Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.
Deus, o Altíssimo, disse no seu livro Sagrado: “Deus vos socorreu em muitos campos de batalha – como aconteceu no dia de Hunain, quando vos ufanáveis da vossa maioria que de nada vos serviu; e a terra, com toda a sua amplitude, pareceu-vos pequena para empreenderdes a fuga.” (11:113)
Este dia, 6 de Shawal, coincide com o dia da Batalha de Hunain. A batalha em que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e o Imam Ali (A.S.) participaram, mas que a vitória foi sofrida, e por isso devemos aprender algumas lições desta batalha.
Os motivos
No ano 8 da Hégira, durante o mês de Ramadan, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) preparou um exército de dez mil homens e sua intenção era reconquistar Meca. Meca era o berço e cidade natal do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), foi onde ele viveu, cresceu, casou e morou por no mínimo 5 décadas. Suas histórias, lembranças e afeto estavam nesta abençoada terra. Ele recebeu as revelações nesta cidade e começou a divulgar a mensagem do Islam cumprindo a missão de Deus. Meca lhe traz tristes lembranças também. Nela ele foi perseguido, torturado, viu seus homens e seguidores sendo mortos e torturados pelos incrédulos e seus opositores. Sofreu o cerco em She´eb abi Taleb, juntamente com centenas de muçulmanos. Eles todos persistiram e permaneceram firmes no caminho do Islam e da mensagem.
E por conta das perseguições que ele sofria junto com os demais muçulmanos ele decidiu migrar de Meca e depois de semear o Islam em demais locais e formar a primeira sociedade muçulmana em Medina e seus arredores, em um prazo curto, e decidiu voltar e reconquistar Meca e purifica-la de seus usurpadores e tiranos. O dia da conquista de Meca foi um dia marcante na história. Deus disse em Seu livro sagrado sobre esta grande conquista: “Quando te chegar o socorro de Deus e o triunfo (1). E vires entrar a gente, em massa, na religião de Deus (2). Celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque Ele é Remissório (3)”. Neste dia Mohammad (S.A.A.S.) retornou a Meca, como conquistador e líder e não mais como perseguido.
Por que a história da conquista de Meca foi citada aqui já que iriam falar sobre a batalha de Hunain? Isso porque os dois fatos estão ligados. Antes da conquista de Meca duas tribos chamadas Hawazen e Thaqif viviam em uma cidade chamada Ta´ef. Cidade esta que se localiza ao norte da península arábica. Estas duas tribos ao saberem que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) estava formando um exército de 10 mil soldados, acharam que ele estava se preparando para atacá-las.
Depois da entrada de Mohammad (S.A.A.S.) em Meca e dele ter reconquistado a cidade sagrada, foi informado de que estas duas tribos junto com seus aliados estavam se preparando para atacá-lo formando uma coalisão inclusive com alguns hipócritas e incrédulos que tinham sido humilhados em Meca. Eles temiam o Islam e os muçulmanos, pois 20 anos depois o Islam e os muçulmanos estavam fortes e ganhando adeptos e seguidores dia após dia, e isso colocava seus interesses em risco. Por conta disso estavam preparando um grande exército para atacá-lo e dar um fim em tudo isso. Quando o Profeta (S.A.A.S.) soube da intenção do ataque deles, formou um exército de 12 mil soldados, 10 mil já tinham vindo de Medina e mais 2 mil eram os novos seguidores do Islam entre os habitantes de Meca.
Batalha de Hunain
Ao formar o exército, Profeta Mohammad (S.A.A.S.) seguiu em direção ao inimigo que estava preparado para atacá-lo. As duas tribos tinham formado uma coalisão e outras pequenas tribos tinham se aliado a elas para enfrentar Mohammad (S.A.A.S.) e os muçulmanos.
Enquanto os muçulmanos liderados pelo Mensageiro de Deus seguiam em direção a local da batalha, o inimigo tinha feito uma emboscada em um vale muito fundo chamado Hunain. O tempo era chuvoso com muita neblina. Quando os muçulmanos chegaram a este vale deveriam passar por ele para chegar ao inimigo, mas foram surpreendidos pelos inimigos que estavam aguardando-os em um ponto estratégico e alto do vale, e então começaram a lançar suas flechas e lanças sobre os muçulmanos. Neste momento os muçulmanos perderam seus ânimos e começaram a recuar e fugir deixando o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) sozinho. O tio do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), Al-Abbas, fez um severo chamado que forçou a todos a retornarem ao campo de batalha e seguirem combatendo. Este chamado fez que eles retornassem e resistissem na luta contra os inimigos. Naquele momento, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) estava no campo de batalha combatendo os inimigos sendo que pelo ataque surpresa que os inimigos fizeram a vida do Profeta (S.A.A.S.) estava em risco. Muitos acham que o Profeta não combatia nestas batalhas, muito pelo contrário, ele combatia e ficava na linha de frente, era corajoso e um bravo guerreiro, e o Imam Ali (A.S.) dizia: “No calor da batalha se buscássemos proteção nos protegíamos no Mensageiro de Deus”.
Então, depois que os muçulmanos retornaram ao campo de batalha e combateram severamente com muita força e bravura ao lado do Mensageiro de Deus, venceram a batalha e foram vitoriosos naquele dia, mas esta vitória não foi uma vitória como as outras, e por isso devemos aprender algumas lições dela.
Quais são as lições?
Orgulho
Naquela época os muçulmanos se sentiam orgulhosos pois tinham acabado de conquistar Meca e representavam uma força que era temida na península arábica. A batalha de Hunain era um teste para testar sua fé e infelizmente eles foram reprovados. Eles fugiram da cena de batalha e se não fosse o chamado do Profeta eles não retornariam ao campo.
Jamais devemos nos orgulhar. Se o fiel estiver em alta, estiver no topo, estiver com fama ou em um momento de conquista, se o fiel estiver aliado da vitória ou conquistando algo, jamais deve se orgulhar. Ele deve ser humilde e não se orgulhar. Saibam irmãos, a partir do momento em que a pessoa se orgulha é o sinal de que acabou de ser alcançado pela flecha de Satã. A flecha venenosa de Satã o atingiu. O problema que fez Satã amaldiçoado por Deus e expulso do paraíso foi porque ele sentiu orgulho. Ele era criado de fogo e adorava a Deus a mais de 6000 mil anos, então se orgulhou quando Deus o ordenou a prostrar diante de Adão. Como ele se prostraria para uma criatura recém criada por Deus, e de barro?! Este sentimento de orgulho e de arrogância jamais devem ser ouvidos.
Seguir a liderança sábia
Jamais deixar ou abandonar a liderança sábia. É certo que os muçulmanos larguem a liderança sábia nos momentos mais delicados? Será que quando o Imam Al-Mahdi (A.F.) reaparecer o abandonaríamos ou o seguiríamos?! Jamais dar as costas e deixar a liderança a sós no campo. Devemos segui-los e obedecê-los, pois isso é um dever e obrigação.
Então irmãos, jamais se orgulhem pelas ações e pelas conquistas, e sempre se enxerguem como falhos e deficientes, nunca ao contrário disso. O orgulho deteriora a ação, a qual não será acatada por Deus, e ao mesmo tempo, devemos seguir as orientações e os conselhos sábios das lideranças islâmicas independentemente do local ou da época, pois seguir a ordem do Mensageiro é seguir a ordem de Deus.
Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos.