“Oh Mensageiro, proclame o que tem sido enviado para ti de teu Senhor; e se tu não o fizeres, tu não terás entregado Sua Mensagem (completamente); e Allah te protegerá das pessoas”. – Alcorão, 5:67
A crença de que a proclamação mencionada pelo verso alcorânico foi cumprida pelo Profeta (S.A.A.S.) quando ele apontou o Imam `Ali bin Abi Talib (A.S.) como seu sucessor no dia de Ghadir Khumm.
O QUE ACONTECEU NO DIA DE GHADIR KHUMM?
Ghadir Khumm é uma localidade distante algumas milhas de Meca na estrada para Medina. Quando o Profeta (S.A.A.S.) estava passando por esse lugar em 18 de Dhu`l Hijja (10 de março de 632) em seu retorno da Peregrinação do Adeus, o verso “Oh Mensageiro, proclame o que tem sido enviado…” foi revelado. Ele, portanto, parou para fazer um pronunciamento para os peregrinos que o acompanhavam de Meca e que estavam dispersos daquela junção para seus respectivos destinos. Pelas ordens do Profeta (S.A.A.S.) um púlpito especial feito de galhos de árvores foi erigido para ele. Após a oração do meio dia o Profeta (S.A.A.S.) se sentou no púlpito e fez seu último discurso público para a maior assembléia antes de sua morte três meses depois. O ápice do sermão foi quando, tomando o Imam `Ali (A.S.) pela mão, o Profeta (S.A.A.S.) perguntou a seus seguidores se ele era superior em autoridade (mawla) para os próprios crentes. A massa bradou em uma só voz: “Assim é, oh Apóstolo de Allah!” Então ele declarou:
“Aquele para quem eu sou o mestre (mawla), dele `Ali também é o mestre (mawla). Ó Allah, seja o amigo daquele que é seu amigo, e seja o inimigo daquele que é seu inimigo.”
Imediatamente após o Profeta (S.A.A.S.) terminar seu discurso, o seguinte verso do Alcorão foi revelado:
“Hoje Eu tenho aperfeiçoado seu Din e completado meu favor sobre ti, e Eu estive satisfeito de ter feito do Islam teu Din”. – Alcorão 5:3
Após seu discurso, o Profeta (S.A.A.S.) pediu a todos para darem o juramento de fidelidade a `Ali (A.S.) e parabenizá-lo. Dentre aqueles que o fizeram estava `Umar bin al-Khattab, que disse: “Bem feito Ibn Abi Talib! Hoje você se tornou o mestre de todos os homens e mulheres crentes”.
Um árabe tendo ouvido a respeito do evento de Ghadir Khumm, veio para o Profeta (S.A.A.S.) e disse: “Você nos comandou a testificar que não há divindade senão Allah e que você é o Mensageiro de Allah. Nós lhe obedecemos. Você nos ordenou a realizar as orações cinco vezes por dia e nós lhe obedecemos. Você nos ordenou a observar o jejum durante o mês de Ramadam e nós obedecemos. Então você nos comandou a oferecer peregrinação para Meca e nós obedecemos. Mas você não estava satisfeito com tudo isso e você levantou seu primo pela mão dele e o impôs sobre nós como nosso mestre dizendo ‘ `Ali é o mawla de quem eu sou o mawla.’. Essa imposição é de Allah ou de você?” O Profeta (S.A.A.S.) disse: “Por Allah que é a única divindade! Isso é de Allah, o Poderoso e Glorioso!”. Ao ouvir essa resposta o homem voltou suas costas e seguiu em direção a sua camela dizendo: “Oh Allah! Se o que Muhammad disse está correto então lance sobre mim uma pedra do céu e nos sujeite à mais severa dor e tortura.”. Ele não tinha alcançado sua camela quando Allah lançou sobre ele uma pedra que o atingiu na cabeça, penetrou seu corpo e o deixou morto.
OS JURISCONSULTOS SUNITAS CONSIDERAM ESSE EVENTO AUTÊNTICO?
O número de autoridades Sunni que narraram esse evento, tanto em detalhe quando de forma resumida, é estonteante! Esse evento histórico foi narrado por 110 companheiros do Profeta (S.A.A.S.), 84 sucessores da geração seguinte e então por muitas centenas de escolásticos do mundo Islâmico, do primeiro ao décimo quarto século após a Hijra (do sétimo ao vigésimo primeiro século d.C.). Essas estatísticas somente incluem transmissores aparecendo em narrações gravadas por jurisconsultos sunitas. Uma seleção muito pequena dessas fontes é dada abaixo. Muitos desses sábios não somente referenciam a declaração do Profeta (S.A.A.S.), mas também a classificam como autêntica.
– al-Hakim al Naysaburi, al Mustadrak `ala al-Sahihayn (Beirute), volume 3, pp. 109-110, p. 133, p. 148, p. 533. Ele expressamente estabelece que a tradição é sahih de acordo com o critério de al-Bukhari e Muslim; al-Dhahabi confirmou seu julgamento.
– al Tirmidhi, Sunan (Cairo), vol. 5, p. 633
– Ibn Majah, Sunan, (Cairo, 1952), vol. 1, p. 45
– Ibn Hajar al-‘Asqalani, Fath al-Bari bi Sharh Sahih al-Bukhari, (Beirute, 1988), vol. 7, p. 61
– Al-‘Ayni, ‘Umdat al-Qari Sharh Sahih al-Bukhari, vol. 8, p. 584
– Ibn al ‘Athir, Jami` al ‘usul, i, 277, no. 65;
– Al-Suyuti, al-Durr al-Manthur, vol. 2, p. 259 and p. 298
– Fakhr al-Din al-Razi, Tafsir al-Kabir, (Beirute, 1981), vol. 11, p. 53
– Ibn Kathir, Tafsir Qur’an al-‘Azim, (Beirute), vol. 2, p. 14
– Al-Wahidi, Asbab al-Nuzul, p. 164
– Ibn al-‘Athir, Usd al-Ghaba fi Ma’rifat al-Sahaba, (Cairo), vol.3, p. 92
– Ibn Hajar al-‘Asqalani, Tahdhib al-Tahdhib, (Hyderabad, 1325), vol. 7, p. 339
– Ibn Kathir, al-Bidayah wa al-Nihayah, (Cairo, 1932), vol. 7, p. 340, vol. 5, p. 213
– Al-Tahawi, Mushkil al-Athar, (Hyderabad, 1915), vol. 2, pp. 308-9
– Nur al-Din al-Halabi al-Shafi’i, al-Sirah al-Halabiyya, vol. 3, p. 337
– Al-Zurqani, Sharh al-Mawahib al-Ladunniyya, vol. 7, p. 13
MAS A PALAVRA MAWLA NÃO SIGNIFICA AMIGO?
Embora um grande número de sábios sunitas de todas as eras e de todos os pontos de vista tenham confirmado o evento e as palavras históricas do Profeta (A.S.), eles têm achado difícil conciliar isso com o que realmente aconteceu após a partida do Profeta (S.A.A.S.). Está fora do escopo deste pequeno documento detalhar aqueles incidentes. O ponto importante é que muitos sábios sunitas clamaram que o Profeta (S.A.A.S.) meramente desejou declarar `Ali (A.S.) como um amigo e auxiliar dos Muçulmanos! Há muitos aspectos desse evento que mostram que ele foi muito mais significante. A revelação dos versos do Alcorão, a grande assembléia, os estágios finais da vida do Profeta, a confirmação pelas pessoas de que o Profeta (S.A.A.S.) era superior em autoridade, as subseqüentes congratulações por `Umar, tanto quanto muitos outros fatores que são difíceis de cobrir neste curto documento, todos apontam para a ocasião como uma de designação de sucessor pelo Profeta (S.A.A.S.). É evidente que a palavra mawla foi usada no sentido de absoluta autoridade após o Profeta (S.A.A.S.), incluindo, mas não se restringindo a, poder temporal.
A PALAVRA FINAL
Se ainda permanecer dúvida sobre a importância histórica dessa declaração e dos esforços de algumas pessoas para encobri-la, deixe esta ser a palavra final: Quando o Imam `Ali (A.S.), durante o tempo de seu califado e décadas após o evento de Ghadir, disse para Anas bin Malik, o Companheiro do Profeta (A.S.): “Por que você não se levanta e testifica o que você ouviu do mensageiro de Allah no dia de Ghadir?” Ele respondeu: “Oh Amir al-Muminin! Eu envelheci e não me lembro”. Foi então que o Imam `Ali (A.S.) disse: “Que Allah marque você com uma mancha branca (de lepra) impossível de ser escondida com seu turbante, se você estiver intencionalmente escondendo a verdade”. E antes que Anas levantasse de seu lugar, ele portava uma grande marca branca em sua face.
Fonte: Al-Islam.org (Ahlul Bayt Digital Islamic Library Project)