Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso!
Saudações e bênçãos sobre aquele que foi enviado como misericórdia ao mundo, nosso senhor e profeta Mohammad (S.A.A.S.), e sobre seus purificados e abençoados Ahlul Bait (A.S.).
Após as saudações de paz e amor a todos gostaria de agradecer ao convite do Centro Islâmico no Brasil, representado aqui por Sua Eminência Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji e seus respeitados membros, e por terem me concedido o uso da palavra na presença do Ayatullah Dr. Sheikh Mohsen Araki e demais sábios e líderes religiosos, meus queridos irmãos.
Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos vocês.
O tema que gostaria de abordar neste encontro islâmico é o “papel das mesquitas e centros islâmicos no enfrentamento do terrorismo e do radicalismo” sob o titulo “O guia é um orientador para Deus?”, utilizando como base o exemplo do Imam Seyyed Mousa Assadr.
No sétimo encontro islâmico realizado na Argélia, no ano de 1973, intitulado “O Conhecimento da Teologia Islâmica”, Sua Eminência Seyyed Mousa Assadr disse: “Não basta introduzir a religião no coração, na verdade, este tipo de foco não traduzirá a religião na vida em si, pois hoje em dia muitos muçulmanos testemunham a fé em seus corações, mas seus corpos e seus pensamentos não vivem a realidade de sua religião. Temos que fazer a religião renascer em nossas mentes, corações, corpos e sociedade”.
No Alcorão Sagrado, a Sura “A Era” (Sura 103) sintetiza a realidade do ser humano e nos afirma que todo homem está em perdição, exceto aquele que carrega consigo quatro características:
1 – Tem fé, o que significa buscar a razão e a espiritualidade.
2 – Pratica o bem, o que significa a busca do corpo pelas relações e práticas que não se resumem apenas às devoções e orações, mas também estão nas práticas pessoais e nas relações sociais.
3 – Encoraja a verdade, o que significa incentivar o que é bom e correto.
4 – É paciente e perseverante.
Com isso, o Islam retoma sua identidade original. Certamente isso está de acordo com as palavras e pensamentos de Sua Eminência Seyyed Mousa Assadr, que antecipou tais fatos, e se não fossem os traidores da nação todos nós poderíamos desfrutar muito mais do que este homem apresentou à toda a humanidade. Ele foi um grande homem com seu pensamento, suas ações e sua presença, sendo que toda sua existência era voltada a Deus. Era um homem de Deus e das instituições ao mesmo tempo. Ele não apenas nos alertou sobre os perigos do terrorismo, do sangue derramado, das decapitações e mutilações, e do radicalismo teológico, mas procurou agir em prol da ligação do homem ao seu semelhante, independentemente de raça, crença, nacionalidade ou religião, e nos orientou a agir contra os planos malignos e diabólicos que utilizam falsamente as vestimentas do Islam e planejam espalhar o terror no mundo inteiro.
Com a bênção de Deus e sua graça, esta nação conta com a orientação de sábios e líderes religiosos que orientam a nação a caminho de Deus, da verdade e da justiça, sempre por meio da palavra gentil e da linguagem do diálogo, já que é esta a ferramenta que Deus nos ordenou a seguir, método este determinado por Deus quando ordenou ao Profeta Moisés e seu irmão Aarão (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ambos) a orientar o Faraó da época e determinou a forma que deveriam utilizar para convida-lo ao caminho de Deus: “Porém, falai-lhe afavelmente…” (C. 20 – V. 44).
Foi narrado sobre o Imam Assadeq (A.S.) que ele disse: “Sejam missionários sem utilizarem vossas línguas, para que vossas práticas sejam testemunhadas: a piedade, a diligência, a devoção e a bondade. Pois isso é ser um missionário”.
A história registrou que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) construiu uma mesquita e destruiu outra. Em ambas haviam orações e cultos religiosos, mas uma delas produzia devotos tementes a Deus e a outra tinha devotos assassinos. Uma das mesquitas oferecia sabedoria e conhecimento e a outra ignorância e radicalismo. Ao invés da mesquita se tornar um palco para o bem e a devoção, ela tinha se tornado um palco de intrigas e ódio, levando as pessoas a ter cautela até mesmo ao passar ao lado dela, temendo serem acusadas como desviadas e radicais.
Seyyed Mousa Assadr, este grande homem de Deus, cantava a canção dos piedosos sob os sinos das igrejas, permanecia no altar da igreja e dizia “não ao terrorismo!”, em uma linguagem divina em que afirmava que a mensagem e o mensageiro de Deus foram enviados como misericórdia para toda a humanidade. Este grande líder levantava a bandeira da liberdade e da honra de servir a Deus, o Altíssimo, por meio dos valores do grande mártir, o Imam Hussein (A.S.).
Ao mesmo tempo, há um grande número de centros e sociedades islâmicas espalhadas pelo mundo todo com diversas atividades, com uma boa presença entre suas comunidades, mas alguns não vivem a realidade dos problemas sociais e culturais das sociedades onde estão presentes, especialmente as instituições estabelecidas fora dos países islâmicos e árabes. A solução desta questão seria uma participação maior e mais efetiva dos membros das comunidades locais nas atividades dessas instituições, para elevar suas posições e alcançar um bom nível de evolução nas esferas social, educacional e humana, assim como deseja Deus, o Altíssimo. É válido ressaltar também a importância da presença dos membros da comunidade nestas instituições, para que as mesmas não se encontrem abandonadas e vazias.
Seyyed Mousa Assadr sempre foi ágil para implantar as sementes das instituições em qualquer lugar por onde passou, especialmente quando falamos do movimento dos oprimidos, “AMAL”, que representa um caminho de fé civilizado. Ele sempre alertava para que todos seguissem os objetivos dos movimentos, para que os mesmos não fossem mal aproveitados e para que não se tornassem uma mera ferramenta com o intuito de conquistar objetivos terrenos.
Lendo a biografia deste grande sábio observei que cada vez que o Seyyed Mousa Assadr colocava a pedra fundamental de uma instituição, fosse ela educacional ou científica, escolhia sempre uma data islâmica que coincidiria com o evento, seja o nascimento do Profeta ou de um dos Imames por exemplo, para que assim a instituição tivesse seus objetivos vinculados com datas marcantes que representavam a fé e a religião. Vocês já ouviram falar sobre alguma instituição privada de apoio aos necessitados e desamparados no nosso mundo islâmico? O Seyyed Mousa Assadr foi o pioneiro na fundação deste tipo de instituição, pois sabia que um dos principais meios para se combater o terrorismo é secando suas fontes, empregando e ajudando os jovens e os necessitados.
Finalizo minha palavra com a seguinte frase que foi a resposta do Seyyed Mousa Assadr quando questionado sobre o papel dos líderes religiosos e dos sábios na divulgação da verdadeira religião. Ele respondeu: “Basta aos líderes que exponham a iluminada realidade do Islam e que cumpram fielmente a sua missão. Com isso, a sociedade e os próprios muçulmanos saberão que no Islam está a cura de muitos problemas e crises. A boa e correta apresentação da realidade do Islam, com uma linguagem gentil e sincera atrairá os corações ao Islam, corações que buscam pelo progresso e glória da humanidade. Esta é a missão dos religiosos”.
Por fim, gostaria de apresentar sinceros votos de gratidão, em meu nome e em nome do Movimento Amal e seu Excelentíssimo Presidente, o Sr. Nabih Berri. Assim como em nome da Associação Beneficente Islâmica do Paraguai. Agradecemos pelo convite e pela recepção. E rogo a Deus, louvado seja, que agracie a nação brasileira com segurança, tranquilidade, justiça e paz.
Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos vocês!
Seyyed Ahmad Al-Mosawi – Imam da Husainiyeh Imam Mousa Assadr – Cidade do Leste, Paraguai
Encontro Islâmico no Brasil – São Paulo, 29 de julho de 2017.