamentação e o cuidado. Isso porque não possui os instrumentos de interação e a ligação psicológica entre mãe e filho. Isso não acontece apenas no mundo humano, mas também entre outras espécies animais. Até com a nutrizes, por exemplo, a ligação começa imediatamente após o nascimento. A criança conhece a mãe, permanece ao seu lado e não o faz com outra. A mãe, por sua vez, cuida, alimenta e protege o seu filho e não o faz com outro.

Algumas teorias tentaram, no campo da Pedagogia e Psicologia, restringir a explicação do fenômeno unicamente com base na satisfação das necessidades biológicas básicas da criança. Essas teorias, porém, não conseguiram resistir à crítica científica e à observação experimental. Um grupo de especialistas diz que essas teorias não são convincentes. Pesquisas e estudos mostram que esta ligação pode crescer e se desenvolver em relação a indivíduos não envolvidos com o cuidado físico da criança. A relação entre mãe e filho, contudo, ultrapassa a satisfação das necessidades biológicas e se baseia em muito na natureza da reação entre ambos os seres. A satisfação das necessidades básicas da criança é uma operação necessária, mas não é suficiente para desenvolver a ligação entre mãe e filho. Na maioria das vezes, a satisfação dessas necessidades desencadeia uma oportunidade para a reação recíproca, em todos os seus sentidos. Quando a mãe amamenta o filho, ele sente a temperatura de seu corpo, o seu toque agradável, a suavidade de suas palavras e carinhos. A criança apresenta sinais de satisfação e tranqüilidade, o que funciona como um forte estímulo ao seu desenvolvimento físico e psicológico.

A satisfação sentimental

Fica claro, tanto cientifica quanto empiricamente, que a extensão da necessidade da criança pelo carinho e ternura que a mãe lhe proporciona, de forma particular, é insubstituível. A satisfação das necessidades físicas da criança não substitui o amor e o carinho da mãe, aquele amor e carinho distintos que não podem ser oferecidos por outrem nem substituídos.

Pesquisas científicas modernas mostram um erro cometido pelas maternidades com assistência médica, quando separam a criança da mãe, logo após o nascimento, devido à importâncias desses instantes iniciais nas relações posteriores entre ambos. A importância de proporcionar a oportunidade para a mãe ver o filho, tocá-lo imediatamente após o nascimento, é muito grande. Nestes instantes é que ela mais necessita senti-lo, tocá-lo e cheirá-lo. Por isso, é preciso ter-se cuidado antes de se pensar em separar a criança da mãe imediatamente depois do parto. A criança necessita de alimento, é certo. Podem-se suprir suas necessidades alimentares a partir de qualquer fonte. Mas, os demais alimentos não substituem o leite materno, não apenas por seu valor nutricional, mas também pelo que possui de satisfação sentimental, sem falar no acréscimo de carinho e amor ao recém-nascido. Além da felicidade e da alegria que a mãe sente. Por isso, o Mensageiro de Deus (S), há catorze séculos, aconselhava algo que, atualmente, a Medicina confirma: “A criança não tem melhor leite que o da sua mãe”. O Comandante dos Crentes, o Imam Ali bin Abi Tálib (AS), também ensinou: “Não há leite melhor para a criança e mais nutritivo do que o leite materno.”

A constituição do leite materno é proporcional às necessidades da criança, principalmente no primeiro mês de vida. Ele foi planejado e constituído por Deus para suprir as necessidades da criança, dia a dia. Ele é considerado um vínculo fisiológico entre a criança e a mãe e uma extensão ao cordão umbilical. Além disso, as gotas de leite da mãe que a criança mama são acompanhadas por transmissões importantes de carinho e ternura, que alimentam o seu psique como alimentam o seu corpo. A mesma coisa se diz do abraço. É fornecido por quem trata da criança além da mãe, porém, ninguém possui o que a mãe transmite em termos de amor, carinho e ternura.

Por isso tudo, o Islã estabeleceu a prioridade da mãe de amamentar o filho, o seu direito de cuidar dele no primeiro ano de vida. A separação da criança da mãe e a privação de seu amor e carinho causam influências negativas profundas no infante, que vão se refletir na formação de sua personalidade, no futuro de seu comportamento e na marcha de sua vida.

Os árabes, quando admiravam a força da personalidade de uma pessoa, costumavam descrevê-lo como “ter sido satisfeito com o leite materno”. Ou seja, percebiam que o recebimento de satisfação pessoal, carinho e ternura na sua infância fortaleceu a sua personalidade e mente, mais tarde.

Estudos pedagógicos e sociais modernos discutem a influência do afastamento da mãe em relação ao filho quando ela vai ao trabalho, principalmente antes de a criança completar um ano de vida. Isso causa influências negativas na mãe e na criança. É preferível estender a licença à maternidade para um ano inteiro. Num relatório à Organização Mundial de Saúde, o especialista Paulbi apresentou muitos exemplos que demonstram as aflições geradas na criança pela privação dos cuidados da mãe, ou devido a uma relação interrompida ou não contínua entre mãe e filho. A interrupção desta relação produz resultados negativos na criança. O carinho da mãe, por outro lado, fornece à mesma criança a segurança e a estabilidade de que necessita e necessitará, inculcando-lhe os sentimentos de tranqüilidade e retidão, fortalecendo sua personalidade perante o que o futuro adulto enfrentará em termos de problemas e crises.

A constituição cultural e científica

O mundo parece estranho para a criança quando ela desperta os seus sentimentos e começa a raciocinar. A mãe é a pessoa mais próxima dela. A criança vê o que a cerca e se relaciona com o mundo circundante por intermédio de sua mãe. Com ela aprende a falar, por intermédio dela entende o que está ocorrendo ao seu redor. A mãe consciente tem a capacidade de desempenhar um papel importante no desenvolvimento do conhecimento de sua criança, incutindo-lhe o amor e conhecimento, educando-a a pensar e a fortalecer suas capacidades científicas.

Por meio do diálogo com seu filho, a mãe o incentiva a buscar seus interesses, encorajando-o à compreensão e à pesquisa. A curiosidade da criança sobre tudo o que a cerca é uma situação natural que se dá muito cedo. Nas famílias atrasadas, essa situação positiva é reprimida . Os pais se aborrecem com a grande quantidade de perguntas dos filhos pequenos. Eles tratam isso com menosprezo ou respondem de forma errada. Na realidade, espera-se que o excesso de perguntas da criança seja uma oportunidade propícia para o desenvolvimento de seu conhecimento, encorajando sua capacidade de raciocínio e entendimento. A mãe, dona de importante papel nesta fase, não pode, de nenhuma forma, permitir que a mente e a alma de seu filho seja um campo aberto diante dos programas de televisão, o que favorece que sua cultura e conhecimento sejam formados de acordo com orientações inconvenientes ao sistema de valores religiosos e sociais. Como não se pode descuidar das potencialidades da criança de compreensão e dedução. Há muitas verdades e compreensões diferentes que podem ser apresentadas à criança através de métodos de explicação e esclarecimento, de repetição e reiteração. Em muitos casos, a inteligência de algumas crianças e sua superioridade nos estudos são geradas pelo encorajamento e cuidado da família quanto ao desenvolvimento cultural e curiosidade científica, nos primeiros anos de vida.

A Orientação de Comportamento

Da mesma forma que a criança adquire o dom da palavra no ambiente familiar, adquire o seu comportamento e as regras que vão nortear seu relacionamento e tratamento. Por intermédio de suas observações, ela imita o comportamento daqueles que lhe estão mais próximos. A criança surge, portanto, para a vida, como uma página branca. Então, os desenhos das tradições e costumes que crescem em seu meio se refletem e desenham a página de sua alma e comportamento. O Imam Ali (AS) disse: “O coração do recém-nascido é como a terra vazia, que aceita o que for semeado nela.” Como a criança se influencia pelos que estão próximos dela, a mãe é a que mais poder tem na formação dos seus comportamentos. São esses anos básicos da sua vida que vão controlar a formação da sua futura personalidade.

A criança é muito observadora e especuladora quanto às atitudes e movimentos de sua mãe. Em seguida, passa a falar com ela e imitá-la. Permanecem na profundeza de sua alma e no recôndito de seus sentimentos muitas impressões originadas com suas observações e surgidas na convivência com os que a cercam. Essas impressões tornam-se a fonte de sua orientação e inspiração ao enfrentar as situações quotidianas, na vida futura. Alguns indivíduos importantes, pensadores e intelectuais falam sobre recordações de sua infância e sobre a influência daquela fase inicial, junto da mãe, na formação de suas personalidades. Eles se referem, na verdade, a um fenômeno geral, comum a todos os seres humanos. A partir dessa verdade, as mães conscientes, que têm características retas, dedicam-se à orientação educacional e à formação da personalidade de seus filhos num nível altíssimo, capacitando-os de maneira excelente.

Continua…

“O vínculo orgânico e psicológico entre mãe e filho é fundamental para a criança”

“A mãe tem os instrumentos que modelarão e formarão a personalidade do filho”.

Disse o Profeta (S): “A criança não tem melhor leite que o da sua mãe” “Mães conscientes formam seus filhos de maneira excelente”

 

 

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