Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.
Deus o Altíssimo disse no seu livro Sagrado: “Por certo que os provaremos (o povo de Makka) como provamos os donos do pomar, ao decidirem colher os seus frutos ao amanhecer (17). Sem a invocação (do nome de Deus) (18). Porém, enquanto dormiam, sobreveio-lhes uma centelha do teu Senhor (19). E, ao amanhecer, estava (o pomar) como se houvesse sido ceifado (20). E, pela manhã, confabularam mutuamente (21). Ide aos vossos campos, se quereis colher! (22). Foram, pois, sussurrando (23). Que não entre hoje (em vosso pomar) nenhum necessitado (24). E iniciaram a manhã com uma (injusta) resolução (25). Mas, quando o viram daquele jeito, disseram: Em verdade, estamos perdidos! (26). Em verdade, estamos privados de tudo! (27). E o mais sensato deles disse: Não vos havia dito? Por que não glorificastes (Deus)? (28). Responderam: Glorificado seja o nosso Senhor! Em verdade, fomos iníquos! (29)”. (68)
Quais as histórias destes versículos?
Chamo a atenção de todos: Na Surata Al-Qalam, Deus, fala a respeito de um pai entre o povo de Israel que tinha 10 filhos. As narrativas afirmam que este pai tinha uma grande fazenda, cheia de árvores e com diferentes frutas. Ele tinha dedicado e reservado parte dos ganhos e dos frutos desta fazenda aos pobres. Antes de morrer, o pai fez um pedido a seus filhos para que após sua morte eles não dessem as costas para esta caridade. Os pobres, os necessitados, os órfãos e todas as demais categorias de pessoas que necessitam de auxílio teriam direito sobre esta parte reservada da fazenda, e por isso os filhos deveriam continuar a ofertar como fazia o pai. Este era o testamento do pai a seus filhos. O único filho que respeitou e queria cumprir o testamento do seu pai foi o filho do meio, já todos os demais, após o falecimento do pai (ou da enfermidade que o acometeu), não queriam mais dividir os lucros da fazenda e dar aquela parte aos pobres e aos necessitados. Após o pai falecer, eles foram dormir e juraram que na manhã seguinte parariam com a caridade que o pai costumava fazer aos pobres. Com essa determinação, eles iriam na manhã seguinte, a caminho da fazenda decidir que nenhum pobre ou necessitado entraria nela. Eles decidiram que daquele dia em diante todos os que vinham pegar mantimentos deveriam ser expulsos, já que o pai tinha falecido e ele tinha por costume deixar os pobres e necessitados entrarem em sua fazenda.
Quando eles decidiram isso à noite, e enquanto dormiam, surgiu uma tempestade e um raio caiu sobre aquela fazenda. O raio tacou fogo naquela grande e frutífera fazenda e a queimou toda. Deus cita no Alcorão o estado daquela fazenda depois disso. A fazenda ficou tão escura como a noite, cheia de cinzas. Todas as frutas e as árvores tinham sido queimadas e não tinha sobrado nada naquele lugar. Estes pobres filhos não sabiam que a recompensa de Deus para as pessoas é com base em suas intenções, e que só o fato deles terem decidido e intencionado aquela má ação, a de não oferecer mais caridades, Deus, por este motivo, os castigou. Os filhos eram mal-intencionados, queriam tomar todo aquele fruto e aquela riqueza para si mesmos e não desejavam compartilhar nada com os outros. Esta intenção por si só os colocou neste lugar e quando eles viram o resultado de sua ação eles disseram: “Nós estamos arrependidos, fomos injustos consigo mesmos e seremos privados”. Neste momento, aquele irmão do meio o qual não concordava com a decisão dos demais irmãos, disse a eles: “Eu não tinha avisado? Eu não tinha pedido pra recordarem e orarem a Deus?”. Nisso eles levantaram as mãos para o céu e começaram a orar, mas agora já não adiantava mais.
A lição da história
Estes versículos e esta história foram revelados sobre o Mensageiro de Deus que as relatou porque os habitantes de Meca sofreram com escassez e pandemias. Neste caso, o principal homem amaldiçoado por Deus foi Mudhar, e o próprio profeta Mohammad (S.A.A.S.) o tinha amaldiçoado.
Irmãos, não há nenhuma outra arma mais poderosa do que a Sadaka, ou seja, a caridade, pois ela é uma arma oculta e um dos segredos de Deus. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) dizia: “Atraiam a riqueza com a Sadaka”. A Sadaka evita e nos protege de muitas coisas. Ouçam só esta passagem do Profeta Mohammad (S.A.A.S.): “A Sadaka evita a morte maléfica”. Imagine a morte chegando para tirar a nossa vida, a Sadaka evita e proíbe que a pessoa tenha uma morte maléfica. Outra passagem do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) é: “A Sadakah evita as tragédias e é a melhor das curas, e evita o decreto de Deus (o mal que está para acontecer) mesmo se for totalmente decidido por Deus”. Ou seja, existe um remédio, uma receita divina que Deus nos disponibilizou. Sabem por que a Sadakah é a melhor cura e o melhor remédio? Porque a Sadakah é primeiramente recebida por Deus. Isso está confirmado no seguinte versículo: “Ignoram, porventura, que Deus aceita o arrependimento dos seus servos, assim como recebe as caridades, e que Deus é Remissório, o Misericordiosíssimo?” (9:104).
Tragédias de todos os tipos, sejam elas sociais, familiares, saúde, econômicas e etc podem ser evitadas por meio de uma ação chamada Sadakah. Imaginem uma tragédia que está para cair sobre uma pessoa, sobre sua família, seu negócio ou sua saúde. Isso pode ser evitado pela Sadakah. Sabem por que irmãos e irmãs? Isso porque é Deus quem recebe a Sadakah antes mesmo do necessitado, e por isso ela é válida e tem tantas consequências e resultados positivos, e é uma garantia da prevenção do mal.
Além disso tudo, imagine um irmão pedindo dinheiro emprestado para o outro. Sendo amigo fiel e um irmão leal, certamente irá emprestar. Isso reflete a bondade e fidelidade do mesmo. Agora veja o que Deus diz no Alcorão Sagrado: “Quem estaria disposto a emprestar a Deus, espontaneamente, para que Ele se multiplique infinitamente? Deus restringe ou prodigaliza a Sua graça, e a Ele retornareis” (2:245). Ou seja, a Sadakah é classificada como um empréstimo por Deus, cujo o servo empresta a Deus. No dia do juízo final, Deus lhe devolverá em dobro. Aqui na Terra não podemos exigir um valor acima do que foi emprestado ao próximo, pois cairemos na questão de juros, mas com Deus isso não existe. O que foi pago como caridade será classificado como um empréstimo a Deus. Isso tem dois lados:
1 – CERTAMENTE, Deus irá devolver.
2 – DOBRO, será o valor que Ele devolverá a quem tomou emprestado.
Ou seja, Deus está fazendo de tudo para nos recompensar, só quer que avancemos um pouco e que façamos algo em seu nome e mais ainda quando é Sadakah.
O melhor investimento
Alguns ainda ficam com muito receio, pois acham que a Sadakah é um desperdício, é jogar dinheiro fora, pois a Sadakah não tem lucro nenhum. Isso é um pensamento errado. Sadakah é um tipo de investimento para a outra vida. A questão é que a pessoa não pode desperdiçar seu dinheiro com coisas inúteis e erradas e a Sadakah não é algo inútil, muito pelo contrário, ela é um ato muito recomendado e atrai muitos benefícios entre os citados acima.
A narrativa de Abu Zar Al-Ghaffari
Vamos contar uma história antes de finalizar o nosso sermão: Abu Zar Al-Ghafari narra que ele estava rezando a oração de Al-Dohor na Mesquita do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) com o Profeta (S.A.A.S.) e pediu ajuda para aqueles que ali estavam. Ninguém o atendeu, pois estavam ocupados (orando, ou se abluindo). Depois que ninguém o atendeu, o homem levantou suas mãos aos céus e disse: “Ó Deus, seja testemunho que pedi ajuda em Sua mesquita mas ninguém me ajudou”. Logo depois um homem que estava orando e na posição de Ruku´ (Genuflexão) estendeu sua mão em direção ao necessitado indicando o seu anel para ser levado como donativo. Aquele necessitado pegou o anel do doador e feliz saiu da Mesquita. Sabem que é este indivíduo anônimo? O Príncipe dos Fiéis Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.). Depois que a oração acabou, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) levantou sua mão aos céus e orou a Deus e lhe disse: “Ó meu Deus, o seu profeta Moisés orou a Ti e lhe disse: “Ó Senhor meu, dilata-me o peito. Facilita-me a tarefa. E desata o nó de minha língua. Para que compreendam a minha fala. E concede-me um vizir dentre os meus. Meu irmão Aarão, que poderá me fortalecer. E associa-o à minha missão” (C. 20 – V. 25 a 32). Então Deus revelou o seguinte a Moisés: “Respondeu-lhe: Em verdade, fortalecer-te-emos com teu irmão…” (C. 28 – V. 35). Ó meu Senhor, sou teu Profeta Mohammad, seu amado e seu escolhido, lhe peço que me fortaleça e me faça ter um ministro e irmão” Então, o Anjo Gabriel desceu sobre o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e lhe disse: “Ó Mensageiro de Deus, Allah lhe saúda e lhe diz: leia”. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) perguntou: “Ler o que?”. Gabriel disse: “Recite: Vossos reais confidentes são: Deus, Seu Mensageiro e os fiéis que observam a oração e pagam o zakat, refletindo-se ante Deus”. (C. 5 – V. 55)
Ali (A.S.), exemplo de caridade sincera
Por que o Imam Ali (A.S.) fez isso? O Imam Ali (A.S.) amava tanto a caridade que nem durante a oração deixou de praticá-la. Ele não queria ficar privado desta recompensa e por isso mesmo durante a oração ele deu seu donativo. Este episódio foi tão marcante na história que Deus o enxergou e relatou isso no Alcorão Sagrado. Sabem como o Imam Ali (A.S.) vivia durante a oração? Ele ficava totalmente voltado a Deus e sem atenção a nada mais. Os narradores relatam que durante as batalhas quando os companheiros de Ali queriam tirar as flechas e tratar as feridas do corpo do Imam Ali (A.S.) eles faziam isso durante a sua oração, pois neste período ele ficava totalmente anestesiado e não sentia nada, pois estava totalmente voltado a Deus. Este era ao estado dos Ahlul Bait (A.S.) durante suas orações.
Acima de tudo, isso é muito importante ressaltar que a Sadakah não subsistiu às demais obrigações financeiras como Khomos, que é um tributo obrigatório anual sobre o lucro anual. Ninguém pode achar que pagando Sadakah e caridade aos necessitados ou fazendo ações beneficentes será isento do Khomos. Isso não é certo. Pagar os tributos obrigatórios é mais importante do que a Sadakah. Temos que pagar as nossas ações obrigatórias primeiro e depois fazer os atos recomendados e a Sadakah é um ato recomendado.
Louvados seja Deus o Senhor do Universo.
E que a paz e as bençãos de Deus estejam com todos vocês.