O esporte, por sua natureza, objetiva a amizade, a harmonia, a tolerância e a disputa amigável. Quando vemos um futebolista fazendo falta em outro jogador, colocando o pé na sua frente para derrubá-lo; quando vemos uma discussão acirrada entre dois jogadores de equipes rivais ou o uso de dopping para se ganhar uma partida; o suborno ao árbitro para obter vantagem ou os excessos e desatinos de alguns torcedores, que levam à violência nos estádios – e seus arredores – concluímos que o esporte saiu de sua esfera essencial de amizade e competição saudável, travestindo-se de uma batalha de enganos, que viola as regras do jogo justo para se obter a vitória a qualquer custo ou favorecer o exercício da frustração. Quanto aos jogos que dependem de uma certa medida de violência por sua natureza, como a luta livre, o boxe, as touradas e a rinha de galos, ficamos chocados pelas cenas de sangue que produzem. Por isso, alguns juristas islâmicos proibiram essas disputas, afirmando que elas semeiam os valores da violência e da inimizade, transformando o ser humano, que foi dignificado por Deus, glorificado seja, em animal selvagem. No caso das contendas entre galos, cachorros ou das touradas, há danos muitas vezes irreversíveis aos animais e até mesmo a sua morte, enquanto o Islã ordena sermos carinhosos com eles.
Um escritor diz: “Na opinião do homem de hoje, o boxe é considerado um esporte aceitável, tanto no Oriente como no Ocidente. Quando um golpeia o olho do outro, ou quebra o seu queixo ou têmpora, fazendo o sangue dele jorrar, os espectadores exultam, batendo palmas calorosamente, batendo os pés no chão, gritando, carregando o vencedor sobre os ombros, colocando coroas de flores no seu pescoço. Depois disso, pagam-lhe uma importância enorme em dinheiro, considerando a sua façanha algo bom.” Ele acrescenta: “Parece que o boxe de hoje, depois de cinqüenta anos, é uma prática que causa admiração.” E se pergunta: “Como esse ato rude, violento e perigoso, pode ser aceito pelo ser humano da Era Espacial? Como ele o aceita? Por que não se estuda uma forma de abolir o boxe da relação dos esportes lícitos?”.
Alguns jovens não praticam esse esporte violento, mas gostam de assisti-lo. Isso deixa uma má influência oculta neles, que às vezes se manifesta em violência no lar, na escola e na rua. Por isso, alguns psicólogos aconselham que se afastem as crianças e os jovens de filmes com cenas violentas, pois podem se acostumar com elas e considerar a violência algo corriqueiro. Em uma fase seguinte, começam a praticá-la. Essa é a causa de as autoridades proibirem a entrada, nos cinemas, de menores para assistir filmes com cenas violentas e de quadrilhas, com personagens que usam línguas de fogo em vez do diálogo.