Por: Al-Balagh Foundation
Tradução: Ahmed Ismail
Em Nome de Deus o Clemente o Misericordioso
O que é cultura, e quem é o homem culto?
Algumas vezes utilizamos a palavra “cultura”, e dizemos: Este homem é culto, e esta é a cultura islâmica. Então o que queremos dizer com cultura e homem culto?
Na verdade, o que queremos dizer com cultura é, um conjunto de conhecimentos, que o homem adquire e que influencia suas idéias, sua compreensão, seus hábitos, seus princípios morais e sua relação com Deus, a sociedade e a vida. Por exemplo, conhecimento ideológico, história, jurisprudência, literatura, lei, política, moral, psicologia, economia, sociologia, etc. E com homem culto nos referimos a um homem que adquire alguma parte dessas ciências e outros conhecimentos humanos, e que é influenciado por isso.
O homem precisa entender a vida política e social, conhecer a história, a jurisprudência, a ideologia, a lei, etc, a fim de viver uma vida pacífica e saudável na sociedade, ser capaz de traçar uma linha que seja a melhor para sua existência e ser bem sucedido em seu relacionamento com os demais. Portanto, a cultura é conhecimento e atitudes, ou é um conhecimento que purifica o comportamento do homem; pois uma pessoa ignorante não pode compreender apropriadamente as questões e atitudes.
Por exemplo: Temos necessidade do conhecimento para estarmos cientes da atmosfera política em nosso país, ou seu sistema político, ou o manifesto de um determinado partido, ou de um candidato presidencial ou membro da assembléia; ou ainda, o papel da mulher na sociedade, ou a questão do uso do hijáb ou de sua remoção, ou a questão dos direitos humanos ou alguma outra que diga respeito às seitas islâmicas ou à ideologia.
De fato, para entendermos tais questões e definirmos nossa posição em relação a elas, necessitamos do conhecimento e da consciência.
Um homem culto é aquele que possui conhecimento e entendimento, que possam habilitá-lo a compreender as questões e definir uma posição consistente em relação a elas, ou que pela dedução de diferentes tópicos ou assuntos ele possa estudá-las e interpretá-las. E quando um homem carece de cultura ou conhecimento, não há dúvida que é incapaz de definir uma posição consistente, em vez disso, será um imitador de outros, e isso põe em risco sua personalidade e o valor de sua opinião. Muitas vezes, um leigo ou iletrado tende a optar por uma posição equivocada em relação a uma determinada questão, e com isso se torna um imitador cego, e mais tarde se lamenta ao descobrir seu erro.
E um homem culto é um homem civilizado. Conhece o sentido de humanidade e o respeita; e é dotado de uma personalidade equilibrada, trata das coisas com consciência.
Um homem culto é aquele cujo conhecimento e cultura influencia seu comportamento e personalidade, e por isso, sua cultura é visível em seu modo de falar e tratar com as pessoas em seu convívio com elas.
A cultura emerge na personalidade do homem, em suas palavras, em seu modo de vestir, em sua aparência e em seu sistema de vida.
Um homem culto possui um comportamento correto, e escolhe suas ações, seu comportamento e suas palavras.
Por exemplo, ele define suas posições políticas a partir de seu conhecimento das questões pertinentes, define sua relação com as outras pessoas de acordo com o modo maduro de convívio social, longe de prejudicá-las ou maltratá-las.
E um homem culto, é aquele cuja personalidade se torna respeitada, equilibrada pela cultura, e é adornada com o bom comportamento e educação. É aquele que aprende o fundamento de uma relação social bem sucedida com os outros. Também é aquele que respeita as opiniões e pontos de vista alheios, tratando as pessoas com respeito.
Identidade Cultural
A cultura difere de uma ideologia para outra, de uma pessoa para outra, e em cada época. A cultura européia, materialista e capitalista, difere da cultura marxista, e estas duas culturas diferem da islâmica.
Identidade cultural significa: o tipo de cultura, por exemplo, a cultura islâmica, possui sua própria identidade, isto é, um tipo particular de cultura. É uma cultura baseada na crença em Deus, na revelação, na profecia, na crença no Dia do Julgamento, etc. Enquanto que, a cultura materialista se baseia na infidelidade e na descrença na existência em Deus, na religião e nos valores morais.
Portanto, um muçulmano culto é aquele que é versado no fundamento do pensamento islâmico, por isso a influência de sua cultura é percebida em seu comportamento, em seus escritos, se for um escritor, e no que ele diz. E um muçulmano culto é aquele que é versado no conhecimento islâmico, no conhecimento do Alcorão, nas tradições fiéis e na história do Profeta (saas); na história geral, na jurisprudência, na ideologia e no pensamento islâmico. Por tudo isso ele passa a ter ciência do conhecimento humano e da vida social de acordo com os ensinamentos do Islam. Por exemplo, entende a liberdade, a política, a moral, o relacionamento do homem e da mulher, o bom comportamento social etc, com base nos ensinamentos islâmicos. E, de modo idêntico, compreende as questões, pena islamicamente e julga de acordo com a medida do que é lícito ou ilícito, com a crença em Deus e sua correspondência com um intelecto são.
Protegendo a Identidade Islâmica
É dever dos eruditos religiosos muçulmanos, especialistas e jornalistas, proteger a identidade islâmica através de seus vários campos, como também é dever do governo, das universidades e instituições.
E de fato, os intelectuais muçulmanos, os sábios e especialistas têm produzido vários livros, jornais, revistas e programas de rádio e televisão com o intuito de criar cultura islâmica. Em vista disso, escreveram (obras) relacionadas à ideologia islâmica, à liberdade, os direitos humanos, à mulher no Islam, à filosofia do culto, o conhecimento alcorânico e dos ahadith, o sistema político islâmico, as relações sociais, o sistema econômico e educacional no Islam, como também escreveram sobre jurisprudência, história, moral e as dúvidas dos inimigos do Islam.
Base da Cultura Islâmica
Para se tornar familiarizado com a cultura islâmica, é necessário conhecer a base dessa cultura através das principais obras, estudos e programas islâmicos.
O método que proporciona a base da cultura islâmica para um muçulmano iniciante pode ser resumido da seguinte forma:
1 – A base da cultura islâmica é sua ideologia; e existem várias obras que tratam desse assunto.
Portanto, para uma pessoa se preparar com respeito à base da cultura islâmica, ela deve ler as obras ideológicas do Islam, ouvir as aulas gravadas ou comparecer às palestras sobre o assunto.
Aquele que possui o conhecimento dos princípios da ideologia baseada na convicção e na prova científica, a ideologia se implantará nele primeiro; e em razão disso, se tornará capaz de responder as dúvidas apresentadas contra a ideologia islâmica. Então, passará a conhecer a ideologia islâmica, o monoteísmo, a Justiça Divina, o decreto divino e a predeterminação, a profecia, o milagre e a revelação, a ressurreição, a recompensa, o imamato, etc. Para receber um sólido conhecimento ideológico, um leitor deve escolher uma obra de valor autêntico, que seja livre de idéias desviadas e erros, e ele deve adotar o Alcorão como medida para avaliar essas obras.
Imam Ja’far bin Mohammad As Sadiq (as) nos incentiva a formarmos nossa ideologia a partir do Alcorão. Relata-se que tenha dito: “Não deveis ir adiante do que está no Alcorão, pois vos desviareis depois de estardes na senda correta.”
2 – A cultura jurídica: a ciência da jurisprudência (Fiqh) nos proporciona o conhecimento das leis e das normas islâmicas em todos os empreendimentos da vida, as leis de família, de governo, dos bens, da terra, das transações comerciais, do culto, da dieta alimentar… etc, e muito especialmente as obrigações e injunções.
Assim, para adquirir o conhecimento jurídico, uma pessoa deve estudar obras de jurisprudência e aprender suas leis. Porém, devemos saber que o significado da jurisprudência não está limitado apenas ao conhecimento das leis islâmicas, significa também consciência e conhecimento da ideologia, do sistema, dos conceitos e das leis e da capacidade de dedução “istinbat.”
3 – Para aprimorar e ampliar seu conhecimento islâmico, e adquirir uma base cultural islâmica, uma pessoa deve ler livros sobre os princípios da jurisprudência (Usul Al Fiqh) ou de outras ciências do Alcorão (Ulum Al Qur’an) e então das ciências do Hadith (Ulum Al Hadith). Porque o estudo desses livros lhe dará o conhecimento essencial, mesmo que primário, do fundamento mais importante da cultura islâmica que diz respeito ao “ijtihad” (esforço para discutir e deduzir as leis e normas islâmicas para uma disposição prática) e de como extrair as leis de sua fonte, como também, a ciência do Alcorão e do Hadith.
4 – Sua cultura islâmica nunca estará completa a menos que se familiarize com a história do Santo Profeta (saas), estudando sua vida honorável e sua personalidade, a história dos grandes personagens do Islam, dos familiares do Profeta (Ahlul Bayt) (as). Esses estudos lhe darão a mais rica cultura em sua vida, quer seja no campo da moral, ou no campo das leis e do sistema de vida, ou ainda, no entendimento das leis islâmicas. Uma vez que isso lhe fornecerá as melhores lições e exemplos, e delineará o Islam em seu sentido prático. Existem diversas obras que tratam da história profética, e a pessoa pode escolher uma delas. Contudo, deve evitar os livros que contêm superstições e informações erradas sobre a história do Santo Profeta (saas) e de sua Santa Família (as).
5 – A moral: os princípios morais e a ética formam uma raíz básica para a cultura islâmica. Os eruditos e os intelectuais islâmicos escreveram obras sobre os princípios morais e a boa educação, portanto, para se familiarizar com a ética cultural, uma pessoa deve estudar a ciência da ética para ser bem versada nos princípios morais mediante o Alcorão e a Sunna Profética.
6 – A história islâmica: a história é professora e fixa os marcos para o homem; contém exortação, experiências e lições que são necessárias para ele. É uma valiosa fonte de conhecimento e cultura. A história nos conta sobre nossa nação, nosso povo e sua grande cultura, seu conhecimento e atitude em relação a outras comunidades. Nos relata o que nossos antepassados fizeram com respeito a conquistas de cidades, a libertação de suas populações, a luta contra a opressão, a corrupção, o imperialismo e a senda dos opressores; e nos dá um maior esclarecimento sobre a geração que nos antecedeu. Assim, o estudo e o conhecimento da história ampliam nossa cultura, mas esse estudo requer obras autênticas de história.
7 – Idioma e Literatura: o idioma árabe é o idioma do Islam, do Alcorão e dos ahadith proféticos, é o idioma de todo conhecimento islâmico, e compreende, por exemplo, a jurisprudência, a ideologia, os princípios jurídicos, a ciência do hadith, a filosofia, a moral, etc. A gramática árabe é considerada a mais importante ciência do idioma para um homem culto, pois estudar “nawh” (sintaxe) e “sarf” (gramática) é obrigatório para que se tenha uma boa e clara pronúncia e compreensão do idioma árabe. Aquele que não contar com o conhecimento de “nawh” seus erros na pronúncia e de entendimento serão perceptíveis e isso será um defeito em sua cultura, que deverá ser corrigido. Ademais, os erros de pronúncia na língua árabe muitas vezes alteram o sentido do que se quer dizer. Uma pessoa que não consegue se expressar bem, ou que comete erros em sua linguagem, permite que outros saibam de sua deficiência cultural. Portanto, a pessoa deve conhecer o significado das palavras árabes, as leis que governam a gramática e a sintaxe, os modos de expressão, e isso estudando, lendo e ouvindo programas produzidos para esse fim, ou lendo livros resumidos de sintaxe.
8 – O pensamento islâmico: Entre os principais patrimônios culturais islâmicos estão o conhecimento político, social, a doutrina econômica, etc.
Assim, para adquirir base sobre esses tópicos, uma pessoa deve ler livros escritos pelos sábios e intelectuais islâmicos na área da economia, dos sistemas de governo no Islam, do sistema social, familiar e educacional, da liberdade e dos direitos humanos no Islam…etc. De fato, ler esses livros, acompanhar programas de rádio ou televisão sobre a cultura e o pensamento islâmico, sem dúvida fornecerá à pessoa a base da cultura e do conhecimento; e isso abrirá um caminho para a compreensão desses temas, o que protegerá seu intelecto do desvio.
Assim sendo, é preciso primeiro reviver a cultura islâmica, antes de se estudar outra obras que tratem das culturas não-islâmicas, de maneira a construir sua própria cultura (identidade) islâmica a partir de uma fonte segura. Um jovem muçulmano que começa por adquirir uma cultura não-islâmica, e que desenvolve sua cultura a partir de uma fonte não-islâmica, viverá numa condição de incerteza e sem o entendimento do pensamento islâmico.
Cultura e Desenvolvimento Civil
A cultura e o pensamento do homem são influenciados pela vida civil que ele leva para produzir e realizar suas tarefas. Também é influenciado pelo desenvolvimento científico e industrial alcançado através dos meios de comunicação como o rádio, a televisão, a informática, o vídeo e o cinema. Outros desenvolvimentos industrias como a agricultura e os instrumentos de impressão, os equipamentos de tratamento, e muitos outros produtos industriais que o homem necessita para sua vida diária em seu modo de viver numa metrópole, e para o modo que as cidades e mercados são projetadas.
Esses equipamentos e produtos industriais mudaram inteiramente o modo de vida do homem na sociedade. Contribuem no desenvolvimento humano e em sua maneira de pensar, com efeitos positivos em termos de conforto e progresso, mas também efeitos negativos na vida social. O desenvolvimento industrial e uma vida exitosa derivam deles, influenciam as relações sociais, pois essas relações hoje, não são como eram antes. Atualmente, encontramos pessoas que vivem por muitos anos no mesmo lugar, sem nenhuma relação boa ou cordial entre elas.
Antes, famílias e vizinhos se visitavam e passavam muito tempo conversando, mas após a introdução da televisão em suas casas, as visitas diminuíram. As pessoas começaram a passar o tempo assistindo TV. E antes desse período, de dificuldades materiais, as pessoas tinham tempo para as relações sociais, visitavam os amigos e os parentes, mas depois de enfrentar problemas e dificuldades, essa boa relação diminuiu e se perdeu esse espírito social.
Para que sejamos vitoriosos sobre essa abordagem negativa da vida, devemos aumentar e expandir nossas relações com os amigos, parentes e vizinhos através da criação de organizações humanitárias em nossa região, comparecer às orações congregacionais nas mesquitas, visitar os amigos e os parentes nos feriados e épocas de festas. Devemos também nos saudar mutuamente nas cartas e telefonemas, buscar tempo para as relações sociais, porque tudo isso é compulsório (para os muçulmanos).
Um homem culto é um homem social, e sabe como viver em sociedade e agir positivamente com as pessoas. Em razão da importância das relações sociais é que os princípios islâmicos encorajam a sua expansão e desenvolvimento. Deus, o Magnificente, disse: “Ó humanos, em verdade Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente.” Alcorão (49: 13)
A Imitação Cultural
As pessoas, em seu modo de receber a cultura e os princípios da civilização, se dividem em dois grupos, e, também, em seu modo de pensar, em seu comportamento, modo de vestir, comer, viver e se relacionar.
O primeiro, recebe isso mediante a compreensão, a consciência e a convicção, sabe porque adota tal opinião ou ponto de vista e porque recusa outras. Sabe porque está agindo de uma determinada maneira ou porque deixa de fazê-lo.
O segundo é um grupo de imitadores, devido a falta de compreensão e consciência, apenas segue o que chega até ele por meio dos meios de comunicação. Recebe coisas não pela consciência ou compreensão, e este tipo de pessoa possui uma personalidade fraca; lhe falta capacidade e posição. Esse tipo de pessoa jamais será chamada de culta ou civilizada, mesmo se ela própria se denomine de culta e civilizada.
Muitas pessoas assistem a TV, ou o que é mostrado nos filmes, ou lêem o que está escrito nas revistas e jornais, ou vêem outras fazendo isso, e então são influenciadas.
De fato, o problema enfrentado pela maior parte do povo em nossos países islâmicos é a imitação cega da cultura ocidental. Alguns imitam a cultura ocidental no âmbito familiar, na liberdade, nos impulsos sexuais, com as mulheres, na vida social, na ética e na moral. Recebem isso pela imitação e sem qualquer discussão ou análise, ou sem atentar para as deficiências dessa prática na sociedade ocidental. Enquanto outros recebem alguma opinião errada com respeito ao Islam, e continuam a acreditar em tais idéias desviadas e chegam mesmo a defendê-las, ao invés de combatê-las no sentido de se livrarem delas ou mudá-las.
Um homem culto forma sua convicção e escolhe sua posição diante das coisas, personalidades e opiniões por meio da compreensão, da consciência e do conhecimento. Ele jamais aceita algo a menos que confie na pessoa que a narra e que compreenda o que lhe é exposto em toda sua extensão.
A Moralidade de Um Homem Culto
Entre as doenças que acometem o homem estão as doenças do caráter, como o orgulho, a arrogância, a presunção, a fraude, o egoísmo, o mal relacionamento com os outros, etc. Portanto, as mais famosas características de um homem culto é a capacidade de se libertar dos traços malignos do caráter e das doenças morais.
Talvez entre as mais conhecidas doenças morais que afetam algumas pessoas civilizadas ou cultas está o narcisismo e a reclusão com base em suposta superioridade em relação aos outros. Algumas pessoas se sentem acima de outras, assim, julgam que não merecem o seu respeito. Uma pessoa assim vive com os demais em arrogância e sentimento de superioridade. Esse tipo de doença retrata uma fraqueza na cultura e na civilidade da pessoa, e também o sentimento de fraqueza em seu íntimo. Sem dúvida que isso reduzirá seu respeito perante a sociedade e poderá acarretar a ira e o castigo de Deus sobre ela.
Uma pessoa culta que entende o significado da cultura e do conhecimento deve fazer da moralidade um importante elemento de sua formação cultural. Uma pessoa cuja personalidade moral é incompleta não é uma pessoa inteiramente culta, não pode ser chamada de uma pessoa culta em seu verdadeiro sentido, porque a personalidade humana depende de seus princípios morais, e isso é a fonte de seu conhecimento e aperfeiçoamento.
Ao descrever essa realidade, relata-se que o Santo Profeta (saas) tenha dito: “Fui enviado para completar os bons princípios morais.” e “A mais perfeita fé entre os crentes é a daquele cujos princípios morais são melhores.”
Um homem culto é aquele que respeita os demais, que conhece o valor de sua cultura, e trata as pessoas de acordo com a sua capacidade cultural e intelectual. Se ele tem algum conhecimento, ignora muitas coisas, e como os outros ignoram algo do que ele sabe, ele também ignora algo da cultura e do conhecimento dos outros. Isso é uma realidade, que qualquer pessoa entenderá, e é a fonte da humildade humana. Deus, o Magnificente, diz:
“Nós elevamos a dignidade de quem queremos, e acima de todo conhecedor está o Onisciente.” Alcorão (12:76)
Uma Disciplina de Trabalho
Para que uma pessoa se torne culta, ela deve edificar a cultura em si mesma. Para fazer isso, deve adotar um método a ser seguido. Existem diferentes meios de se conseguir cultura. Livros, revistas, jornais, programas de rádio ou TV, conferências, palestras, vídeos, internet, etc.
A pessoa deve utilizar seu tempo para adquirir conhecimentos de acordo com seu trabalho e suas responsabilidades. Ela pode experimentar as seguintes orientações para adquirir conhecimento e civilidade:
1 – Quando se levantar pela manhã, ler alguns versículos do Sagrado Alcorão e, antes de dormir, tentar memorizar um versículo, todos os dias, e ao menos duas tradições por semana.
2 – Tentar reservar um tempo para a leitura de livros sobre cultura e civilização, todos os dias. Ler jornais, ouvir noticiários e análises políticas, programas de TV sobre cultura.
3 – Organizar um horário para estudo extra com seus amigos uma ou duas vezes por semana, para ler um livro sobre cultura e uma discussão sobre o tema em seguida.
4 – Participar de reuniões culturais e cursos.
5 – Ter um livro de jurisprudência em sua mesa, e ler um parecer todo dia e tentar entender seu sentido.
6 – Levar um livro ou revista quando em viagem, para ler na estação ou dentro do ônibus, do trem ou do avião.
7 – Quando em descanso pela tarde, ler um livro ou revista, e os jornais antes de dormir.
8 – Reservar uma agenda para registrar dados gerais do que possa precisar mais tarde, ou do que tenha ouvido no rádio ou na TV. Escrever a fonte do dado ou informação, o número da página e a data.
Nossa Posição com Respeito a Cultura Alheia
O mundo atual se diferencia por meios de cultura, do conhecimento e do acúmulo de produção cultural. O quer inclui livros, revistas, jornais, rádio, tv, internet, fax e outros meios de comunicação. Todos esses equipamentos dão uma larga cobertura das atividades culturais em tempo real, e sem qualquer impedimento, como ocorria no passado. Esses desenvolvidos meios de comunicação nos transmitem diferentes tipos de cultura e pensamento.
Alguns deles nos proporcionam cultura boa e sã, que contribui em nossa orientação e no fortalecimento de nossa relação com Deus Onipotente, reformando nossa sociedade e nossa personalidade, no sentido do combate à corrupção, o crime e as más condutas.
Outros, porém, agem para difundir a infidelidade e a desordem moral, afastando o homem de seu Senhor. Encorajam o desvio, a separação de nossa personalidade e cultura de nossa civilização, ideologia e história islâmica; propagando o desvio e os mitos em nome do Islam, e com isso, prejudicando a imagem da cultura e do pensamento islâmico.
Muitos desses livros, artigos e idéias têm a intenção de prejudicar nosso pensamento islâmico e criar a dúvida em nossas mentes com respeito ao Islam, que afasta o homem da treva e o traz para a Luz; e tentam retratá-lo como uma religião do atraso.
Todos os dias nos vemos diante de diferentes tipos de cultura; não devemos de modo algum adotá-las. Pois fomos abençoados com uma base cultural que podemos utilizar na avaliação de qualquer coisa que chegue a nós. Devemos avaliar a idoneidade de qualquer informação cultural pela ideologia e as leis islâmicas. O que for aceito por uma mente sã e o que esteja em consonância com esses princípios, então é um valor cultural idôneo que deve ser adotado. Aquilo que contrarie esses princípios deve ser rechaçado.
Portanto, devemos tratar as demais culturas com precaução; aceitar o que esteja de acordo com os princípios islâmicos e rejeitar o que se oponha aos mesmos.
Nossa Posição Frente a Outras Opiniões:
Vivemos numa vasta sociedade humana em que diferentes e facciosas opiniões sociais, políticas e filosóficas se desenvolvem. As pessoas ao nosso redor são de diferentes seitas islâmicas e opiniões culturais, e mesmo de diferentes religiões. E com efeito, tratar com esses diferentes ideologias, opiniões e pessoas, deve se basear no diálogo e no entendimento. O modo certo será inferido através do conhecimento e do intelecto.
Contudo, devemos conhecer a opinião dos outros uma vez que desejamos formar nossa posição em relação a isso. Não é correto delinearmos nossa posição sobre qualquer pessoa a menos que conheçamos seu ponto de vista ou opinião, e que examinemos isso racional e cuidadosamente.
É um erro que os muçulmanos transformem a diferença de opinião entre os indivíduos de uma sociedade islâmica em inimizade, conflito e boicote. Nós, como muçulmanos, devemos crer na liberdade de expressão dada pelo Islam, aceitar a crítica e abrir o caminho para que os outros expressem sua opinião. Devemos estabelecer um diálogo científico, uma fonte essencial para a determinação do que é certo ou errado.