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A história do Islam está intimamente ligada com a história de seu profeta, o homem que de acordo com a doutrina islâmica foi escolhido por Deus para transmitir a Mensagem Divina. Este homem, este profeta, é Mohammad.

O Profeta Mohammad pertencia à tribo de Coraich, que era um dos mais importantes clãs árabes da península arábica. Mohammad (S.A.A.S.) era descendente do Profeta Ismael, filho do Profeta Abraão (A.S), que reconstruiu a Honrada Caaba na preciosa cidade de Mecca (Arábia Saudita). Sua mãe chamava-se Amina bent Wahab, também da tribo de Coraich, que o concebeu na preciosa cidade de Meca, no ano de 570 d.C.

Abraha, vice-rei da Abissínia (hoje, Etiópia), radicado como Governante absoluto no Iêmen, que estava sob jurisdição da Abissínia naquela ocasião, tendo a índole de cruel conquistador expansionista decidiu por interesses político-econômicos destruir a Caaba, onde se reuniam periodicamente caravanas vindas de toda parte. Então, naquele ano de 570 d.C. avançou em direção a Mecca com um poderoso exército, cujo transporte eram elefantes gigantescos. Entretanto, o Poder Divino e a decisão do Senhor do Universo desapontaram os intentos do vil Abraha e seus comandantes, a ira e a fúria deles voltaram-se contra eles mesmos, e Deus mandou pequeninos pássaros que carregavam em seus bicos pedrinhas de barro endurecido e queimado, que passaram a jogá-los sobre os soldados invasores, fazendo-os se dispersarem desnorteados, perdendo suas forças e disciplina, com isso, salvou-se a Casa Sagrada das mãos dos invasores.

Pela grandeza e importância do acontecimento, aquele ano se chamou de “Ano do Elefante” entre os árabes. O Alcorão Sagrado menciona esta história em um de seus capítulos chamado “Al-Fíl”.

Na época do nascimento do Profeta Mohammad (S.A.A.S) houve diversos acontecimentos inusitados, e com isso, Deus Supremo permitiu a vinda do Salvador e o surgimento de uma nova era para a humanidade.

Sua Formação

A formação do Mensageiro (S.A.A.S) já se iniciara como órfão de pai ao nascer. Sua nutriz foi Halima bent abi Zu-Aib, da tribo beduína de Bani Saad, que o amamentou e criou-o em seu lar a fim de que crescesse forte e loquaz, de acordo com os costumes dos árabes, naquela época. Ao seis anos, perdera também a sua mãe, passando então à tutela de seu avô Abdel Muttaleb, senhor e líder de Coraich, mas que professava a religião de Abraão (A.S), ou seja, o Monoteísmo. Dois anos mais tarde, já aos oito anos de idade, Mohammad (S.A.A.S) perdeu seu avô Abdel Muttaleb, porém, antes de morrer, ele recomendara a educação e a tutela do neto à seu filho Abu Taleb.

E assim, Mohammad (S.A.A.S) passou a viver na casa de seu tio e tutor Abu Taleb, sob os cuidados amorosos e maternos da esposa deste, que se chamava Fátima bent Assad, mãe do Imam Ali ibn Abu Taleb (A.S), com a qual, o pequeno órfão encontrou todo carinho e afeto, sentindo-se como se estivesse com seus próprios pais, amando-os como eles também o amavam.

Os anos foram passando e o Mensageiro (S.A.A.S) permaneceu na casa de seu tio até se tornar jovem, ajudando-o no comércio das caravanas, por longos anos, até atingir a idade aproximada de vinte e cinco anos, quando se casou com uma mulher tida em alto conceito na sociedade de Mecca, pela sua impecável moral e grandiosa índole, sendo uma dama dos mais ilustres e importantes magnatas de Coraich, chamada Khadija bent Khuailed, com a qual Deus o agraciou com seis filhos. Dois homens: Al-Qássem e Al-Táher, que morreram em Mecca em tenra idade e antes que Deus o tornasse Profeta, e quatro mulheres: Zeinab, Roqaya, Omm Colçúm e Fátima “Azzahra”, apelido que significa “A Face Iluminada”, e da qual se estendeu a descendência do Mensageiro de Deus (S.A.A.S).

O Profeta Mohammad (S.A.A.S) viveu com sua esposa Khadija uma vida cheia de amor, colaboração, dedicação, respeito, confiança e predileção.

Seu Temperamento

É notório que, desde a sua infância o Mensageiro (S.A.A.S) teve um caráter puro, sempre afastado dos maus costumes, tais como a bebida alcoólica, a idolatria, a extorsão, o furto, a falsidade, a mentira, a traição e outras vilanias praticadas pelo povo da época. Aliás, ele se distinguia dos demais pela nobreza de seu caráter, sua lealdade, coragem e bondade para com os mais fracos e necessitados. E apesar de ter sido iletrado, ele interessava-se pelo saber e pelo conhecimento, mesmo porque, tivera uma educação aprimorada de seu tio Abu Taleb.

Dentre sua gente, porém, Mohammad (S.A.A.S) era o preferível e o mais completo de todos, chegando a ser apelidado pelo cognome de “Al-Amin”, que significa “O Probo”. Usualmente, as pessoas deixavam com ele, em confiança, seus valores e pertences valiosos, e quando aconteciam divergências entre o povo de Mecca ele era chamado para arbitrar entre os divergentes por causa de sua sensatez, equilíbrio, equidade, respeito, seriedade e fé.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S) meditava muito sobre a criação dos céus e da Terra, e sendo intensamente devoto a Deus, ele se retirava para a gruta de Hera, nas imediações de Mecca, localizada numa de suas montanhas, longe de tudo e de todos, onde ele se entregava à adoração de seu Criador, sendo envolvido pela proteção de Deus, que lhe abria os horizontes em sua alma, a fim de prepará-lo para o futuro que o esperava.

A Profecia

Quando o Profeta Mohammad (S.A.A.S) atingiu quarenta anos de idade, no ano de 610 d.C., desceu sobre ele a Revelação por intermédio do anjo Gabriel (A.S), enquanto orava na gruta de Hera, e fê-lo receber os primeiros versículos, constantes no Alcorão Sagrado:

“Em Nome de Deus Clemente Misericordioso! Lê, em nome de teu Deus que criou. Criou o homem de um esperma. Lê e teu Deus é o mais generoso, o Qual ensinou com o cálamo; ensinou o homem a respeito daquilo que desconhecia…” (C.96 – V. 1 a 5)

E então, o Profeta (S.A.A.S) se alegrou com o que acabara de ouvir, retornando para o seu lar, emocionado e feliz pelo que lhe fora anunciado e pelo fato de passar a ser o Mensageiro enviado para toda a humanidade. Quando chegou em casa, notificou sua esposa Khadija sobre o que lhe ensinara o anjo Gabriel (A.S) e ela acreditou nele, sendo a primeira das mulheres adeptas ao Islam. Depois, seu primo Ali ibn Abu Taleb (A.S), que tinha na ocasião dez anos de idade, acreditou piamente nele e, a partir daí, o Profeta Mohammad (S.A.A.S) passou a propagar a sua mensagem em Mecca. Essa propagação ocorreu em duas etapas:

A primeira etapa foi secretamente, e durou cerca de três anos, chamando o povo para o Islam, para que os opositores não soubessem, pois caso contrário, eles o prejudicariam e aos seus companheiros. O Mensageiro (S.A.A.S) ensinava aos seus companheiros os versículos do Alcorão Sagrado que eram revelados a ele, vindos de Deus, Glorificado e Supremo, por intermédio do fiel anjo Gabriel (A.S), bem como, os instruía sobre a adoração a Deus, os bons costumes e a igualdade, preenchendo as suas almas com a paciência, a resignação, a coragem, e os impelindo às atividades nos caminhos de Deus.

Sua esposa Khadija bent Khuailed tinha seu mérito e importância nesta missão, pelo apoio moral e material que oferecia a ele, deixando à disposição do Islam toda a sua fortuna, muito contribuiu em prol da religião, divulgando a abençoada predestinação do Profeta Mohammad (S.A.A.S).

Por seu lado, o grandioso Mensageiro (S.A.A.S) teve todo o cuidado especial para com o seu primo Ali ibn abi Taleb (A.S) por ter sido o seu primeiro discípulo e intrépido redentor entre suas mãos. O Mensageiro (S.A.A.S) preencheu o seu espírito, coração e raciocínio com fé, sabedoria, coragem e convicção, e assim, o Imam Ali (A.S) passou a ser o herói dos muçulmanos e o mais sapiente e piedoso dentre eles, e, muito colaborou com o Profeta Mohammad (S.A.A.S) na pregação e divulgação islâmica, tornando-se o braço direito do Mensageiro de Deus (S.A.A.S).

Assim, o Profeta (S.A.A.S) permaneceu firme em seu propósito e convocação, e seus companheiros passaram a crer nele, apoiando, seguindo e fazendo dele um vencedor, sendo a maioria deles, jovens e pobres necessitados ou escravos, recolhidos por ele e por seus companheiros, dedicando-se a eles por inteiro a fim de orientá-los, ensinando-os e mudando-lhes a forma de proceder. Quando se reunia com eles para ensiná-los sobre a crença em Deus realizava tais reuniões sempre em lugares afastados dos olhares do povo.

Quando completou o número de quarenta homens devotos e fiéis, veio-lhe a notificação divina de Deus Supremo para divulgar a Mensagem do Islam de forma mais aberta, cessando com isso a primeira etapa secreta.

A segunda etapa se iniciou com o Profeta (S.A.A.S) passando a convocar com solicitude os seus parentes para a adesão ao Islam. Alguns lhe deram crédito, outros não. Foi então, que o Mensageiro (S.A.A.S) chamou os membros da tribo de Coraich e posteriormente o povo em geral, explodindo com isso a notícia sobre o Islam e seu Profeta. As pessoas passaram a conversar entre si sobre ele com bastante enfoque, e a linha do Islam tornou-se uma forte corrente, temida pelos opositores da época, principalmente os que dominavam o mercado das caravanas. E assim, diante do aumento extraordinário dos muçulmanos, os adoradores de ídolos decidiram persegui-los e torturá-los. Porém, apesar das cruéis torturas, nada removeu a fé de seus corações, e sua devoção a Deus se firmou mais ainda, suportando paciente e silenciosamente o sofrimento e a humilhação.

Os opositores utilizaram-se de outros meios para afastar os muçulmanos de sua fé e islamização, chegando a sitiá-los e boicotá-los depois que tomaram conhecimento que o tio do Profeta Mohammad (S.A.A.S), Abu Taleb, líder de Coraich, defendia seu sobrinho e sua mensagem, sem jamais abandoná-lo a sua sorte. Diante de tantas perseguições e opressão, os muçulmanos ficaram sitiados nos arredores de Mecca por três longos anos, provando os suplícios da fome, da sede e da dor física e moral. Porém, por conseguirem suportar as suas desventuras, sempre perseverantes, o boicote acabou logrado e o grandioso Mensageiro do Islam (S.A.A.S) e seus companheiros saíram vitoriosos deste cruel sítio, permanecendo a serviço do Islam e sua propagação, sem que a força, as conspirações, as intrigas, os jogos de persuasão e as difamações que os incrédulos utilizavam pudessem impedi-los.

A Expansão da Mensagem

O Profeta Mohammad (S.A.A.S) costumava se comunicar com as tribos que se dirigiam à Casa de Deus, a Caaba, exortando-as para abraçar a doutrina islâmica. Apesar das dificuldades que ele encontrava em seu caminho, conseguiu a ocasião adequada para encontrar-se com um grande número de pessoas da nobreza de Bani Khazradj, os quais radicavam-se na cidade de Yatreb (hoje Medina), distante de Mecca cerca de 450 quilômetros, e os convidou ao Islam. Eles o aceitaram e nele creram, e, ao retornarem para a sua cidade, passaram a difundir a Mensagem do Mensageiro (S.A.A.S), não havendo um lar sequer em Yatreb onde não se conversava sobre o assunto.

E em questão de um ano, os Bani Khazradj mandaram ao Mensageiro (S.A.A.S) uma delegação de doze homens, a fim de se encontrarem com ele em Oqba, bairro da periferia de Mecca, onde firmaram um acordo de lealdade, tanto ao Profeta quanto à sua doutrina, e este evento chamou-se de “Primeiro Acordo de Oqba”, pedindo-lhe que enviasse com eles um homem para ensiná-los as Leis do Islam e os dogmas do Alcorão.

Depois de firmado o acordo, o Profeta Mohammad (S.A.A.S) mandou com eles Miçaab ibn Omair, o qual se empenhou nesta missão com muito sucesso, principalmente junto à nobreza local, com isso, o número dos adeptos ao Islam passou a crescer cada vez mais, fortalecendo mais ainda a Mensagem do Islam, mediante os ensinamentos e os esclarecimentos que ele lhes apresentava. No ano seguinte, o venerável Miçaab ibn Omair e seus companheiros, saíram de Yatreb rumo à Mecca, e seu número atingia os setenta e três homens e duas mulheres, os quais se dedicavam aos serviços da peregrinação, e, ao mesmo tempo, aproveitaram a visita para encontrar-se com o Profeta Mohammad (S.A.A.S).

O grupo de setenta e três homens pertencia às duas tribos mais importantes de Yatreb: Al-Auss e Al-Khazradj, os quais, ao se reunirem com o Mensageiro (S.A.A.S), fizeram um juramento solene: o de fazê-lo alcançar a vitória e defenderem a sua pregação, deixando à sua disposição suas finanças e sua dedicação a favor do Islam, estendendo-lhe as mãos um por um em cumprimento, como sinal de confirmação ao “Segundo Acordo de Oqba”.

A Primeira Emigração dos Muçulmanos

A difusão da doutrina islâmica, a força de sua pregação e o aumento de seus adeptos em Mecca, fizeram com que os incrédulos derramassem sobre os muçulmanos sua ira e crueldade, e, quanto mais o fizessem, mais os crentes se apegavam à sua fé, até que, o Profeta (S.A.A.S) lhes permitiu emigrarem de seus lares, a fim de fugirem das perseguições e humilhações de seus algozes. E assim, a primeira caravana de exilados, dirigiu-se para a Abissínia (Etiópia), enfrentando o deserto rumo ao litoral, onde embarcariam para aquele país. Na primeira caravana, com um total de onze homens e quatro mulheres, ficando lá por três meses, retornando depois para Mecca quando lhes veio a notícia que os coraichitas se converteram para o Islam. Porém, chegando aos arredores da cidade verificaram que a notícia não passava de um boato. Imediatamente, o Mensageiro (S.A.A.S) ordenou que retornassem para a Abissínia, e desta vez eram oitenta homens e dezoito mulheres, ficando em sua vanguarda, seu primo Jafar ibn Abu Taleb e sua esposa Assmá bent Omaiss. Lá chegando, foram bem recebidos por Negus (Al-Nagáchi), rei da Abissínia, tranquilizando-os de forma sem igual, não lhes ocorrendo tal receptividade nem em sua própria terra.

Mas, os coraichitas tentaram caluniar os muçulmanos diante de Negus, rei da Abissínia, para que fossem expulsos, porém, o seu vil objetivo malogrou-se diante da atitude bondosa de Negus, que era cristão. Um fato curioso, registrado pela história para o nosso conhecimento, é que, quando os exilados, sob o comando de Jafar ibn Abu Taleb, compareceram diante de Negus, este os questionou se eles possuíam algo daquilo que Mohammad tem apresentado às pessoas no que alude a Jesus Cristo, e Jafar assentiu recitando a Surata Mariam (Capítulo 19 do Alcorão Sagrado). E Negus, juntamente com os líderes religiosos que o rodeavam, reverenciaram emocionados os versículos alcorânicos e puseram-se a chorar, então, o rei abissínio, disse: “Isto, e o que procedeu de Jesus, surgiram da mesma fonte!”

Em outro colóquio, Negus perguntou a Jafar: “Qual é o conceito do vosso Profeta sobre Jesus?” A razão de sua pergunta derivou de um rumor vindo de alguns dos elementos presentes, a fim de confundir o ponto de vista do Islam e do Profeta Mohammad (S.A.A.S) sobre Jesus. Então, Jafar respondeu tranquilamente: “O Mensageiro afirma que Jesus é Profeta, servo de Deus e é o Seu Mensageiro também, e que lançou o Seu espírito e a Sua palavra sobre a Virgem e Casta Maria”. Nisso, Negus pegou uma vara e delineou com ela no chão dizendo: “Não há nada entre a nossa doutrina e a vossa mais do que esta linha!” Em seguida, expulsou de sua presença as pessoas que tinham caluniado e manchado a imagem do Islam e dos muçulmanos diante dele.

A partir daí, a situação dos muçulmanos em exílio melhorou bastante e eles passaram a viver na Abissínia honrados, estimados, respeitados e seguros. Os muçulmanos permaneceram na Abissínia (Etiópia) durante doze anos, até a Hégira (emigração) do Profeta Mohammad (S.A.A.S) à cidade de Yatreb (Medina), onde lá permaneceu e fundou um Estado Islâmico. Quando eles o seguiram para lá deixaram na Abissínia os ensinamentos do Islam e os versículos do Alcorão para as pessoas que abraçaram a doutrina islâmica.

Emigração para Medina (A Hégira)

Quando se elevou o conceito do Islam e dos muçulmanos em Yatreb, através do perfil das delegações que procuravam o Mensageiro (S.A.A.S), jurando-lhe lealdade e fidelidade, firmando com ele as alianças, o Profeta Mohammad (S.A.A.S) passou a sentir que já era hora de ordenar aos muçulmanos que se dirigissem para localidades mais seguras, onde pudessem expressar livremente a sua religião. Principalmente agora, depois de terem sofrido com a intensa crueldade e perseguições de Coraich. Dessa forma, fazendo-os partirem em procissões clandestinas debaixo das asas da noite, pelo deserto afora, indo em direção a Yatreb, deixando atrás de si seus bens materiais em prol da vitória da doutrina de Deus. Entretanto, quando os coraichitas descobriram as emigrações clandestinas, passaram a proibir os fiéis de saírem de Mecca, boicotando-os de todas as formas, pois temiam a sucessão das emigrações voluntárias e a difusão dos muçulmanos.

E assim, diante da conjuntura dos acontecimentos, os opositores se reuniram em assembleia no prédio chamado “Dar An-Nadua”, ou seja, “A Casa do Conselho”, para discutirem o assunto e uma forma de se livrarem em definitivo do Mensageiro de Deus (S.A.A.S), chegando a um veredicto cruel: “Que se faça a escolha de um homem de cada tribo, a fim de matá-lo durante a noite enquanto dorme, eliminando-o assim de uma vez por todas, e com isso, finaliza-se a questão do Islam, mesmo à custa de sangue derramado”.

Depois da reunião os coraichitas começaram a sua maquinação, passando a sondar a residência do Mensageiro (S.A.A.S) durante a noite para que fosse eliminado nas primeiras horas do dia. Porém, na véspera, Deus Supremo e Glorificado fez descer sobre o Seu Mensageiro um versículo alcorânico que diz o seguinte:

“… e se os incrédulos confabularam contra ti para te aprisionar ou te matar ou te expulsar, pois que confabulem e Deus os desbaratará, e Deus é o mais duro dos dissipadores.” (C.8 – V.30)

Antes de seguir para Yatreb com seu companheiro Abu Bakr, o Mensageiro de Deus(S.A.A.S) ordenou a seu primo Ali ibn Abu Taleb (A.S) que ficasse em seu lugar e dormisse em seu leito, cobrindo-se com seu cobertor. Ali ibn Abu Taleb (A.S) atendeu pronta e satisfatoriamente à ordem do Profeta Mohammad (S.A.A.S), a fim de defendê-lo e salvá-lo contra o perigo que o aguardava.

Bem cedo, pela manhã, o grupo de opositores invadiu a casa do Profeta Mohammad (S.A.A.S), quando depararam com Ali ibn abi Taleb (A.S) em seu lugar. Surpresos, o interpelaram: “Onde está Mohammad?” Ali (A.S), porém, lhes respondeu com outra pergunta: Acaso, vós me pusestes como seu guardião?! Afinal, vós não quisestes que ele saísse de nossa cidade? Pois bem, ele o fez!” Dizendo isso, o Imam Ali (A.S) os enfrentou com a postura de um herói. Contudo, Deus o enalteceu pela sua bravura e atitude tão nobre, através de Sua revelação, como consta no Alcorão:

“E dos homens, há os que se sacrificaram para obter a complacência de Deus, e Deus é Compassivo para com os servos.” (C. 2 – V.207)

Decepcionados, os opositores assassinos puseram-se à procura do Mensageiro (S.A.A.S) a fim de prendê-lo, contratando um exímio rastreador, o qual conseguiu localizá-lo, levando-os até uma gruta. Pouco antes de chegarem ao local, a força divina de Deus e Sua proteção livraram o Profeta Escolhido de seus algozes, fazendo com que milagrosamente uma aranha tecesse a sua teia em toda a entrada da gruta, vedando-a por completo. E quando os opositores chegaram, viram duas pombas ao lado da entrada vedada pela teia de aranha, e exclamaram: “Mohammad não entrou neste lugar. Ou ele subiu aos céus ou a terra o engoliu!”

Novamente desiludidos, retornaram à cidade, e, mais uma vez Deus fez com que a ira se voltasse contra eles mesmos e, salvando o Seu Mensageiro, quis Ele, em Sua glória, provar à humanidade através dos séculos que, por mais que os opositores e descrentes se unissem e se fortalecessem, jamais conseguiriam vencer a força de Deus. Bem como, diante de Deus, eles são mais fracos do que a teia de uma aranha.

O Mensageiro (S.A.A.S), em todos os momentos de sua vida, sentia sempre a presença de Deus Altíssimo, por isso vivia tranquilo, certo da vitória, jamais se entregou ao desânimo, à fraqueza, à tristeza e ao medo. Por isso, Deus o agraciou com a serenidade e o apoiou com um exército invisível.

Na gruta, ele permaneceu juntamente com seu companheiro por três noites e três dias, até se certificarem de que os coraichitas desistiram de procurá-lo. Em seguida, rumou para seu destino e, após dias de viagem, eles chegaram até uma localidade chamada Qobá, fora de Medina, permanecendo em sua mesquita, no aguardo do Imam Ali ibn Abu Taleb (A.S), que lhe informara que iria ao seu encontro depois de devolver aos donos os valores

confiados, que estavam no poder do Profeta Mohammad (S.A.A.S) e realizasse todas as tarefas indicadas pelo Profeta (S.A.A.S.) antes de sua emigração, para depois comprar animais de montaria a fim de transportar as quatro Fátimas (Fátima bent Assad, mãe de Ali ibn Abu Taleb; Fátima Azzahra, filha do Profeta; Fátima mãe de Al-Zubair ibn Abdel Muttaleb, tio do Profeta; Fátima filha de Hamza, tio do Profeta.), trazendo com elas os fiéis debilitados, para viajarem secretamente ao encontro do Mensageiro de Deus (S.A.A.S).

Quando a caravana de Ali ibn Abu Taleb (A.S) chegou à Qobá, o Profeta (S.A.A.S) os recebeu, abraçando seu primo Ali (A.S), porém, ao verificar o quanto ele estava fisicamente debilitado pelo sofrimento e cansaço, o Mensageiro chorou magoado e emocionado de vê-lo neste estado lamentável. Dois dias depois da chegada de Ali (A.S) à Qobá, a caravana seguiu para Medina, tendo o Mensageiro (S.A.A.S) na vanguarda.

Toda vez que o grupo se deparava com alguém ou com um grupo, era recebido com o brado “Allahu Akbar!” (Deus é Grande!), e uma reconfortante receptividade, pois todos queriam que o grandioso Profeta (S.A.A.S) repousasse em suas residências. Mas ele dizia, apontando para a sua camela: “Deixai-a seguir por seu instinto, porque ela é guiada por Deus”.

E assim foi, até que a camela assentou-se diante da Mesquita Bani Sálem, que foi construída antes da vinda do Mensageiro de Deus (S.A.A.S) à Medina. Desmontando da camela, o Profeta Mohammad (S.A.A.S) fez a oração na mesquita, e recitou o seu primeiro discurso naquela cidade. Depois, o povo começou a festejar em sinal de alegria. Afinal, encontrava-se entre eles o Selo dos Profetas e Mensageiros, e eles podiam vê-lo com os próprios olhos e corriam ao seu encontro para tocá-lo, até que, em determinado momento, a sua camela se assentou deliberadamente diante da porta da casa de Kháled ibn Zaid Al-Ansári, conhecido por Abu Ayyúb. Este homem, era paupérrimo, porém, profundamente devoto, e o Mensageiro (S.A.A.S) permaneceu em sua humilde residência até que se concluiu a construção da nobre Mesquita de Medina, a qual ele ajudou a construir com as próprias mãos, e que permanece erguida até os nossos dias.

Inicialmente, a Mesquita possuía 1.050 m², e posteriormente, o Profeta (S.A.A.S) a ampliou para 2.850 m², construindo depois a sua residência, anexa à mesquita, passando a se erigirem também as construções dos fiéis ao seu redor, e, ao passar dos anos, a mesquita passou por várias reformas e ampliações.

A mesquita construída pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S) foi utilizada inicialmente como local de reuniões dos muçulmanos e sua unificação, constituindo também, como um local onde se pudesse agrupá-los a fim de orientá-los e ensiná-los o Alcorão Sagrado e as Leis islâmicas em sua essência, e onde também, pudessem realizar as reuniões para

as decisões político-sociais, bem como, onde eram resolvidos os desentendimentos entre o povo da nação muçulmana. Assim, a mesquita passou a ser, ao mesmo tempo prédio do governo e templo para o culto a Deus.

E assim, a Mensagem Islâmica penetrou em uma nova etapa, através da fundação de uma sociedade completa.

A Fraternidade

A outra providência importante empenhada pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S) foi a construção da fraternidade entre os emigrantes (Muhádjirín) e os aliados (Al-Ansár), habitantes da cidade de Yatreb (Medina) na ocasião, que acreditaram no Profeta Mohammad (S.A.A.S) e o levaram à vitória, defendendo-o e acolhendo-o juntamente aos muçulmanos que emigraram de Mecca e de outras localidades. O Mensageiro (S.A.A.S) estabeleceu a fraternidade, o amor, a aplicação e o bom comportamento como bases da sociedade islâmica.

O Estado Islâmico

Ressaltamos outro empenho do Profeta Mohammad (S.A.A.S), também de suma importância, que foi a fundação do Estado e do Governo Islâmico, constituindo uma sociedade muçulmana para diligenciar o povo em conformidade com o Livro de Deus (Alcorão) e os preceitos de Seu Mensageiro (S.A.A.S), uma constituição elaborada sob a base dos direitos humanos e da justiça.

A Conquista de Mecca

Dentre os acontecimentos importantes da história do Islam durante a vida do nobre Mensageiro (S.A.A.S) está a conquista de Mecca, a Honrada, que era na ocasião, o centro da oposição, ignorância pré-islâmica (Jáhiliya) e da opressão contra os fracos e o Islam.

Sua conquista ocorreu no mês Ramadan (mês lunar islâmico), no ano de 630 d.C.. Esta conquista foi feita sem derramamento de sangue, de uma forma totalmente pacífica, pois o Profeta Mohammad (S.A.A.S) e seus companheiros se aproximaram da cidade, e, quando Abu Sufián (líder dos opositores) e seus correligionários viram a força do Islam e dos muçulmanos permitiram que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S) entrasse em Mecca começasse a reforma espiritual e social na cidade.

Após o sucesso de sua conquista, o Profeta Mohammad (S.A.A.S) retornou para a cidade de Medina, onde viveu até seu falecimento em 632 d.C.

Na conquista de Mecca o Islam alcançou o auge de sua grandiosa vitória, pois o povo em massa abraçou a doutrina de Deus, o que marcou o início de uma expansão que alcançou os quatro cantos do mundo.

O Alcorão Sagrado declara: “Em Nome de Deus Clemente Misericordioso! Chegou-se a vitória de Deus e a conquistou, e viste a população em massa entrar na doutrina de Deus, glorifique e louve o teu Senhor e implore o Seu perdão, porque Ele está pronto para perdoar.” (C.110 – V.1 a 3)

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