Imam Jafar Assadeq (A.S.) – Dados Biográficos

Imam Jafar Ibn Mohammad cognominado “Assadeq” (o veraz), o sexto imam da linhagem do Profeta (S.A.A.S.), nasceu no dia 17 de rabi al awwal do ano 83 da hijra (703 d.c.) em Medina. Seu imamato se prolongou por 34 anos.

Jafar foi contemporâneo da dinastia Omíada e presenciou sua queda e a ascenção Abássida, tendo suportado a opressão e a perseguição dos califas que se sucederam neste período. O Imam testemunhou a terrível situação que havia se estabelecido em que o governo islâmico havia se reduzido a uma monarquia despótica. O terror e o assassinato estavam na ordem do dia, a opressão havia substituído os mandatos alcorânicos e os abusos contra os povos dominados em nada se diferenciavam dos perpetrados pelos romanos e bizantinos.

Um famoso historiador muçulmano, Al Masudi, acerca de um dos contemporâneos do Imam escreveu: “Hisham Ibn Abd Al Mulk era torpe, cruel, desumano e obtuso, e apenas sabia acumular riquezas (…) por esta razão diminuíram os nobres de espírito, desapareceu a compaixão e nunca se viu um tempo igual ao seu”.

Outro autor chamado Al jahishtari disse: “Os omíadas criaram impostos suplementares, como o que pesava sobre a indústria e os ofícios, o matrimônio e as atividades em geral. Reimplantaram os impostos sassânidas que se chamavam hidala an nuruz (regalia a favor do califa) e Muawiah foi o primeiro a reclamá-lo. (…)”.

Imam Jafar e seu pai Imam Báqir foram interpelados por Hisham em Damasco que não encontrando nenhuma justificação para poder concretizar seu desejo de eliminá-los deixou-os em paz sob constante vigilância em Medina.

Os abásidas, descendentes do tio do Profeta (Al Abbas Ibn Abd Al Muttalib) reivindicavam o califado, também não reconhecendo o direito dos Ahlul Bait (A.S.) ao mesmo. As muitas atrocidades dos omíadas suscitaram revoltas que precipitaram sua queda. Imam Jáfar negou-se terminantemente a apoiar ou participar com os revoltosos pois estava consciente que o governo islâmico estaria fadado a cair em mãos de tiranos, a menos que o direito dos Ahlul Bait (A.S.) fosse reconhecido.

Os Abásidas finalmente apoderaram-se do califado em 132 hij. (750 d.c.) e em pouco tempo adotaram as mesmas práticas dos Omíadas, afrontando os preceitos islâmicos e implantando o terror sobre o povo.

Imam Jáfar antecipou os fatos dizendo a Abdellah Ibn Al Hasan: “Por certo que este, referindo-se a Al Mansur, o que viria a ser o segundo califa Abásida, “matará a teu filho sobre as pedras de azeite e depois assassinará a seu irmão (o primeiro kalifa) em uma cilada, enquanto as patas de seu cavalo se encontrem na água”.

Treze anos depois tudo isso aconteceu tal como o Imam havia anunciado. Mohammad, cognominado Nafs Az Zakiah (alma purificada), filho de Abdillah Ibn Al Hassan, foi morto, após se levantar contra o poder Abásida em 135 Hij.. Com ele, morreram a maior parte da Família do Profeta, aos quais os Abásidas queriam ver mortos antes do que como adversários.

As revoltas alauitas (descendentes do profeta) foram sendo sufocadas sucessivamente por Al Mansur, que em sua ânsia de poder não poupou nem seus parentes próximos. Al Mansur, conhecendo o prestígio e a influência do Imam Jáfar, o mantinha sob constante vigilância a espera de identificar algum laço entre ele e os revoltosos. Por diversas vezes convocou-o a comparecer ao palácio para interrogá-lo e outro tanto de vezes envio-lhe missivas com a esperança de quem sabe cooptar seu apoio. Em uma delas Al Mansur escreveu: “Desejamos tua amizade para que nos aconselhes”. O Imam respondeu dizendo: “Quem deseja o mundo e suas riquezas não te aconselha e quem deseja o além e sua recompensa não tem a tí como amigo”.

A coragem e a dignidade do Imam acenderam pouco a pouco o ódio do tirano que desejava eliminá-lo, porém para fazê-lo sem incitar a revolta popular teria que enredá-lo em uma trama de traição que justificasse sua execução. A essa altura, o prestígio do Imam era reconhecido em todos os países islâmicos, o número de sábios afamados que adquiriram seus conhecimentos dele ultrapassava a quatro mil. Numa oportunidade em que o califa o convocou a comparecer ante ele, depois da derrota de Mohammad Nafs AzZakiah, o acusou de reunir armas e ajudar o derrotado e isso era testemunhado por seus espiões. A acusação era evidentemente falsa e visava sua execução tal como a de seus parentes. O Imam se limitou a escutar e então pediu ao delator que jurasse que o que dizia era verdade. O homem começou dizendo: “Por Allah, que não há outro Deus senão Ele, o Vencedor, O vivo, o Subsistente…” O Imam o deteve e lhe disse “Não te apresses a jurar, eu te ditarei como fazê-lo”. Al Mansur perguntou: “Porque rejeitas esse juramento?” O Imam respondeu : “Allah é Vivo, o Generosíssimo, se seu servo lhe exalta, Ele não se apressa a castigá-lo”. E dirigindo-se ao hipócrita ordenou: “Dize: “Me abstenho do Poder e da Força de Allah e só me atenho a meu poder e força para jurar, que serei veraz no que vou declarar”. “Jura como te pede Jáfar que jures!” Ordenou o califa. O hipócrita jurou como lhe disse o imam, e antes de acabar a última palavra caiu fulminado. Al Mansur estremeceu diante daquilo e deixou o Imam ir embora.

Porém, o califa al Mansur jamais desistiu de seu intento e vendo que o prestígio do Imam entre o povo era um fato consumado e que seus seguidores o consideravam como o verdadeiro Imam dos crentes, representante de Allah e seu Profeta (S.A.A.S.), finalmente no ano de 148 hij. (768 a.d.) perpetrou a morte do Imam por envenenamento.

O nome do Imam Jafar sobrevive ao tempo não apenas nos corações dos que amam a família do Santo Profeta (S.A.A.S.), mas também através do seu legado de sabedoria e de exemplos de devoção. O Imam deixou obras de inestimável valor, tratados de inúmeras áreas do conhecimento humano. Em suas obras e em seus inúmeros colóquios registrados por seus discípulos as mais complexas questões da vida humana são abordadas com incrível maestria. Sobretudo conhecimentos científicos comprovados séculos depois são tratados com absoluta propriedade.

Imam Jáfar deixou este mundo com a idade de 65 anos. Foi sepultado no cemitério de Báqi, ao lado de seu pai, seu avô e de seu tio Al Hassan.

PESQUISA: Ahmed Ismail

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