Primeiro sermão
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os profetas e mensageiros.
Recomendo a todos, e a mim mesmo o temor a Deus.
Deus, o altíssimo, disse no Alcorão Sagrado: “…Dize-lhes: Não vos exijo recompensa alguma por isto, senão o amor aos meus Ahlul Bait. E a quem quer que seja que conseguir uma boa ação, multiplicar-lhe-emos; sabei que Deus é Compensador, Inteligentíssimo.” (42:23)
A obediência ao Mensageiro de Deus e seus Ahlul Bait (A.S.)
A obediência a eles é um dever e é um dos sinais do fiel, na verdade a fé do indivíduo não se completa se ele não os amar e os seguir. Por isso, Deus revelou o verso acima e pediu ao Mensageiro que disesse ao povo que a única recompensa que ele almeja por divulgar a mensagem do Islam não é nada mais além do amor aos Ahlul Bait (A.S.). Ou seja, mesmo diante de tudo que o Profeta Mohammad sofreu e se empenhou para trazer a mensagem do Islam a nós, ele não deseja nada em troca senão o amor aos Ahlul Bait (A.S.), se aliar a seus amigos e condenar seus inimigos.
Cargo de Príncipe do estado
Ontem foi o dia do martírio do Imam Al-Redha (A.S.) e durante este sermão gostaria de focar sobre as circunstâncias que o Imam Al-Redha (A.S.) viveu e o obrigaram a aceitar a proposta imposta pelo governante da época em ser o seu vice governante e o príncipe do estado. Por que Ma´mun obrigou o Imam a aceitar este cargo e por que o Imam (A.S.) aceitou?
Rayan ibn Salt, um dos companheiros do Imam Al-Redha (A.S.), narra: “Fui ao encontro do Imam Al-Redha (A.S.) e lhe disse: ó Imam, as pessoas estão dizendo que aceitou ser o príncipe do estado no momento em que demonstra desapego com as paixões desta vida”. Ou seja, o companheiro do Imam (A.S.) estava criticando o Imam por sua decisão de aceitar ser o príncipe do estado. Vejam o que o Imam (A.S.) respondeu ao seu companheiro. Ele (A.S.) disse: “Deus sabe que eu não desejo isso. Mas quando fui obrigado a escolher uma das opções: morrer ou aceitar, eu aceitei ao invés de morrer. Ai deles (daqueles que disseram que o Imam estava apegado a paixões da vida), eles não sabem que o Profeta José aceitou ser o tesoureiro do rei do Egito e que ele seria um bom guardião. Eu fui obrigado a aceitar este cargo” O Imam não aceitou porque temia a morte, mas sim as circunstâncias da época obrigavam o Imam a aceitar esta opção.
O que era o cargo?
O cargo de ser o príncipe do estado é como se fosse o vice presidente do estado. Ele não tem autoridade até que o governante morra, e só assim assumiria o poder em si.
O dia de assumir o cargo
Quando chegou o dia o Imam foi colocado ao lado de Ma´mun e então as pessoas foram conceder seus votos de fidelidade ao Imam. Ma´mun então ordenou que seu filho Abbas fosse para dar seu voto de fidelidade ao Imam. O Imam disse que aceitaria o voto se fosse igual ao voto que os muçulmanos deram ao Profeta (S.A.A.S.). Em seguida o Imam discursou aos muçulmanos: “Nós temos um direito sobre vocês (ele apontou para Ma´mun que aquele cargo que ele ocupava era do direito dele) e vocês têm um direito sobre nós. Então, se vocês cumprirem o dever que têm sobre nós, nós iremos cumprir o nosso dever sobre vós”.
Os companheiros próximos
Alguns dos companheiros do Imam ficaram felizes por ele ter sido nomeado para este cargo. Eles não sabiam das verdadeiras intenções de Ma´mun por trás da nomeação do Imam como seu vice e o porque tinha o obrigado a aceitar este cargo. Eles eram ingênuos. O Imam naquele momento os chamou para o canto e lhes disse em voz baixa: “Não se felicitem por esta questão e nem se alegrem, pois nunca acontecerá”. Ou seja, o Imam lhes deu uma notícia: Havia um plano por trás de sua nomeação como príncipe do estado, e que nunca ocuparia o cargo de governante do estado.
As mudanças de Ma´mun
Ma´mun tomou algumas decisões para enganar o público e manipular a verdade. Entre elas:
1) Mudou a cor oficial do estado Abbássida de preto para verde. Lembrando que a cor verde era a cor oficial dos Ahlul Bait (A.S.).
2) Ordenou que o nome do Imam (A.S.) fosse impresso na moeda oficial do estado.
3) Ordenou que o dia da nomeação do Imam ao cargo de príncipe do estado fosse festejado todo ano e que todos os funcionários públicos recebessem um bônus por esta ocasião.
Por que Ma´mun fez isso?
Será que foi porque ele amava o Imam (A.S.) e amava o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.)? É lógico que não. Ele era um hipócrita opressor. Os motivos por trás disso eram:
1) Obter o reconhecimento por parte dos seguidores dos Ahlul Bait (A.S.) ao seu governo.
2) Obter o reconhecimento indireto do Imam (A.S.) por suas decisões. Ou seja, com a presença do Imam (A.S.) em seu governo e a seu lado suas decisões de nomeação, exoneração ou qualquer outra decisão e decreto como cobrança de tributos ou até mesmo declarações de guerra teriam um reconhecimento do Imam, pois ele era seu vice e estava ao seu lado. Isso na verdade acabou nem acontecendo, pois uma das condições que o Imam impôs sobre Ma´mun foi que ele não iria se intrometer em nenhum decreto ou decisões de estado. O Imam não faria parte da política de Ma´mun. Ele aceitou ser o príncipe do estado apenas como um cargo de prestígio, e não exercitava nenhuma de suas funções.
O Imam foi sábio. Ele não queria fazer parte do governo, pois se fizesse daria reconhecimento e legitimidade a Ma´mun. Mas ao mesmo tempo ele aproveitou daquela posição e local em que se encontrava. Até mesmo chegou a realizar um Majlis sobre o martírio do Imam Hussein (A.S.) dentro do palácio de Ma´mun, onde recebeu o grande e famoso poeta De´bel Al-Khuza´i o qual recitou um famoso poema sobre o Imam Al-Hussein (A.S.).
A oração do Eid
No dia do Eid quando o Imam saiu do palácio para orar entre as pessoas, as pessoas estavam tão ansiosas em receber e ouvir o Imam que quando caminhava rumo ao oratório a euforia tomou conta de todos e Ma´mun foi alertado por seus assessores para impedir o Imam de discursar. Ma´mun então impediu o Imam de falar.
O martírio do Imam
Então, quando Ma´mun percebeu que seu plano tinha dado certo e as coisas estavam sob seu controle e que o Imam não lhe seria mais útil, ele envenenou o Imam por meio de uma bebida e o matou em Khorasan, na Pérsia.
A lição que aprendemos
É a de sermos sábios e não nos apressarmos nas nossas decisões. Devemos esperar e tomar a decisão certa.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua purificada linhagem.
Segundo sermão
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os profetas e mensageiros.
O Imam Ali (A.S.) dizia: “Quem se segurar em sua opinião se aniquilará…”. Esta é uma regra e lei. O grande problema de hoje em dia está na arrogância e na teimosia. Quando a pessoa só enxerga sua opinião e não quer saber dos outros.
O dito tem continuação. O Imam (A.S.) diz: “… e aquele que consultar os homens estará compartilhando suas razões”. Imaginem uma cabeça pensando e imagine várias. Qual é melhor? É lógico que várias mentes pensando seria melhor.
Hoje em dia, imaginem alguém querer abrir um negócio. A primeira coisa que faz é consultar os especialistas sobre aquele negócio. Ele vê se trabalhar com tal produto é bom ou se abrir tal negócio em tal lugar é bom. Hoje em dia existem até empresas de consultoria que têm suas funções bem determinadas e claras sobre uma certa questão. Eles oferecem consultas para os clientes.
Ou por exemplo se ele tem uma cirurgia para fazer, ele pergunta para mais de um médico especialmente quando há riscos naquela cirurgia. O paciente faz isso para consultar e tomar a decisão coerente e certa no final.
Ou alguém quer viajar e trabalhar num país. Antes de viajar ele pergunta para quem já viajou pra lá para entender quais as circunstâncias e condições daquele local e se preparar.
Os problemas muitas vezes irmãos é que nós somos teimosos e arrogantes em nossas opiniões. Achamos que nossa opinião é a mais corrente e a melhor e não a mudamos e nem consultamos ninguém para tentar chegar ao melhor.
Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua purificada linhagem.