Sermão de sexta-feira da Mesquita do Brás – A política de reforma de Karbala e os poucos a serem salvos – Sheikh Youssef Ajurdi – 13/08/2021

Primeiro sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Servos de Deus recomendo a vocês e a mim mesmo a temência a Deus.

Deus, o Altíssimo disse no Alcorão Sagrado: “ (Recorda-te ó Profeta) de quando teu Senhor disse aos anjos: Vou instituir um legatário na terra! Perguntaram-lhe: Estabelecerás nela quem alí fará corrupção, derramando sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores, glorificando-Te? Disse (o Senhor): Eu sei o que vós ignorais”. (2:30)

O ser humano deveria ser o representante de Deus aqui na terra. Este era o plano que deveria acontecer. O homem deveria ser um elemento de reforma na terra.

Perguntamos: Por que Hussein foi martirizado? Por que os fiéis e tementes foram martirizados? Por que Zainab foi aprisionada?

A resposta é: este foi o preço da reforma cujo o Imam e os Ahlul Bait (A.S.) fizeram e queriam fazer na sociedade.

A corrupção é algo que estraga facilmente as coisas. Imaginem se quiserem erguer uma construção, precisam de muito tempo para fazer as plantas, escolher as estruturas, escolher o material, erguer aos poucos e depois de muitos meses um prédio é erguido. Só que este mesmo prédio pode ser demolido e derrubado em menos de 1 minuto por um míssil. Portanto, a construção é algo muito demorado mas a corrupção e a demolição das coisas é rápida.

As bombas atômicas que foram lançadas em Hiroshima e Nagasaki, destruíram dezenas de quilômetros e milhares de pessoas em volta. Por décadas estas cidades estavam sendo erguidas e então vem um míssil e acaba com aquilo em segundos.

O mesmo exemplo pode ser dado com os filhos. Imaginem vocês trabalharem tanto para orientar e educar seus filhos e depois de anos, um simples amigo do mal e uma péssima companhia corrompe tudo que vocês fizeram e acaba com todo o trabalho e desvia seu filho do caminho certo em um tempo muito curto. Isso porque a alma humana gosta e é própria do mal. É por isso que é sempre recomendado e é dever dos pais estarem de olho e atentos com seus filhos, nunca abandoná-los.

Cada reforma tem um preço e dependendo da reforma que a pessoa quer fazer, terá um preço diferente. O preço da reforma cujo o Imam Al-Hussein (A.S.) almejava fazer na nação do seu avô foi muito muito muito alto. O preço da reforma foi a vida do Imam Al-Hussein (A.S.), de seus filhos e Ahlul Bait (A.S.) e de seus companheiros. Além de tudo, até mesmo a nobre família, mulheres e crianças, do Profeta também participaram desta ação e pagaram o preço desta reforma que o Imam fez naquela nação recém erguida em menos de cinco décadas após o falecimento do mensageiro Mohammad (S.A.A.S.).

Imam Al-Hussein (A.S.) pagou o preço da reforma com seu sangue, seu corpo, seu pescoço, com seus filhos, família e companheiros.

Cada um de nós

O que aprendemos é que:

Primeiro – Cada um de nós deve fazer ser um reformista no meio onde vive. Em sua casa, loja, escola, trabalho e etc.

Segundo – Não aguardar elogio e agradecimento. pois geralmente quem busca fazer a reforma sempre será atacado e combatido pelas pessoas que não irão se satisfazer com suas ações pois sua reforma vai contra os interesses delas.

Terceiro – Pagar o preço daquilo. Pode ser uma simples amizade ou bens, ou mais do que isso.

Quando o Imam Al-Hussein saiu de Medina ele dizia a seu irmão Mohammad: “Não estou me rebelando em vão e sim busco a reforma na nação do meu avô (Profeta Mohammad), ordenando o bem e coibindo o mal”.

Imam Al-Hussein (A.S.) seguiu estas palavras e permaneceu firme nelas ordenando o bem e coibindo o mal até o último segundo. Mesmo que todos os seus familiares e companheiros foram martirizados, ele não se rendeu, continuou firme e permaneceu em busca da reforma. Discursou um, duas, três vezes e a cada momento lançava uma palavra para ordenar o bem e coibir o mal. Como então o Hor que era até então um dos companheiros e comandantes de Yazid mudou de lado e se aliou com Hussein? Foi porque ele sentiu a força das palavras e da verdade de Hussein e sentiu que aquilo era verdade e que estava perante duas escolhas e caminhos: um levaria ao inferno e outro levaria ao paraíso e lógico que o caminho do paraíso seria aquele cujo Hussein estava. Por isso ele seguiu a verdade e nos últimos momentos conseguiu corrigir a sua falha, se aliou à verdade e foi martirizado por ela.

O que quero dizer para finalizar é que é impossível nós alegarmos amor ao Imam Hussein e não sermos reformistas em nossa sociedade. Todo fiel deve ser um reformista e deve se preparar para esta missão e se atentar  ao preço que irá pagar por ele. Quando você precisa fazer uma cirurgia para continuar vivo, o médico te corta e te abre. Não há como alguém desejar fazer uma cirurgia se não passar por isso.

A reforma também é a mesma coisa. Toda reforma tem um preço e o preço e muitas reformar o mínimo é perder muitos amigos e companhias como dizia o próprio Imam Ali (A.S.) que: “Por causa da verdade perdi muitos amigos”. Numa outra passagem: “O caminho da verdade é solitário”.

Um negócio que acontece direito em qualquer lugar é a falta de reforma e ordenar o bem e coibir o mal pois a pessoa não quer magoar o fulano ou perder a amizade com o outro. É isso que o Imam nos ensinou e é isso que aprendemos com o Islam: Não amigos, isto não é certo. A verdade deve ser dita e falada e a reforma precisa ser feita e nunca esta roda deve parar.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua purificada linhagem.

Segundo sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Imam Hussein (A.S.) dizia: “As pessoas são escravas do mundo e a religião não passa de meras declarações em suas línguas. Seguem-o enquanto ele estiver atendendo seus interesses. E quando eles começarem a ser testados serão poucos que passaram dos testes”.

Todos nós, somos humanos, ou seja, todos provavelmente somos escravos deste mundo. Exceto um grupo os quais foram separados deste significado os quais são um grupo de pessoas cuja religião para eles está na prática e não nas palavras apenas.

Vou lhe dar um exemplo: os primeiros habitantes da terra, o profeta Adão e sua família. Quando Caim foi ao Abel e disse que iria mata-lo o seu irmão lhe disse: “Mesmo que você queira me matar eu jamais te matarei”. Isso foi uma reforma na época.

Outro exemplo é do profeta Noé, quando ele começou a construir a sua arca. As pessoas chamavam ele de louco pois estaria construindo uma arca no deserto. Poucos, os fiéis que o seguiam , eram leais e o defendiam. E quando aconteceu o dilúvio todos foram levados exceto estes poucos.

Um outro exemplo é o do profeta Abraão quando ele foi atirado no fogo porque ele quebrou os ídolos de sua época. Essa foi a reforma que ele fez em sua época. Ele não temeu a morte nem o castigo do Nimrud.

A história do Profeta Mohammad, desde quando ele começou a divulgar a mensagem do Islam, nas batalhas, nos desafios do dia dia, nunca abandonou a reforma da sociedade.

Hussein (A.S.) enfrentou Yazid com um número pequeno de pessoas que eram leais e fiéis à verdade. Este foi em busca da reforma na sociedade.

Nosso dever

Ninguém de nós deve temer a morte. O importante é sermos incluídos entre os tementes e fiéis a Deus. Todos devemos buscar a reforma onde vivemos. Esta reforma é um processo contínuo desde Adão e vai continuar até a chegada do Imam Al-Mahdi (A.F.). E só lá que a reforma será concluída e o estado da justiça absoluta será erguida e estabelecido. Mas até lá não devemos ficar de braços cruzados. Cada um de nós deve cumprir o seu dever. É isso que o Imam vai fazer quando chegar. Irá combater todo corrupto, opressor, injusto, maldoso, agressor.

Como nós queremos ser amigos do Imam Al-Mahdi (A.F.) se a religião para nós é uma mera declaração. A gente só almeja por ele, mas nós não cumprimos nosso dever, não somos honestos, não somos justos, não seguimos nossos deveres e religião.

Rogamos a Deus que quando formos testados sejamos entre aqueles cujo passam dos testes e permanecem firmes em sua doutrina e fé. Apenas estes são salvos no dia do juízo final.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua purificada linhagem.

 

 

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