Em nome de Deus o Clemente, o Misericordioso!
Uma das questões que o muçulmano se depara todos os dias é a questão das músicas e dos cantos. Infelizmente isto está presente em muitos estabelecimentos que todos nós frequentamos. No meio de transporte, lojas de departamentos, supermercados e muito mais. Até mesmo na rua quando estamos passando, ouvindo uma rádio ou assistindo TV nos damos de frente com algo ligado a música ou ao canto. Mas o que a religião tem a dizer a respeito disso? É pecado ou não? São pecado todos os tipos de músicas ou apenas alguns são? Abaixo iremos abordar um pouco sobre estas condições e o que significam as músicas e canções ilícitas no Islam.
Deus o Altíssimo disse: “… Abominem a adoração dos ídolos e evitai o perjúrio”. (22:30). O Imam Assadeq (A.S.) foi perguntando sobre o que se referia o termo traduzido como “perjúrio” citado neste versículo. Então ele (A.S.) respondeu: Al-Ghina´ (O canto).
O que é o Ghina´?
Al-Ghina´ é a voz da pessoa elaborada com uma frequência e ritmo especifico e que vem acompanhada de uma satisfação e leveza dos sentidos. O Ghina´ também pode ser um estimulador dos instintos sexuais, o qual se enquadrado assim certamente também é Haram. Al-Ghina´ pode ser traduzido como o canto, e é Haram em todas as suas formas, não é permitido cantar ou ouvir o canto, seja para o homem ou para a mulher, seja o cantor homem ou mulher, seja ouvi-lo ao vivo ou por meio de gravações e mídias, seja sozinho ou acompanhado, e seja ele acompanhado de instrumentos musicais ou não. Ao mesmo tempo é proibido e Haram propagar ou trabalhar na expansão deste ramo, como na compra e venda de mídias ou por exemplo trabalhar alugando salões de festas ou espaços diversos para a propagação deste segmento. Tudo isso está incluindo naquilo que Deus citou no seguinte versículo: “Entre os humanos, há aqueles que entabula vãs conversas, para com isso desviar nesciamente (os seus semelhantes) da senda de Deus, escarnecendo-a. Este sofrerá um castigo ignominioso!” (31:6). Aqui o termo traduzido como “Vãs conversas” é o Ghina´.
O pecado se estende até mesmo para todo tipo de ritmo que é acompanhado de uma leveza e uma satisfação dos sentidos, e é ilícito mesmo se for uma recitação de súplica, do Alcorão, de cantos religiosos ou do Azan. Um muçulmano deve evitar ouvir este tipo de canções, pois não se adequam a personalidade de um muçulmano crente.
Deus o Altíssimo disse numa das passagens do Alcorão Sagrado: “Aqueles que não perjurarem e, quando se depararem com vaidades, delas se afastarem com honra” (25:72). O Imam Assadeq (A.S.) disse que: “Aqueles que não perjuram” são na verdade aqueles que não participam e não estão presentes neste tipo de lugares. Reuniões com dança, cantos, músicas são consideradas as principais referências deste versículo.
Mas por que é pecado?
É pecado porque é algo irracional. É algo que deixa o ser humano caminhar para fora do seu estado natural. Deus quer que sejamos pessoas racionais em todas as ocasiões e situações, e a música e o canto fazem o ser humano sentir-se em um estado que ele não se encontra naturalmente. Cientificamente falando a euforia em algumas situações chega ao auge, e seu efeito se iguala as drogas, mesmo a pessoa não usando este tipo de entorpecentes.
A música ou um canto especifico vai fazer desejar algo além daquilo que se está ouvindo. Dependendo da música ele pode estimular o desejo por uma companhia, uma dança, uma bebida ou uma droga, pois todos estes são complementares, uma coisa leva à outra. Sem contar que este tipo de espaço ou ambiente não é adequado para a personalidade de um homem ou mulher fiel e crente. Devemos estar atentos que da mesma forma que os alimentos ou as bebidas que ingerimos tem consequências e efeitos sobre o nosso físico, a música ou qualquer outra coisa que ouvimos ou vemos também faz efeitos sobre nossa alma e espírito, e pode deixar sequelas graves em nossa vida. Há um famoso ditado que diz o seguinte: “O homem é aquilo que ouve”, portanto, temos que estar atentos a esta questão e nunca a subestimar.
O exatamente transforma uma música Haram?
Dois elementos são os principais fatores que transformam uma música ou um canto em Haram:
a) O conteúdo: Palavras de amor, instigação do instinto sexual ou flertes. Este tipo de conteúdo torna um canto ou música Haram, ilícita.
b) O ritmo: Qualquer ritmo que possa fazer o ser humano sair do seu estado natural ou incita seus desejos e prazeres sexuais é considerado pecaminoso.
O dever de saber se a música ou o canto é ilícito cabe a cada muçulmano individualmente, analisando os dois elementos acima citados. Então, se estiverem presentes em uma música ou um ritmo a mesma é considerada ilícita. Sendo assim, canções patrióticas ou poemas sobre amizade ou sobre a saudade dos pais, por exemplo, são considerados lícitos, e o mais importante é que não contenham um dos elementos acima.
As consequências do Ghina´
Como qualquer outro pecado o Ghina´ também tem consequências e resultados péssimos sobre a personalidade e a vida do ser humano. De acordo com o dito do Imam Assadeq (A.S.) a casa ou o local onde se canta ou se ouve o canto é prejudicada e privada de muitas coisas. O Imam (A.S.) dizia: “A casa do Ghina´, nela não se está protegido das tragédias, não é frequentada pelos anjos, e as orações não são atendidas”.
Traz a hipocrisia
O Imam Assadeq (A.S.) dizia: “O Ghina´ é o ninho da hipocrisia”.
Endurece o coração
O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizia: “Três coisas endurecem o coração: Ouvir o canto, caçar e bajular o governantes”.
Leva ao Zina (Formicação)
O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizia: “Al-Ghina´ leva ao Zina”.
Traz a pobreza
O Imam Assadeq (A.S.) dizia: “Al-Ghina´ traz a hipocrisia e atrai a pobreza”.
Vale ressaltar que canções religiosas que podem transmitir algum tipo de conhecimento sobre um tema especifico ou simplesmente confortar a pessoa ao falar a respeito da posição dos Imames (A.S.) ou do profeta (S.A.A.S.) e que não tragam elementos negativos e proibitivos são permitidas.
Rogamos a Deus que ilumine nosso coração e que possa nos orientar na senda reta e nos distancie do mal.
Aula ministrada por: Nasser Khazraji
Em: 25/08/2019