A História de Xuaib (A.S.)

Por Kamal al-Sayyd
Traduzido por Ismail Ahmed Barbosa Júnior

Uma tribo árabe vivia feliz na aldeia de Madyan, que possuía vales férteis. Havia uma pequena aldeia próxima a Madyan. Esta aldeia era famosa por seus jardins, se chamava Al Ayka. A vida desabrochava naquela área há milhares de anos atrás. O clima daquelas duas aldeias era ameno. Chovia bastante ali. A agricultura e os campos de pastagem eram prósperos. O povo das duas aldeias levava uma vida feliz. O povo de Madyan era de pequeno número. Então, a população aumentou em virtude da vida agradável que tinham. Madyan possuía muitos mercados e era cheia de atividade.

Havia um homem bondoso chamado Xuaib. Ele amava sua aldeia e sua tribo. Amava o povo em geral. Por esta razão ele se preocupava com os assuntos de Madyan e de Al Ayka. Por que Xuaib parecia triste? Por que ele sofria por seu povo? As pessoas de Madyan eram descrentes. Eram idólatras. Adoravam pedras inúteis. Imaginavam que ídolos poderiam dar a eles o sustento e abençoar a aldeia. Por isso o Profeta Xuaib estava triste. Seu povo não refletia sobre o céu estrelado. Não raciocinava sobre a terra cheia de montanhas. Não pensava sobre a criação das árvores. Se tivessem raciocinado sobre os ídolos teriam compreendido que eram coisas insignificantes. Se tivessem refletido atentamente sobre as pessoas, as árvores e as estrelas, teriam percebido que não havia nenhum deus senão Allah, o Glorioso. O Profeta Xuaib convocou seu povo a adoração de Allah e a que bandonassem a idolatria.

A Fraude nos Mercados

Allah, o Glorioso, deu ao povo de Madyan todas as coisas. As pessoas levavam uma vida feliz. Tudo estava disponível em seus mercados. Contudo, praticavam a fraude na compra e na venda. Adulteravam o peso das mercadorias. Tanto o vendedor quanto o comprador ludibriavam um ao outro. Quando compravam algo diminuíam o peso da mercadoria e quando vendiam aumentavam o peso. Achavam que estavam livres de suas ações. Foi então que Allah, o Glorificado, designou o fiel Xuaib como Profeta. Ordenou a ele que propagasse sua Missão.

A Missão Divina

O Profeta Shu’yab era um orador eloqüente. Suas provas eram fortes, pois falava em nome da verdade e da justiça. Falava na linguagem da natureza pura. Xuaib convocou seu povo a adorar Allah, o Deus Único, e a abandonar a idolatria. Em seguida, com calma, falou sobre os mercadores corruptos e a fraude na compra e na venda.

Disse a seu povo: “Com esses vossos atos, espalhais a corrupção. A vida social depende do intercâmbio das mercadorias. Vós deveis negociar vossas mercadorias mutuamente. A troca de mercadorias no mercado requer segurança pública. A segurança pública observará o peso, a qualidade e a quantidade de todas as mercadorias. Cuidado com a fraude mútua. Estejais atentos para não diminuirdes o peso daquilo que vendeis. Não considereis boas mercadorias como más. Se não vos afastardes desses atos, Allah, o Glorioso, destruirá vossos lares.”

A oratória de Xuaib era tolerante. Ele usava tais palavras porque desejava que o povo de Madyan levasse uma vida melhor. Que eles vivessem numa terra cheia de bondade, paz e fé. O Profeta Xuaib estava ciente do que havia atingido o povo de Noé, de Salih e de Hud. Sabia que Allah, o Glorioso, tinha destruído o povo de Noé com o dilúvio, a tribo de Çamud com ventos, Sadum e Amura (duas tribos do mar Morto) com meteoritos. Xuaib disse a seu povo: “Allah destruiu o povo de Lot porque desobedeceu a seu Profeta.”

O Conflito

O povo de Madyan se dividiu em duas facções. Uma que acreditou em Xuaib e em sua missão Divina. Os membros dessa facção eram pobres. A outra facção desacreditou em Xuaib e em sua missão Divina. Os ricos e os tiranos de Madyan formaram esta facção. Estes, hostilizavam Xuaib e os crentes. Ameaçaram-no, dizendo: “Xuaib , não compreendemos o que nos diz. Tu és uma pessoa fraca. Não fosse pelos membros de tua tribo, nós te mataríamos ou te expulsariamos de Madyan.” Xuaib (A.S.) disse a eles: “Por que temeis os membros de minha tribo e não temeis a Allah? Eu desejo propagar os bons costumes nesta aldeia e não desejo nenhuma recompensa por isso. Quero alertá-los quanto a ira de Allah! Se continuares a praticar a corrupção, a fraude e a idolatria. Allah certamente vos castigará!” Os tiranos retrucaram: “Nós somos livres para fazer o que quisermos! Somos livres para gastar nosso dinheiro!” Um dos descrentes riu e disse: “Ordena-nos a abandonar nossos deuses? Acaso nos impedem de gastar nosso dinheiro livremente?” Xuaib respondeu: “Liberdade não significa que podeis oprimir vossos semelhantes.Gastai vosso dinheiro livremente. Porém, não sereis opressores uns dos outros. Não defraudeis. Comprai e vendei com medidas justas. Viveis numa mesma aldeia. Deveis auxiliar-vos mutuamente e respeitar a liberdade uns dos outros.””Meu povo, implorai a Allah o perdão, retorneis a Ele arrependidos. Em verdade, meu Senhor é o Mais Generoso, o Mais Misericordioso. Allah deseja que seguis o caminho do bem. Por isso Ele me enviou a vós.” Um dos descrentes disse: “Xuaib , tu estás enfeitiçado! Jamais compreenderemos tuas palavras! Se não fosses um dos nossos parentes, te mataríamos! Podemos fazer isso quando quisermos!”

O povo de Xuaib era rebelde. Não deu ouvidos a suas palavras. Xuaib avisou-ou da ira de Allah, dizendo: “Meu povo, faça de acordo com vossa capacidade. Eu agirei de acordo com a minha. Logo Sabereis para quem a punição e a desgraça virão. “Um dos descrentes respondeu: “Nós te consideramos um mentiroso. Se és fidedigno, que o teu Senhor nos castigue!” O Profeta Xuaib disse: “Logo sabereis quem é mentiroso!” Assim, ele os deixou e foi para a aldeia vizinha de Al Aika.

O Povo de Al Aika

O Profeta Xuaib não era de Al Aika, ele pertencia ao povo de Madyan. Quando Xuaib chegou a Al Aika, encontrou o povo daquele lugar levando uma vida similar a do povo de Madyan. Xuaib encontrou pomares cheios de árvores frutíferas. As árvores se inclinavam entre si (carregadas de frutos). Fontes jorravam da terra e das rochas. Elas aguavam os campos. Porém, o povo de Al Aika também era idólatra. E também praticavam a fraude em seus negócios. Por isso o Profeta Xuaib disse a eles: “Acaso não temeis a ira de Allah? Temo que Allah os castigue. Allah detesta a corrupção e a maldade. Não espalheis a corrupção na terra.” O povo de Al Aika recusou-se a crer na missão de Xuaib. Acusaram-no de mentir e de praticar a magia. Disseram a ele: “Se és verdadeiro, então que teu Senhor nos castigue !” Educadamente, Xuaib disse a eles: “Em verdade, Allah conhece vossas ações. Eu desejo propagar a palavra de Meu Senhor e desejo difundir as boas maneiras tanto quanto for possível”. Um dos descrentes disse: “Não existe nenhuma diferença entre tu e nós. És igual a nós.”

Xuaib retornou a Madyan. Quanto ao povo de Al Aika, continuou vivendo afastado da fé, da justiça e da retidão. Na aldeia de Madyan, o conflito entre os crentes e os descrentes havia começado. Os descrentes se recusavam a acreditar na Mensagem Divina. Além disso, ameaçavam e ofendiam os crentes para forçá-los a idolatria. Xuaib aconselhou seu povo, dizendo: “Não obstruis o caminho da fé, pois este é o caminho iluminado na escuridão. Allah, o Glorioso, não perdoará este vosso pecado.”

Um dia, os descrentes vieram a Xuaib e disseram: “Expulsaremos a ti e a teus seguidores. “Um dos crentes protestou: “Nada fizemos para merecer expulsão !” Um descrente retrucou: “Vos obrigaremos a seguir nossa crença.” O Profeta Xuaib(A.S.) disse: “Abominamos vossa crença. Os crentes não seguirão vossa religião, pois Allah iluminou seus corações com a fé.” Então, Xuaib ergueu as mãos para o céu e humildemente disse: “Nosso Senhor, decidí entre nós e nosso povo com a verdade. Tu és o melhor dos juízes.”

O Fim

O Profeta Xuaib deixou seu povo. Entretanto, os descrentes não deixavam Xuaib e os crentes viverem em paz. Não poupavam esforços para impeli-los a seguir sua religião. Continuamente os ofendiam. Quando alguém queria ir até Xuaib ouvir suas palavras, os descrentes impediam-no e o ameaçavam. O Profeta Xuaib recordava a seu povo sobre o destino das nações do passado. Dizia a eles: “Se ofenderdes a declarardes guerra a mim, Allah vos castigará como castigou os povos do passado, que ofenderam seus profetas e declararam guerra aos crentes.” O povo de Xuaib conhecia as ruínas de Sadum e Amura’, entretanto não tiravam lição disso.

O Dia prometido chegou. O povo se prostrou à seus ídolos e em seguida foram para o seu trabalho ao amanhecer. Seus mercados estavam ruidosos, seus olhos brilhavam de fraude. Pensavam sobre as maneiras de enganar os demais comerciantes e ganhar mais dinheiro. Assim o dia se passou, o sol se pôs e a noite veio. As horas da noite se passavam lentamente. De repente, um terremoto aconteceu. Aqueles momentos foram terríveis . Madyan foi reduzida a ruínas. Allah salvou apenas os crentes daquele terremoto. O Altíssimo também castigou a aldeia de Al Aika. O profeta Xuaib viu as ruínas da aldeia, e disse:

“Meu povo, eu comuniquei a vós a Mensagem de meu Senhor e dei a vós bons conselhos., como , pois lamentarei por um povo descrente?”

O Profeta Xuaib passou o resto de sua vida em Madyan pastoreando seu rebanho. Quando se tornou um ancião, suas duas filhas cuidaram do rebanho. Elas sofriam muito com esse trabalho. Quando desejavam dar água ao rebanho, ficavam envergonhadas com os pastores. Um dia, um jovem veio do Egito. Ele tinha trinta anos de idade. Seu nome era Mussa Ibn Imran que havia fugido da opressão dos faraós e veio para a aldeia de Madyan. O que tinha acontecido? Saberemos na história de Mussa Ibn Imram, ou, Moisés.

“E aos medianitas enviamos seu irmão Xuaib, que lhes disse: Ó povo meu, adorai a Deus, porque não tereis outra divindade além d’Ele! Já vos chegou uma evidência do vosso Senhor! Sede leais, na medida e no peso! Não defraudeis o próximo e não causeis corrupção na terra, depois de ela haver sido pacificada! Isso será melhor para vós, se sois fiéis..”

“Os chefes que se ensoberbeceram, dentre o seu povo, disseram-lhe: Juramos que te expulsaremos da nossa cidade, ó Xuaib, juntamente com aqueles que contigo crêem, a menos que retorneis ao nosso credo. (Xuaib) retrucou: Ainda que o deploremos?”

“Mas os chefes incrédulos, dentre o seu povo, disseram: Se seguirdes Xuaib, sereis desventurados! Então, fulminou-os um terremoto, e a manhã encontrou-os jacentes em seus lares”.

(Alcorão Sagrado C. 7 – V. 85, 88, 90 e 91)

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