O tema do véu, como é sabido, diz respeito à mulher. Porém, quem é a mulher?
A mulher é a criatura que Deus, glorificado seja, criou na mais perfeita forma. A sua criação era necessária para ser companheira do homem, por quem tem carinho e amor. Ele encontra nela o alívio para sua solidão física e espiritual, alento quando o desejo desperta nele e quando as dificuldades diárias o atingem. Ela, por sua vez, é a mãe do homem, sua esposa, sua irmã, sua filha e sua companheira em todas as etapas da vida.
Ela foi e continua sendo a causa primordial da continuidade da criação, um elemento básico para a multiplicação e perpetuação da espécie. Nem o homem, nem a mulher geram sem o concurso um do outro. Portanto, com ambos formam-se as nações e os povos.
É verdade incontestável que a mulher é um dos elementos importantes da retidão das gerações. Do seu caráter dependem os valores morais. Dos limites de sua conscientização e sua conduta depende a marcha do desenvolvimento. Com ela começa a marcha da civilização. Com o seu atraso há retrocesso da civilização. Portanto, graças a ela se consegue o desenvolvimento e a prosperidade.
Em geral, o ponto de vista quanto à mulher oscila entre considerá-la um ser inferior, parecido mais com as coisas do que com os seres vivos, um demônio que causa mal e pecado, ou a senhora da sociedade, governante de seu destino e do destino de seus governantes.
A mulher constitui a humanidade. Ela é a produtora da espécie humana, a sentinela do ninho em que se forma a infância, é a responsável pela formação da conduta da alma humana. O seu papel na perfeição desse elemento não é igualado por nenhum outro ser. Isso não era considerado na época dos sistemas pré-islâmicos.
A relação entre os dois sexos é um instrumento a serviço da espécie humana, responsável pela formação de um abrigo seguro, estável, harmônico e pacífico, onde a pessoa pode formar-se de maneira integral. É o pilar da sociedade, pois todo o futuro da humanidade reside nela, bem como o desenvolvimento do indivíduo.
Essas considerações não tinham sentido nos sistemas pré-islâmicos. Neles, a mulher era uma mercadoria que podia ser comprada e vendida. Não tinha direito de protestar contra a vida de humilhação a que era submetida. Entre os persas, ela era vista com desprezo e desdém. Na China, a mulher era considerada coisa sem valor em comparação com o homem: apenas recebia e executava ordens. Entre os egípcios, era depreciada e aviltada. Entre os gregos, era considerada manobra do demônio. Entre os romanos, sofria extrema humilhação e desprezo. Entre os assírios, era o elemento do pecado e da decadência. Da mesma forma era a mulher suméria, babilônica, acádia, sassânida e entre outros povos que tiveram suas civilizações. A mulher permaneceu tateando nas trevas até o surgimento do Islã.
O Islã é o único sistema correto e bem sucedido no que tange à questão feminina. Com todas as suas instituições e leis, é a única solução para a mulher, traçando para ela um caminho específico e seguro, concedendo-lhe um sistema correto e claro, um papel elevado na vida, a extensão de sua responsabilidade na sociedade, destacando o seu valor e a sua posição entre os demais seres da Criação. O Islã determinou para ela os seus direitos e deveres, concedendo-lhe o que não lhe foi dado antes ou depois por qualquer outra religião, nação ou povo.
À sombra da organização islâmica, a mulher consegue, como ser humano, participar de forma efetiva na construção da sociedade. A mulher, sob o ponto de vista islâmico, desfruta de todos os direitos sociais. O Islã modificou a situação da mulher profundamente, concedendo-lhe direitos completos no âmbito espiritual, humano, legislativo e social. Deus, exaltado e glorificado seja, dirige-Se a ela como Se dirige ao homem, responsabilizando-a da mesma forma que responsabilizou o homem, igualando-os quanto aos valores humanos e espirituais.
O Islã deseja que a mulher viva mais para o seu espírito e a sua mente do que para a sua aparência. Quer que ela se destaque como ser humano completo na sociedade, não apenas por seu aspecto físico, pois a sua feminilidade é sagrada no Islã, porém deve ser exercida diante do seu marido.
Nosso foco, porém, é quanto a todos os atos e causas de seu afastamento dos problemas da sociedade e dos acontecimentos da vida, ora em nome da religiosidade e da castidade, ora em nome da emancipação e pureza. Em ambos os casos a capacidade da mulher é anulada e paralisada, apesar da necessidade premente da nação quanto ao seu empenho e potencialidades.
Será que a religiosidade e a pureza exigem da mulher a sua clausura e isolamento, prendendo-a entre as paredes da casa, restringindo a sua preocupação aos assuntos da cozinha? Será que a emancipação e a pureza significam instabilidade, preocupação com coisas secundárias e fúteis, gastando o seu tempo e o empenho pessoal na satisfação dos desejos alheios e na frequência a locais que despertam desejos e exploram o corpo feminino? Certamente que não. A religiosidade que convoca a mulher para a insensatez e a restrição, paralisando as suas potencialidades, é uma religiosidade falsa, que não foi inspirada pelo Céu nem foi ordenada pela Mensagem Divina. Por outro lado, a emancipação absoluta, que transforma a mulher numa boneca que dança, numa mercadoria sexual nos cabarés, danceterias e locais de prostituição é, na realidade, escravidão horrível, rejeitada pela mente e pela consciência.
Deixem-nos ultrapassar a realidade da falsa religiosidade que a mulher pratica ou que a ela é imposta, bem como as alegações de falsa e mentirosa liberdade com seus símbolos atrativos e aparências enganadoras. Deixem-nos ir além de tudo isso e procurar nas verdades e ensinamentos da Mensagem Eterna do Islã, nas profundezas de sua magnífica história, a extensão das capacidades e as potencialidades ocultas da natureza desse ser humano – a mulher – e como podemos despertar essas potencialidades, orientando as suas virtudes a serviço das necessidades legítimas das gerações e da batalha do destino.
E tu, ó, mulher fragilizada e subjugada, frágil e preterida pela ignorância a que foi relegada em muitas ocasiões e tempos, até quando permanecerás dissoluta, dominada, ignorando teus direitos, olvidando tua função e descuidando conhecer os teus valores humanos? Até quando seguirás os desejos mentirosos, com palavras, atos e aparência, com a ilusão inútil de alcançar a caravana adiante? Até quanto te deixarás guiar por objetivos imaginários, praticando a nudez humilhante e a descompostura vergonhosa, seguindo os costumes corruptos que atraem os que cobiçam tudo, que se infiltram através deles para atingi-la? Assim, os ventos do atraso se abatem sobre ti, levando-te pelas correntes da fragilidade e da decadência, arruinando consigo os valores, os lugares e as pessoas! Até quando vais continuar viajando nas águas revoltosas, distante da orla do mar do conhecimento e do sol brilhante? Não chegou o tempo de se livrar dessa longa estagnação que ultrapassou os limites do equilíbrio da evolução? A tua honra foi maculada, a tua dignidade foi atirada na lixeira chamada de “civilização do século vinte”.
A nudez e a exibição das atrações físicas não levam a mulher a não ser para a perdição e o erro. Mesmo que alguns queiram convencê-la que a nudez é modernismo, que a dança é arte, que a mistura sexual é igualdade, que as noitadas duvidosas são liberdade, a intenção por trás disso tudo é o incentivo à concupiscência, fazendo-a ingressar no campo das condutas indignas, para destruir a família de várias formas. O incentivo à exibição dos encantos femininos foi um dos instrumentos usados por esta sórdida conspiração. A nudez vergonhosa transformou o jovem dócil em lobo, salivando, querendo devorá-la. Que estranho! Tu, mulher desviada, transformas o homem em animal selvagem para machucar-te e, em seguida, acusas: “Ele me machucou!”. Tu incentivas o desejo animalesco nele – e o olhar furtivo – com a tua aparência provocadora, ele te agride – mesmo com uma palavra – e tu dizes: “Ele não tem educação!”. Tu o atrais para o desejo físico com a descompostura e a libertinagem – “Quão bonito é o meu cabelo!” –, ele colhe com um olhar um pedaço daqueles cabelos negros que caem sobre os teus ombros e aí tu dizes: “Ele é ladrão!”.
Quem o transformou em animal selvagem, agressor e ladrão, além de ti? Depois que causas tudo isso, tu, mulher corrupta, dizes: “Sou a frágil vítima, a coitada”, esquecendo e ignorando que a doença é também tua e que o remédio também está em ti. Tu só podes te proteger com o hijab, o véu do corpo, e com o véu da língua, num lar de moral elevada, de pudor, que te eleva e dignifica!
Se tu conheces os aspectos das ações pelo seu final, qual é o melhor: Que tu saias na condição de noiva do lar de teu pai, acompanhada pela alegria e felicidade, com a moral e as virtudes que te ensinaram na família, ou como a camisa suja que o pai, coitado, tirou, com mãos que só conheceram o carinho, o bem e a bênção? É honroso, acaso, que tu estejas descoberta, sendo filha de um excelente e purificado pai?
Irmã, nessa época vemos os sofrimentos – os teus sofrimentos – em dois crimes: Um, levado a efeito por muitos jovens e pais, que obscurecem os teus direitos e ignoram o teu papel, desorientando-te através dos caminhos da fraude e de palavras melodiosas. Em segundo lugar, vemos o crime que tu praticas livremente, quando pensas ilusoriamente que o véu é sinal de atraso, deixando-te dominar pela descompostura, transformando-te de um ser humano alegre e carinhoso em demônio que desperta a preocupação e a tristeza para si e para muitos outros. Minha amiga: Com as tuas crenças errôneas a respeito da civilização iminente, está te suicidando e o suicídio é ilegal e proibido!
Vem, para que te mostremos o caminho, iluminemos as trevas dos pensamentos errôneos em que tropeças, de forma cega, na tua incompreensão. Assim, eliminaremos a ignorância, que te carrega como uma pena levada pelo vento, ou um frágil tronco de madeira levado pelas ondas do mar.