Irmandade e justiça social lado a lado

Em um momento em que o ódio e a intolerância política e religiosa crescem em todo o mundo, em que a extrema direita espalha preconceitos e fake news com sórdidos objetivos, assistir à realização de uma atividade interreligiosa como a promovida pelo Centro Islâmico do Brasil, em comemoração aos seus 25 anos de existência no país, é um alento e um alerta.

Ocorrido no dia 24 de abril de 2024, em São Paulo, o evento “Islã, a religião do diálogo e da vida”, reuniu membros da comunidade islâmica, mas também católicos, representantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), de outras matrizes religiosas e, como destacou o apresentador, até de quem não promulga nenhuma religião.

O alento vem por conta da esperança de que a paz e o amor pelo humano possam prevalecer em meio a tanta desinformação e caos. Que as palavras do Alcorão, mensagem do Deus Misericordioso, ditas ao início do evento, possam inspirar corações e atitudes em busca de uma nova ordem mundial, em que a vida e a dignidade humana estejam acima do lucro e de interesses políticos.

Alento também ao ver mulheres, jovens, crianças e homens, comungando um mesmo espaço de maneira igualitária, ver o respeito à família e às mulheres, a devoção à figura da mãe como geradora e cuidadora e, muito simbolicamente, à mãe terra, nossa genitora primordial; foi explícito o respeito do Islamismo à conservação do meio ambiente, um tema cada vez mais urgente para a humanidade.

Como jornalista, pessoa que faz das palavras sua ferramenta de trabalho e transformação social, fiquei particularmente emocionado ao ver a atenção à publicação de livros, à transmissão de ideias.

O evento também foi um alerta contra as intolerâncias, contra quem acredita ser o único detentor de todas as verdades; religiões que pregam o amor pelo próximo, a paz dos não silenciados, o respeito à diversidade, têm caminhos comuns e possibilidade de diálogos.

Agradeço aos organizadores do evento pelo convite, pela oportunidade de conhecer um pouco mais dessa milenar cultura e de renovar esperanças de que é possível o diálogo fraterno entre diferentes, sem julgar nem querer subjugar o outro. A irmandade e a justiça social devem andar lado a lado em busca de um mundo melhor. Essa é a mensagem que ficou desse histórico evento.

Norian Segatto – jornalista

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