No dia em que, com um contingente de cerca de mil soldados, Hor começou a pressionar o Imam Al-Hossein (A.S.) para que recuasse com seus aliados, o Imam se dirigiu até ele e seus homens e disse-lhes: “… eu vim apenas pelo fato de vocês terem me chamado através de cartas, dizendo que precisavam de mim pois não possuíam alguém que os liderasse, e clamando por Deus, louvado seja, para que eu os orientasse pelo caminho da verdade. Se vocês forem realmente firmes em suas palavras então demonstrem isto através de um sinal, para que eu possa confiar em vocês e nos votos de confiança que me enviaram…”
Após a oração do meio dia o Imam Al-Hossein (A.S.) se dirigiu a eles novamente e depois de louvar a Deus e pedir por bênçãos sobre o Profeta Mohammad disse: “Ó povo, saibam todos que Deus ficará mais satisfeito quando vocês souberem quem são os donos da razão e do direito. Nós, os Ahul Bait, temos prioridade no governo sobre vocês, desde que os pretensos governantes agem com injustiça e agressão. Vocês nada mais estão do que nos ignorando e ignorando os nossos direitos. Saibam que o que me fez vir aqui não foi aquilo que vocês estão demonstrando agora”.
E então, Hor disse ao Imam (A.S.): “Não sei de quais cartas você está falando!” Neste momento o Imam ordenou a seu companheiro Aghabah ibn Sam’an que esvaziasse na frente de Hor dois sacos grandes repletos de cartas, que o Imam tinha recebido do povo de Kufa, todas convocando o Imam (A.S.) para a cidade, com o intuito de que liderasse o povo e os libertasse da opressão e injustiças perpetradas pelo governador Yazid.
Na cidade de Baidhah o Imam (A.S.) disse a todos: “Ó povo, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse que quem vê um governante tirano que permite as proibições de Deus, quebrando as regras de Deus, agindo contra a tradição do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e agindo entre os servos de Deus com injustiça e opressão, e não faz nada para mudar algo, nem com a palavra verdadeira ou a ação, Deus o levará ao inferno. Em verdade, estes obedecem à ordem do diabo, e deixaram a obediência a Deus de lado, espalharam o pecado e a corrupção, e deixaram de cumprir as obrigações, dominaram todas as riquezas mesmo aquelas que são de direito do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), permitiram a ação do ilícito e proíbiram a ação do licito, eu sou quem mais tem direito de agir contra este tirano. Recebi as vossas cartas nas quais declararam fidelidade a mim, se comprometendo a não me entregar ou me trair, então, se querem ser racionais que cumpram com suas promessas para comigo. Pois, sou Hussein filho de Ali e filho da filha do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), a minha pessoa está com vocês e os meus familiares com os seus, e eu sou o exemplo de vocês”.
Apenas os ignorantes e teimosos permaneceram firmes na negação ao Imam (A.S.), mas aqueles que tiveram seus corações e suas consciências positivamente tocados pelas palavras verdadeiras do Imam Al-Hossein (A.S.) se arrependeram e se uniram aos apoiadores do Imam (A.S.), para ajudá-lo combatendo a seu lado.
Entre estes homens estava Hor ibn Yazid al-Riyahi, que se dirigiu até o Imam Al-Hossein de cabeça baixa, completamente envergonhado pelo que tinha feito anteriormente, e disse em voz alta: “Ó Aba Abdillah, eu estou arrependido e peço o perdão. Será que serei perdoado?” O Imam (A.S.) respondeu que sim, disse que Deus o perdoaria.
Hor ibn Yazid al-Riyahi ficou contente e teve a certeza que o seu destino seria o paraíso. E como se isso não bastasse, ele pediu a permissão do Imam para se dirigir ao exército de Ubaidillah ibn Ziyad e tentar orientá-los ao caminho certo, para que eles não combatessem o Imam (A.S.). Só que o exército inimigo respondeu lançando flechas e lanças.
Porém, ele não se contentou com isso, e entrou no campo de batalha para defender o Imam Al-Hossein (A.S.), o verdadeiro Imam e líder da nação. Ele matou cerca de 40 inimigos até ser martirizado.
Quando o Imam (A.S.) soube do seu martírio ficou muito triste, e disse: “O seu assassinato foi tão brutal quanto os assassinatos cometidos contra os profetas e seus familiares”. Depois, ele olhou para Hor enquanto este dava seus últimos suspiros de vida e lhe disse: “Você é Hor (Livre) no sentido literal da palavra, da mesma forma que tua mãe te deu este nome. Você foi livre nesta vida e também o será na outra”.