EM NOME DO ALTÍSSIMO
“Meu filho Ahmad lerá este testamento para o povo após minha morte. Caso ele tenha alguma razão para não fazê-lo, o Presidente da República, o Presidente da Assembléia Islâmica Consultiva ou o Presidente do Supremo Tribunal do Estado amavelmente aceitará esta tarefa e se eles também tiverem uma razão, deixe que um dos respeitáveis Olamah (juristas e legisladores islâmicos) encarregue-se deste problema”. Ruhollah Al-Musavi Al Khomeini
Um breve prefácio
No início deste prólogo, parece ser conveniente e apropriado comentar rapidamente sobre o bem conhecido e autêntico dito atribuído ao Profeta do Islam, Mohammad ibn Abdellah (S.A.A.S.), isto é, “Hadith Al-Thaqalain”. Leia-se: “Deixo com você as duas coisas mais valiosas: o Livro e a minha prole os quais jamais se separarão um do outro até juntara-se a mim perto da fonte (no Dia do Juízo Final)”. Está além das minhas capacidades dizer algo sobre a mais nobre condição moral, divina e gnóstica destas duas coisas, visto que seus valores abrangem toda uma gama que vão da terra aos céus e estão além da verdade espiritual, tão pouco pretendo tecer comentários sobre as imensuráveis perdas advindas da humanidade através de sua negligência. Também, não é minha intenção descrever detalhadamente as injustiças contra essas duas coisas valiosíssimas praticadas pelos inimigos de Deus e os tiranos. Desejo simplesmente algo que lhes aconteceu (o Sagrado Alcorão e a prole do Profeta).
Talvez a frase: “…os quais jamais se separarão um do outro” no dito acima mencionada implica que, após a morte do Profeta, o Livro e a prole do Profeta devem receber tratamento similar. Qualquer uso incorreto de um deles faz com que o outro sofra o mesmo insulto ou rejeição até que ambos cheguem ao Profeta e unam-se a ele no Dia do Juízo próximo à fonte, o que significa a fusão da pluralidade e unidade ou o desaparecimento de gotas no oceano. Pode também significar algo mais que está além da compreensão humana.
É preciso enfatizar que “Hadith Al-Thaqalain” tem sido citado como prova pelos Sábios Religiosos e pelos canoístas das seitas Sunnita e Xiita do Islam. Freqüentemente tem-se confirmado pelos Juristas Islâmicos em seus livros, como um dito autêntico e verídico do Profeta Mohammad (S.A.A.S.). É prova inegável para todos os muçulmanos, independente de sua denominação ou seita. Vejamos agora em que se tornou esta herança do Profeta do Islam:
Após o martírio de Ali (A.S.), os egoístas “Taghouts” e os tiranos insultaram o Alcorão Sagrado a fim de estabelecer regras contrárias a ele. Para conseguir isto, tiraram de cena os verdadeiros interpretadores do Alcorão Sagrado e aqueles que estavam cientes da verdade, cujos ouvidos ainda ecoavam a voz do Profeta quando dizia: “…deixo com vocês, as duas coisas mais valiosas…” Assim, o Alcorão, que devia servir de orientação ao homem na sua vida moral e material até o Dia do Juízo Final, foi posto de lado e o preceito da justiça divina, que foi e é um dos ideais deste Livro Sagrado, foi totalmente esquecido.
A deturpação do Livro da tradição divina e da religião de Deus, atingiu um estágio vergonhoso. Quanto mais esse projeto deturpado e falso avançava, mais o Alcorão Sagrado, que fora enviado em prol da humanidade, era levado ao esquecimento. O Alcorão foi revelado por Deus, o onisciente, ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a fim de levar a humanidade ao seu estado de direito, salvar os frutos dos atributos divinos da tirania e do mal, instituir o preceito da justiça e equidade, além de conferir soberania a inocentes e divinos guardiões (A.S.) e autoridades, os quais em troca, possam levar o governo soberano às pessoas dignas e qualificadas. Nas mãos dos governantes opressores os clérigos muçulmanos pecaminosos que eram mais decadentes que os governantes despóticos, o Alcorão Sagrado foi usado como instrumento de opressão, crueldade e corrupção e deturpado para justificar atos de tirania cometidos pelos inimigos de Deus.
Infelizmente, nas mãos de inimigos coniventes e amigos ignorantes, o Alcorão Sagrado, este Livro Divino, capaz de decidir o destino do homem, não encontrou outro espaço senão em cemitérios e em cerimônias fúnebres. O instrumento que devia unir a humanidade e servir como escritura para a vida e salvação, transformou-se num instrumento de divisão e disputa entre os homens ou deixou a arena da vida ativa inteiramente. Nós tínhamos testemunhado uma época em que qualquer um que falava de legislação ou política Islâmica, que é considerada o regulamento e principio do Islam, era um pecador e desviado. O termo Clérigo Político passou a denotar canonisa profano. Tais circunstâncias ainda existem.
Recentemente, grandes potências satânicas têm empreendido, através de seus regimes fantoches locais, em re-editar o Alcorão Sagrado impondo seus propósitos diabólicos. Tais livros são publicados com títulos e encadernação atrativos e são distribuídos em todo o mundo com propósito de eventualmente retirar este Livro Sagrado das prateleiras em todos os lugares. Todos nós vimos o Alcorão Sagrado que Shah Mohammad Reza Pahlevi imprimira. Ele foi bem sucedido em enganar algumas pessoas, inclusive certos Clérigos, os quais, por não estarem cientes dos propósitos do Islam, o elogiou pelo empreendimento. Notamos que o rei Fahd, a cada ano, gasta grande soma dos recursos do povo imprimindo o Alcorão Sagrado e considerável material de publicidade e propaganda como forma de apoio aos ideais contrários ao Alcorão, propagando a infundada religião “Wahhabismo”. Ele ofende o Alcorão Sagrado, induz o povo a apoiar as superpotências e a destruir o Alcorão e o Islam.
Somos orgulhosos e a nossa nação é orgulhosa por termos nos dedicado a uma fé na qual o Alcorão Sagrado faz referência à unidade dos muçulmanos e da humanidade. Somos orgulhosos por nossa fé ter reavido o Alcorão dos cemitérios e preservado este Livro Sagrado como o preceito do homem para a libertação de todos os vínculos mentais e intelectuais que impele-no em direção à escravidão e ao nada. Somos orgulhosos por seguirmos uma religião cujo fundador fora designado por Deus e na qual Ali ibn abi Taleb (A.S.), este servo de Deus, livre de todos os vínculos e ligações bem como das algemas da escravidão e servidão, foi escolhido para libertar a humanidade de todas as correntes e cativeiro da servidão. Temos a honra de termos o livro Nahjul Balaghah, próximo ao Alcorão Sagrado, como o maior manual do homem sobre a existência moral e material e o maior instrumento para o governo justo, de autoria do nosso Imam Ali (A.S.). Temos a honra de termos como nossos líderes os Purificados Imames desde Ali (A.S.) até Imam Mahdi (A.S.) que, por graça de Deus, vive oculto e zela por nossas ações.
Temos a honra de termos nossos Purificados Imames (A.S.) como os autores de preces sublimes, grandiosas e vivificantes (O Ascendente Alcorão), a Oração Alleil, a Oração de Arafat do Imam Hussein (A.S.), Sahífah Assajjádiiah, Sahífah Al-Fatemiah. Temos a honra de termos como nosso Imam, Mohammad Baqer (A.S.), cujos pensamentos e palavras só podem ser compreendidos por Deus, Seu Profeta e os Imames (A.S.). Somos orgulhosos por sermos seguidores do Imam Jafar Assadeq (A.S.), cuja legislação religiosa é o oceano infinito. Temos orgulho de todos Imames (A.S.) e comprometemo-nos a seguí-los.
Somos orgulhosos por nossos Imames terem sido presos, expulsos e martirizados por seus esforços, a fim de elevar a grandeza do Islam e a magnitude de seus ensinamentos e por sua luta contra a opressão e crueldade dos tiranos. E hoje, somos orgulhosos por procurarmos restabelecer os objetivos do Alcorão Sagrado e da Tradição e por nosso fiél povo sacrificar-se por esta causa sagrada.
Somos orgulhosos por nossas mulheres, jovens e idosas estarem presentes e ativas lado a lado com os homens, às vezes até mais ativas que eles, em todos os sentidos, inclusive no campo cultural, econômico e militar. Elas esforçam-se às vezes mais eficazmente que os homens pela propagação dos ensinamentos islâmicos. Elas recebem lição de combate para a defesa do Islam e do estado islâmico. Nossas mulheres libertaram-se das privações impostas a elas pelos inimigos do Islam e pela conscientização inadequada de falsos amigos dos princípios islâmicos. Elas bravamente eliminaram as superstições criadas pelos inimigos, através de alguns clérigos ignorantes. Aquelas a quem faltava habilidade para o combate nas frentes de guerra, ajudavam na retaguarda com tal fervor e coragem que fazia os corações dos homens baterem forte de prazer.
Este exemplo amedronta os corações dos inimigos e enfurece o povo de má vontade e ignorante. Sempre ouvimos nossas mulheres gritando em voz alta que deram seus filhos por Deus e pelo Islam e que se sentiam orgulhosas por isso, visto que o que recebiam de volta estava muito acima das bençãos dos céus, sem falar nas coisas materiais deste mundo.
Nossa nação, aliás, todas as nações islâmicas e os povos oprimidos do mundo, estão muito satisfeitos por seus inimigos serem os inimigos de Deus Todo Poderoso, do Sagrado Alcorão e do Islam bem como serem pessoas cruéis que não desistem de nenhuma ação criminosa para promover suas necessidades básicas. Estes inimigos do Islam são capitaneados pelos EUA um Estado terrorista por tendência, que põe fogo em tudo e em todos os lugares. Também, seu aliado, o sionismo internacional, não pára de praticar crimes para realizar seus desejos perversos e gananciosos. A idéia estúpida de “Israel Maior” leva-os a cometer qualquer ato vergonhoso e desonrado. Os oprimidos do mundo e as nações islâmicas têm o prazer de ter como inimigos Hussein da Jordânia, Hassan de Marrocos e Hosni Mubarak do Egito. Eles são companheiros criminosos de Israel, os quais cometem qualquer ato de traição contra suas próprias nações para servir os EUA. Alegramo-nos por termos Saddam Hussein, como um inimigo, cujo amigo e inimigo sabem que ele é um criminoso e violador dos direitos humanos e das leis internacionais e cuja deslealdade para com o povo oprimido do Iraque e os povos dos emirados do Golfo Pérsico não foi nada menos que sua deslealdade para com o nosso país e o nosso povo.
Nós e os povos oprimidos do mundo temos a satisfação de sermos objeto de acusações criminosas pelas superpotências através dos meios de comunicação de massa internacionais sob o seu controle. Que fonte maior de orgulho pode haver quando os EUA, com todo seu poder militar, sua ostentação, seus direitos, sua riqueza e seu controle das riquezas dos outros países, seus meios de comunicação de massa e seus aliados entre os regimes fantoches vêem-se desgraçados e aturdidos ao lidarem-se com a destemida nação do Irã a ponto de não saberem qual o caminho tomar e a quem recorrer? Isto não é obra de qualquer um ou de qualquer coisa, mas a assistência divina que desperta as nações, particularmente a nação iraniana muçulmana que conduz à luz: a luz do Islam.
Agora aproveito esta oportunidade para aconselhar as nobres e oprimidas nações para permanecerem firmemente no correto caminho divino que não leva nem ao Leste ateu nem ao Oeste opressor e pagão, mas sim ao caminho que Deus Todo Poderoso nos determina. Também os aconselho a não deixar de dar graças por esta benção um momento sequer. Não deixem as mãos poluídas de uma superpotência, estrangeira ou não, afetar sua determinação e vontade. Estejam certos de que quanto mais brutal tornar-se uma potência satânica do oeste ou do leste, maior será a prova para sua proteção divina. Isto também aplica-se aos meios de comunicação de massa e Deus recompensará e punirá os merecedores na melhor ocasião.
Sinceramente peço às nações muçulmanas, que sigam as práticas e tradições dos Imames (A.S.) referentes a assuntos políticos, sociais, econômicos e militares e que se sacrifiquem por causa deles sempre que for necessário; também gostaria de ordenar a todos vocês que salvaguardem e observem as leis islâmicas tradicionais e os cânones religiosos, pois eles marcam as escolas da missão profética e dos Imames bem como garantem o crescimento e desenvolvimento das nações.
Aconselho vocês a não se desviarem nem um pouquinho dos ensinamentos de ambas as escolas islâmicas e a não darem ouvidos aos encantamentos dos instigadores furtivos, por serem inimigos da religião e da verdade. Estejam certos de que até mesmo um pequeno passo em direção ao desvio pode ser um prelúdio para a queda da religião, dos dogmas islâmicos e dos divinos mandamentos da justiça. Jamais deixem de participar das orações de Sexta-feira e das orações congregacionais diárias. A oração de Sexta-feira é uma das maiores bençãos divinas para a República Islâmica do Irã, pois ela é a versão política das orações.
Também, o luto pela morte ou pelo martírio dos Imames, em especial às cerimônias de luto “Ashura”, martírio do Imam Hussein (A.S.) em 10 de Moharram, não deve ser negligenciado. A memória deste grande evento épico deve permanecer viva. Lembre-se, os gritos de maldição e todas as pragas que são justamente evocadas contra a crueldade dos califas Bani Omaia para com os inocentes Imames (A.S.), refletem-se nos heróicos protestos contra os déspotas cruéis, pelas nações através dos séculos. É a perpetuação de tais protestos que abalam a opressão e a crueldade. É necessário que os crimes dos tiranos de cada época e era, sejam apontados nos gritos de lamentação e nos recitais de elegias realizados para os inocentes Imames (A.S.).
Nesta época, a opressão das nações muçulmanas tem sido o trabalho dos EUA e da URSS e de seus partidários tais como Al-Saud (governantes da Arábia Saudita), estes traidores da Casa de Deus, a Kába, merecedores da maior das maldições. Todos nós devemos saber que estas cerimônias religiosas são as que conferem aos muçulmanos a unidade que eles desfrutam.
Eu diria, a esta altura, que este meu testamento político e divino não foi feito apenas para a nobre nação iraniana. Pelo contrário, ele é recomendado a todas nações islâmicas e a todos os povos oprimidos, independentemente de sua religião ou nacionalidade. Rogo a Deus, Todo Poderoso, que não nos deixe assim como a nossa nação nem por um momento sequer. Que ele não negue suas bençãos aos filhos do Islam e aos combatentes muçulmanos.
Ruh Allah Al-Musavi Al-Khomeini