Em nome de Deus, o todo poderoso
O fato de terroristas rancorosos terem profanado o túmulo do grande companheiro Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) e a transferência do seu abençoado corpo a um local desconhecido seguida da demolição do seu santuário de uma forma chocante é um ato condenável por parte da consciência de toda a humanidade. Este ato bárbaro e criminoso é uma ofensa contra os limites divinos, os quais sempre foram bem claros no sentido de jamais permitir a ofensa aos mortos e seus túmulos.
Este ato é uma violação clara de todos os valores e leis humanas, religiosas e éticas, pois o respeito aos mortos em geral, e aos muçulmanos de uma forma mais específica, é uma obrigação de todos, e jamais pode ser violado, especialmente por aqueles que alegam seguir a religião islâmica como doutrina de vida.
Este é um ato condenável em todos os seus aspectos e jamais pode ser enquadrado como parte dos confrontos contra o governo da Síria, pois a mensagem principal e direta deste ato cruel é a incitação de intriga e instigação do ódio entre os muçulmanos.
Se este ato bárbaro é pecado sobre qualquer morto muçulmano imaginem então se for praticado contra o túmulo de um dos companheiros mais fiéis do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.)!
Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) se converteu ao Islam juntamente com o seu irmão, diante do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e foi um dos grandes homens do Islam, possuindo posição e destaque registrados na história da religião. Ele era um dos companheiros mais próximos do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), que lhe transmitiu o conhecimento, crença, ética e sua tradição, e assim ele se destacou entre os companheiros fortes e fiéis da religião.
Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) foi paciente e era um dos seguidores dos Ahlul Bait (A.S.), viveu ao lado do príncipe dos fieis, Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.), e era um dos seus companheiros e aprendizes mais próximos, até aprender com ele o puro conhecimento islâmico e repassar o que aprendeu às pessoas ao seu redor, permanecendo firme neste método.
Participou ao lado do Imam Ali (A.S.) em todas as batalhas, Seffin, Jamal e Nahrawan, e nelas demonstrava coragem e firmeza na luta pelo Islam. Seu coração, sua mente e sua alma se enchiam dia pós dia com o amor ao Islam e ao Imam Ali (A.S.).
Foi Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) quem narrou o famoso dito do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) sobre as virtudes do Imam Ali (A.S.): “Quem ama Ali, me ama, e quem odeia Ali, me odeia”.
O coração deste grande companheiro foi preenchido de uma forma absoluta pelo amor ao Imam Ali (A.S.) e aos Ahlul Bait (A.S.), pois ele sabia que este é um dos sinais da aproximação de Deus, baseado no dito do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) que dizia sobre a posição do Imam Ali: “Ó Ali, não vos amará exceto o verdadeiro fiel e não vos odiará exceto o hipócrita”.
Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) testemunhou o dito que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse ao companheiro Ammar ibn Yaser: “Ó Ammar, se as pessoas seguirem um caminho e Ali seguir outro, então deixa tudo e siga o caminho de Ali”.
Ele (R.A.) ouvia sempre o famoso dito do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) que dizia: “Ali está com a verdade e a verdade está com Ali. A verdade rodeia Ali conforme suas ações, e estes dois, Ali e a verdade, jamais se separarão até se apresentarem a mim no poço (até o dia do juízo final)”.
Este grandioso companheiro (R.A.) ouviu diretamente do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a forma como seria martirizado: “Ó Hijr, tu serás executado por causa do seu amor a Ali …” e Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) aceitou esta profecia sem um pingo de medo ou arrependimento.
Quando o Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.) foi visitado por Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) em sua casa depois de ter sido ferido pelo amaldiçoado Ibn Muljam (L.A.), perguntou a Hijr: “Como agirá quando for convocado a rejeitar a minha pessoa?” Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) respondeu ao Imam Ali (A.S.) com total confiança e segurança: “Por Deus, ó Príncipe dos fiéis, se me cortarem em pedaços, me queimarem e espalharem minhas cinzas jamais te rejeitaria”. Então, o Imam Ali (A.S.) disse: “Que Deus te abençoe ó Hijr, que Deus te recompense em nome dos Ahlul Bait (A.S.) do Profeta Mohammad (S.A.A.S.)”.
Perante o povo de Cufa o Imam Ali (A.S.) anunciou o fim honroso de alguns de seus companheiros, entre eles Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.): “Ó povo de Cufa, serão executados sete dos melhores homens entre vós, os quais pagarão pelo valor de sua fé em Deus …”. Tempos depois esta profecia era testemunhada pelo povo, e este foi o preço pago pelo amor e lealdade ao Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.), pela sua luta em prol da verdade e contra a injustiça e os opressores.
No ano 51 Hejrita, na época do governador de Cufa, Ziad ibn abih (L.A.), todas estas profecias foram testemunhadas. Ele (L.A.) enviou uma mensagem para Muáwiyah ibn Sufian (L.A.) e o comunicou sobre a presença deste companheiro leal aos Ahlul Bait (A.S.) em Cufa. Em seguida, Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) foi preso juntamente com seus filhos e companheiros, e todos levados algemados até o governador de Sham na época, Mu’awiyah ibn Sufian (L.A.).
Mu´awiyah (L.A.) pediu a ele que renegasse e rejeitasse Ali (A.S.), e Hejr ibn Adei Al-Kendi (R.A.) se negou com muita firmeza a fazer isso. Então, Mu´awiyah (L.A.) pediu que seus servos cavassem um grande túmulo, e pediu para que todos os prisioneiros vestissem suas mortalhas, e talvez assim sentiriam a pressão e lhe obedeceriam. Mas isso não os assustou e todos continuaram firmes em sua lealdade aos Ahlul Bait (A.S.) e ao Imam Ali (A.S.). Neste momento Mu´awiyah (L.A.) ordenou a execução de todos na região de Marj, localizada a 20 Km de Damasco, onde foram enterrados e dessa forma atingiram o grau de mártires, como fora prometido pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e o Imam Ali (A.S.).
Ao passar do tempo alguns fiéis virtuosos e bondosos levantaram muros sobre os túmulos destes grandes homens, e construíram um santuário para que permanecesse como testemunha viva da injustiça de Mu´awiyah ibn abi Sufian (L.A.) e dos Omíadas contra os Ahlul Bait (A.S.) e seus companheiros. Este santuário se transformou em ponto de destino para os muçulmanos que desejam renovar os votos de fidelidade à verdade e justiça, contra a opressão e a injustiça. Mas isso não agradou ou satisfez os Takfiriyin e os novos Khawarej, que foram até o santuário, roubaram seus pertences e profanaram o túmulos deste grandioso companheiro do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.).
Nós, no mesmo momento que condenamos e rejeitamos esta ação bárbara e desumana, repleta de ódio, exigimos firmemente das organizações internacionais e humanas, países islâmicos e árabes, conselhos de segurança, organizações de Direitos Humanos, organização dos países islâmicos, Liga dos Países Árabes, partidos e instituições islâmicas em todo o mundo, que condenem este ato criminoso e que ponham fim a atos iguais a este, que buscam criar intrigas e conflitos internos entre os muçulmanos no momento em que mais necessitamos da união para enfrentar um único inimigo, que ocupa o território palestino e busca se apossar de Jerusalém e humilhar o povo palestino.
“E preveni-vos contra a intriga, a qual não atingirá apenas os iníquos dentre vós; sabei que Deus é Severíssimo no castigo.” Surata Al-Anfal (C. 8) – Versículo 25
Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji
Centro Islâmico no Brasil
Maio de 2013