A Vida de Malik Al Ashtar

Malik bin al Haarth al Nakhay pertencia a uma antiga tribo iemenita. Ele abraçou o Islam na época do Profeta (saas) e foi leal ao Islam. Malik tomou parte e lutou com bravura na batalha de Yarmuk. Ele demonstrou sua atitude corajosa ao enfrentar os ataques das forças romanas. Nessa ocasião, sofreu um golpe de espada na parte inferior do olho (que cortou sua pálpebra) e por isso, era chamado Al Ashtar.

No ano 30 (hijirita) os sahaba do Profeta, em Kufa, no Iraque e em outras cidades estavam descontentes com o comportamento de seus governantes. Al Walid Bin Utbah, meio irmão do terceiro califa (Uthman), governador de Kufa, comportava-se de modo contrário ao Islam – consumia bebidas alcoólicas e passava seu tempo em diversão. Certo dia, Al Walid chegou à mesquita embriagado. Ele realizou a prece da aurora com quatro raka’at. Em seguida, virou-se para os fiéis e disse com sarcasmo: “Orei menos, devo orar mais?” As pessoas ficaram irritadas com seu procedimento. O povo o criticou em todos os lugares, nos mercados, casas e mesquitas. Perguntavam-se: ”O califa Uthman não teria um bom governador para substituí-lo?” Al Walid consumia bebida alcoólica abertamente, violava os ensinamentos islâmicos e os direitos dos muçulmanos.  Assim, as pessoas pensavam num meio de resolver o problema. Por fim, decidiram pedir o conselho dos virtuosos. Foram até Malik Al Ashtar e ele disse: “Primeiro, seria melhor que vocês o aconselhassem. Depois disso, se não surtir efeito, informem o Califa Uthman sobre seu mau comportamento.

Malik Al Ashtar e algumas boas pessoas foram até o palácio de governo. Quando entraram, viram Walid bebendo como de costume. Eles o aconselharam, porém Walid os insultou e os mandou embora. De maneira que decidiram ir até Medina conversar com o Califa Uthman. A delegação encontrou-se com o Califa e informou-o sobre o que estava acontecendo. Infelizmente o Califa respondeu-lhes com insultos e recusou-se a ouvir suas reclamações. Desapontados, cogitaram recorrer a Ali Ibn Abu Talib, Amr al Um’uminin (as), tendo nele a última esperança para resolver a situação.

Os sahaba foram até o Imam Ali (as) e o informaram sobre a corrupção e a perseguição do governador. O emir dos Crentes (as) ficou triste ao ouvir aquilo, e seguiu para o palácio de Uthman. Imam Ali (as) disse ao califa: “Os muçulmanos se queixam da perseguição do governador, e você sabe muito bem que eu ouvi o Profeta Mohammad (saas) dizer: “No Dia do Juízo o Imam injusto será levado ao inferno e ninguém o auxiliará ou apresentará desculpa para ele. Então, será lançado no Fogo e girará (nas chamas) até que entre no calor (mais) intenso”.

O Califa refletiu por um momento, inclinou sua cabeça entristecido e admitiu seus erros. Em seguida prometeu que pediria perdão a Deus e que se desculparia com os muçulmanos. Imam Ali (as) saiu para dar as boas novas aos que o acompanhavam e todos ficaram muito felizes. Porém, Marwan bin Hakam, um hipócrita, disse ao Califa: “Você faria melhor se ameaçasse o povo para que ninguém ousasse falar mal do Califa”. Uthman quebrou sua promessa e não trocou os governadores. Ao mesmo tempo, fez uso de uma política restritiva contra o povo. Muawiyah Ibn Abu Sufian, o governador de Shaam (Síria) aconselhou-o a banir alguns companheiros do território islâmico.

Assim, o Califa Uthman baniu Hazrat Abu Zar Ghaffari (r.a.), o grande companheiro do Profeta para o deserto de Rabza onde veio a morrer solitário. Uthman também atacou outro grande sahaba do Profeta, Ammar Bin Yasir, filho dos dois primeiros mártires no Islam, Yasir Ibn Masud e Sumayyah Bint Khabbab. Ainda chicoteou Abdullah Ibn Masud, outro sahaba do Profeta Mohammad. De modo que o povo o criticou por sua politica de governo.

Outros companheiros do Profeta enviaram cartas a todas as cidades; essas cartas diziam: “Muçulmanos, venham até nós para salvar o califado, o Livro de Deus tem sido distorcido e a sunnah do Profeta está a ser mudada. Assim sendo, venham até nós se creem em Deus e no Dia do Juízo”.

Os muçulmanos afluíram de todos os pontos a Medina. Malik al Ashtar representou os revolucionários. Eles se encontraram com o Califa Uthman para resolver os assuntos do Estado muçulmano. Solicitaram a Uthman que deixasse o governo. Mas, o Califa se recusou a fazê-lo. Imam Ali (as) tentou resolver a situação, mas todos seus esforços foram em vão.

A razão era o descontentamento dos muçulmanos com o Califa e a perseguição de seus governadores. Entretanto, o Califa insistia com sua política. Por fim, os revolucionários cercaram o palácio, escalaram os muros, invadiram o quarto de Uthman e o assassinaram. Marwan Bin Hakam e outros hipócritas fugiram. Talha e Zubair, ambiciosos em relação ao Califado, auxiliaram os revolucionários. Contudo, o povo tinha unicamente a intenção de eleger Imam Ali (as).

Uma multidão foi à casa do Emir dos Crentes, pediram-lhe que se tornasse o Califa, mas ele se recusou. Malik al Ashtar e outros companheiros insistiram em que o Imam aceitasse o Califado. Malik Al Ashtar dirigiu-se ao povo com entusiasmo e disse: “Este é o regente do Profeta Mohammad. Ele recebeu seu conhecimento diretamente do Profeta. O Livro de Deus mencionou sua fé, o Profeta Mohammad (saas) informou-o de que ele entraria no Jardim Ridwan (no Paraíso). Sua personalidade é perfeita. As pessoas no passado e no presente tiveram e têm convicção acerca de seu comportamento e sabedoria.

Malik foi o primeiro a indicar o Imam dos Fiéis (as) para o Califado, e foi então seguido pelos muçulmanos. Quando Imam Ali (as) se tornou califa uma nova época teve início. Ele exonerou todos os governadores injustos e nomeou pessoas virtuosas para os respectivos cargos. Alguns ambicionavam o califado, dentre eles, Talha e Zubair. Esses dois homens recorreram a Aysha, filha de Abu Bakr, com a intenção de incitar uma ressurreição contra o Imam Ali(as). Marwan Bin Hakim buscou tirar vantagem dessa situação. Ele começou a pagar pessoas com o dinheiro que havia roubado, para formar um exército, e anunciou que se vingaria dos assassinos de Uthman.

A Batalha de Jamal (Camelo)

Esse exército (de Marwan) se dirigiu a Basra. Ali, os revoltosos atacaram o governador, arrancaram sua barba e o depuseram. O tesouro público foi roubado. O Emir do fiéis (as) enfrentou aquela insurreição energicamente; encaminhou-se a Basra para convocar o povo para a luta contra os rebeldes.

Abu Musa Al Ashari, governador de Kufa, desencorajou o povo de enfrentar os rebeldes; ordenou aos seus concidadãos a desobediência ao Imam Ali (as), de modo que houvesse uma guerra entre muçulmanos. Malik al Ashtar foi um homem corajoso e determinado. Ele percebeu que o povo de Kufa tradicionalmente apoiara a Imam Ali (as) e que somente Abu Musa Al Ashari os impedia de continuar a fazê-lo. Ao chegar em Kufa, Malik convocou o povo a segui-lo. Um grande número de pessoas o obedeceu. Assim, ele pôde atacar o palácio do governador e dispersar a guarda oficial. Naquele momento, Abu Musa Al Ashari estava na mesquita pedindo ao povo para que se mantivessem em suas casas e desobedecessem Imam Ali (as). Os guardas chegaram ali e o avisaram da ocupação do palácio.  Abu Musa pediu o prazo de um dia a Malik para deixar Kufa. Malik aceitou seu pedido. Naquele mesmo dia Malik seguiu para a mesquita a fim de convocar o povo a apoiar Imam Ali Ibn Abu Talib (as).

Malik conseguiu formar um grande exército, com mais de dezoito mil combatentes. Al Hasan (as) lierou nove mil homens. Eles marcharam pela cidade enquanto outros cruzaram o rio. O propósito era se juntar às forças de Imam Ali (as) em Dhiqar na região sul do Iraque. Imam Ali (as) liderou o exército e avançou até Basra, onde encontrou as tropas aliadas de Aysha, cujos líderes eram Talha, Zubair e Marwan bin Hakam. Malik liderava a ala direita, Ammar Bin Yasir a ala esquerda e Imam Ali (as) o bloco central de seu exército. Muhammad bin Hanafyya, filho de Imam Ali, carregava a bandeira.

O exército de Aysha iniciou sua ofensiva lançando setas contra as forças de Imam Ali (as). Alguns combatentes tombaram mortos e outros ficaram feridos. O exército de Imam Ali queria responder à investida, mas o Emir dos Fiéis (as) impediu e disse: “Quem pode pegar este Alcorão Sagrado e ir até eles para convocá-los (a fé) Decerto que eles o matarão”. Um jovem disse: “Ó Emir dos Fiéis, eu o farei”. Um muçulmano se dirigiu às tropas de Aysha erguendo o Alcorão. De lá gritaram: “Lançai setas contra ele!” O homem tombou e se tornou um mártir. Nesse ínterim, Imam Ali (as) ergueu suas mãos ao céu e orou a Deus Todo-Poderoso para que lhe concedesse a vitória. Ele disse: “Ó Allah, os olhares estão fixos em Ti! E as mãos estão estendidas! Nosso Senhor, julga entre nossa nação e nós com justiça! E Tu és o Melhor dos juízes”.

Em seguida o Emir dos Fiéis (as) ordenou aos combatentes que atacassem. Malik Al Ashtar avançou e lutou com bravura. Choques violentos ocorreram ao redor do camelo. Imam Ali (as) percebeu que matar o camelo faria o derramamento de sangue cessar pondo fim ao combate. Após duros enfrentamentos, o exército de Imam Ali conseguiu matar o camelo, o exército oponente, tomado pelo desânimo, começou a se dispersar e a fugir do campo de batalha. Imam Ali (as) ordenou aos combatentes que cessassem as operações de guerra. Depois disso, ordenou que tratassem Aysha com respeito e que a levassem de volta a Medina.

Malik Al Ashtar e Ammar bin Yasir visitaram Aysha, e ela disse: “Malik, você estava prestes a matar meu sobrinho”. Malik respondeu: “Sim, eu queria livrar a ummah de Mohammad dele. Mas eu não o matei por estar jejuando Há três dias, e eu sou um idoso”.

Nos dias normais, Malik parecia um homem pobre, vestia-se com roupas simples e caminhava de modo humilde. Assim, a maioria das pessoas não o conheciam. Certo dia, enquanto caminha na rua, um homem tolo estava comendo tâmaras e atirando para longe os caroços. Malik passou diante dele e o homem lançou um caroço que o atingiu nas costas. O homem começou a rir dele. Um transeunte viu aquilo e disse: “O que está fazendo?  Não sabe quem é este homem?” O tolo respondeu: “Não, quem é ele?” O outro respondeu: “Ele é Malik Al Ashtar, comandante em chefe do exército de Imam Ali”. Malik continuou a caminhar sem prestar atenção ao homem. Ele relembrou como os politeístas trataram Mohammad (saas) em Makka lançando lixo sobre ele enquanto o Profeta (saas) se manteve em silêncio. Malik entrou na mesquita e começou a orar pedindo para que Allah perdoasse aquele homem. Pouco depois, o homem entrou ali apressado, abraçou Malik e disse: “Eu quero que me desculpe pelo meu mau comportamento”. Malik respondeu com um sorriso: “Irmão, não se preocupe. Por Deus, eu entrei na mesquita para orar e pedir a Deus que o perdoasse”.

A Batalha de Siffin

O Imam Ali (as) escolheu pessoas dignas para governar as cidades. Ele nomeou Malik Al Ashtar como governador de Mousal, Sinjar, Nasebben, Heet e Anat, áreas fronteiriças da Síria.

Muwaiyah Ibn Abu Sufian desobedeceu o Califa e se tornou um ditador em Shaam. Imam Ali (as) tentou persuadi-lo à obediência, enviou-lhe várias missivas e alguns representantes para conversar com Muawiyah, porém seus esforços foram em vão. Assim sendo, Imam Ali (as) formou um exército e nomeou Malik Al Ashtar para comandá-lo.

As duas tropas se encontraram na planície de Siffin junto ao Rio Eufrates, Algumas unidades do exército de Muwaiyah ocuparam as margens do rio e o cercaram. Essa ação contrariava o Islam e as leis de guerra da época. Imam Ali (as) enviou Sasha bin Suhan, um dos companheiros do Profeta (saas) para falar com Muwaiyah. Sasha entrou na tenda de Muwaiyah e anunciou: “Imam Ali diz: Vamos pegar um pouco de água. Então, decidiremos o que entre nós e vocês, do contrário lutaremos até que o vencedor beba”. Muwaiyah ficou em silêncio por um momento e disse: “Eu responderei mais tarde”.  O representante de Imam Ali (as) foi embora e Muwaiyah pediu conselhos a alguns de seus aliados. Al Walid bin Utbah disse com rancor: ”Impeça-os de ter acesso a água e force-os à rendição”. Todos eles concordaram com essa opinião. Muwaiyah reunira as piores pessoas em sua causa e eles violaram as leis do Islam e os direitos das criaturas.

Malik observava os movimentos das tropas nas margens do rio. Foi quando percebeu que Muwaiyah havia fechado ainda mais o cerco. Os soldados de Imam Ali (as) estavam sedentos. Malik também tinha sede. Um soldado disse-lhe: “Há um pouco de água em meu cantil, por favor, beba”. Malik recusou a oferta e disse: “Eu não beberei até que os soldados possam beber. Em seguida foi até Imam Ali (as) e disse: “Ó Emir dos Fiéis! Nossos soldados estão sedentos. Não nos resta nada a fazer senão lutar”. Imam Ali (as) disse: “Certamente que sim”.

O Imam Ali (as) discursou aos combatentes e os incentivou a lutar com bravura. Disse ele: “A morte é para aquele que se satisfaz com a humilhação. A vida é daquele que morre e alcança o martírio”.

Malik liderou o primeiro ataque e o fez com muita bravura. Ele avançou até as margens do Eufrates. Depois de violentos combates, Malik conseguiu retomar a área e forçar o exército de Muwaiyah a recuar e se afastar do rio. Muwaiyah estava tão preocupado que perguntou a Amr bin Aas: “Você acha que Ali impedirá nosso acesso à água?” Amr respondeu: “Ali não age como você”. Os soldados de Muwaiyah também estavam angustiados. Quando ouviram que Imam Ali (as) havia permitido que se aproximassem para consumir a água do rio, alguns cidadãos de Sham perceberam a diferença entre Muwaiyah e o Emir dos Fiéis (as). Muwaiyah era capaz de tudo para vencer, enquanto Imam Ali (as) não pensava dessa maneira. Ele se comportava de modo humano e digno.

Os combates se intensificaram. Ammar bin Yasir liderava a ala esquerda do exército de Imam Ali. Quando o sol estava se pondo, Ammar pediu um pouco de comida para quebrar o jejum. Um soldado trouxe-lhe um recipiente com iogurte. Ammar estava animado e disse: “Esta noite eu posso ser martirizado, pois o Profeta Mohammad (saas) disse-me: ”Ammar, um grupo de ímpios te matará, e a tua última bebida no mundo será uma xícara de iogurte”.”  Ammar quebrou seu jejum e se dirigiu ao campo de batalha, então tombou e se tornou um mártir. O Emir dos Fiéis (as) aproximou-se, sentou ao lado da cabeça de Ammar e disse com tristeza: “Que Deus tenha misericórdia de Ammar no dia em que se tornou muçulmano e que Deus tenha misericórdia de Ammar no dia em que for ressuscitado! Ammar aproveite o seu jardim!”

O martírio de Ammar bin Yasir afetou muito o curso da batalha. O exército de Imam Ali que estava animado naquele momento começava a desanimar. Todos os muçulmanos memorizaram a tradição que nosso Profeta (saas) comunicou a Ammar: “Ammar um grupo de ímpios te matará. Então, todos compreenderam que Muwaiyah e seus soldados estavam errados e que Imam Ali (as) e seus companheiros estavam certos.  Assim, o exército de Imam Ali atacou com mais intensidades. Muwaiyah e seus aliados prepararam-se para fugir.

Muwaiyah pensou num novo truque para enganar as tropas de Imam ali. Ele pediu o conselho de Amr bin Aas. Amr disse: “Eu tenho certeza que poderemos enganá-los com o Alcorão. Muwaiyah ficou contente com o truque e ordenou a seus soldados que erguessem o Alcorão na ponta de suas lanças. Quando as tropas de Imam Ali (as) viram o Alcorão, cogitaram interromper a batalha. Muwaiyah teve êxito em ludibriá-los.

Imam Ali (as) disse: “É um truque! Eu fui o primeiro a convocá-los ao Livro de Deus, e fui o primeiro a acreditar nele. Eles desobedeceram a Deus e traíram a Promessa Divina”. Todavia, 20.000 combatentes desobedeceram a ordem de Ali e disseram: “Pare de lutar e ordene a Malik Al Ashtar a retirada”. Diante disso, o Emir dos Fiéis (as) enviou um soldado à Malik com a ordem para interromper o combate. Mas, Malik Al Ashtar continuou lutando. Disse ele: “Alcançaremos a vitória em pouco tempo”. O soldado respondeu: “Porém 20.000 rebeldes estão a cercar o Emir dos Fiéis, se continuares a combater eles o matarão”.  Malik foi forçado a recuar. Ele disse: “Não há poder nem força senão em Allah”.

Malik sabia que a ação de Muwaiyah era somente um truque. Contudo, obedeceu a Ali para que nenhum desastre viesse a acontecer. Ele era um líder corajoso e um soldado obediente. O combate cessou e ambos os lados concordaram em acatar a arbitração segundo o Livro de Deus.

Muwaiyah enviou Amr bin Aas para representa-lo nas negociações. Imam Ali (as) quis escolher um homem sábio, possuidor do conhecimento sobre o Livro de Deus; escolheu Abdullah Bin Abbas, o sábio religioso da nação. Porém, os rebeldes o recusaram e disseram: Nós escolhemos Abu Musa Al Ashari. O Emir dos Fiéis (as) aconselhou-os dizendo: “Eu discordo de vocês sobre ele, e Abdullah bin Abbas é melhor do que ele”. Novamente os rebeldes o rejeitaram. Então, Imam Ali (as) disse: “Eu escolherei Malik al Ashtar”. Mas eles insistiram sobre Abu Musa Al Ashari. Para evitar um desastre, o Emir dos Fiéis (as) disse: “Façam o que achar melhor”. Os dois representantes iniciaram as conversações. Amr bin Aas pensou sobre um modo de enganar Abu Musa Al Ashari, e disse-lhe: “Abu Musa, Muwaiyah e Ali causaram todos esses problemas. Assim, vamos descarta-los e eleger outro homem”. Abu Musa não gostava de Imam Ali (as). Assim, concordou com o plano. Ele disse diante do povo: “Eu estou removendo Ali do Califado como estou retirando meu anel do dedo”. Em seguida, retirou o anel. Amr bin Aas disse: “Eu estou pondo Muwaiyah no califado como estou a pôr este anel em meu dedo, em seguida, pôs o anel. O Emir dos Fiéis (as) foi obrigado a aceitar o armistício com Muwaiyah e a batalha teve fim.

Imam Ali (as) pediu aos combatentes que tivessem paciência por um ano. Porém, eles o desobedeceram também. Esse grupo passou a ser conhecido como os Khawarij.

Muwaiyah pensou numa maneira de controlar o Egito, então enviou um grande exército para ocupa-lo. O governante do Egito era Mohammad Ibn Abu Bakr. Ele solicitou do Emir dos Fiéis (as) que enviasse urgentemente apoio militar para impedir a invasão do Egito. Imam Ali(as) disse a Malik Al Ashtar: “Malik, que Deus tenha misericórdia de ti, siga para o Egito. Eu tenho absoluta confiança em ti. Confia em Deus! Utiliza a bondade em seu devido lugar e a severidade em seu devido lugar”. Assim, Malik partiu para o Egito. Muwaiyah ficou preocupado com a ida de Malik, pois sabia que ele poderia salvar o Egito. Assim, Muwaiyah começou a pensar num modo de assassinar Malik.

Muwaiyah costumava recorrer ao envenenamento de seus opositores, para isso importava venenos de Roma. De fato, os romanos consentiam com essa prática uma vez que sabiam que Muwaiyah utilizava desse artifício para eliminar muçulmanos. Amr bin Aas disse: “Eu conheço um homem que vive em Qilzim na fronteira egípcia. Ele possui grandes propriedades ali, e certamente Malk al Ashtar passará pela cidade e fará uma parada para descansar”. Muwaiyah disse: ”Vamos enviar um homem para anunciar-lhe que se matar Malik estará isento de impostos de forma vitalícia”. Assim, o representante de Muwaiyah partiu rapidamente para o Egito levando um doce envenenado, com a intenção de persuadir o homem a assassinar Malik al Ashtar. O homem concordou em fazê-lo. De posse do doce envenenado, ele aguardou a chegada de Malik em Qilzim. Logo que Malik chegou, o homem o convidou para almoçar em sua casa. Malik aceitou o convite com gratidão. O homem serviu o doce envenenado e Malik provou com uma colher. Ele sentiu uma forte dor em seu estômago e percebeu a trama em que havia caído. Pôs a mão em seu ventre e disse: ”Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso, pertencemos a Deus e a Ele retornaremos”. Malik recebeu a morte com a coragem da convicção de um crente que conhecia o caminho do Islam para o Paraíso.

Quando Malik Al Ashtar tornou-se um mártir, Muwaiyah não se conteve de alegria. Ele disse: “Ali Ibn Abu Talib tinha duas mãos. Eu cortei uma delas no dia de Siffin, era Ammar bin Yasir. E hoje cortei a outra, que era Malik al Ashtar”.

O Emir dos Fiéis (as) ficou muito triste e assim expressou seu sentimento: “Que Allah tenha misericórdia de Malik! Ele me amou e me obedeceu como amou e obedeceu o Profeta Mohammad (saas)”.

Dessa maneira Malik al Ashtar terminou sua vida no Jihad. Seu brilhante comportamento permanecerá um modelo para os jovens muçulmanos em toda parte do mundo.

 

 

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