Estudo Dirigido do Alcorão Sagrado (Versículos selecionados – parte 1)

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso

Por Ahmad Ismail

Introdução

Em nosso trabalho de apresentação do Islam deparamos com a necessidade de produzir textos e livros que facilitassem a compreensão e tornassem acessível a mensagem islâmica a um número maior de pessoas. A idéia desse livro surgiu dessa necessidade. Em vista do interesse imediato daqueles que têm um primeiro contato com a religião islâmica em conhecer o Alcorão Sagrado, vimos que devido a complexidade de seu texto e pelas peculiaridades de sua Mensagem, seria interessante que este contato inicial fosse acompanhado de informações históricas e de uma exegese básica (explicação das passagens), bem como de uma breve dissertação dos fundamentos expressos nos versículos sagrados.

Como sabemos, o estudo do Sagrado Alcorão é uma tarefa para uma vida inteira e nem todas as obras dos mais eminentes sábios juntas poderiam concluí-la. Por uma perspectiva prática achamos por bem selecionar um conjunto de versículos sagrados que apresentassem as crenças e as práticas do Islam de modo bastante claro , e expô-los em aulas temáticas.

Auxiliar numa correta compreensão do Livro de Deus, tanto quanto possível isenta de equívocos; esta é a razão principal da necessidade de um estudo dirigido. Portanto, queira Deus, que este livro seja útil para os que estejam conhecendo o Islam e o Sagrado Alcorão, como também para os recém-convertidos e todos os muçulmanos que estejam buscando aprimorar seus conhecimentos. Queira Deus, o Altíssimo, aceitar nosso esforço, guiar em sua misericórdia os que estão em busca da verdade e apiedar-se de nós, dos muçulmanos e muçulmanas.

INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE O TEXTO CORÂNICO

Diz Deus, o Altíssimo no Alcorão Sagrado: “RECITA (LÊ), EM NOME DE TEU SENHOR QUE CRIOU…” (96/1)

Este foi o primeiro versículo sagrado revelado ao profeta Mohammad (S.A.A.S.), anunciado pelo Arcanjo Gabriel na caverna de Hira. Nele, se encontra expressa a natureza de revelação que dá nome a esta última Mensagem Divina anunciada a humanidade. A palavra Qur’án (recitação, leitura) evidencia sua condição de recitação por excelência. No decorrer de 23 anos os versículos foram sendo revelados em diferentes circunstâncias. No decorrer desse processo, cada palavra e sentença foi imprimida no coração do Profeta (S.A.A.S.) e memorizadas por muitos dos primeiros seguidores. Com a conclusão da revelação, o próprio Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) delegou a Imam Ali, o líder dos crentes (A.S.) a compilação do texto em sua totalidade, na ordem de revelação dos versículos. Após o falecimento do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), uma segunda compilação foi realizada, nesta, adotou-se por convenção a ordenação das 114 suratas (capítulos) segundo sua extensão. É de aceitação unânime, mesmo pelos estudiosos não-muçulmanos que o texto do Alcorão é a única escritura sagrada que não sofreu qualquer alteração ou perda de sua forma original no decorrer dos quatorze séculos de sua revelação. As evidências históricas desse fato são tão indiscutíveis que nem mesmo o maior dos opositores do Islam não pode lançar dúvida sobre isto. A ocasião e o local em que cada versículo e surata foi revelada é de conhecimento dos eruditos islâmicos. Não há no texto alcorânico qualquer letra, palavra ou sentença do Profeta (S.A.A.S.) ou de qualquer outra criatura e em sua totalidade se encontra no idioma árabe tal como foi revelado. A preservação no idioma original da revelação é outra distinção do Alcorão.

De fato, as traduções existentes nos muitos idiomas não são consideradas o Alcorão, mas sim, a versão do significado do Alcorão para este ou aquele idioma, e como tal, por melhores que sejam, são versões que apenas cumprem um papel didático e não podem ser tomadas como a Palavra de Deus em seu pleno significado.

O Alcorão Sagrado nos apresenta a vontade de Deus, sua Lei imutável e o seu plano divino para a humanidade. Trata das normas da fé e esclarece a correta compreensão e o conhecimento perfeito acerca de Deus e da existência. Não há lei religiosa ou problema da vida do seres humanos que não encontre nele a solução. Narra a história dos povos antigos e apresenta como um exemplo para cada um de nós. Relata a história dos profetas e mensageiros e nos exorta a senda reta. Chama nossa atenção para os sinais divinos presentes em toda criação e nos convoca a meditação e o raciocínio. Encontramos nele o esclarecimento das divergências religiosas, a diretriz tanto para o indivíduo como para a sociedade e a nação. O rumo correto para as relações econômicas, para o parecer jurídico, a educação, a ética e as relações humanas. Anuncia as realidades eternas além dos sentidos físicos e o destino final da humanidade.

Os versículos sagrados se classificam segundo algumas particularidades inerentes a seu sentido e objetivo em dois grupos distintos:

• os versículos Muhkamah – normativos, isto é, estabelecem as leis, as ordens e detalham as práticas e os princípios da crença.
• Os versículos Mutashabihah – alegóricos , isto é, os que possuem alusões simbólicas.

Qualquer interpretação, em qualquer nível exige pleno conhecimento dessa disposição. Além disso, aquele que pretenda interpretar o Alcorão deve possuir conhecimento abalizado de várias matérias como a gramática e a sintaxe da língua árabe, as circunstâncias da revelação dos versículos e a história e o contexto em que se deram, de maneira que, a interpretação do texto sagrado é de responsabilidade dos eruditos capacitados para isso, aos quais o devoto comum deve recorrer para uma correta compreensão do texto.

Além da classificação básica, os versículos possuem uma específica disposição que segue o contexto histórico da revelação. Alguns versículos anunciavam um preceito temporário ou circunscrito a uma específica situação que, posteriormente foram substituídos pela revelação de outros versículos de caráter permanente e definitivo.

Os primeiros são chamados de Mansukh (ab-rogados) e os segundos de Násikh (ab-rogantes). O conhecimento e a distinção dessas duas categorias também é exigido dos que se dispõem a interpretar o Alcorão.

Os versículos sagrados selecionados para este estudo são os que consideramos os de mais evidente sentido para um entendimento geral.

Índice – Temas

O Alcorão
Tawhid (unicidade divina)
Profecia
Livros Sagrados
Mohammad (S.A.A.S.)
O Islam
Adl (justiça)
Autoridade espiritual e Imamato
M’a’ad (realidades do além)
A fé e os fiéis
Os descrentes e os hipócritas
Propósito da criação e natureza humana
Sinais divinos
Kufr (idolatria e politeísmo)
Povos do Livro
Jesus (A.S.) e Maria (A.S.)

Capítulo 1 – O Alcorão Sagrado

Diz Deus o Altíssimo no Alcorão: “EIS O LIVRO NO QUAL NÃO HÁ DÚVIDA E É ORIENTAÇÃO PARA OS TEMENTES” (2:2)

“ESTE (ALCORÃO) ENCERRA EVIDÊNCIAS PARA O HOMEM, E É ORIENTAÇÃO E MISERICÓRDIA PARA OS PERSUADIDOS.” (45:20)

“LOUVADO SEJA DEUS, QUE REVELOU O LIVRO A SEU SERVO, NO QUAL NÃO COLOCOU CONTRADIÇÃO ALGUMA” (18:1)

A clareza e a integridade da Mensagem Revelada é frisada de modo a não deixar qualquer dúvida sobre sua origem Divina. A inexistência de contradições num texto de tal complexidade é um indício para os que crêem de que o Alcorão guia o humano para a senda reta, onde o coração e a razão encontram orientação e luz.

Esta orientação, segundo o próprio Alcorão, é destinada para os tementes, isto é, não para aqueles cuja fé seja algo como “crer no que se convencionou crer”, não para aqueles que cuja crença seja apenas uma conclusão lógica da existência Deus (algo puramente racional), mas é orientação para aqueles que já possuem uma sincera fé imprimida no coração não obstante ainda careçam de Orientação e conhecimento.

Além disso, o Alcorão diz que é misericórdia concedida a estas pessoas, posto que Deus não criou o homem para deixá-lo sem uma orientação segura que lhe proporcione a remissão e a possibilidade de bem-aventurança nesta vida e no além.

“E REVELAMOS, NO ALCORÃO, AQUILO QUE É CURA E MISERICÓRDIA PARA OS FIÉIS; PORÉM ISSO NÃO FARÁ MAIS DO QUE AUMENTAR A PERDIÇÃO DOS INÍQUOS.” (17:82)

Aqui, a perfeito propósito da Mensagem é esclarecido: “Cura e misericórdia para os fiéis” . Cura das doenças da alma e do coração, das doenças morais e do pecado e a libertação das amarras da ignorância. Por outro lado, alerta que para aqueles que se entregam a descrença e ao mal, a Mensagem se tornará uma prova contra eles.

“E ESTE É O LIVRO BENDITO QUE REVELAMOS (AO MENSAGEIRO); OBSERVAI-O POIS E TEMEI A DEUS, QUIÇÁ ELE SE COMPADEÇA DE VÓS” (6:155)

“QUE ESTE (ALCORÃO) É A PALAVRA DECISIVA , E NÃO UM ENTRETENIMENTO.” (86:13-14)

“… SABEI QUE É UMA ADMOESTAÇÃO. QUEM QUISER QUE O RECORDE . PORÉM NÃO O RECORDARÃO, A MENOS QUE DEUS O QUEIRA, PORQUE É O SENHOR DO TEMOR E O SENHOR DA REMISSÃO.” (74: 54 A 56)

Deus, o Altíssimo assevera que esta Mensagem foi revelada para ser obedecida, observada; que as leis e a diretriz nele constantes são determinantes e não podem ser negligenciadas ou tomadas como meras palavras . É decisiva para a salvação e a condenação dos humanos. E diz também que a orientação está condicionada a misericórdia e a graça divina e está reservada aqueles a quem Deus se apiedar e conduzir das trevas da ignorância para a luz.

“EM VERDADE REVELAMOS A MENSAGEM E SOMOS DELA OS GUARDIÕES” (15:9)

“…ESTE É UM LIVRO VERDADEIRO POR EXCELÊNCIA. A FALSIDADE NÃO SE APROXIMA DELE, NEM PELA FRENTE , NEM POR TRÁS, É A REVELAÇÃO DO PRUDENTE, LAUDABILÍSSIMO.” (41:41E42)

“EM VERDADE, TEMOS TE REVELADO O LIVRO (Ó MOHAMMAD) PARA OS HUMANOS . ASSIM POIS, QUEM SE ENCAMINHAR SERÁ EM BENEFÍCIO PRÓPRIO E QUEM SE DESVIAR , SERÁ EM SEU PRÓPRIO PREJUÍZO…” (39:41)

Nestes versículos sagrados se afirma a condição de incorruptibilidade do Alcorão que assegura que nem os humanos e nem os gênios são capazes de adulterar suas palavras e por nenhum meio, aberta ou secretamente, distorcer sua Mensagem.

O Livro de Deus é apresentado como uma Mensagem dirigida a todos os humanos, não sendo pois uma mensagem restrita a este ou a aquele povo como as escrituras sagradas anteriores. Por último, é declarada a responsabilidade pessoal de cada criatura em relação a Mensagem, no que se refere a encaminhar-se ou não, estando consciente de que se confrontará com o benefício ou o prejuízo segundo sua escolha.

Capítulo 2 – Tawhid

“TAL É DEUS, VOSSO SENHOR. NÃO HÁ MAIS DIVINDADE ALÉM DELE, CRIADOR DE TUDO. ADORAI-O POIS, PORQUE É O GUARDIÃO DE TODAS AS COISAS. OS OLHARES NÃO PODEM PERCEBE-LO, NÃO OBSTANTE ELE SE APERCEBA DE TODOS OS OLHARES , PORQUE É O ONISCIENTE , O SUTILÍSSIMO (6:102/103)

“DIZE; ELE É DEUS, O ÚNICO, DEUS, O ABSOLUTO. NÃO GEROU E NÃO FOI GERADO E NINGUÉM SE COMPARA A ELE” (112: 1 A 4)

“ELE É DEUS, NÃO HÁ MAIS DIVINDADE ALÉM DELE, CONHECEDOR DO VISÍVEL E DO INVISÍVEL, ELE É O CLEMENTE, O MUI MISERICORDIOSO” (59:22)

“A DEUS PERTENCE O REINO DOS CÉUS E DA TERRA. ELE DÁ A VIDA E A MORTE E FORA DELE, NÃO TEREIS PROTETOR NEM SOCORREDOR” (9:116)

“ELE POSSUI AS CHAVES DO DESCONHECIDO, COISA QUE NINGUÉM ALÉM DELE POSSUI, ELE SABE O QUE HÁ NA TERRA E NO MAR, E NÃO CAI UMA FOLHA SEM QUE ELE NÃO TENHA CIÊNCIA DISSO…” (6/59)

Tawhid (Unicidade divina) é a essência de todas as mensagens reveladas e o primeiro fundamento da fé no Islam. Como tal, sua posição no Islam supera tudo o mais, o que eqüivale dizer que sem fé absoluta na Unicidade Divina, expressa no testemunho LA ILAHA ILLA LLAH ( NÃO HÁ DIVINDADE SENÃO DEUS) todas as ações e toda devoção religiosa se tornam nulas neste mundo e no além (não são aceitas por Deus).

Os versículos acima apresentam algo do que Deus, Exaltado Seja, deu a conhecer de si a humanidade por meio de seus profetas e mensageiros (a paz sobre todos eles). Sua Unicidade é manifesta em quatro princípios depreendidos desses versículos sagrados, que compõem o Monoteísmo:

• Unidade na criação: ou seja, é o Criador do Universo, e o fez sem o auxílio de qualquer criatura, posto que todas elas foram criadas, tiveram um princípio enquanto ELE não teve princípio e nem terá um fim. E o seu poder de criação é infinito e porquanto é o único mantenedor do universo e Soberano sobre todas as coisas nele existentes.

• Unidade na Legislação: isto é, somente ELE estabeleceu todas as leis universais e dentre elas, o dín (religião). Portanto, as leis e diretrizes divinas são um direito exclusivo Dele.

• Unidade na Adoração: somente Ele possui o direito a adoração e somente a ELE devemos prestar culto e a ELE é devida a obediência.

• Unidade no apelo: ou seja, somente a ELE devem ser dirigidas as preces, pois é o Senhor de todas as bençãos deste mundo e do além.

Os versículos destacados nos esclarecem algo mais da Unicidade Divina: Que Deus não tem qualquer similaridade ou semelhança com qualquer criatura , não está restrito ao tempo ou ao espaço, “não gerou e não foi gerado” não possui limitação ou relação de dependência, mas, é Auto-Suficiente, Imam Ali (A.S.) disse com referência a isso: “nenhuma alteração pode acontecer Nele e nenhuma diminuição, enfraquecimento, perda, declínio ou dissipação de seu Poder e Glória é possível, Ele que não é gerado de ninguém e nem gerou alguém… não tem par e nem igual. Pode destruir todas as coisas criadas por ele de tal maneira que elas cessariam de existir e se dissipariam no nada …”

Seus atributos divinos dentre os quais alguns são citados nos versículos, poder, sabedoria, misericórdia, não são passivos de qualquer relatividade; são atributos perfeitos e completos.
Como esse fundamento monoteísta está presente e permeia todas as práticas e demais pontos do Islam, analisaremos nos próximos capítulos, se Deus quiser, as diversas distorções e desvios produzidos pelos homens com relação ao Tawhid (unicidade divina).

Capítulo 3 – Profecia

“INSPIRAMO-TE (Ó MOHAMMAD), COMO INSPIRAMOS NOÉ E OS PROFETAS QUE O SUCEDERAM; ASSIM TAMBÉM INSPIRAMOS ABRAÃO, ISMAEL, ISAAC, JACÓ E AS TRIBOS , JESUS, JÓ, JONAS, ARÃO, SALOMÃO, E CONCEDEMOS OS SALMOS A DAVI. E ENVIAMOS ALGUNS MENSAGEIROS, QUE TE MENCIONAMOS E OUTROS, QUE NÃO MENCIONAMOS E DEUS FALOU A MOISÉS DIRETAMENTE. FORAM MENSAGEIROS ANUNCIADORES E ADMOESTADORES, PARA QUE OS HUMANOS NÃO TIVESSEM ARGUMENTO ALGUM ANTE DEUS, DEPOIS DO ENVIO DELES, POIS DEUS É PODEROSO E PRUDENTÍSSIMO.” (4: 163 A 166)

Nubuwwah (Profecia) é o segundo fundamento da fé. Deus, glorificado Seja, comunicou seu Din (religião) a humanidade por meio de profetas, os quais foram escolhidos dentre a humanidade. São as mais nobres criaturas do gênero humano a quem Deus honrou com a profecia, diferentes dons e a revelação das mensagens. É ponto pacífico que a fé no fundamento da profecia exige a convicção na integridade espiritual e moral desses profetas. A própria razão nos diz que Deus não encarregaria nenhuma criatura de tão sagrada missão se esta criatura possuísse imperfeições morais e que nela predominasse as paixões e a vulgaridade e que em razão disso fosse propensa a mentira, a manipulação, a obscenidade e aos demais pecados. Assim, é Kufr (descrença) e um grave pecado atribuir aos profetas das escrituras reveladas crimes ou atos vergonhosos como muitos judeus e cristãos o fazem. O versículo sagrado acima menciona alguns e suas atribuições em diferentes graus e missões. Vinte e seis profetas e mensageiros são mencionados no Sagrado Alcorão: Adão, Noé, Idris,Hud, Saleh, Abraão, Lot, Ismael, Elisha,,Dhul Kifl, Elias, Jonas, Isaac, Jacó, José, Shuaib, Moisés, Arão, Davi, Salomão, Job, Zakarya, João (Yahia), Jesus e Mohammad, o selo dos profetas.

É um requisito de fé a crença na condição profética de pureza e infalibilidade de todos eles. De acordo com as fiéis tradições Deus enviou ao mundo 124.000 profetas e mensageiros, tal como é referido no versículo sagrado “sobre os que não foram mencionados.”

“EM VERDADE ENVIAMOS PARA CADA POVO UM MENSAGEIRO (COM A ORDEM): ADORAI A DEUS E AFASTAI-VOS DO SEDUTOR…” (16:36)

“CADA POVO TEVE O SEU MENSAGEIRO E QUANDO SEU MENSAGEIRO SE APRESENTAR , TODOS SERÃO JULGADOS COM EQUIDADE.” (10/47)

“DIA EM QUE DEUS CONVOCARÁ OS MENSAGEIROS E LHES DIRÁ: QUE VOS TEM SIDO RESPONDIDO (QUANTO A EXORTAÇÃO)? DIRÃO: NADA SABEMOS, PORQUE SÓ TU ÉS CONHECEDOR DO INCOGNISCÍVEL.” (5/109)

A justiça divina determinou que todos os povos antigos recebessem ao menos um Mensageiro, e que fosse convocado a fé monoteísta e abandonasse os passos de Satã. Isso está plenamente estabelecido de maneira que no dia do juízo toda humanidade possa ser inquirida acerca da mensagem anunciada diante de seus mensageiros e profetas, os quais serão testemunhas diante dos povos a que foram enviados.

“ANTES DE TI NÃO ENVIAMOS NADA ALÉM DE HOMENS, A QUEM INSPIRAMOS. PERGUNTAI-O POIS AOS ADEPTOS DA MENSAGEM, SE O IGNORAIS. NÃO OS DOTAMOS DE CORPOS QUE PUDESSEM PRESCINDIR DE ALIMENTOS, NEM TAMPOUCO FORAM IMORTAIS. ENTÃO CUMPRIMOS A NOSSA PROMESSA PARA COM ELES E OS SALVAMOS, JUNTAMENTE COM OS QUE QUISEMOS E EXTERMINAMOS OS TRANSGRESSORES.” (21/7 A 9)

O versículo sagrado esclarece as dúvidas e especulações de muitos que na época de sua revelação, como hoje, tomavam alguns profetas como criaturas sobre-humanas, tal como os cristãos de nossos dias o fazem sobre o Messias Jesus (A.S.). A verdadeira natureza humana desses mensageiros é claramente exposta no versículo.

Capítulo 4 – Livros Sagrados anteriores

“E CONCEDEMOS O LIVRO A MOISÉS , QUE TRANSFORMAMOS EM ORIENTAÇÃO PARA OS ISRAELITAS(DIZENDO-LHES): NÃO ADOTEIS ALÉM DE MIM, OUTRO GUARDIÃO.” ( 17/2)

“…ENVIAMOS JESUS, FILHO DE MARIA, CORROBORANDO A TORÁ QUE O PRECEDEU, E LHE CONCEDEMOS O INJIL (EVANGELHO), QUE ENCERRA ORIENTAÇÃO E LUZ …” (5/46)

“EM VERDADE REVELAMOS A TI O LIVRO CORROBORANTE E PRESERVADOR DOS ANTERIORES…” (5:48)

O Sagrado Alcorão cita nominalmente quatro escrituras sagradas anteriores, reveladas por Deus: O Livro de Abraão, a sagrada Torah, revelada a Moisés (A.S.), o Zabur (Salmos) revelados a Davi (A.S.) e o Injil (evangelho) revelado a Jesus (A.S.). Também de acordo com um considerável número de fiéis tradições, Deus revelou livros ou páginas sagradas a 313 profetas.

Entretanto, o Sagrado Alcorão se refere “a condição de revelação sagrada desses textos em sua forma original” e não aos textos hoje existentes da Torah judaica ou dos Salmos de Davi (A.S.), quanto ao livro de Abraão (A.S.) e as demais escrituras dos tempos antigos, nada chegou a nós e quanto ao Evangelho revelado a Jesus (A.S.) não deve ser confundido com os evangelhos canônicos atribuídos a seus seguidores que, como é sabido foram compostos muito depois de sua missão na terra.

Diz Deus o Altíssimo no Sagrado Alcorão: “…HÁ AQUELES QUE COM SUAS LÍNGUAS DETURPAM OS VERSÍCULOS DO LIVRO PARA QUE PENSEIS QUE AO LIVRO PERTENCEM, QUANDO ISSO NÃO É VERDADE. E DIZEM: ESTES (VERSÍCULOS) EMANAM DE DEUS, QUANDO NÃO EMANAM DE DEUS. DIZEM MENTIRAS A RESPEITO DE DEUS CONSCIENTEMENTE.” (3/78)

O versículo acima faz referência a homens que por não possuírem temor a Deus se empenharam em distorcer as escrituras, mesclando as palavras dos homens a palavra de Deus, o que explica a adulteração e a perda de muito do que havia sido revelado nos tempos antigos a outros profetas. Com efeito o Alcorão atesta e corrobora as escrituras sagradas anteriores (em sua forma autêntica e original). A corroboração se aplica a uma disposição divina que se relacionava a cada profeta ou mensageiro enviado que testificava o que havia lhe precedido e anunciava a vinda do próximo. Cinco profetas, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad, que possuíam todos os graus da profecia receberam uma escritura determinante com uma lei que corroborava e ab-rogava o livro e a lei anterior. Assim, o Sagrado Alcorão testifica as escrituras e as leis temporárias anteriores, sela as mensagens e a profecia e anuncia a humanidade a Lei (shariah) definitiva que vigorará até o dia do Juízo.

Capítulo 5 – Mohammad (S.A.A.S.)

“TE ENVIAMOS (Ó MOHAMMAD) COMO MENSAGEIRO DA HUMANIDADE… (4/79)

“…O MENSAGEIRO DE DEUS É O POSTERMO DOS PROFETAS, SABEI QUE DEUS É ONISCIENTE” (33/40)

“E NÃO TE ENVIAMOS SENÃO COMO MISERICÓRDIA PARA A HUMANIDADE” (21/107)

“EM VERDADE DEUS E SEUS ANJOS ABENÇOAM O PROFETA. Ó VÓS QUE CREDES , ABENÇOAI-O E SAUDAI-O REVERENTEMENTE” (33/56)

Estes versículos sagrados evidenciam a condição distintiva do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) de mensageiro de Deus para toda a humanidade, e Deus reitera que seu mensageiro é um sinal de sua misericórdia para o gênero humano. Por meio de seu advento a luz da orientação divina já não estaria restrita a um povo ou a outro, em períodos circunscritos a uma determinada lei sagrada temporária; A este Mensageiro, Deus designou o encargo de portador da Lei definitiva para toda a humanidade. Por conseguinte, com sua vinda, é selada a corrente profética (silsilatun nubuwwah), o que significa que depois dele Deus não enviou mais mensageiros e profetas. Também significa que nenhuma outra Lei Divina ou Mensagem seria divinamente revelada. Selado o ciclo da profecia, iniciou-se o ciclo do Imamato Divino, isto é, o encargo da salvaguarda espiritual da mensagem revelada, tema que trataremos em outro capítulo.

“Ó PROFETA , EM VERDADE TE ENVIAMOS COMO TESTEMUNHA, ANUNCIADOR E ADMOESTADOR, COMO CONVOCADOR (DOS HUMANOS) A DEUS, COM SUA ANUÊNCIA, E COMO UMA LÂMPADA LUMINOSA.” (33/45 -46)

“EM VERDADE TENDES NO MENSAGEIRO DE DEUS UM EXCELENTE EXEMPLO PARA AQUELES QUE ESPERAM CONTEMPLAR A DEUS…” (33:21)

“DIZE-LHES: OBEDECEI A DEUS E OBEDECEI AO MENSAGEIRO. PORÉM, SE VOS RECUSARDES , SABEI QUE ELE (O MENSAGEIRO) SÓ É RESPONSÁVEL PELO QUE LHE ESTÁ ENCOMENDADO, ASSIM COMO SEREIS RESPONSÁVEIS PELO QUE VOS ESTÁ ENCOMENDADO. SE OBEDECERDES, VOS ENCAMINHAREIS, PORQUE NÃO INCUMBE AO MENSAGEIRO MAIS DO QUE A PROCLAMAÇÃO DA CLARA MENSAGEM.” (24/54)

As cinco atribuições do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) são aqui enumeradas e se relacionam aos graus da profecia e a própria característica de Mensageiro. Veio à humanidade como testemunha da verdade anteriormente revelada, a qual havia sido obscurecida pela ignorância e pelas controvérsias sectárias dos seguidores. (E será uma testemunha como os demais mensageiros no Dia do Juízo). Veio como anunciador de uma nova Mensagem Revelada, trazendo uma nova Shariah (lei divna), a Boa Nova, que implicava em arrependimento e fé para a Remissão e a Misericórdia colocada ao alcance de todos. Veio como admoestador para despertar os humanos da ilusão mundana e recordá-los das promessas de Deus relacionadas a sua justiça e seu julgamento. Veio como convocador e como lâmpada luminosa o que implica em que sua pessoa era em si um exemplo, ou seja, suas palavras e atos estavam em perfeita concordância com a Mensagem que portava e, portanto o próprio Livro de Deus atesta sua condição de “excelente exemplo para os que crêem”.

O versículo sagrado que segue nos esclarece da incumbência do Profeta de proclamar a Mensagem, e da determinação da responsabilidade dele e da responsabilidade individual de cada um de nós, para quem a Mensagem foi endereçada. A obediência a Deus e a seu Mensageiro é devida, no entanto, o livre-arbítrio de cada um permanece e seremos inquiridos no Dia do Juízo sobre nossas responsabilidades individuais e de como fizemos uso de nosso livre-arbítrio.

Capítulo 6 – O Islam (Submissão a Deus)

“VOS PRESCREVEU A MESMA RELIGIÃO QUE HAVIA PRESCRITO A NOÉ, A QUAL TE REVELAMOS, A QUAL HAVIAMOS ORDENADO A ABRAÃO, A MOISÉS, A JESUS. OBSERVEIS A RELIGIÃO E NÃO DIVERGIS ACERCA DISSO…” (42/13)

“E QUEM REJEITARIA O CREDO DE ABRAÃO, A NÃO SER O INSENSATO?JÁ O ESCOLHEMOS (ABRAÃO) NESTE MUNDO E NO OUTRO CONTAR-SE-Á ENTRE OS VIRTUOSOS. E QUANDO SEU SENHOR LHE DISSE: SUBMETE-TE A MIM. RESPONDEU: EIS QUE ME SUBMETO AO SENHOR DO UNIVERSO. ABRAÃO LEGOU ESTA CRENÇA AOS SEUS FILHOS , E JACÓ, AOS SEUS DIZENDO-LHES: Ó FILHOS MEUS, DEUS VOS LEGOU ESTA RELIGIÃO; APEGAI-VOS A ELA E NÃO MORREIS SENÃO MUÇULMANOS”. (2:130-132)

“VOLTA O TEU ROSTO PARA A FÉ MONOTEÍSTA. É A OBRA DE DEUS, SOB CUJA QUALIDADE INATA DEUS CRIOU A HUMANIDADE. A CRIAÇÃO FEITA POR DEUS É IMUTÁVEL. ESTA É A VERDADEIRA RELIGIÃO, PORÉM A MAIORIA DOS HUMANOS IGNORA.” (30/30)

Esses versículos sagrados mencionam com absoluta clareza que a fé monoteísta (din-al-hanif), essência do Islam (submissão à vontade de Deus) é a religião por excelência, a religião de Deus revelada a todos os profetas e mensageiros. E que estes jamais dividiram a religião em seitas (o que seria trair a missão a eles confiada e quebrar o pacto estabelecido com Deus) e por conseguinte, todos eles foram muçulmanos (submissos à vontade de Deus). O exemplo de Abraão (A.S.) foi apresentado a judeus e cristãos da época da revelação do Alcorão como uma definitiva reivindicação da verdade que, não pertenceria nem a este ou a aquele povo, e que desse modo, deveriam voltar-se a fé original novamente anunciada pelo selo dos profetas (S.A.A.S.). Um outro aspecto a se destacar da “submissão a Deus” é que ela se concretiza no coração da criatura por uma sincera “entrega” ou rendição diante de seu Criador, jamais por uma imposição, isto é, um ato de submeter-se voluntariamente. O versículo acima menciona a fé monoteísta como sendo “a obra de Deus sob cuja qualidade inata criou a humanidade” na verdade, na essência mais profunda de todos os homens e mulheres há uma natural inclinação a submissão a Deus (Islam), sua busca instintiva e inconsciente de paz e felicidade indica essa disposição inata; por mais que essa busca instintiva se dissipe em direções erradas e ilusórias, todos os humanos nascem essencialmente muçulmanos e se não permanecem nessa condição é em razão da cultura e dos costumes em que são criados.

“HOJE, COMPLETEI A RELIGIÃO PARA VÓS. TENHO-VOS AGRACIADO GENEROSAMENTE E VOS APONTO O ISLAM POR RELIGIÃO…” (5/3)

“E QUEM QUER QUE ALMEJE OUTRA RELIGIÃO, QUE NÃO SEJA O ISLAM, JAMAIS SERÁ ACEITA, E NO ALÉM, CONTAR-SE-Á ENTRE OS DESVENTURADOS.” (3/85)

“ANSEIAM ACASO OUTRA RELIGIÃO, QUE NÃO A DE DEUS? TODAS AS COISAS QUE HÁ NOS CÉUS E NA TERRA, QUER QUEIRAM OU NÃO, ESTÃO SUBMETIDAS A ELE E A ELE RETORNARÃO.” (3/83)

A ordem decisiva de Deus a todos os humanos, expressa no Sagrado Alcorão é a adoção do Islam, tal como o Livro de Deus estipula na sua forma completa e definitiva. Nenhuma outra forma de crença será aceita por Deus, posto que a religião já foi detalhada e todas as evidências apresentadas e a profecia selada. Deus, o altíssimo definiu as suas diretrizes e completou sua promessa feita a Adão (A.S.) e renovada a Abraão (A.S.) e não autorizou a nenhum ser humano dividir a religião em seitas ou criar novas religiões, com efeito, tais divisões e inovações se tornarão nulas no dia do Juízo porque não creram no que Deus revelou e não se firmaram no que seus profetas e mensageiros predicaram.

“A QUEM DEUS QUER ILUMINAR, EXPANDE-LHE O PEITO PARA O ISLAM; A QUEM QUER DESVIAR (POR TAL MERECER), OPRIME-LHE O PEITO, COMO AQUELE QUE SE ELEVA NA ATMOSFERA. ASSIM, DEUS COBRE DE ABOMINAÇÃO AQUELES QUE SE NEGAM A CRER.” (6/125)

A orientação compete a Deus. Ele guia a quem quer e desvia a quem quer, e não é injusto com nenhuma criatura, a medida de sua misericórdia e de sua graça provém do seu conhecimento quanto ao coração do homem, conhecimento que nenhum homem possui.

Aqueles a quem Deus se apieda dele “expande-lhe o peito para que receba o Islam”, amplia-lhe a compreensão espiritual e abre-lhe o coração e os sentidos espirituais para a fé e a submissão. E aqueles que se obstinam na descrença, movidos por suas paixões, são desviados e cobertos pela abominação.

Capítulo 7 – Justiça (Adl)

“JAMAIS IMPOREMOS A UMA ALMA CARGA SUPERIOR AS SUAS FORÇAS, POIS POSSUIMOS O LIVRO, QUE PROCLAMA A JUSTIÇA E ASSIM, NÃO SERÃO DEFRAUDADOS.” (23/62)

“A PALAVRA É INSUBSTITUÍVEL PERANTE MIM E JAMAIS SOU INJUSTO PARA COM MEUS SERVOS.” (50/29)

“… E DEUS NÃO DESEJA A INJUSTIÇA PARA OS SEUS SERVOS” (40/31)

“ACASO, NÃO É DEUS O MAIS PRUDENTE DOS JUÍZES…” (95/8)

É um dos fundamentos da fé crer na perfeição da justiça de Deus, o que significa crer que todos os atos e decretos de Deus são isentos de opressão ou injustiça; que ELE, Exaltado Seja, não trata nenhuma de suas criaturas de modo injusto ou cruel. Não impõe a seus servos obrigação alguma que esteja acima de suas capacidades. Isso não o impede de recompensar a quem queira, acima de seu merecimento e também não o impede de destinar a quem queira uma punição menor do que possa merecer; isto em razão de sua clemência e generosidade. Como fundamento da fé, a crença na justiça de Deus é condição essencial sem a qual a fé torna-se sem efeito e todo aquele que atribui a Deus a possibilidade de erro, injustiça ou opressão tirânica sobre seus servos, renega o que Deus revelou a seus profetas e mensageiros.

Capítulo 8 – Autoridade Divina e Imamato

“Ó FIÉIS, OBEDECEI A DEUS, AO MENSAGEIRO E AS AUTORIDADES FUNDAMENTAIS DENTRE VÓS, SE DISPUTARDES SOBRE QUALQUER QUESTÃO RECORREI A DEUS E AO MENSAGEIRO, SE CREDES EM DEUS E NO DIA DO JUÍZO…” (4/59)

A autoridade espiritual é aqui estabelecida em absoluta coerência com o plano divino de orientação aos humanos . Deus é a fonte primordial dessa autoridade, e a obediência a ELE é, como já vimos, um aspecto da Adoração. Em seguida, em razão da própria obediência a Ordem Divina, o versículo sagrado determina a obediência ao Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), que, como portador da profecia e como exemplo para os humanos constitui ele próprio manifestação da orientação para os humanos, o próprio Livro de Deus também declara essa autoridade como algo inerente aos profetas no cumprimento da missão, e diz: “JAMAIS ENVIARÍAMOS UM MENSAGEIRO QUE NÃO DEVESSE SER OBEDECIDO COM A ANUÊNCIA DE DEUS …” (4/ 64)

Podemos citar os exemplos do povo de Noé (A.S.) e do povo de Moisés (A.S.) que selaram seus destinos quando desobedeceram seus respectivos profetas e o Livro de Deus menciona vários exemplos de povos que encontraram a destruição e a abominação de Deus por desobedecerem ao mensageiro a eles enviado. A terceira fonte de autoridade determinada são os Ulul Amr (autoridades fundamentais). Fiéis tradições afirmam que ao ser inquirido sobre quem seriam estes, cuja obediência devida estaria no mesmo grau da obediência a Deus e seu Mensageiro, o próprio Mensageiro (S.A.A.S.) informou que seriam Imam Ali, o líder dos crentes (A.S.), que seria seguido de seus filhos, netos do profeta, Imam Al Hassan (A.S.) e Imam Al Hussein (A.S.), e depois deste nove de sua linhagem sucessivamente, aos quais , por meio da inspiração profética ele informou seus nomes.

Portanto esta terceira fonte de autoridade constitui uma disposição divina que com o final da profecia, dariam continuidade na diretriz espiritual para salvaguardar a verdade e a orientação aos humanos. Esses doze Imames (A.S.), escolhidos por Deus, tal como os profetas e mensageiros o foram, dotados dos mais alto grau de santidade e sabedoria, possuindo todas as atribuições e qualidades dos profetas e mensageiros, com exceção do Wahi (inspiração profética) posto que o ciclo profético se encerrava com o Mensageiro Mohammad (S.A.A.S.).

Dentro desse plano divino o objetivo seria conceder a comunidade dos crentes o firme sustentáculo da verdade e da orientação correta para que não se desviassem. Assim, os Imames purificados (A.S.) são a liderança e a justiça manifestas para os que crêem, e constituem fonte de autoridade para quem a obediência é devida tanto quanto o é em relação ao Mensageiro (S.A.A.S.) e a Deus (Exaltado seja). Este Imamato divino é também um dos fundamentos da fé tal como o versículo sagrado determina de forma evidente.

Capítulo 9 – Ma’ad (realidade do além)

Ma’ad (o além) é outro dos cinco fundamentos da fé. O Sagrado Alcorão descreve em centenas de versículos as realidades do além decretadas por Deus, as quais serão conhecidas após a morte por todos os humanos e que, selarão o destino da humanidade. A primeira dessas realidades é a vida além da morte física, reconhecida por todas as tradições religiosas. O Sagrado Alcorão denomina de Barzakh, o local ou estado onde, após a morte todas as almas permanecerão, gozando de relativa consciência, até o advento do Dia do Juízo. A aproximação da Hora, a qual é de conhecimento exclusivo de Deus, será caracterizada por uma série de cataclismas universais, tais como os descritos nos seguintes versículos sagrados:

“Ó HUMANOS, TEMEI A VOSSO SENHOR PORQUE A CONVULSÃO DA HORA SERÁ ALGO TERRÍVEL. NO DIA EM QUE A PRESENCIARDES, CADA NUTRIENTE ESQUECERÁ O FILHO QUE AMAMENTA, TODA GESTANTE ABORTARÁ; TU VERÁS OS HOMENS COMO ÉBRIOS EMBORA NÃO O ESTEJAM…” (22/1-2)

“SERÁ O DIA EM QUE HAVERÁ DE TREMER A TERRA E AS MONTANHAS, E AS MONTANHAS SE CONVERTERÃO EM DUNAS DISPERSAS.” (73/14)

“QUANDO O CÉU SE FENDER, QUANDO OS PLANETAS SE DISPERSAREM, QUANDO OS OCEANOS FOREM DESPEJADOS E QUANDO OS SEPULCROS FOREM REVIRADOS, SABERÁ CADA ALMA O QUE FEZ E DEIXOU DE FAZER” (82/1-5)

O Sagrado Alcorão menciona que, seguindo esta série de cataclismas que alterarão todo o cosmo e toda a terra se tornará desnuda (sem montanhas ou elevações) ocorrerá a extinção da vida na terra e nos céus. Em seguida, menciona o advento de uma das outras realidades do além: a ressurreição de todas as criaturas. E diz: “E A TROMBETA SOARÁ; E AQUELES QUE ESTÃO NOS CÉUS E NA TERRA DESFALECERÃO, COM EXCEÇÃO DAQUELES QUE DEUS QUEIRA (CONSERVAR). LOGO SOARÁ PELA SEGUNDA VEZ E, EI-LOS RESSUCITADOS, PASMADOS!” (39/68)

“PORÉM O HOMEM DIZ: QUÊ! PORVENTURA DEPOIS DE MORTO SEREI RESSUSCITADO? POR QUE NÃO RECORDA O HOMEM QUE O CRIAMOS QUANDO NADA ERA?” (19:66/67)

“PORVENTURA , O HOMEM CRÊ QUE JAMAIS REUNIREMOS SEUS OSSOS? SIM. PORQUE PODEMOS RESTAURAR MESMO AS CARTILAGENS DE SEUS DEDOS.” (75/4 E 5)

A ressurreição será tal como descrevem os versículos, espiritual e física. A trombeta em questão será a trombeta do Anjo Rafael (A.S.) que ao seu toque desencadeará a convulsão universal e na Segunda vez, a ressurreição. Interessante notar o consistente argumento que o Livro de Deus apresenta perante a mente vulgar e agnóstica: Se Deus criou todos os seres do nada, porque não seria capaz de operar a ressurreição dos mortos? Todos os seres humanos ressurgirão e serão reunidos para o cumprimento da promessa de Deus, o julgamento final. Diz o Sagrado Alcorão:

“E RECORDA-LHES O DIA EM QUE MOVEREMOS AS MONTANHAS, QUANDO ENTÃO VERÁS A TERRA ARRASADA E OS CONGREGAREMOS, SEM OMITIR NENHUM DELES. ENTÃO SERÃO APRESENTADOS EM FILAS ANTE O SEU SENHOR QUE LHES DIRÁ: AGORA COMPARECEIS ANTE NÓS, TAL COMO VOS CRIAMOS PELA PRIMEIRA VEZ, EMBORA PREENDESSEIS QUE JAMAIS VOS FIXARIAMOS ESTE COMPARECIMENTO. O LIVRO-REGISTRO SERÁ EXPOSTO . VERÁS OS PECADORES ATEMORIZADOS POR SEU CONTEÚDO E DIRÃO: AI DE NÓS, QUE SIGNIFICA ESTE LIVRO? NÃO OMITE NEM PEQUENA, NEM GRANDE FALTA…” (18/47 A 49)

“PORÉM QUANDO RETUMBAR O TOQUE ENSURDECEDOR, NESSE DIA O HOMEM FUGIRÁ DE SEU IRMÃO, DE SUA MÃE E DE SEU PAI, DE SUA ESPOSA E FILHOS, NESSE DIA A CADA QUAL BASTARÁ A PREOCUPAÇÃO CONSIGO MESMO. NESSE DIA HAVERÁ ROSTOS RESPLANDECENTES, RISONHOS E REGOZIJADORES E TAMBÉM HAVERÁ, NESSE DIA, ROSTOS COBERTOS DE PÓ, COBERTOS DE LUGUBRIDADE, SERÃO OS ROSTOS DOS DESCRENTES, DOS DEPRAVADOS.” (80/33 A 42)

O destino final dos seres humanos e dos gênios se refere às duas últimas realidades do Ma’ad: o inferno e o Paraíso.

O primeiro, designado para os descrentes, os idólatras e politeístas, os maus, os injustos, os tiranos, os que mentiram acerca de Deus, os que deixaram este mundo sem arrepender-se do mal que fizeram, os hipócritas, os iníquos e os que obedeceram a Satã e desobedeceram a Deus, seu criador. Diz o Sagrado Alcorão: “EM VERDADE, O INFERNO SERÁ UMA EMBOSCADA, MORADA PARA OS TRANSGRESSORES ONDE PERMANECERÃO POR TEMPO ININTERRUPTO, EM QUE NÃO PROVARÃO DO FRESCOR, NEM DE BEBIDA, A NÃO SER A ÁGUA FERVENTE E UMA PARALISANTE E GÉLIDA BEBERAGEM COMO CASTIGO ADEQUADO, PORQUE NUNCA TEMERAM O CÔMPUTO” (78/21-27)

“E QUEM COMPARECER COMO PECADOR, ANTE SEU SENHOR, MERECERÁ O INFERNO, ONDE NÃO PODERÁ MORRER NEM VIVER .” (20/74)

“ASSIM, SE CUMPRIRÁ A PALAVRA DE TEU SENHOR: ENCHEREI O INFERNO TANTO DE GÊNIOS COMO DE HUMANOS, TODOS JUNTOS.” (11/119)

O segundo (o paraíso), designado para os fiéis, os tementes, os que creram e praticaram o bem, deixando esse mundo com um coração bondoso e íntegro, os que, por Amor a Deus se mantiveram obedientes e foram perseverantes, os que foram martirizados na causa de Deus, e todos os demais que forem cobertos pela Misericórdia e Clemência divina: “E AQUELES QUE COMPARECEREM ANTE ELE SENDO FIÉIS E TENDO PRATICADO O BEM, OBTERÃO AS MAIS ELEVADAS DIGNIDADES; JARDINS DO ÉDEN ABAIXO DOS QUAIS CORREM RIOS, ONDE MORARÃO ETERNAMENTE. TAL SERÁ A RETRIBUIÇÃO DE QUEM SE PURIFICA.” (20/75-76)

“TAL É O PARAÍSO, QUE DEIXAREMOS COMO HERANÇA A QUEM, DENTRE NOSSOS SERVOS, FOR DEVOTO” (19/63)

“COMPETÍ POIS , EM OBTER INDULGÊNCIA DE VOSSO SENHOR E O PARAÍSO, CUJAS DIMENSÕES IGUALAM AS DO CÉU E DA TERRA, RESERVADO PARA AQUELES QUE CREÊM EM DEUS E EM SEUS MENSAGEIROS; TAL É A GRAÇA DE DEUS, QUE A CONCEDE A QUEM LHE APRAZ, POR QUE É AGRACIANTE POR EXCELÊNCIA.” (57/21)

O Ma’ad portanto, se refere a fé nas realidades invisíveis do além, reveladas por Deus a seus profetas e mensageiros em todos os livros sagrados, a saber: A vida pós-morte, a aproximação da Hora, a ressurreição, o julgamento e a existência real do paraíso e do inferno.

Capítulo 10 – A fé e os fiéis

“SÓ SÃO FIÉIS AQUELES CUJOS CORAÇÕES, QUANDO LHES É MENCIONADO O NOME DE DEUS ESTREMECEM E QUANDO LHES SÃO RECITADOS OS SEUS VERSÍCULOS É-LHES ACRESCENTADA A FÉ E SE ENCOMENDAM A SEU SENHOR. AQUELES QUE OBSERVAM A ORAÇÃO E FAZEM CARIDADE COM AQUILO QUE OS AGRACIAMOS . ESTES SÃO OS VERDADEIROS FIÉIS, QUE TERÃO GRAUS DE HONRA JUNTO AO SEU SENHOR , INDULGÊNCIAS E UM MAGNÍFICO SUSTENTO.” (8/2 A 4)

“E OS SERVOS DO CLEMENTE SÃO AQUELES QUE ANDAM PACIFICAMENTE PELA TERRA E QUANDO OS INSIPIENTES LHES FALAM , DIZEM: PAZ! (25/63)

“SÃO AQUELES QUE NÃO INVOCAM, COM DEUS, OUTRA DIVINDADE, NEM MATAM NENHUM SER QUE DEUS PROIBIU MATAR, SENÃO LEGITIMAMENTE, NEM FORNICAM…” (25/68)

O Sagrado Alcorão em diversas passagens indica a fé não como um mero testemunho da língua, mas como uma realidade que inevitavelmente se manifesta nas ações do devoto. Quer seja no cumprimento dos rituais determinados por Deus, quer seja na prática das boas ações e no afastamento do que Deus tenha proibido, ou no aperfeiçoamento moral, a fé e os fiéis são identificados por aquilo que provém deles. Crer racionalmente na existência de Deus é somente o grau mais elementar da fé, muitos dos maus e hipócritas e mesmo Satã admitem isso. Por conseguinte, a fé, na verdadeira acepção da palavra reúne o temor, a generosidade, a obediência e as demais qualidades amadas por Deus. O Islam define a fé como a conduta, uma sendo inseparável da outra.

Capítulo 11 – Os descrentes e os hipócritas

“AFASTAREI DOS MEUS VERSÍCULOS AQUELES QUE SE ENVAIDECEM SEM RAZÃO NA TERRA E, MESMO QUANDO VIREM TODO SINAL, NELE NÃO CRERÃO E MESMO QUANDO VIREM A SENDA DA RETIDÃO NÃO A ADOTARÃO POR GUIA. EM TROCA, SE VIREM A SENDA DO ERRO, A TOMARÃO POR GUIA . ISSO PORQUE REJEITARAM OS NOSSOS SINAIS E OS NEGLIGENCIARAM. QUANTO OS QUE DESMENTIRAM NOSSOS VERSÍCULOS E O COMPARECIMENTO NA OUTRA VIDA, SUAS OBRAS SE TORNARÃO SEM EFEITO. ACASO ESPERAM ALGUMA RETRIBUIÇÃO EXCETO PELO QUE TIVEREM FEITO? (7/146-147)

“AQUELE QUE RENEGAR DEUS DEPOIS DE TER ACREDITADO, SALVO QUEM HOUVER SIDO OBRIGADO A ISSO E CUJO CORAÇÃO SE MANTENHA FIRME NA FÉ; E AQUELE QUE ABRE SEU CORAÇÃO A DESCRENÇA, ESSES SERÃO ABOMINADOS POR DEUS E SOFRERÃO UM SEVERO CASTIGO, ISSO PORQUE PREFERIRAM A VIDA TERRENA A OUTRA, E DEUS NÃO ILUMINA O POVO INCRÉDULO. SÃO AQUELES AOS QUAIS DEUS SELOU OS CORAÇÕES, OS OUVIDOS E OS OLHOS, TAIS SÃO OS DESATENTOS. SEM DÚVIDA ALGUMA QUE SERÃO OS DESVENTURADOS NO ALÉM” (16/106)

“EM VERDADE , QUANTO AOS DESCRENTES QUE DESENCAMINHAM OS DEMAIS DA SENDA DE DEUS E MORREM NA DESCRENÇA, DEUS JAMAIS OS PERDOARÁ.” (47/34)

“QUE OS DESCRENTES NÃO PENSEM QUE OS TOLERAMOS PARA O SEU BEM; AO CONTRÁRIO, OS TOLERAMOS PARA QUE SUAS FALTAS SEJAM AUMENTADAS. ELES TERÃO UM CASTIGO AFRONTOSO.” (3/178)

O Sagrado Alcorão define a descrença como algo que antes de ser uma rejeição racional a verdade é uma rejeição motivada pelo apego ao erro e as paixões pessoais que se processa no coração do ser humano. Segundo o Alcorão, os humanos se dividem em três categorias básicas: os fiéis, os descrentes e os hipócritas. Quanto aos descrentes, possuem graus e comportamentos diferentes entre si, segundo a motivação que os leva a descrença, por isso há os que simplesmente desconsideram as diretrizes divinas, há os que se apegam ao que é falso e forjado em nome da religião e ainda há os que combatem a verdade procurando desencaminhar os demais da Senda de Deus.

“OS HIPÓCRITAS E AS HIPÓCRITAS SÃO SEMELHANTES: RECOMENDAM O ILÍCITO E PROIBEM O BEM, E SÃO AVAROS E AVARAS. ESQUECEM-SE DE DEUS POR ISSO DEUS DELES SE ESQUECE. EM VERDADE OS HIPÓCRITAS SÃO DEPRAVADOS. DEUS PROMETE AOS HIPÓCRITAS E AS HIPÓCRITAS E AOS DESCRENTES O FOGO DO INFERNO ONDE PERMANECERÃO ETERNAMENTE. ISSO LHES BASTARÁ. DEUS OS AMALDIÇOOU E SOFRERÃO UM TORMENTO ININTERRUPTO.” (9/67-68)

“QUANTO AQUELES QUE ABRIGAM A MORBIDEZ EM SEUS CORAÇÕES LHES É ACRESCENTADA ABOMINAÇÃO SOBRE A ABOMINAÇÃO E MORRERÃO NA INCREDULIDADE.” (9/125)

“PRETENDEM ENGANAR A DEUS E AOS CRENTES, QUANDO SÓ ENGANAM A SI MESMOS, SEM SE APERCEBER DISSO” (2/9)

“FAZEM DOS SEUS JURAMENTOS UMA COBERTA (PARA SUAS MÁS AÇÕES) E DESENCAMINHA-SE DA SENDA DE DEUS . QUE PÉSSIMO É O QUE FAZEM! ISSO PORQUE CRERAM E DEPOIS RENEGARAM, POR ISSO FORAM SIGILADOS SEUS CORAÇÕES E POR ISSO SÃO INSENSATOS.” (63/2-3)

Os hipócritas são aqueles cujos corações foram inteiramente corrompidos pela descrença, ao ponto de não restar neles nenhuma inclinação ao bem e a fidelidade a seu Criador. Porquanto suas ações se tornaram impuras e suas palavras envenenadas pela malícia e a mentira. O mal que causam supera o dos demais pois a tudo corrompem e semeiam a discórdia e o erro onde quer que se encontrem. Em geral se servem mesmo da religiosidade, das belas palavras e da ostentação de boas ações para alcançar seus objetivos. Contudo, Deus não aceita coisa alguma deles e tudo isso só lhes aumentará a punição no dia do Juízo.

Capítulo 12 – Propósito da criação e a natureza humana

“NÃO CRIEI OS GÊNIOS E OS HUMANOS, SENÃO PARA QUE ME ADORASSEM” (51/56)

“EM VERDADE CRIAMOS O HOMEM, DE UMA ESSÊNCIA MESCLADA, PARA PROVÁ-LO, E O DOTAMOS DE OUVIDOS E VISTAS. EM VERDADE LHE ASSINALAMOS UMA SENDA, QUER FOSSE AGRADECIDO QUER FOSSE INGRATO.” (76/2-3)

“Ó HUMANO, O QUE TE FEZ NEGLIGENTE EM RELAÇÃO AO TEU SENHOR, O MUNIFICENTE, QUE TE CRIOU, TE FORMOU, TE APERFEIÇOOU E TE MODELOU NA FORMA QUE LHE APROUVE?” (82/6-8)

“PELA ALMA E POR QUEM A APERFEIÇOOU, E LHE IMPRIMIU O DISCERNIMENTO DO QUE É ERRADO E DO QUE É CERTO. SERÁ VENTUROSO QUEM A PURIFICAR E DESVENTURADO QUEM A CORROMPER” (91/7-10)

Os versículos sagrados acima tratam de duas questões essenciais para os que buscam o auto-conhecimento. A primeira delas é sobre qual seria o propósito da existência humana. A razão nos diz que nada possui existência sem um propósito, e no entanto, uma boa parte da humanidade nasce, vive e morre sem jamais questionar o porque de sua vida neste mundo. O Sagrado Alcorão diz então que o propósito fundamental da criação do homem é a adoração a seu Criador. Em outras palavras, o homem foi dotado de sentidos físicos e espirituais e de uma mente racional para que reconhecesse a seu Criador e fosse grato a ELE. Não fomos criados para os muitos propósitos artificiais aos quais temos devotado nossa vida e isso explica muito de nossa inquietude . A palavra “pecado” em sua origem tem um significado diferente daquele a que comumente lhe atribuímos. “Pecado” significa “errar o alvo” e isto se traduz em “estar numa condição de afastamento da meta original”,ou seja, viver distante do propósito para o qual se foi criado.

A segunda questão trata da natureza mais profunda do homem: sua alma. O Sagrado Alcorão afirma que a alma humana foi aperfeiçoada por Deus, o que significa o incremento das faculdades espirituais e intelectuais, e este lhe imprimiu o discernimento entre o bem e o mal. Há portanto um conhecimento inato no âmago dos homens que o capacita a ser um amigo de si mesmo ou um inimigo de si mesmo.

E é sobre esta base que se estabelece a prova para o ser humano nesse mundo, qual senda seguirá? Será venturoso purificando ou será desventurado corrompendo a alma que recebeu de Deus? A ciência dessas duas questões auxilia-nos a alcançar o auto-conhecimento necessário para que finalmente nossa existência nesse mundo não seja reduzida a uma mera repetição de atos sem qualquer objetivo racional. Em suma, o Sagrado Alcorão nos chama a compreensão de que a nossa existência se relaciona a um propósito superior.

Capítulo 13 – Sinais Divinos

“SABEI QUE NOS CÉUS E NA TERRA HÁ SINAIS PARA OS FIÉIS. E EM VOSSA CRIAÇÃO, DE TUDO QUANTO DISSEMINOU, DE ANIMAIS, HÁ SINAIS PARA OS PERSUADIDOS. E NA ALTERNAÇÃO DO DIA E DA NOITE, NO SUSTENTO QUE DEUS ENVIA DO CÉU, MEDIANTE O QUAL VIVIFICA A TERRA DEPOIS DE HAVER SIDO ÁRIDA, E NA VARIAÇÃO DOS VENTOS, HÁ SINAIS PARA OS QUE RACIOCINAM” (45/3-5)

“NA CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E NA ALTERNÂNCIA DO DIA E DA NOITE HÁ SINAIS PARA OS SENSATOS, QUE RECORDAM A DEUS ESTANDO EM PÉ, SENTADOS OU DEITADOS E MEDITAM NA CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA DIZENDO: Ó SENHOR NOSSO , NÃO CRIASTE ISTO EM VÃO. GLORIFICADO SEJAS! PRESERVA-NOS DO TORMENTO INFERNAL” (3/190-191)

“E NA TERRA, HÁ SINAIS PARA OS QUE ESTÃO SEGUROS NA FÉ. E TAMBÉM OS HÁ EM VÓS MESMOS. NÃO VEDES?” (51/20-21)

Centenas de passagens alcorânicas abordam aspectos do universo e da manifestação da vida e os apresentam como evidências da sabedoria, do poder e da bondade de Deus. O Sagrado Alcorão chama a atenção para a grandeza e a complexidade dos fenômenos naturais e recorda ao ser humano o reconhecimento de quatro conclusões racionais: Que um universo de tal magnitude, estabelecido por leis dispostas em precisa harmonia, não poderia:

1 – Ser obra do acaso
2 – Ter surgido a partir do nada
3 – Ser obra de si próprio
4 – Ter sempre existido

Por outro lado, a aceitação de qualquer uma dessas hipóteses se analisada seriamente, insulta a razão humana. E no entanto, época após época surgem sistemas filosóficos que tem a pretensão de explicar o universo por uma ou outra dessas hipóteses. Por sua vez, o Sagrado Alcorão nos exorta ao raciocínio e a meditação sobre o universo e tudo o que há nele, nos diz que nada existe em vão, e que há em toda a criação “sinais para os sensatos”. “Sinais” para os que fazem uso de seu intelecto e que não se assemelham aos que, movidos pelas paixões e os caprichos de idéias, recorrem a “teorias e sistemas criados pela própria mente humana” para recusar o que Deus revelou a seus profetas e mensageiros. A fé também é avaliada nessa balança da visão com os olhos do espírito. Há entre os humanos aqueles que apesar de dizer que crêem, manifestam sua descrença exigindo de Deus, provas, bênçãos, favores aos quais chamam de sinais. A estes o Sagrado Alcorão diz: “E NA TERRA HÁ SINAIS PARA OS QUE ESTÃO SEGUROS NA FÉ. E TAMBÉM OS HÁ EM VÓS MESMOS…” a palavra “Muqinín” se refere aos que alcançaram a convicção, a certeza em seus corações, nos quais não há dúvida sobre Deus e o que revelou. E o Alcorão reitera que os sinais estão presentes em nós mesmos, em nossos corpos, mentes e almas, que tipo de fé pode acaso duvidar dessas evidências?

O Islam nos ensina que tais pessoas que se julgam tão importantes ao ponto de pretender estabelecer condições para crer em Deus e em seu poder, são apenas descrentes e não importa o quanto dizem crer, e como descrentes nada conhecem de Deus e de seu Poder, dizem disparates sobre o que não conhecem e são os que se recusam ao raciocínio. Se conhecessem algo da ciência espiritual saberiam que Deus não necessita da crença de criatura alguma, que se todas as criaturas da primeira a última descressem, isto não diminuiria em nada sua Glória e magnificência em seu Reino.

Deus não os ilumina, antes, entrega-lhes a seus próprios desvarios e a companhia dos demônios que os iludem com falsos sinais até que a morte os surpreenda. Ninguém pode condicionar a vontade de Deus a sua própria vontade em coisa alguma e os sinais na criação são suficientes para os que crêem.

Capítulo 14 – Idolatria, politeísmo e seus seguidores

“QUANDO A ADVERSIDADE AÇOITA OS HUMANOS, SUPLICAM CONTRITOS AO SEU SENHOR, MAS QUANDO OS AGRACIA COM A SUA MISERICÓRDIA EIS QUE ALGUNS DELES ATRIBUEM PARCEIROS AO SEU SENHOR PARA DESAGRADECEREM O QUE LHES CONCEDEMOS. DELEITAI-VOS, POIS LOGO O SABEREIS! PORVENTURA LHE ENVIAMOS ALGUMA AUTORIDADE, QUE JUSTIFIQUE A SUA IDOLATRIA?” (30/33-35)

“…POSSUI O REINO DOS CÉUS E DA TERRA. NÃO TEVE FILHO ALGUM, NEM TEVE PARCEIRO ALGUM NO REINO. E CRIOU TODAS AS COISAS E DEU-LHES A DEVIDA PROPORÇÃO. NÃO OBSTANTE, ELES ADORAM EM VEZ DELE, DIVINDADES QUE NADA PODEM CRIAR, POSTO QUE ELAS MESMAS FORAM CRIADAS. E NÃO PODEM PREJUDICAR NEM BENEFICIAR A SI MESMAS E NÃO DISPÕEM DA MORTE, NEM DA VIDA, NEM DA RESSURREIÇÃO.” ( 25/2-3)

O Sagrado Alcorão define de formas diversas o padrão de comportamento dos que incorrem em idolatria ou politeísmo. Entretanto, todas as características dos que elegem divindades diante de Deus são marcadas pela ingratidão. Na escuridão de sua ignorância não reconhecem a extensão do Poder de Deus, que não necessita do auxílio de criatura alguma para amparar, recompensar ou castigar a quem quer queira. Sendo assim, ao atribuir semelhantes a ELE na adoração e no culto, tais pessoas se tornam ingratas, atribuindo as bençãos provindas de Deus àqueles que não possuem senão o que Deus lhes tenha dado. A definição de politeísmo e idolatria pode em princípio, ser a mesma: atribuir divindade a criaturas, tornando-as objeto de culto e devoção. Porém, há uma distinção semântica a ser considerada: a idolatria, como prática, em geral, implica na aceitação da existência de várias divindades. Enquanto o politeísmo, em sua acepção alcorânica pode se referir àqueles que admitem a existência de um só Deus, mas que elegem criaturas (a quem revestem de atribuições divinas) como objeto de culto, para os quais recorrem e devotam sua fé, associando-os a Deus.

Diz o Sagrado Alcorão: “NÃO DEVE ACASO, SER DIRIGIDA A DEUS A DEVOÇÃO SINCERA? QUANTO AQUELES QUE ADOTAM PROTETORES, ALÉM DELE, DIZENDO: NÓS SÓ OS ADORAMOS PARA NOS APROXIMAREM DE DEUS. ELE OS JULGARÁ A RESPEITO DE TAL DIVERGÊNCIA. DEUS NÃO ENCAMINHA O MENDAZ , O INGRATO.” (39/3)

“DEUS JAMAIS PERDOARÁ A QUEM LHE ATRIBUIR PARCEIROS, PORÉM FORA DISSO, PERDOA A QUEM LHE APRAZ. QUEM ATRIBUIR PARCEIROS A DEUS COMETERÁ UM PECADO IGNOMINIOSO.” (4/48)

Porquanto Deus, Exaltado Seja, esclarece sua prerrogativa ao culto e a devoção das criaturas e declara que sua graça e misericórdia será vedada aqueles que lhe atribuírem parceiros.

“SE HOUVESSE NOS CÉUS E NA TERRA OUTRAS DIVINDADES ALÉM DE DEUS, SE TERIAM DESORDENADO. GLORIFICADO SEJA DEUS, SENHOR DO TRONO ACIMA DE TUDO QUE LHE ATRIBUEM.” (21/22)

“TAIS (DIVINDADES) NÃO SÃO MAIS DO QUE NOMES, COM QUE AS DENOMINASTES, VÓS E VOSSOS ANTEPASSADOS, ACERCA DO QUE DEUS NÃO VOS CONFERIU AUTORIDADE ALGUMA. NÃO SEGUEM SENÃO AS SUAS PRÓPRIAS CONJECTURAS E A LUXÚRIA DAS SUAS ALMAS, NÃO OBSTANTE TER-LHES CHEGADO A ORIENTAÇÃO DE SEU SENHOR” (53/23)

Com estes versículos sagrados o Alcorão desfaz os argumentos dos idólatras e politeístas, demonstrando a falsidade de suas crenças. “NÃO SEGUEM SENÃO AS SUAS PRÓPRIAS CONJECTURAS E A LUXÚRIA DE SUAS ALMAS…” Baseados em crenças obscuras, movidas pelo medo e a ignorância os povos criaram desde os primeiros tempos as mais diversas formas de idolatria e se tornaram cativos de suas próprias criações. O Islam nos ensina que Satã, o inimigo do gênero humano é o propagador de toda forma de idolatria e politeísmo e que para estender seu domínio sobre as criaturas utiliza do medo e da ignorância e lhes inspira o conhecimento proibido da magia e das práticas divinatórias prometendo-lhes poder e influência sobre os demais.

Diz ainda o Sagrado Alcorão:

“ELE (SATÃ) NÃO TEM NENHUMA AUTORIDADE SOBRE OS QUE CRÊEM E QUE CONFIAM EM SEU SENHOR. SUA AUTORIDADE SÓ ALCANÇA AQUELES QUE SE SUBMETEM A ELE E AQUELES QUE POR ELE, SÃO IDÓLATRAS” (16/99-100)

“NÃO INVOQUES EM VEZ DE DEUS, O QUE NÃO PODE FAVORECER-TE NEM PREJUDICAR-TE, PORQUE SE O FIZERES, SERÁS ENTÃO UM DOS INÍQUOS. E SE DEUS TE INFLINGIR ALGUM MAL, NINGUÉM ALÉM DELE PODERÁ REMOVÊ-LO; E SE ELE TE AGRACIAR, NINGUÉM PODERÁ AFASTAR A SUA GRAÇA…” (10/106/107)

Esses dois versículos sagrados nos orientam no que é essencial na compreensão do poder e da autoridade sobre o bem e o mal. A fé, a confiança e a obediência a Deus guarda os fiéis e os tementes e esses devem temer somente a Deus. Quanto aos descrentes, os que põem sua confiança em outros (porque não confiam em Deus plenamente) e os que se submetem a Satã, obedecendo suas sugestões para os pecados graves, se colocam sob sua autoridade e influência. E esta é uma determinação de Deus, o Único que tem em suas mãos o poder da vida e da morte.

Capítulo 15 – Povos do Livro

“DIZE-LHES: Ó ADEPTOS DO LIVRO, NÃO EXAGEREIS EM VOSSA CRENÇA, PROFANANDO A VERDADE; NEM SIGAIS O CAPRICHO DAQUELES QUE SE EXTRAVIARAM ANTERIORMENTE, DESVIARAM MUITOS OUTROS E SE DESVIARAM DA VERDADEIRA SENDA.” (5/77)

São chamados “adeptos do Livro ou povos do Livro” no Alcorão, aqueles que receberam escrituras sagradas anteriormente, os judeus e os cristãos. Um considerável número de versículos sagrados foram revelados sobre eles com o intuito de esclarecer suas divergências, recordar-lhes os compromissos assumidos, demonstrar os erros em que incorreram e convocá-los a senda reta.

“E QUANDO EXIGIMOS O COMPROMISSO DOS ISRAELITAS ORDENANDO-LHES: NÃO ADOREIS SENÃO A DEUS; TRATAI COM BENEVOLÊNCIA VOSSOS PAIS E PARENTES, OS ORFÃOS E OS NECESSITADOS, FALAI AO PRÓXIMO COM DOÇURA, OBSERVAI A ORAÇÃO E PAGAI O ZAKAT. PORÉM O RENEGASTES COM DESDÉM, SALVO UM PEQUENO NÚMERO DENTRE VÓS” (2/83)

“PELA VIOLAÇÃO DE SUA PROMESSA, OS AMALDIÇOAMOS E ENDURECEMOS SEUS CORAÇÕES. ELES DETURPARAM AS PALAVRAS (DO LIVRO) E SE ESQUECERAM DE GRANDE PARTE DO QUE LHES FOI REVELADO; NÃO CESSAS DE DESCOBRIR A PERFÍDIA DELES, SALVO DE UMA PEQUENA PARTE, PORÉM, INDULTA-OS E PERDOA-LHES OS ERROS PORQUE DEUS APRECIA OS BENFEITORES” (5/13)

“OS DESCRENTES DENTRE OS ISRAELITAS FORAM AMALDIÇOADOS PELA BOCA DE DAVI E POR JESUS, FILHO DE MARIA, POR CAUSA DE SUA REBELDIA E PROFANAÇÃO. NÃO SE REPROVAVAM MUTUAMENTE PELO ILÍCITO QUE COMETIAM…” (5/78/79)

O Sagrado Alcorão afirma que os judeus haviam sido generosamente agraciados por Deus em diversos momentos de sua história, a eles foram enviados vários profetas e mensageiros e havia sido lhes concedida a Lei (Torah) para uma orientação segura. Entretanto, grande parte deles persistiu na descrença e se tornou injusta para com Deus e para com as criaturas. Se rebelaram contra aquilo que lhes era ordenado e que se opunha a suas inclinações, e assim, homens de conhecimento, porém inimigos da verdade, macularam suas escrituras e desviaram a muitos. Seus corações se tornaram endurecidos e perseguiram muitos de seus profetas e quando Jesus, o Messias (A.S.) que lhes havia sido prometido, foi enviado, em sua maioria, não creram.

“E TAMBÉM ACEITAMOS A PROMESSA DAQUELES QUE DISSERAM: SOMOS NAZARENOS (CRISTÃOS). PORÉM ESQUECERAM-SE DE GRANDE PARTE DO QUE LHES FOI ORDENADO, PELO QUE DISSEMINAMOS A INIMIZADE E O ÓDIO ENTRE ELES ATÉ O DIA DA RESSURREIÇÃO. DEUS OS INTEIRARÁ ENTÃO, DO QUE COMETERAM.” (5/14)

O compromisso dos primeiros seguidores de Jesus (A.S.) é apresentado e em outros versículos o Alcorão menciona que Deus os fortaleceu com o Espírito Santo para que sobrepujassem os seus perseguidores e cumprissem a promessa de propagar a Mensagem de Jesus (A.S.).

Contudo, homens sem escrúpulos seguiram os primeiros e implantaram a discórdia, a divisão e propagaram doutrinas falsas que jamais poderiam Ter sido predicadas por Jesus (A.S.) ou por seus primeiros seguidores, e assim se desviaram da fé monoteísta, tomando o próprio Messias (A.S.) como Deus, ou associando-o a Deus.

Diz o Sagrado Alcorão: “SÃO BLASFEMOS OS QUE DIZEM: DEUS É O MESSIAS, FILHO DE MARIA, AINDA QUANDO O PRÓPRIO MESSIAS DISSE: Ó ISRAELITAS, ADORAI A DEUS, QUE É MEU SENHOR E VOSSO. A QUEM ATRIBUIR PARCEIROS A DEUS, SER-LHE-Á VEDADA A ENTRADA NO PARAÍSO E SUA MORADA SERÁ O FOGO INFERNAL. OS INÍQUOS JAMAIS TERÃO SOCORREDORES. SÃO BLASFEMOS OS QUE DIZEM: DEUS É UM DA TRINDADE. PORQUANTO NÃO EXISTE DIVINDADE ALGUMA ALÉM DO DEUS ÚNICO. SE NÃO ABANDONAREM TUDO O QUANTO AFIRMAM, UM DOLOROSO CASTIGO AÇOITARÁ OS DESCRENTES ENTRE ELES” (5/72/73)

No Sagrado Alcorão também encontramos com referência a essa questão a incorreta adoção da palavra dos homens sábios, tanto pelos judeus, como pelos cristãos, que passaram a seguir a esses homens cegamente, permitindo que interpretassem as escrituras de acordo com suas paixões e que impusessem seus pontos de vista aos demais. De maneira que seguiam não a verdade, mas a vontade de seus líderes religiosos:

“TOMARAM POR SENHORES SEUS RABINOS E MONGES EM VEZ DE DEUS, ASSIM COMO FIZERAM COM O MESSIAS, FILHO DE MARIA, QUANDO NÃO LHES FOI ORDENADO ADORAR SENÃO A UM SÓ DEUS, NÃO HÁ MAIS DIVINDADE ALÉM DELE. GLORIFICADO SEJA ACIMA DOS PARCEIROS QUE LHE ATRIBUEM!” (9/31)

Mas, o Sagrado Alcorão também se dirige aos povos do Livro (judeus e cristãos) na condição de Livro Discernidor entre a verdade e o erro; e apresenta o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) como o Mensageiro de Deus para toda humanidade, que havia sido anunciado em suas próprias escrituras.

Diz o Sagrado Alcorão: “Ó ADEPTOS DO LIVRO, FOI -VOS APRESENTADO O NOSSO MENSAGEIRO PARA MOSTRAR-VOS MUITO DO QUE OCULTÁVEIS DO LIVRO E PERDOAR-VOS EM MUITO. JÁ VOS CHEGOU DE DEUS UMA LUZ E UM LIVRO CLARO. PELO QUAL DEUS CONDUZIRÁ AOS CAMINHOS DA SALVAÇÃO AQUELES QUE PROCURAM A SUA COMPLACÊNCIA E POR SUA VONTADE, TIRÁ-LOS -Á DAS TREVAS E OS LEVARÁ PARA A LUZ, ENCAMINHANDO-OS PARA A SENDA RETA.” (5/15/16)

“AQUELES QUE SEGUEM O MENSAGEIRO, O PROFETA ILETRADO, O QUAL ENCONTRAM MENCIONADO EM SUA TORAH E NO EVANGELHO, O QUAL LHES RECOMENDA O BEM E LHES PROÍBE O ILÍCITO, PRESCREVE-LHES TODO O BEM E VEDA-LHES O IMPURO, ALIVIA-OS DOS SEUS FARDOS E LIVRA-OS DOS GRILHÕES QUE OS OPRIMEM. AQUELES QUE NELE CRERAM, HONRARAM-NO, DEFENDERAM-NO E SEGUIRAM A LUZ QUE COM ELE FOI ENVIADA, SÃO OS BEM AVENTURADOS.” (7/157)

“AQUELES QUE NÃO CRÊEM EM DEUS E EM SEUS MENSAGEIROS, PRETENDENDO CORTAR OS VÍNCULOS ENTRE DEUS E SEUS MENSAGEIROS E DIZEM: CREMOS EM ALGUNS E NEGAMOS OUTROS, TENTANDO COM ISSO ENCONTRAR UMA SAÍDA, SÃO OS VERDADEIROS DESCRENTES, PORÉM, PREPARAMOS PARA ELES UM CASTIGO IGNOMINIOSO.” (4/150-151)

Os sábios, sacerdotes judeus e monges cristãos da época da revelação do Alcorão se dividiram em diferentes opiniões sobre o Profeta (S.A.A.S.) e a Mensagem que anunciava. A reivindicação da Profecia com base numa prévia anunciação nas escrituras antigas jamais foi negada, o que nos leva a crer que, há 14 séculos atrás esta anunciação se encontrava evidente nas escrituras e era conhecida entre os eruditos e teólogos. Alguns dentre eles, Deus guiou para o Islam, outros se apegaram a suas crenças. De qualquer maneira a atitude do Profeta (S.A.A.S.) para com todos se pautou pela diretriz do Alcorão que diz:

“E NÃO DISPUTEIS COM OS ADEPTOS DO LIVRO, SENÃO DA MELHOR FORMA, EXCETO COM OS INÍQUOS, DENTRE ELES. DIZEI-LHES: CREMOS NO QUE FOI REVELADO, ASSIM COMO NO QUE VOS FOI REVELADO ANTES; NOSSO E VOSSO DEUS É ÚNICO E A ELE NOS SUBMETEMOS.” (29/46)

Capítulo 16 – Jesus (A.S.) e Maria (A.S.)
Como vimos no capítulo anterior, Deus, Exaltado Seja, revelou em seu Livro versículos esclarecedores sobre as várias questões e divergências que ocorriam entre os cristãos e os judeus; e o próprio Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) fora enviado para dirimir dúvidas e divergências, para revelar muito do que havia sido ocultado (pelos maus sábios) e guiar os tementes para a senda reta.

Uma das questões que despertava disputas entre cristãos e judeus era a que diz respeito ao Messias Jesus (A.S.), sua missão e os muitos fatos extraordinários de sua vida, bem como o status de Maria (A.S.), sua mãe. Quanto a Maria (A.S.), ainda não havia entre os cristãos o que viria a ser conhecido como o culto a Virgem (o que surgiria com muita intensidade séculos depois). Entretanto, posições discordantes e hipóteses sem fundamento que tentavam conciliar as doutrinas inovadoras como a trindade aos fatos relatados nos evangelhos canônicos eram comuns naquele período e dentre essas questões a pessoa de Maria (A.S.) dividia opiniões. Por outro lado, muitos dos judeus, não refreando seu rancor e inimizade para com os cristãos, viam na concepção milagrosa da Virgem um alvo de seu escárnio e se entregavam a difamação, propagando ofensas a ela e a seu filho (A.S.). (Séculos mais tarde grupos de protestantes tomaram dos judeus tais blasfêmias contra Maria (A.S.) para condenar os excessos de culto dos católicos romanos).

O Sagrado Alcorão afirmou sua santidade e pureza e Deus abomina os que a difamam e diz em seu Livro iluminado:

“SEU SENHOR A ACEITOU COM BENEVOLÊNCIA E A EDUCOU ESMERADAMENTE CONFIANDO-A A ZACARIAS. CADA VEZ QUE ZACARIAS A VISITAVA NO ORATÓRIO, ENCONTRAVA-A PROVIDA DE ALIMENTOS, E LHE PERGUNTAVA: Ó MARIA DE ONDE TE VEM ISSO?ELA RESPONDIA: DE DEUS, PORQUE DEUS AGRACIA IMENSAMENTE A QUEM LHE APRAZ.” (3/37)

“RECORDA-TE DE QUANDO OS ANJOS DISSERAM: Ó MARIA, EM VERDADE DEUS TE ELEGEU E TE PURIFICOU, E TE ESCOLHEU ENTRE TODAS AS MULHERES DA HUMANIDADE. Ó MARIA, CONSAGRA-TE A TEU SENHOR. PROSTRA-TE E GENUFLETE, COM OS GENUFLEXOS.” (3/42-43)

“E MARIA, FILHA DE IMRAN, QUE CONSERVOU O SEU PUDOR E A QUAL ALENTAMOS COM O NOSSO ESPÍRITO, POR TER ACREDITADO NAS PALAVRAS DE SEU SENHOR E POR TER SE CONTADO ENTRE OS CONSAGRADOS.” (66/12)

No que diz respeito a pessoa de Jesus (A.S.), o Alcorão desfez tanto as falsas crenças propagadas entre os cristãos que afirmavam sua divindade em flagrante politeísmo, associando-o ao próprio Deus, e mesmo tomando-o como Deus, ou filho de Deus; como também frisou sua digna condição de Mensageiro Enviado por Deus ao povo de Israel, contrariando os descrentes dentre os judeus que persistiam em sua rebeldia, proferindo blasfêmias contra o Messias (A.S.). Diz o Sagrado Alcorão: “E QUANDO OS ANJOS DISSERAM: Ó MARIA, POR CERTO QUE DEUS TE ANUNCIA O SEU VERBO, CUJO NOME SERÁ O MESSIAS JESUS, FILHO DE MARIA, NOBRE NESTE MUNDO E NO OUTRO, E QUE SE CONTARÁ ENTRE OS VIRTUOSOS. PERGUNTOU: Ó SENHOR MEU, COMO PODEREI TER UM FILHO SE MORTAL ALGUM JAMAIS ME TOCOU? DISSE-LHE O ANJO: ASSIM SERÁ. DEUS CRIA O QUE DESEJA, POSTO QUE QUANDO DECRETA ALGO, DIZ: SEJA E É. E ELE LHE ENSINARÁ O LIVRO, A SABEDORIA, A TORAH E O EVANGELHO. E ELE SERÁ UM MENSAGEIRO PARA OS ISRAELITAS (E LHES DIRÁ): “APRESENTO-VOS UM SINAL DE VOSSO SENHOR: PLASMAREI DE BARRO A FIGURA DE UM PÁSSARO, A QUAL DAREI VIDA E A FIGURA SERÁ UM PÁSSARO, COM O BENEPLÁCITO DE DEUS; CURAREI O CEGO DE NASCENÇA E O LEPROSO, RESSUCITAREI OS MORTOS, COM A ANUÊNCIA DE DEUS, E VOS REVELAREI O QUE CONSUMIS E O QUE ENTESOURAIS EM VOSSAS CASAS. NISSO HÁ UM SINAL PARA VÓS , SE SOIS FIÉIS. VIM PARA CONFIRMAR-VOS A TORAH, QUE VOS CHEGOU ANTES DE MIM, E PARA LIBERAR-VOS ALGO DO QUE VOS ESTÁ VEDADO. EU VIM COM UM SINAL DO VOSSO SENHOR. TEMEI A DEUS POIS, E OBEDECEI-ME. SABEI QUE DEUS É MEU SENHOR E O VOSSO. ADORAI-O POIS, ESSA É A SENDA RETA.” (3/45-51)

Dessa maneira, o Livro de Deus evidenciava a veracidade de Jesus (A.S.) e de Maria (A.S.), salvaguardando a honra de ambos, tanto das torpezas dos descrentes judeus quanto das falsidades propagadas pelos politeístas cristãos. Além disso, apresentou-os como um sinal divino e a Jesus (A.S.) como um dos sinais da aproximação do final dos tempos (sua Segunda vinda), dizendo:

“E FIZEMOS DO FILHO DE MARIA E DE SUA MÃE, SINAIS…” (23/50)

“E (JESUS) SERÁ UM SINAL DO ADVENTO DA HORA…” (43/61)

Fiéis tradições proféticas referentes a esse versículo afirmam que o Messias (A.S.) ressurgirá no final dos tempos e destruirá todas as falsas crenças engendradas sobre sua pessoa e suas palavras, resgatando a Verdade daqueles que em seu nome estão a desviar multidões da Senda Reta por ele anunciada.

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