Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
PRIMEIRO SERMÃO
Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.
Felicitações a todos pela ocasião do Eid Al-Adh-há Al-Mubarak, que Deus retome esta data sobre todos com muita fé, alegria, felicidade, saúde e benção, e que Deus apresse a vinda do nosso Imam Al-Mahdi (A.F.).
Deus, o Altíssimo, disse: “Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. Mas tu (ó mensageiro), anuncia (a bem-aventurança) aos perseverantes”. (2:155)
Cada um de nós enxerga as tragédias com seu ponto de vista, porém há uma verdade e filosofia por trás delas. No versículo acima do Alcorão Sagrado, Deus disse que todos irão sofrer com algum tipo de calamidade. Todos sem exceção, os profetas, mensageiros, pessoas do bem ou do mal, todos sofrerão algum tipo de tragédia em suas vidas, mas será que as calamidades sofridas pelo fiel são as mesmas que os opressores? E será que tem as mesmas finalidades?
A finalidade das calamidades
Hoje, gostaria de falar um pouco sobre esta questão, a qual será explicada com uma passagem do Príncipe dos Fiéis (A.S.) que dizia: “A tragédia, para o opressor é disciplina, para o fiel é teste, e para os profetas são degraus”. Portanto, as tragédias são tragédias para todos, no entanto, para cada um existe uma certa finalidade e objetivo.
Quando Deus disse que irá atingir a todos com as tragédias, isto é uma garantia de que as pessoas irão sofrer algum tipo de calamidade em suas vidas. E isto, também, é uma promessa que existe no Alcorão Sagrado no qual Deus disse: “Alef, Lam, Mim (1) Porventura, pensam os humanos que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos! Sem serem postos à prova? (2) Havíamos provado seus antecessores, a fim de que Deus distinguisse os leais dos impostores (3)”. (29) Aqui, Deus afirma que ninguém será poupado da tragédia e das calamidades, e que isso é necessário, pois é o meio pelo qual Deus testa seus fiéis.
Para o opressor é disciplina
Voltando ao dito do Imam Ali (A.S.) no qual ele diz que a tragédia para o opressor é disciplina e para o fiel é teste, significa que para cada um a tragédia tem uma finalidade e objetivo diferentes, como também, pode ser enxergado de uma forma diferente do outro. Um exemplo, que podemos citar durante esta grande pandemia, quantas boates, bares e salões e lugares ilícitos foram fechados. Quantas pessoas deixaram de pecar, não por receio de Deus, mas sim por serem atingidas pelo Corona, especialmente aqueles que, antes do Covid-19, não podiam deixar de dar a mão para as mulheres que não são da família e agora estão evitando isso com receio do vírus. Isso é bom, mas ao mesmo tempo dizemos, infelizmente, que tenha ocorrido assim, desta forma, pois, como Ali (A.S.) dizia: “As tragédias para o injusto são disciplina”, ou seja, esta tragédia recaiu sobre opressores e os pecadores para discipliná-los e colocá-los na linha, e é só assim que se aprende.
Para o fiel é teste
Como teste? Sabem como? Imaginem o ouro, como conseguimos extrair ouro da terra? É expondo a terra a um altíssimo grau de temperatura, é assim que conseguimos ouro de alguns minerais. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) dizia: “Deus alimenta o seu servo fiel com as tragédias da mesma forma que uma mãe alimenta seu filho recém-nascido com leite”.
Imaginem como um bebê a cada dia que cresce, precisa de uma porção maior de leite da mãe, e a cada porção ele cresce mais. As tragédias e as calamidades que Deus lança sobre nós são iguais ao alimento da mãe para o seu bebê, pois estas tragédias e calamidades são o que alimentam e erguem o fiel perante Deus. Deus ama o seu servo fiel e é por isso que ele o alimenta e o atinge com estas tragédias e calamidades, para erguê-lo, e é por isso que Deus atinge seus servos.
Uma pergunta que surge é:
Algumas pessoas refletem e perguntam: Olhem só o fulano ou ciclano, ele é um infiel, um incrédulo e mesmo assim ele é agraciado por Deus. Como pode isso?
Irmãos e irmãs, não vejam as aparências das coisas, pois estas abundâncias podem não ser o que vocês imaginam. Estas riquezas, estes bens e este dinheiro podem não ser uma verdadeira graça e nem motivo de aprovação de Deus, porém pode ser um motivo de mais castigo e sofrimento ao homem. Se as pessoas vissem realmente o que há por trás de tudo isso ficariam surpresas, pois é o contrário do que elas imaginam ser. Aquelas graças são motivo para Deus atrair os transgressores e tiranos ao seu castigo. Deus disse: “Mas Deus escarnecerá deles e os abandonará, vacilantes, em suas transgressões”. (2:15)
Isca de Deus
Estas graças e abundâncias são uma espécie de iscas que Deus usa para atrair os infiéis e transgressores. Ele disse no Alcorão Sagrado: “… Logo os aproximaremos do castigo, gradualmente, de onde menos esperam”. (68:44) Veja o exemplo de alguns tiranos da história como o Faraó, o qual transgrediu, era infiel e, mesmo assim, era agraciado por Deus. Depois, o Faraó começou a matar e assassinar e, mesmo assim, era agraciado por Deus. Depois, ele foi injusto, violador e transgrediu tanto dizendo que ele era “O todo poderoso Deus” e, mesmo assim, Deus continuou o agraciando, até que o seu fim foi aquele que todos nós conhecemos. O seu fim foi ser enterrado nas profundezas do mar, o qual o engoliu, e engoliu junto toda sua arrogância e egoísmo. Estão vendo qual foi o fim dele? Portanto, não podemos achar que as graças de Deus sobre o indivíduo são sinais de que a pessoa é aprovada por Deus. Muitas vezes, aquelas abundâncias e graças são como iscas que, se ele morder será levado ao castigo e se ele despertar e pedir o perdão na hora certa, pode se salvar do castigo de Deus.
O verdadeiro fiel é aquele que a fé domina sua mente, sua alma e sua família. Esta é a verdadeira riqueza e não a outra. Temos que escolher o que preferimos, esta ou a outra vida. Entretanto, os pecadores e os incrédulos não escolheriam a outra vida e sim esta vida. Por isso, procuramos ser incluídos no primeiro grupo e não no segundo, inshallah.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo.
SEGUNDO SERMÃO
Em nome de Deus o Clemente o Misericordioso.
Deus, O Altíssimo, disse: “Não percorreram eles a terra, para que seus corações verificassem o ocorrido? Talvez possam, assim, ouvir e raciocinar! Todavia, a cegueira não é a dos olhos, mas a dos corações, que estão em seus peitos!” (22:46)
Quando recitamos o Alcorão Sagrado, percebemos que há muitas histórias e fatos ocorridos dos povos anteriores. Vocês já pensaram qual seria a finalidade de Deus ter citado estas histórias no Alcorão Sagrado? Será que foi apenas para serem citadas e faladas ou tem outra finalidade por trás delas? Sim, tem outro objetivo por trás disso. Deus citou estas histórias para que possamos aprender e ter uma lição através delas. Não há nenhum outro objetivo de sabermos como viveram os povos anteriores, senão para aprender com seus erros e levarmos como lições para nossas vidas.
Assim, Deus ordena o homem a percorrer pela terra, como também, andar, estudar e adquirir o conhecimento e sabedoria, e então, meditar e refletir sobre como viver uma vida de acordo com a vontade de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, hoje em dia vivemos uma grande pandemia que é a do Corona vírus, e esta pandemia obrigou a todos nós mudarmos nossas rotinas. Em toda nossa vida, pelo menos no último século, não lembramos que algum dia que o Haj foi interrompido ou que as orações congregacionais nas mesquitas foram interrompidas. Isso, irmãos e irmãs, são questões que precisam ser analisadas e observadas por nós, pois se sairmos bem, com saúde e vida, desta pandemia, devemos aprender algumas lições com ela, como o Imam Ali (A.S.) dizia: “Muitas lições, mas pouco são os que aprendem”.
Nesta vida há inúmeras lições que acontecem no cotidiano, mas que poucos aprendem com seus erros e suas falhas. Portanto, o problema não está nas lições e sim no número de pessoas que aprendem. De que adianta termos tantas razões para aprendermos com as lições do dia a dia, se não as levamos em consideração?! De que adianta, todos os dias, darmos adeus para um querido que está partindo desta vida, se nós voltamos à nossa rotina de vida pecando, isto é, se no dia seguinte, voltamos a praticar os mesmos pecados que praticávamos sempre, sem mudar nossas rotinas para o melhor? De que adianta? Isso é uma grande tragédia e uma grande calamidade. O fato de o homem não aprender com as lições da vida traduz a sua cegueira mediante aos fatos.
Estamos nas vésperas do Ashura de 2020. No décimo dia de Muharram 30 mil soldados que alegavam serem muçulmanos enfrentaram 73 soldados que eram muçulmanos. De um lado o exército do tirano, pecador e desviado Yazid, e do outro lado o Imam Al-Hussein (A.S.). A pergunta é: será que depois desta tragédia, os muçulmanos aprenderam uma lição e qual caminho seguir mediante uma situação assim? Eu digo que alguns aprenderam, mas a grande maioria não.
Irmãos e irmãs, no Islam não temos um caminho alternativo ou meio termo, e sim apenas dois caminhos. Ou o certo ou o errado, ou o bem ou o mal. Se hoje e depois desta grande pandemia, nós sairmos sem aprender nenhuma lição, e não mudarmos nossos péssimos hábitos, então, isso é um grande problema.
Finalizo com a seguinte passagem do Imam Assadiq (A.S.), que dizia: “A mensagem do Imam Ali dizia: As tragédias e calamidades mais severas caiam sobre os profetas, depois os mensageiros, depois pouco a pouco os fiéis. Aquele que tem uma fé solida e conduta exemplar (correta) será mais atingido pela calamidade, e isso porque Deus não tornou esta vida a recompensa dos fiéis e nem o castigo dos pecadores. Quem tiver uma fé fraca não será mais castigado, sendo que o castigo é mais rápido par o fiel do que as gotas das chuvas”.
Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com Mohammad e sua purificada linhagem.
Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos.