A Principal Diferença entre Xiitas e Sunitas

Não existe uma diferença básica entre shi’as (xiitas) e sunitas tendo em vista os artigos da Fé Islâmica. Entretanto, existe uma discordância entre as duas escolas nas duas áreas que se seguem:

1- O Califado (sucessão/liderança) no qual a shi’a acredita ser um direito dos Imams da Ahlul-Bayt (Casa do Profeta).

2- A regra islâmica quando não existe nenhuma declaração Alcorânica clara, e nem existe uma hadith aceita pelos jurisconsultos muçulmanos.

O segundo ponto têm suas raízes no primeiro. A shi’a limita-se a se referir à Ahlul-Bayt para descobrir a origem da sunnah do Profeta (S.A.A.S.). Eles fazem isso em conformidade com a ordem que o Profeta relatou em coleções de tradições autênticas sunni e shi’a que são atestadas pelo Alcorão como perfeitamente puras.

A discordância no que diz respeito ao califado não deve ser uma fonte de divisão entre as duas escolas. Os muçulmanos concordam que o califado de Abu Bakr veio através de uma eleição composta por um número limitado de pessoas e que foi uma surpresa para todos os outros companheiros do Profeta (S.A.A.S.). Por número limitado, eu quero dizer que a maioria dos proeminentes companheiros do Profeta (S.A.A.S.) não teve nenhum conhecimento à respeito desta eleição. Ali, Ibn Abbas, Uthman, Talha, Zubair, As’d Ibn Abi Waqqas, Salman al-Farsi, Abu Dhar, Amma Ibn Yassir, Miqdad, Abdurrahman Ibn Owf estavam entre os que não foram consultados ou mesmo informados à respeito de tal eleição. Até mesmo Umar confessou que a eleição de Abu Bakr foi sem nenhuma consulta aos muçulmanos. (Veja Sahih al-Bhukari, arabic-english, trad. 8.817).

Contrariamente a isso, uma eleição implica em escolha e liberdade, e que cada muçulmano têm o direito de eleger seu representante. E quem reluta em elegê-lo não se opõe à Allah ou ao Seu Mensageiro, pois nem Allah e nem Seu Mensageiro apontam a um representante pelas pessoas (por eleições).

A eleição, em sua natureza, não compele nenhum muçulmano a eleger um representante específico. Pois desta forma a eleição seria uma coerção. Isto significa que a eleição iria perder sua natureza e se tornaria uma operação ditatorial. E é bem conhecido que o Profeta (S.A.A.S.) disse: “Não há nenhuma validade em uma aliança dada pela força”.

O Imam Ali se refutou a dar sua aliança a Abu Bakr por seis meses. Ele deu sua aliança a Abu Bakr somente após o martírio de sua esposa, Fátima al-Zahra, filha do Sagrado Profeta. (Veja Sahih al-Bukhari, arabic-english version, trad. 5.546). Se relutar-se a dar aliança à um representante eleito fosse proibido no Islam, o Imam Ali não teria se permitido atrasar sua proclamação de aliança. Na mesma tradição (hadith) no Sahih al-Bhukari, o Imam Ali (A.S.) disse que possuía alguns direitos no Califado que não foram honrados, e ele lamentou-se porque Abu Bakr não o consultou no momento de decidir sobre quem seria o líder. Ele deu sua aliança mais tarde quando percebeu que a única maneira de salvar o Islam era deixar o isolamento que foi ocasionado pela sua reluta em dar o voto de aliança.

O que mais? Os bem conhecidos companheiros do Profeta (S.A.A.S.), Abdullah Ibn Umar e Sa’d Ibn Abi Waqqas, se recusaram a dar aliança ao Imam Ali durante toda a duração de seu califado. (Ibn Al-Athir, sua história, Al-Kamil, v3, p98). Mas o Imam Ali não puniu estes companheiros.

Se era permissível para um muçulmano, que foi contemporâneo do califado, se recusar a dar sua aliança, é mais permissível ainda, para uma pessoa que veio muito depois, acreditar ou não nas qualificações de um califa eleito. Fazendo isso, ela não estará pecando, visto o fato de que o Califa não é indicado por Allah.

Os shi’as dizem que o Imam deve ser indicado por Allah; Esta indicação deve ser conhecida através da declaração do Profeta (S.A.A.S.) ou do Imam precedente. Os juristas sunnis dizem que o Imam (ou Califa, como eles preferem chamar) deve ser eleito, ou nomeado por um Califa precedente, ou selecionado por um comitê, ou deve tentar ganhar o poder através de conflito militar (como foi o caso de Muawiyah).

Os jurisconsultos shi’a atestam que um Imam divinamente indicado é livre de erro, e que Allah não concede tal posição a uma pessoa pecaminosa. Os jurisconsultos sunni (incluindo os Mu’tazilitas) atestam que o Imam pode ser pecaminoso à medida que ele é apontado por outros e não por Allah. Mesmo se ele é um tirano e afundado em erros (como o caso de Muawiyah e Yazid) a maioria dos jurisconsultos das escolas Hanbali, Shafi’i e Maliki desencorajam as pessoas à se levantarem contra o Califado. Eles acreditam que eles devem ser preservados mesmo que se discorde de suas ações errôneas.

A shi’a atesta que o Imam deve possuir todas as boas qualidades como, conhecimento, bravura, justiça, sabedoria, piedade, amor à Allah, etc… Os jurisconsultos sunni atestam que isto não é necessário. Uma pessoa inferior à estas qualidades pode ser eleita em preferência sobre uma pessoa que tem todas estas qualidades em grau superior.

Fonte: Al-Islam.org (Ahlul Bayt Digital Islamic Library Project)

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