Nascimento: Medina, 7 de Safar do ano 128 Hejrita (equivalente a 11 de novembro de 745 d.C.)
Martírio: Medina, 23 de Rajab do ano 183 Hejrita (equivalente a 2 de dezembro de 799 d.C.)
Tempo de Imamato: 35 anos / Sua idade abençoada: 55 anos
Seu assassino: Harun Al-Rashid, por meio de envenenamento na prisão
Seu abençoado sepultamento: Kadhemiyah – Bagdá
Seu pai foi o Imam Jafar ibn Mohammad Assadeq (A.S.) e sua mãe foi a senhora Hamida Al-Maghrebiyah, cujo apelido era “Lo ́lo ́ – Pérola”, sendo que o Imam Al-Baqer (A.S.) também a chamava de “Mahmudah – A agradecida”, e ele disse: “Tu serás grata nesta e na outra vida”. O Imam Assadeq (A.S.) a chamou de “Musa at – A pura” e dizia: “Hamidat é a pura da Andaluzia, e rara como ouro”. Ela era da Andaluzia, temente a Deus, culta e protegida pelos anjos como a firmam as tradições.
O nascimento do Imam Al-Kadhem (A.S.) foi na região de Abua ́, uma região localizada entre Meca e Medina, sendo que quando nasceu o Imam Assadeq (A.S.) ofereceu um banquete de três dias e anunciou a todos que o recém-nascido seria o seu sucessor e Imam após a ele.
O Imam Mousa ibn Jafar Al-Kadhem (A.S.) cresceu sob os cuidados do seu pai (A.S.) e foi criado com a melhor das educações, aprendendo os conhecimentos dos seus antepassados e de seu avô, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.). Ele ganhou diversos apelidos, e os mais conhecidos foram: “Al-Saber – O Paciente”, “Al-Saleh – O Benfeitor”, “Zu Al-Nafs Al-Zaquiyah – O dono da alma pura”, “Al-Abd Al-Saleh – O servo virtuoso” e o mais conhecido Al-Kadhem, que significa o dominador dos seus impulsos.
O Imam (A.S.) viveu 20 anos com seu pai e depois dele viveu por mais 35 anos, o que foi o tempo do seu Imamato. Neste período vivenciou os governos cruéis e opressores dos abássidas e viu como eles transgrediam os limites e as regras divinas, matando os inocentes, usurpando os bens da nação e com muitos atos de corrupção. Entre tais a perseguição e aprisionamento dos seguidores dos Ahlul Bait (A.S.). Eles eram cruelmente torturados, individualmente ou coletivamente, sendo que a história nos narra que eram jogados em buracos e prisões. O próprio Imam Al-Khadem (A.S.) foi preso e torturado diversas vezes, e uma das formas mais cruéis de tortura contra os seguidores dos Ahlul Bait (A.S.) era a construção das vigas dos palácios em cima dos prisioneiros. O Imam Al-Kadhem (A.S.) foi preso por aproximadamente 20 anos, sendo preso pelo governante Al-Mahdi que o soltou, e depois por Harun Al-Rashid, em Basrah, por um período, e em seguida transferido para Bagdá, e depois foi preso na prisão de Sandi ibn Shahek. Em sua época haviam prisões chamadas de Tamurah (buraco), e estas prisões eram subterrâneas, onde não haviam condições da pessoa distinguir entre dia e noite, pois o sol não chegava lá. Nessas condições o Imam (A.S.) perguntava pelos horários das orações aos carcereiros..
Ele (A.S.) era um grande devoto e era conhecido como “O dono da prostração longa”. A devoção enchia a personalidade do Imam (A.S.) e o enchia de força e grandiosidade perante os governantes opressores de sua época, e assim ele (A.S.) não se humilhava nem se submetia perante eles, mesmo diante da injustiça, opressão e tortura que praticavam contra ele (A.S.).
O Imam Al-Kadhem (A.S.) teve vários filhos de várias esposas, o que chegou a um total de 37 filhos, e por isso há muitas pessoas de sua descendência, como sábios, líderes religiosos e grandes Marj ́e que se espalharam pelo mundo.
O Imam (A.S.) era uma pessoa muito devota, que orava e jejuava frequentemente. Era um homem asceta, que sempre orava e meditava, e era exemplo em sua devoção e total submissão a Deus. Ele visitava frequentemente os pobres e necessitados da cidade e distribuía alimentos para eles. O Imam Al-Kadhem (A.S.) possuía uma fazenda onde trabalhava e comia do fruto de seu próprio suor, em um certo dia, enquanto estava exausto com o trabalho, um homem foi a ele lhe propor que os empregados trabalhassem no lugar dele. Daí o Imam Al-Khadhem (A.S.) respondeu: “Melhores que eu foram o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), o Príncipe dos Fiéis (A.S.) e meus pais (A.S.), ainda assim trabalharam com seus próprios punhos. Este é o trabalho dos Profetas e dos Mensageiros, dos sucessores, dos benfeitores e dos virtuosos”.
O período do governo abássida do governante Mousa Al-Hadi foi sangrento e cruel. Após a passagem de dez anos do início de seu governo este tirano cometeu um crime bárbaro contra uma caravana de peregrinos à casa de Deus, que era liderada por Hussein ibn Ali (Al-Abed – o devoto) ibn Al-Hassan ibn Al-Hassan Al-Muthana ibn Al-Hassan ibn Ali ibn abi Taleb (A.S.). Tudo ocorreu numa região próxima a Meca, que testemunhou o trágico acontecimento e uma bárbaro massacre, considerado o segundo massacre mais sangrento e cruel da história do Islam, perdendo apenas para o acontecimento de Karbala. Este massacre foi chamado de “Acontecimento de Fakh”. Os peregrinos já estavam com sua vestimenta de peregrinação e então o governante Al-Hadi enviou uma brigada para reprimi-los, no dia 8 de Zul Hijjah do ano de 169 Hejrita (equivalente a 14 de junho de 786 d.C.). Este opressor matou todos os peregrinos da pior e mais sangrenta forma possível em pleno mês de Zul Hijjah, que é considerado santo e quando os combates são proibidos. Mas ele ordenou as execuções dos peregrinos e matou o seu líder Al-Hussein ibn Ali, aprisionando os demais e levando-os para Bagdá, onde todos foram executados.
Enquanto isso o Imam Al-Kadhem (A.S.) estava em sua cela aprisionado e não podia ter acesso aos seus seguidores, e recebia uma chibatada toda vez que se aproximava do buraco de ventilação. O Imam Al-Kadhem (A.S.) sofreu muito na prisão e teve sua comida envenenada sendo martirizado injustamente. O Imam (A.S.) então foi colocado sobre uma porta de madeira e carregado por quatro carcereiros, para ser colocado sobre o viaduto da cidade de Bagdá, onde as pessoas gritavam em tom de escárnio: “Este é o Imam dos Rafedhitas – Desviados”. Quando as pessoas boas souberam do martírio do Imam correram até o sagrado corpo ali jogado sobre a ponte de Bagdá e então o carregaram e enterraram no cemitério de Quraish, localizado na própria cidade de Bagdá, na região de Khademiyah. Lá ele é visitado por milhões de peregrinos e amantes dos imames de todos os cantos do mundo.
Em um período de Imamato de 35 anos, diante de condições duras e severas impostas pelos governantes abássidas, o Imam (A.S.) deixou um grandioso legado em crenças, conduta, jurisprudência, tradição, história e conhecimentos diversos, sendo que os narradores dos ditos do Imam Al-Kadhem (A.S.) passaram de 638 pessoas, e isso aponta a importância que dava para a expansão do conhecimento entre as pessoas, seguindo a tradição de seus avôs e pais. Todas estas narrativas foram coletadas pelos sábios e pesquisadores em três grandes volumes de uma forma bem organizada, e cada volume passa de 1.000 páginas com diversos trabalhos e narrações do Imam Al-Kadhem (A.S.), e a principal obra do Imam chama-se “A carta completa”, e nela o Imam (A.S) escreveu sobre a razão e o intelecto, uma grande obra e legado que se estabeleceu de acordo com o método alcorânico e as tradições dos Ahlul Bait (A.S.). Fora as dezenas de milhares de ditos, passagens, cartas, súplicas e palavras iluminadas narradas pelos seus companheiros. Aqui citaremos os nomes mais destacados:
Ibn abi Umair: Ele viveu na época do Imam Al-Khadem (A.S.), do Imam Al-Redha (A.S.) e do Imam Al-Jawad (A.S.). Foi preso e pressionado a entregar nomes e localizações dos companheiros e seguidores dos Ahlul Bait (A.S.), mas mesmo sob pressão e tortura não os entregou e ficou preso por mais de 17 anos, tendo todos os seus bens e riquezas confiscados.
Ali ibn Yaqtin: Era um dos companheiros do Imam Assadeq (A.S.) e foi perseguido pelos omíadas. Retornou a Kufa no tempo dos abássidas. Ele mantinha um bom relacionamento com o governo dos abássidas e era um dos ministros de confiança de Harun Al-Rashid e ao mesmo tempo tinha a bênção do Imam Al-Kadhem (A.S.) pela ajuda e atenção que dava aos necessitados e oprimidos. Ele ensaiou sua renúncia ao cargo de Ministro de Harun Al-Rashid diversas vezes mas o Imam (A.S.) o incentivou a permanecer em seu cargo para manter parte do legado dos Ahlul Bait (A.S.) protegido e preservado.
Mo ́men Al-Taleq: Era um dos companheiros do Imam Assadeq (A.S.) e um grande sábio e eloquente palestrante. Ele combateu os movimentos incrédulos e desviados de sua época com grande inteligência e sabedoria.
Hisham ibn Al-Hakam: Era um dos companheiros do Imam Assadeq (A.S.) e deixou como legado diversos livros e obras que contém muitos dos conselhos, sabedorias, ciências e palavras do Imam Al-Kadhem (A.S.).