Depois de Karbala…

Por Syed Zafar Abbas Naqvi

A manhã de 11 de Muharram nasceu enquanto Zaynab assumia a responsabilidade onde Hussain ibn Ali (A.S.) havia os deixado. Hussain (A.S.) havia feito a sua parte e nessa conjuntura, Zaynab assumiu seu importante papel na luta pelo Islam, de maneira que a missão que havia chegado a esse ponto com o sacrifício de muitas nobres vidas, pudesse ser levada à sua frutífera conclusão. Era possível que mesmo nesse momento, a menor quantidade de omissão e negligência pudesse fazer com que todo o empreendimento fosse em vão e os sacrifícios dos mártires inúteis.

Com suprema coragem e determinação, ela resolveu não se deixar abater pela tristeza nem ser vencida pelo peso das tragédias que haviam atingido sua família e com a dureza que ela tinha herdado de seu pai e de seu avô, estava determinada a tirar o melhor proveito de toda a oportunidade que surgisse para propagar a missão do Imam Hussain (A.S.).

Tinha ficado para Zaynab (A.S.) a tarefa de utilizar toda oportunidade para reagir à propaganda mentirosa do regime – pela qual se procurava justificar o derramamento de sangue de Hussain (A.S.) e seus companheiros – e de fazer a verdade revelar-se para as pessoas. Era sua missão dissipar as dúvidas e mal-entendidos incutidos na mente do povo pela propaganda do regime e fazer conhecido do público os objetivos e ideais por trás do martírio de Hussain (A.S.).

Sua função era fazer o povo entender que o regime explorador e opressivo havia falsamente retratado Hussain (A.S.) e seus companheiros, como oponentes do Islam e inimigos do seu progresso. Ela tinha de fazer isso conhecido às pessoas que estavam ignorantes da verdade de que essa era a Casa do Profeta (S.A.S.), a Casa da revelação que foi o sustentáculo e fonte dos ensinamentos e valores do Islam, para cuja proteção eles não pouparam sequer o sacrifício de suas vidas e tudo o mais que possuíam. Os mártires deram as suas vidas e tombaram no cenário da opressão, mas a luta continuou para as mulheres e as crianças, sob a liderança e tutela dessa grandiosa filha de Ali (A.S.), que prosseguiu com a mais difícil e atormentadora parte da missão.

Se não fosse por Zaynab (A.S.) nós não teríamos conhecido os objetivos do qiyam de Hussain ibn Ali (A.S.). Seu objetivo teria sido perdido e esse trágico evento teria sido sepultado sobre a montanha de distorções e mal-entendidos – uma coisa que muitos tentaram fazer, mas falharam miseravelmente. Assim, essa foi a responsabilidade que recaiu sobre os ombros de Zaynab, a grande mulher, que era, além disso, a compassiva e doce líder desse grupo de infelizes prisioneiros na sua jornada de Karbala à Kufa, de Kufa à Shaan (Damasco), de Damasco à Karbala e de lá para Madina, a casa da família do Profeta.

O trabalho demandou grande força e paciência, além de qualidades que não poderiam ser encontradas numa mulher comum. Mas Zaynab não era uma mulher comum; ela era a filha de Ali (A.S.) e tinha sido criada por uma mãe como Fátima (A.S.), os mesmos Ali e Fátima (A.S.) que tinham gastado as suas vidas em combate e tinham enfrentado seus destinos em meio a conspirações e crises políticas. Zaynab foi uma verdadeira filha para sua mãe, que através da luta ativa e passiva, havia forçado o regime de seu tempo a adotar uma postura defensiva e tinha mostrado à posteridade os meios de luta em tempos difíceis, bem como seu imenso valor, um fato para o qual a história presta testemunho!

Assim foi Zainab (A.S.), a esposa de um tão valoroso homem de renome como Abdullah ibn Já’fer, a mãe de mártires tão jovens como ‘Aun e Mohammad, e a querida irmã de tal homem como Imam Hussain (A.S.), a qual continuou a missão com imenso cuidado e sabedoria e que, afinal, levou essa missão para a sua sublime e frutífera conclusão.

«
»