A Vida de Salman al-Farsi

Os primeiros anos

Segundo os historiadores Salman nasceu por volta de 568 DC em Jiyye, um vilarejo na Pérsia. A moderna cidade de Isfahan localiza-se na região onde no passado Jiyye existia. O nome persa de Salman era Rozeba. Muitos anos mais tarde, quando abraçou o Islam, seu mestre, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) mudou seu nome para Salman. Durante o tempo em que viveu junto ao Profeta (S.A.A.S.) também foi chamado de Abu Abdallah.

O pai de Salman era um rico dono de terras e uma figura política influente em Jiyye. Era dono de muitas propriedades na região, de muitos escravos e cavalos. E amava muito a seu único filho (Salman).

A maioria dos persas naquele tempo professavam a fé zoroastrista. Salman seguia também a doutrina do Zoroastrismo. Em sua juventude, Salman adotou as crenças e dogmas da crença nacional dos persas e chegou a um nível avançado de conhecimento naquela religião. Naquela época na Pérsia era uma grande honra ser um sacerdote nos templos masdeístas. De fato, os sacerdotes podiam alcançar posições políticas de destaque no país. Assim, os pais de Salman conseguiram que ele fosse nomeado como sacerdote num templo quando tinha apenas dezesseis anos de idade. Por três anos Salman desempenhou essa função, até que começou a perder o interesse em seu trabalho. Os sacerdotes eram homens de visão e conhecimento limitados, e excessivamente dogmáticos. Quando se apresentava alguma questão a eles, em muitos casos respondiam de forma alegórica e pouco clara.

Num dia de primavera (por volta de 586 d.c.) o pai de Salman estava às voltas com alguns problemas a resolver em suas propriedades. Antes que rumasse para lá alguns comerciantes vindos de Balkh chegaram e ele teve que ficar em Jiyye. Assim, pediu a Salman para que fosse em seu lugar. No dia seguinte Salman partiu rumo à propriedade rural de seu pai. Salman já havia viajado algumas milhas quando chegou a uma bifurcação do caminho. Por alguns minutos ficou parado numa área elevada examinando a direção a seguir. Naquele momento a luz da aurora avançava matizando a paisagem. Finalmente, o sol se ergueu e Salman estava se aquecendo com seus primeiros raios quando divisou uma edificação de pedra cinzenta, ainda parcialmente velada pela neblina. Encontrava-se a alguma distância da estrada e Salman resolveu saber o que era e a quem pertencia. Assim, ele se aproximou para observar. Impelido pela curiosidade, Salman entrou na edificação. Ali, pessoas estavam realizando um culto e um coro cantava numa língua estrangeira, a qual ele não compreendia. Quando o ritual terminou, um membro da congregação veio até ele e perguntou qual era o propósito de sua visita. Salman disse quem era e explicou que desejava saber quem eram eles e qual crença professavam. Ele foi conduzido ao sumo-sacerdote, que disse serem cristãos vindos da Síria, em seguida explicou-lhe acerca da Unicidade de Deus, o Dia do Juízo e o papel dos apóstolos, mensageiros e profetas de Deus. Salman questionou o sacerdote sobre os detalhes de suas crenças. Por fim, foi iniciado no Cristianismo.

Salman atrasou-se em seu retorno para casa e seu pai ficou aflito. Sentado, às voltas com seus temores e preocupações, recebia de seus amigos o apoio para tranquilizá-lo. Foi quando Salman chegou. Seu pai abraçou-o e perguntou o que havia acontecido. Salman explicou que tinha estado num templo cristão no qual passara todo o dia. Seu pai disse que esperava que aquelas pessoas não o tivessem desviado da religião dele e de seus antepassados, a religião que ele considerava a correta. Salman refutou dizendo que o cristianismo era melhor do que o Zoroastrismo. Enfurecido, seu pai ameaçou-o de prisão e tortura caso não jurasse que não havia abandonado sua religião. Porém, Salman recusou-se a fazê-lo e por isso, foi espancado e torturado; foi conduzido ao cárcere onde passou fome e sede por dias.

Mehran era um dos servos do pai de Salman. Ele havia sido o educador de Salman durante sua infância e o amava como se fosse seu próprio filho. Salman sabia que poderia confiar em Mehran e pediu-lhe que o ajudasse a entrar em contato com o sacerdote cristão, para que este o auxiliasse a fugir para a Síria. Mehran ficou feliz em poder ajudar seu jovem patrão. Alguns dias depois Mehran visitou Salman e o informou que uma caravana estava pronta para partir com rumo a Síria. Na noite seguinte ele entrou na cela, retirou os grilhões dos pés de Salman e deu-lhe outras peças de roupa. Em seguida, levou-o para fora enquanto todos dormiam. Do lado de fora um cavalo estava pronto para Salman. Ele agradeceu a Mehran despediu-se e partiu. Ao chegar na igreja Salman agradeceu seus amigos por tudo que fizeram por ele. Os padres deram instruções ao líder da caravana para que cuidasse de Salman, e encomendaram-no a proteção de Deus. A caravana partiu naquela mesma noite e viajou com rapidez afastando-se uma distância considerável de Jiyye antes do amanhecer.

Por volta de um mês depois a caravana chegou a Damasco. Salman havia chegado ao fim da jornada, mas como normalmente ocorre, era o início de outra. Jornada esta que seria espiritual.

Salman tinha dezenove anos então. Era um jovem robusto e saudável. Possuidor de uma ótima memória e inteligência bem desenvolvida. Salman tinha uma mente crítica e sabia utilizá-la com lógica a cada situação. Em suas características físicas e mentais estava acima da média dos jovens de sua idade. Era um indivíduo forte, sábio, prudente e sagaz. Bem cedo ele cultivou uma personalidade equilibrada. Em Jiyye ele possuía riquezas, conforto e uma posição destacada, mas abdicara de tudo isso, e o fez a despeito de sua juventude. Em vez de buscar poder e prazer, como os jovens de sua geração, ele buscou o conhecimento e a verdade “a vocação” de sua existência. Ele era um idealista por excelência.

Depois de deixar Jiyye, Salman viveu em quatro outras cidades. Ele viveu por dez anos em Damasco, em seguida passou vinte anos em Mosul, Nasibin e Ammuria. Em cada uma dessas cidades, ele observou e estudou todo o conhecimento religioso que existia. Salman também passou muito tempo em atividades de devoção na esperança de encontrar a dádiva do esclarecimento e da paz interior. Mas a experiência religiosa naquele período foi quase inteiramente subjetiva, resultante de seu exercício intelectual. Algumas vezes seu mundo interior se tornava tão vívido que ele perdia o contato com o mundo a sua volta, o que o assustava muito. Uma questão que permanecia em sua mente era: se deveria dar as costas ao mundo para tentar encontrar a realização e a paz em seu íntimo.

Com o tempo o espectro da dúvida começou a surgir na mente de Salman. Ele sentia que a verdade – a Verdade Última – ainda estava oculta para ele, apesar do esforço de décadas para encontrar essa meta. Quando Salman se via atormentado por esses pensamentos e sentia estar nesse impasse ele se voltava para Deus, orava pedindo libertação em relação a dúvida e o ceticismo, e para que o guiasse até o destino escolhido para ele. Mal sabia que a luz da orientação que desejava estava prestes a surgir no horizonte.

Em Ammuria, naquela época uma província do Império Bizantino, Salman ouviu pela primeira vez noticias do aparecimento em Makka de um novo profeta. Segundo diziam, esse novo profeta proibia a adoração aos ídolos e imagens e pregava a doutrina da Soberania Absoluta e da Unidade de Deus. Ocorreu a Salman que a chama da verdade que procurava podia estar em Makka. Repentinamente Makka parecia chamá-lo até lá. Ele decidiu ir a Makka para conhecer o profeta árabe logo que as circunstâncias permitissem, e interrogá-lo acerca dos problemas que ainda o deixavam confuso.

No verão daquele ano alguns viajantes chegaram em Ammuria provenientes do sul. Eram comerciantes de cavalos, de uma cidade chamada Yaçrib. Os viajantes disseram-lhe que depois de negociar alguns cavalos voltariam a Damasco para se juntar a uma caravana que seguiria a Yaçrib. Salman encontrou o líder da caravana e solicitou-lhe que permitisse viajar com eles para Damasco, e dali seguir para Yaçrib. Salman ofereceu suas parcas economias para pagar a viagem e o líder acatou seu pedido. A jornada foi longa e árdua, mas Salman suportou os incômodos com coragem. Enquanto outros viajantes montavam seu camelos e cavalos, Salman caminhava com resiliência que surpreendia a todos.

A caravana chegou ao oásis de Wadi al Qura no Hijaz. O líder anunciou que permaneceriam ali por três dias e três noites. Salman fez os planos para a última parte da jornada, de Yaçrib à Makka. O que ele não sabia é que um amargo contratempo o esperava em breve. Os seus companheiros de viagem ofereceram-no a quem pagasse o melhor preço entre um grupo de judeus. Salman protestou dizendo que não era escravo, e que não poderia ser comprado ou vendido. Porém, não houve ninguém que testemunhasse a seu favor. Um homem o tornou prisioneiro, e a caravana seguiu sem ele. Salman atraiu a atenção em Wadi Al Qura em vista de sua alta estatura e muitos demonstraram interesse em compra-lo. Um deles era primo do homem que o escravizara, ele vivia em Yaçrib e estava ali a negócios. Esse homem com insistência conseguiu convencer seu primo a vendê-lo. Em Yaçcrib muitas pessoas começaram a competir entre si para comprá-lo. Ele foi vendido a um homem que repassou-o a outro, até que finalmente Uthman bin Ashel o comprou.

Uthman como os demais judeus nunca tinha visto um escravo como Salman. Notou que Salman pouco falava, mas quando o fazia, dizia palavras de profunda sabedoria. Seu julgamento era como o julgamento do próprio Salomão. Seu mestre se beneficiava tanto de seu trabalho como de seus conselhos e opiniões. Contudo, era um homem brutal e corrupto, e fez Salman trabalhar quase sem descanso. O trabalho de Salman era árduo, porém ele não permitia que as circunstâncias adversas extinguissem sua esperança em conhecer Mohammad (S.A.A.S.). Sempre que tinha um dia difícil lembrava que teria um encontro com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e assim se reanimava.

Uma manhã, quando descia de uma árvore percebeu que seu mestre conversava com um estranho. Aquele homem dizia que Mohammad (S.A.A.S.) tinha vindo a Yaçrib e as tribos Aus e Khazraj teriam prestado lealdade a ele. Ao ouvir aquilo Salman passou a pensar numa maneira de encontrar Mohammad (S.A.A.S.). Foi assim que certa noite quando Uthman bin Ashhel estava fora tratando de negócios, Salman viu uma oportunidade de realizar seu desejo. Ele pôs algumas tâmaras frescas numa bolsa e seguiu para a cidade com a intenção de conhecer o Profeta (S.A.A.S.).

Mohammad (S.A.A.S.) estava morando como hóspede na casa de Hadhrat Abu Ayub Ansari (R.A.), e Salman foi levado à presença do Profeta (S.A.A.S.). Seu coração pulsava forte e ele fazia um grande esforço para se manter sereno. De repente, foi tomado de grande emoção diante do que viu. Mohammad (S.A.A.S.) estava sentado na sala da casa. Alguns companheiros estavam diante dele. O primeiro olhar de Salman sobre ele o fez sentir-se deslumbrado. Em seu íntimo uma voz dizia: “Por Deus, essa não é a face de um homem que tenha mentido alguma vez na vida. Se existe uma face que possa ser de um enviado de Deus, é esta”. Depois de se saudarem, Salman expôs a razão de sua visita. Mohammad (S.A.A.S.) contou a Salman sobre a mensagem que havia anunciado, o Islam, e explicou seu significado como uma submissão total a Deus. Salman mal pôde esperar e pediu a Mohammad (S.A.A.S.) que  o admitisse como um daqueles servos de Deus. Mohammad (S.A.A.S.), convidou Salman ao Islam. O primeiro requisito nesse convite era a crença na Unicidade de Deus e que Mohammad (S.A.A.S.) era Seu Mensageiro. O segundo requisito era que Salman declarasse sua fé (no Tawhid e na Profecia). Salman engajara-se no serviço a Deus por intermédio de Seu Mensageiro – uma honra e distinção que permaneceria um motivo de orgulho por toda sua vida. Ao mesmo tempo, fora admitido nas fileiras dos amigos do Profeta (S.A.A.S.). Aquela foi uma ocasião conveniente para que ele adotasse um novo nome. Mohammad (S.A.A.S.) trocou seu nome persa (Rozeba) por Salman. Salman gostou muito desse nome e de fato, tornou-se célebre na história pelo nome islâmico Salman. Então, Mohammad (S.A.A.S.) recitou algumas passagens do Alcorão Sagrado para a edificação de Salman. Ele sentiu-se encantado por aquelas palavras magistrais e percebeu, que só poderiam ser de origem divina.

Dali em diante Salman passou a visitar o Profeta (S.A.A.S.) sempre que possível, e todas as vezes trazia alguma sadaqa (caridade) para seus companheiros. Sua condição chamou a atenção dos muçulmanos; e o Profeta (S.A.A.S.) pediu que ele contasse a história de sua vida. Salman assim o fez de forma detalhada. Mohammad (S.A.A.S.) abraçou Salman e beijou sua fronte, tocou sua face e pousou a mão sobre seu peito, orou invocando as bênçãos e a misericórdia de Deus sobre ele. Foi um momento emocionante na vida de ambos.

Aparentemente a longa jornada de Salman havia chegado ao fim. Ele descobrira a fonte das eternas verdades e da bênção eterna no Islam, e tornara-se um amigo pessoal do Mensageiro de Deus. Contudo, seu status de escravo perdurava como uma nuvem negra sobre sua vida. Mohammad (S.A.A.S.), que foi uma misericórdia para toda a criação, estava ciente da angústia de Salman, e sugeriu-lhe um resgate por sua libertação. Salman expôs a questão a seu senhor na esperança que ele concordasse em libertá-lo em troca de um resgate. Mas, sabendo que Salman havia abraçado o Islam, o homem recusou a proposta imaginando que Salman se tornaria um combatente de Mohammad (S.A.A.S.) para lutar contra seus opositores.

Todavia, depois da expulsão algumas tribos de Medina após suas traições nas batalhas de Badr e Uhud, Uthman bin Ashhel tornou-se menos insensato. Quando Salman voltou a tocar no assunto, Uthman ouviu com boa vontade e começou a negociar os termos da emancipação. Uthman especificou o preço da liberdade de Salman: ele teria que plantar nos pomares de seu dono trezentas tamareiras e pagar 40 onças de ouro. Salman apresentou os termos a Mohammad (S.A.A.S.) e o Profeta (S.A.A.S.) disse a seus companheiros: “Auxiliem vosso irmão”.

Todos os companheiros atenderam aquele chamado. Um deles comprou trinta palmeiras; outro comprou vinte; um terceiro quinze, um quarto dez e assim por diante. Até que reuniram todas as trezentas requeridas por Uthman. O Profeta então ordenou aos companheiros que preparassem o terreno onde seriam plantadas. Quando o solo ficou pronto, ele próprio veio e plantou a primeira palmeira. Em seguida, os companheiros assumiram o trabalho e plantaram todas as árvores restantes.

Restava ainda a Salman pagar 40 onças de ouro a Uthman. Algumas semanas se passaram, então o Profeta (S.A.A.S.) mandou chamá-lo. Quando Salman chegou à mesquita, viu o Profeta (S.A.A.S.) sentado no chão e cercado por seus companheiros. Diante dele havia uma travessa cheia de pepitas de ouro. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) entregou o ouro a Salman e disse para que ele fosse e pagasse seu resgate. De repente tudo mudou na vida de Salman. O abismo entre a escravidão e a liberdade parecia-lhe intransponível. Porém, tinha recorrido a Deus e a Seu Profeta e eles haviam atendido a seu pedido, assim, Salman atravessara aquele abismo. O Islam e a liberdade tinham retirado Salman do vasto deserto do tempo que seu passado havia sido, daquele momento em diante ele tornara-se orientado para o futuro. Depois da emancipação da escravidão, Salman tornava-se um servo novamente, por livre e espontânea vontade: um servo de Deus, motivo de seu maior orgulho e prazer.

Salman havia acabado de se tornar livre quando Medina foi ameaçada por um perigo inédito. Em fevereiro de 627 Mohammad (S.A.A.S.) recebeu notícias de que os pagãos de Makkah haviam concluído seus preparativos para a invasão de Medina com cavalaria, infantaria e 10.000 combatentes, também soube que estavam resolutos a exterminar o Islam com um ataque em massa.

Os generais de Makka poderiam ter tomado Medina com sua estratégia se não fosse pela presença do “estrangeiro” Salman Farsi. Ele desenhou sua própria estratégia, a qual anulou a estratégia dos pagãos de Quraish. Ele disse ao Profeta (S.A.A.S.) que se um fosso, bem fundo e largo demais para que os cavalos pudessem atravessá-lo, fosse cavado na parte exposta do perímetro da cidade, imobilizaria a cavalaria do inimigo. Depois que o fosso foi cavado, um dos Muhajirin que observava Salman, reivindicou que ele era um Muhajirin: “Salman é um dos nossos!” Porém, foi imediatamente refutado por um outro homem (dentre os Ansar) que disse: “Não! Salman é um dos nossos!” Uma discussão surgiu entre os dois grupos de muçulmanos. Por fim, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) que chegara naquele momento, ficou preocupado e pôs fim à discussão dizendo: “Salman não é Muhajirin tampouco Ansar, ele é um de nós, um dos membros de Ahlul Bayt”.

Esta foi a maior de todas as honras que alguém recebeu por parte do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). Sendo ele o repositório das revelações divinas e seu intérprete, declarou que Salman pertencia a sua Casa, à família dos escolhidos de Deus. Ninguém mais na história do Islam jamais recebeu semelhante posição.

Os cavaleiros de Makka lançaram-se como um redemoinho em sua investida, porém foram barrados por aquele inesperado obstáculo: o fosso.

Uma vez dentro do perímetro da cidade, o agressor avançava para o acampamento dos muçulmanos e os desafiava para um combate individual na tradição clássica da guerra árabe. Um duelo entre Amr Ibn Abd Wud e Ali Ibn Abi Talib (A.S.) ocorreu, com a vitória de Ali. Assim que Amr tombou, os outros três cavaleiros que o acompanhavam bateram em retirada. A morte de Amr Ibn Abd Wud foi um golpe decisivo na moral do exército de Makka.

O fracasso do cerco a Medina foi o mais significativo evento na história do Islam e da Arábia. Demonstrou que os pagãos de Makka jamais seriam capazes de tentar uma outra invasão de Medina. Depois da batalha de Ahzab, toda iniciativa de guerra esmoreceu por parte dos inimigos do Islam e os muçulmanos estavam na iminência de assumir o domínio da Península.

A morte do Profeta Mohammad (S.A.A.S.)

Mohammad (S.A.A.S.) era o sol e a lua do mundo de Salman e com sua morte, esse mundo caiu na escuridão. Salman tinha conhecido o desastre e a tragédia em sua vida, mas a morte de seu amigo, o Profeta de Deus (S.A.A.S.), foi o golpe mais duro que ele recebeu. Um choque do qual ele pensava que não mais se recuperaria. Salman tinha 65 anos quando o Profeta (S.A.A.S.) faleceu.

Depois do Profeta (S.A.A.S.), o Imam Ali (A.S.) era o foco da vida e da devoção de Salman. O amor a ambos para ele era a pedra de toque da fé de um muçulmano. Salman amou e serviu a Ali com o mesmo fervor com que amou e serviu ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). Em junho de 656, Ali Ibn Abu Talib (A.S.) ascendeu ao califado em Medina como sucessor do Profeta (S.A.A.S.). Um de seus primeiros atos de governo foi nomear Salman governador da cidade e dos distritos de Madaen no Iraque. Nessa oportunidade Salman já era idoso, mas graças a sua disciplina espartana sob a qual viveu toda sua vida, ele estava no auge de sua condição mental e física. Ele deixou Medina para a jornada de 800 milhas até Madaen carregando somente um tapete de oração feito de fibra de palmeira, uma bolsa com pedaços de pão de cevada, um cantil, uma taça e um travesseiro. Estes eram todos seus pertences. Todavia, ao chegar a seu destino, ele doou tudo, exceto o tapete, porque viu outras pessoas necessitadas.

Infelizmente, poucas semanas depois de sua chegada, Salman, o servo de Deus e amigo íntimo do Profeta (S.A.A.S.) faleceu. Ele tinha 88 anos e foi sepultado em Madaen.

Que Deus esteja satisfeito com seu servo, Salman Al Farsi, e que aceite sua alma com Sua graça e Misericórdia.

 

 

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