03 dez, 2015

Arbaeen do Imam Al-Hussein (A.S.)

03 dez, 2015

Arbaeen, você pode ter ouvido muito esta palavra nos últimos dias. Mas o que ela significa? Literalmente significa quadragésimo, ou seja, o quadragésimo dia após um evento.

Para os seguidores da escola dos Ahlul Bait (A.S.), mais conhecida como “Xiitas”, o Arbaeen representa o quadragésimo dia após o martírio do Imam Hussein (A.S.) em Karbala. Também marca o dia em que as cabeças dos Mártires de Karbala foram trazidas até o local em que foram sepultados os seus corpos, e dessa forma enterradas junto com os mesmos. A primeira pessoa a realizar esta celebração foi o filho do Imam Hussein (A.S.), o Imam Ali ibn Hussein (A.S.). Mas porque a celebração deste evento?

Alguns criticam dizendo que o Imam Hussein (A.S.) serve apenas como um pretexto para as lágrimas e lamentações dos xiitas. Mas, afinal de contas, as tragédias que caíram sobre o Imam Hussein (A.S.) e sua família em Karbala, acompanhado do seu pequeno exército de 70 companheiros, foram dramáticas e cruéis, um evento como jamais ocorrido na história da humanidade. Para começar, o acesso à água foi cortado da família do Imam Hussein (A.S.), a fim de pressioná-lo a se render e prestar lealdade ao governante da época, Yazid ibn Mu´awiyah (que Deus o amaldiçoe). Mas este fato não fez o Imam Hussein (A.S.) recuar nem um pouco de sua posição, pois estava totalmente determinado e certo da mesma. A tirania e o desvio dos princípios do Islam na época representados pelo governante opressor Yazid chegaram ao extremo, ele e seus súditos leais até mesmo consumiam bebidas alcoólicas a alguns metros do túmulo sagrado do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), em Medina. Isto ocorria no ano 61 Hejrita, ou seja, cerca de 50 anos após o falecimento do Profeta Mohammad (S.A.A.S.).

Como a nação chegou a esta decadência moral tão rápido, imersa na total insolência de cometer estes atos ilícitos contrários aos valores e mensagem do Islam? Claro que isso ocorria por culpa dos guardiões do estado na época, ou como são chamados, os CALIFAS, pois eles viviam e eram assim, e isso tornou as pessoas mais indolentes ainda para cometer as infrações e delitos, mesmo vivendo na primeira capital do Islam, ou em qualquer outra cidade ou província islâmica. Não havia nenhum interesse por parte do estado e de seus governantes para que prevalecessem os ensinamentos verdadeiros do Islam, o que interessava era apenas a proteção dos seus cargos e o recolhimento dos impostos para a ostentação de uma vida de luxúria nas posições de governo.

Neste momento o Imam Hussein (A.S.) chegou à total convicção de que o único meio para salvar a mensagem verdadeira do Islam era se voltar contra este tirano, pois não havia mais condições de negociar ou mantê-lo naquele estado em que exaltava e propagava uma versão mentirosa e desviada do Islam. O Imam (A.S.) saiu de Medina acompanhado de sua família e centenas de homens rumo à Meca, para praticar o Haj, e de lá à Kufa, onde era esperado por um tanto de milhares de seguidores, os quais tinham escrito a ele para convida-lo à Kufa e se juntar a eles para liderar o combate contra Yazid. Mas infelizmente não foi isso que ocorreu. As paixões do ego e o apego à vida terrena que se enraizou na alma de grande parte da sociedade islâmica foram os principais motivos fizeram com que vendessem suas almas à Yazid, e dessa forma traíram o Imam Hussein (A.S.) e lutarem contra ele.

O Imam Hussein (A.S.), ao chegar em Meca, soube que Yazid enviou mercenários a fim de, nas próprias palavras do vil Yazid, “mata-lo, mesmo se estivesse agarrado nas cortinas da Caaba”, e este foi o principal motivo do Imam Hussein (A.S.) ter decidido sair às pressas de Meca mesmo sem ter finalizado o ritual do Hajj (Peregrinação), pois como sabemos não se deve derramar sangue nenhum num perímetro de 15 km ao redor da Caaba. E o Imam (A.S.) queria respeitar a Caaba e este local sagrado, pois para Yazid não faria diferença nenhuma onde matar o Imam Hussein (A.S.).

Durante a trajetória até Karbala, o Imam Hussein (A.S.) olhou para sua caravana, lamentou e disse: “Ina lillah wa ina ilaihi rajiun (Somos de Deus e a Ele retornamos)”, um versículo do Alcorão Sagrado que a pessoa recita quando há alguma tragédia caindo sobre ela. Quando seu filho Ali Al-Akbar ouviu seu pai dizendo isso, o perguntou o porquê daquelas palavras, e o Imam (A.S.) respondeu: “Olho para minha caravana e vejo a morte a acompanhando”. Ele (A.S.) queria dizer que a morte seria certa sobre todos dentro de alguns dias. Então, seu filho perguntou: “Ó pai, mas nós estamos com a verdade?” O Imam Hussein (A.S.) respondeu que sim, e então o seu filho disse: “Então, já que estamos com a verdade não importa se vencermos a morte ou a morte nos vencer”. Certamente que o Imam Hussein (A.S.) já sabia o que ocorreria com ele (A.S.) e sua família, e conduziu sua família para que eles pudessem assistir e relatar o ocorrido ao mundo, para que contassem o que ocorreu em Karbala, e denunciassem a injustiça e a corrupção dos princípios e valores que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) tinha transmitido para a sua nação.

Logo, os fatos que ocorreram em Karbala não somente tocam o coração dos homens, mas eles também levam às lágrimas pelos episódios trágicos, cruéis e violentos que ocorreram com a mais pura geração do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), episódios que atingiram aquele que foi chamado de “O Senhor dos jovens do paraíso” pelo próprio Profeta Mohammad (S.A.A.S.). E o Profeta (S.A.A.S.) também disse: “Hussein é de mim e eu sou de Hussein, Deus amará aquele que amar Hussein”.

Arbaeen

Mas não é apenas isso que aprendemos com a história de Hussein (A.S.) em Karbala.

O que aprendemos com o Imam Hussein (A.S.)?

A não temer a morte…

A sacrificar tudo que temos pelos princípios e valores da nossa religião…

A rejeitar a injustiça e a opressão dos tiranos…

A viver com honra e sem humilhação…

A recomendar o bem e rejeitar o mal…

A vivermos livres sem ter que sermos servos dos outros…

A sermos membros ativos e construtivos da sociedade, não seus destruidores ou corruptores…

A sempre estarmos ao lado dos oprimidos, contra os opressores…

No Arbaeen os fiéis se dirigem até Karbala para renovar seus votos com o grande salvador dos princípios do Islam, este homem foi o Imam Hussein (A.S.). Os muçulmanos de todas as escolas devem a este grandioso senhor dos mártires tudo que possuem de bem do Islam, pois até mesmo o Alcorão que carregamos, a Caaba na direção da qual oramos e o Haj que praticamos estavam em risco de ser condenados e desviados se não fosse pelo sangue e sacrifício deste grandioso Imam (A.S.), que também sacrificou seus irmãos, sobrinhos, companheiros, e até mesmo seu bebê recém-nascido, pela grande mensagem do Islam.

O povo anfitrião

Milhares de peregrinos do mundo inteiro se dirigem a Karbala, Qiblatul Ahrar (A Quiblah dos Livres), para visitar o Imam Hussein (A.S.) e renovar seus votos de fidelidade aos seus princípios. Estes peregrinos são recebidos pelas 82 mil caravanas e grupos espalhados no decorrer de todas as estradas e rodovias que levam até Karbala, somente dentro de Karbala são 9 mil grupos que se dedicam dia e noite para recepcionar e servir os peregrinos da melhor maneira possível. Afinal de contas, o povo iraquiano se sente como anfitrião deste grandioso evento, já que o Imam Hussein (A.S.) encontrasse enterrado em seu país, e os peregrinos visitantes são tidos como merecedores deste serviço que é prestado com total dedicação, amor e crença. Os anfitriões se sentem honrados e privilegiados ao servir os peregrinos que foram atraídos pelo magnetismo espiritual e revolucionário do Imam Hussein (A.S.), e vieram de todos os países do mundo para visitar o mártir do Islam, aquele que foi injustamente sacrificado e decapitado em Karbala por ter rejeitado a opressão e a injustiça.

Os pouco mais de 600 hotéis espalhados pela cidade de Karbala não dão conta de tantos milhões de peregrinos, por isso, os anfitriões encontram a melhor solução para isso, que é disponibilizar suas próprias casas a este grande número de peregrinos que ano após ano batem recordem de visitação no que já é considerado o maior encontro religioso do mundo.

Não imagine que estes anfitriões são um bando de desocupados que não tem o que fazer, muito pelo contrário, são médicos, engenheiros, professores e empresários que se honram ao deixar suas fontes de riqueza e seus trabalhos para servir, alimentar e abrigar os peregrinos, e estão dispostos a pagar por isso. Foi divulgado que um único empresário doou mais de 1,5 milhão de dólares em alimentos e serviços para os peregrinos. Idosos, crianças, jovens, homens, mulheres, até mesmo deficientes visuais e físicos, tem o grande prazer de servir os peregrinos nestes dias onde o que os une e move é o “Amor aos Ahlul Bait (A.S.)”. O jornal britânico Independent classificou o evento com o maior encontro voluntário do mundo.

As pouco mais de 30 milhões de pessoas chegam ao Iraque, e assim que pisam na terra da Mesopotâmia são recebidas pelos iraquianos com saudações de boas-vindas, abraços, desejos de uma ótima estadia e de que sua visitação ao Imam (A.S.) seja aceita.

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Não se preocupe, pois você não precisará de um volume grande de bagagem, já que tudo que precisar será dado pelos nobres anfitriões. Talvez uma única mochila nas costas com alguns pertences pessoais seja o suficiente para fazer esta peregrinação, e isso não é um exagero, pois todos os serviços abaixo, e muitos outros, são fornecidos gratuitamente e de coração aos peregrinos:

Transporte

Alimentação de tipos variados e em diversos horários

Postos de primeiros socorros

Massagem

Cabeleireiros

Banho

Banheiros

Sapataria

Carregadores

Recarga de celular e aparelhos eletrônicos

Ligações e internet grátis

Serviços de costura, lavagem e passar roupas

Participação em campanhas ambientais

Tendas para descanso

Estudos e aprendizado da leitura do Alcorão Sagrado

Distribuição de livros e bibliotecas

Isso e muito mais é oferecido gratuitamente e em grande escala nas rodovias iraquianas que levam a Karbala, sendo que o principal objetivo é o conforto do ZAER (Visitante). Os iraquianos imploram aos visitantes para que entrem em suas tendas para se alimentar ou simplesmente descansar, pois eles chegam ao auge da satisfação quando veem o visitante satisfeito. Alguns até deixam suas casas a disposição dos peregrinos, e ficam apertados em um único cômodo com suas famílias para que o visitante se sinta confortável e a vontade no restante da casa.

Mesmo se a pessoa tiver algum tipo de restrição alimentar, tal como ser vegetariano ou ter intolerância a algum tipo de alimento, ela pode escolher uma refeição de seu agrado entre as milhares disponíveis no cardápio oferecido aos visitantes. Frutas frescas, pães e doces, carnes vermelhas e brancas, frutos do mar, arroz e todos os tipos de grãos, massas e molhos, bebidas de todos os tipos, quentes e frias, sem contar com os lanches e porções distribuídas em todos os horários e por todo o percurso da caminhada.

Este ano (2015), por iniciativa da prefeitura de algumas cidades do Irã, como Teerã e Isfahan, funcionários de limpeza destas cidades que se voluntariaram foram enviados até as cidades iraquianas de Najaf e Karbala para ajudar na limpeza das ruas e estradas iraquianas pelas quais passam os milhões de peregrinos do Arbaeen do Imam Hussein (A.S.).

De acordo com declarações oficiais do governo iraquiano, apenas do Irã são mais de 3 milhões de peregrinos, pois este é o número de vistos emitidos. Estas pessoas viajam pelas vias terrestre e aéreas, muitas vezes chegando no aeroporto de Najaf, que é o aeroporto mais novo do Iraque e o mais próximo de Karbala (fica a 80 Km). E em um espaço de dois pequenos terminais é feito o desembarque de mais de 130 voos por dia, procedentes do mundo inteiro, o que representa uma média de 1 voo a cada 10 minutos. Outros aeroportos como o aeroporto de Bagdá (a 110 Km) e o aeroporto de Basrá (a 550 Km) também servem como uma opção para aliviar o grande fluxo de viajantes que se destinam à Karbala.

A oração é o principal elemento deste evento, afinal de contas, até mesmo durante a batalha e em meio a flechas e lanças que os ameaçavam, o Imam Hussein (A.S.) chamou seus companheiros para realizar a oração dada a importância e posição desta grandiosa devoção, a qual o profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse sobre ela: “A oração é a base da religião”. Com isso, os peregrinos que participam nesta jornada se moldam na ação do Imam Hussein (A.S.) e se preparam para realizar as orações em seus devidos momentos, se enfileirando nas mesquitas e salões de orações presente no decorrer da estrada, e se prostrando para Deus agradecendo por agracia-los com a participação nesta caminhada exemplar.

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Só de ver ou assistir tais imagens já se sente um aperto no coração. Não há máquina fotográfica que possa registrar a grandeza deste evento. Você se perde no meio das multidões, os mais de 30 milhões de peregrinos procedentes de mais de 60 países do mundo e de todos os continentes fazem com que nos sintamos um simples ninguém perante a grandeza deste maravilhoso evento, no qual todos buscam a honra de dar o que tem pela causa do Imam Hussein (A.S.). Mas sabemos que ainda assim, tudo que as caravanas e peregrinos dão nesta caminhada é insignificante quando comparados com os sacrifícios e as dádivas do Imam Hussein (A.S.), pois ele era generoso, e quando foi necessário deu tudo que possuía em mãos pela causa de Deus, e ele (A.S.), seus companheiros e seus filhos se sacrificaram para a continuidade da mensagem do Islam. Como disse o poeta:

“O Islam é Mohammad em sua existência, Ali em sua permanência e Hussain em sua continuidade”.

A revolução do Imam Hussein (A.S.) não era contra a pessoa do Yazid, e sim contra a injustiça e a opressão em geral. O público que o Imam (A.S.) defendia não eram apenas seus familiares ou seguidores, e sim toda a humanidade, e foi exatamente este princípio que transformou o Imam Hussein (A.S.) no principal exemplo de líder, que motivou revoltas contra a opressão e injustiças por todo o mundo. Quando ele sacrificou sua própria alma pela sua mensagem deu o maior exemplo de todos aos demais, que antes temiam por suas vidas quando pressionados, e passaram a perceber que não tem nada a perder senão as próprias vidas, mas como ele (A.S.) mesmo disse, “morrer é melhor para mim do que uma vida humilhante entre os opressores”. Por isso, nesta caminhada não vemos apenas os xiitas seguidores dos Ahlul Bait (A.S.), mas também os seguidores de outras escolas sunitas ou até mesmo de outras religiões, como cristãos protestantes e católicos que participam nas caminhadas e nas caravanas para se inspirar no espírito revolucionário do Imam Hussein (A.S.).

As caravanas que recebem os peregrinos passaram da fronteira iraquiana e estão também no Irã e no Kuwait, onde milhões de peregrinos se acumulam em seus veículos esperando para seguir rumo ao Iraque, mas onde também já são prontamente servidos pelas caravanas e tendas de apoio.

Para aqueles que não podem fazer a caminhada toda é improvisada uma solução que com certeza será reconhecida por Deus. Alguns peregrinos caminham de suas casas até o ponto limite da fronteira do seu país com o Iraque, e lá realizam a Ziyarah (Visitação) do Imam Hussein (A.S.), para em seguida retornar para suas casas.

Se o peregrino fica doente ou precisa de serviços médicos ele não precisa se preocupar, pois a Cruz Vermelha do Iraque está presente em todas as estradas para socorrer todo aquele que passa por uma dificuldade de saúde. Eles são acompanhados pelos mais de 35 mil homens do exército e soldados da polícia iraquiana, que fazem o serviço de segurança para que os peregrinos cheguem com total segurança a seus destinos.

A jornada de Arbaeen representa uma mescla de fé, amor, razão e sentimento. É a união dos peregrinos pelo amor aos Ahlul Bait (A.S.), que nada mais representa do que a prática da tradição e orientação confirmada pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S.) quando disse: “Tudo possui uma base, e a base do Islam é o Amor pelos Ahlul Bait”.

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Um mar de gente, entre jovens e idosos, homens e mulheres, deficientes e enfermos, pessoas de todas as nacionalidades, cores, etnias, e religiões, todas fazendo o mesmo trajeto, seguindo o mesmo caminho, em silêncio e com total respeito e dedicação aos próximos, com um objetivo comum em mente, que é chegar a Karbala e saudar o senhor dos Mártires, o Imam Hussein ibn Ali (A.S.) e seus companheiros, aqueles que se sacrificaram e deram suas vidas pela mensagem do Islam e sua continuação. Não há máquina fotográfica que consiga registrar o número de peregrinos e nem a quantidade de doações que as caravanas e voluntários oferecem para servi-los. E também é impossível registrar a tamanha dedicação que estes voluntários prestam aos visitantes do Imam Hussein (A.S.).

Terminamos com as seguintes observações sobre o Arbaeen, que hoje é considerado o maior evento religioso do mundo:

  • Não possui uma liderança que o administra.
  • Não possui financiamento governamental.
  • Não há brigas ou disputas entre os participantes.
  • Não custa nada aos participantes.
  • Não possui influência ou participação do governo, exceto na segurança.
  • Não há espaço para disputas entre os voluntários e doadores deste evento.
  • Não se humilha os peregrinos por estarem sendo servidos com obras de caridade.
  • Não há preguiça por parte de ninguém, peregrinos ou voluntários.
  • Não há como alguém impedir sua realização.
  • Não há acidentes que colocam a vida dos peregrinos em risco.
  • Não há nenhuma pessoa que durma com fome ou desabrigada.

A chave principal do segredo do Arbaeen está na seguinte expressão: “Amor ao Imam Al-Hussein (A.S.)”.

O Arbaeen em imagens, clique aqui.

Galeria de imagens do Arbaeen de 2015 e do Santuário Sagrado do Imam Hussein (A.S.) em Karbala, no Iraque. Clique aqui.

A maior caminhada do mundo em vídeo, clique aqui.

O Caminho do Amora, vídeo do Arbaeen de 2015, clique aqui.

 

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