Sermão de sexta-feira da Mesquita do Brás – A nossa responsabilidade perante o Alcorão Sagrado – Sheikh Youssef Ajurdi – 08/05/2020

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Deus, o Altíssimo disse no seu livro sagrado: “O exemplo daqueles que estão encarregados da Torá, e não a observam, é semelhante ao do asno que carrega grandes livros. Que péssimo é o exemplo daqueles que desmentem os versículos de Deus! Deus não encaminha o povo dos iníquos”. (62:5)

Carregar uma AMENEH, missão ou ter uma responsabilidade necessita temor e sabedoria. Há uma grande diferença entre aquele que diz carregar o conhecimento com aquele que realmente carrega o conhecimento. Por isso, queridos irmãos, os que carregam o conhecimento do Alcorão Sagrado, Torá ou Bíblia são os verdadeiros bem-aventurados, diferentemente dos que alegam conhecê-los, estes não alcançaram a salvação.

Deus comparou os que dizem carregar as mensagens celestiais e os ensinamentos sagrados com asnos dizendo: “O exemplo daqueles que estão encarregados da Torá, e não a observam, é semelhante ao do asno que carrega grandes livros…”. É o mesmo que colocar diversos livros da ciência sobre o lombo do burro como matemática, física, engenharia, medicina, geografia, entre outros. O fato do animal carregar estes livros, não o torna sábio e nem conhecedor destas ciências. O mesmo ocorre quando uma pessoa alega carregar uma grande missão e responsabilidade e não a pratica. O livro e a mensagem de Deus são uma grande “AMENEH” (depósito de confiança) o qual todos nós devemos protegê-lo e praticá-lo em nosso dia a dia.

Durante o mês de Ramadan é muito importante a leitura e a recitação do Alcorão Sagrado, e que recitar um versículo é como se tivesse recitado o Alcorão Sagrado inteiro, mas devemos prestar atenção no conteúdo e nas mensagens do Alcorão Sagrado. Do que adianta alguém viver de juros, alimentar seus filhos de ganhos ilícitos e ao mesmo tempo recitar o Alcorão Sagrado dizendo: “… introduzirão fogo em suas entranhas e entrarão no Tártaro” (4:10)? Ou do que adianta a pessoa recitar o Alcorão Sagrado dizendo “… Não vos espreiteis, nem vos calunieis mutuamente. Quem de vós seria capaz de comer a carne do seu irmão morto? …” (49:12) e ao mesmo tempo fazer Ghibah, falando mal e citando defeitos de seus irmãos? O que acham de alguém que lucra e ganha, juntando milhões em dinheiro e dormindo saciado e sossegado, no entanto seus vizinhos ou irmãos passam necessidade sendo que ele recita o Alcorão Sagrado: “E há em seus bens uma parte para o mendigo e o desafortunado” (51:19)? Isto está certo? Estas pessoas que leem estes versículos e não praticam o Alcorão, o que vocês acham disso? Isto não está certo!

Queridos irmãos, neste dia sagrado de sexta-feira, depois de passar quase a metade do mês de Ramadan, é muito válido que recitem o Alcorão Sagrado e que sintam o prazer desta recitação, mas se esta recitação não causar uma grande transformação e mudança dentro de seu interior, fortalecendo a crença e a fé, e fazendo que sintam o temor a Deus, o Altíssimo, esta leitura não terá validade. Deus, o Altíssimo disse no Alcorão Sagrado: “Ó fiéis, por que dizeis o que não fazeis? (2) É enormemente odioso, perante Deus, dizerdes o que não fazeis (3)” (61).

Devemos recitar e praticar os ensinamentos do Alcorão Sagrado, senão seremos como o exemplo que Deus deu sobre o burro que carrega os livros, de nada vale para os carregadores. Tanto o Alcorão Sagrado quanto a tradição nobre do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), estes ensinamentos, serão as grandes provas e evidências contra nós no dia do juízo final, quando formos cobrados e julgados por Deus por termos cometido delitos que sabíamos que eram proibidos. No dia do juízo final não teremos desculpas e não podemos dizer que não sabíamos de nada. Isso será uma grande mentira, pois nós tínhamos recitado o Alcorão e sabíamos que por exemplo o órfão jamais deve ser desprezado como Deus disse: “Portanto, não maltrates o órfão” (93:9) ou dar as costas para o donativo quando eu recito o seguinte versículo: “Qual será o fiel que não quererá emprestar espontaneamente a Deus? Será retribuído em dobro, e terá uma generosa recompensa!” (57:11). Depois desta recitação eu ainda duvido em ajudar os necessitados pela causa de Deus, e ainda almejar estar na companhia de Mohammad e seus Ahlul Bait (A.S.)? Isto não é lógico!

Na Batalha de Karbala, queridos irmãos e irmãs, haviam vários recitadores do Alcorão Sagrado, e talvez pessoas que tinham o Alcorão Sagrado inteiro memorizado. Eles não liam o versículo de Deus que dizia: “… Não vos exijo recompensa alguma por isto, senão o amor com os meus parentes (Ahlul Bait)….” (42:23)? O que eles fizeram com os Ahlul Bait do profeta Mohamamd (S.A.A.S.)? Como eles agiram perante a descendência pura do Mensageiro de Deus?

Este depósito de confiança que Deus nos concedeu para tirar as pessoas da escuridão e levar à luz obedece condições, em primeiro lugar meditar, e em segundo lugar praticar estes ensinamentos em nossas vidas. Estes versos e tradições são para o próprio bem das pessoas.

Os nossos grandes problemas, irmãos e irmãs, é porque nos distanciamos dos ensinamentos de Deus e de Seu mensageiro. Não adianta dizer que é mas não praticar. Se a pessoa recitar um único versículo e praticá-lo será mais válido do que recitar todo o Alcorão sem praticá-lo. O Mensageiro de Deus sempre recitava o seguinte versículo: “Sê firme, pois, tal qual te foi ordenado…” (11:112) e dizia que este o fazia sempre estar em alerta.

A pessoa deve sempre estar em alerta, se corrigindo e se preparando para a correção. O Ramadan deve ser o mês da restauração, se a minha alma enfraquecer, meu coração adormecer ou minha fé diminuir, este mês deve me ajudar a me erguer.

Rogo a Deus, o Altíssimo o sucesso a todos nós. Rogo a Deus o Altíssimo que estejamos entre aqueles que carregam o Alcorão Sagrado, o entendem e praticam, e incorporam os seus ensinamentos em suas vidas, em suas práticas, para que este livro seja o nosso intercessor no dia do juízo final, “Dia em que de nada valerão bens ou filhos” (26:88).

Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos vocês!

 

 

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