Introdução
Em nome de Deus o Clemente o Misericordioso
Esses trabalhos abordam dois dos temas mais polêmicos envolvendo o Islam e os muçulmanos. Em vista de uma forte tendência de preconceito aliada a uma quase total desinformação, no mundo ocidental se propaga toda sorte de acusações ao Islam e aos muçulmanos. Frequentemente o terrorismo é atribuído aos muçulmanos de modo geral sem que se busque saber o que há de verdade nisso e quais poderiam ser as razões de ações terroristas e conflitos em nome do Islam. O segundo tema aqui abordado é o do status da mulher no Islam, uma análise mais cuidadosa da questão apresentando o real caráter da visão islâmica sobre a mulher, fazendo a correta distinção do que seja realmente islâmico e do que sejam aspectos culturais que possam ser entendidos como formas de opressão.
Por que lutam os Muçulmanos?
A mídia ocidental tornou comum o conceito de fundamentalismo aliado ao Islam. Quase que diariamente as agências de notícia veiculam imagens, incidentes ou suspeitas de ações terroristas atribuídas aos que foram denominados de “fundamentalistas islâmicos”. Infelizmente nunca há espaço para um esclarecimento das razões e motivações desses acontecimentos. O atentado, o conflito na realidade é a “ponta do Iceberg” e de modo geral é apenas isso que interessa mostrar. Mas afinal o que é o fundamentalismo islâmico?
O conceito, primeiramente, não é originário do Islam. Fundamentalismo é a denominação para todo movimento, tendência religiosa ou ideológica que pregue uma visão literal de suas crenças e que propague a aplicação prática disso. Portanto, existem grupos fundamentalistas em todas as principais religiões do mundo. Há fundamentalistas católicos como a TFP, evangélicos como a Ku-Klux-Klan e judeus como os grupos ultra-ordoxos. E é preciso que se diga que nem todos os “fundamentalistas” fazem uso de meios violentos. No ocidente tem-se usado (e abusado) deste rótulo para denominar grupos ou organizações islâmicas (comumente de tendências diversas), sejam as que estão empenhadas na difusão do Islam, ou as que professem uma visão literal do Islam e principalmente os grupos que recorrem a ação armada ou a atentados.
Na verdade, nem toda militância islâmica política é fundamentalista e nem toda militância islâmica defende o uso de meios violentos de luta. Duas questões surgem quando tentamos compreender as razões de uma situação de conflito que parece estabelecida entre o Ocidente e o mundo islâmico.
O Islam prega a Violência?
A resposta é NÃO. O Islam é uma mensagem divina de paz e justiça. Ele nos ensina a busca da tolerância e do entendimento. O Alcorão afirma a NÃO IMPOSIÇÃO DA FÉ, isto é, o Islam não pode ser imposto a ninguém e a nenhum povo, portanto, não existe base alguma na crença de que “muçulmanos desejam converter à força as nações infiéis”. Qualquer um que convoque os demais a isso está se opondo ao que Deus revelou, e o Islam não pode ser responsabilizado pelos erros humanos.
Quando se diz que o Islam é a religião da paz diz-se também que é a religião da Justiça; isto porque a paz não pode existir sem Justiça. Nesse caso, o que pode haver é apenas “ausência de conflito” onde os oprimidos se sujeitam passivamente às imposições dos que o oprimem. A paz em seu verdadeiro sentido só é possível quando os direitos dos povos são respeitados de fato. A ordem mundial estabelecida na exploração das nações ricas sobre as demais, alimentada pelas desigualdades e pela força brutal do dinheiro e das armas deseja este tipo de “paz” em que as nações submetidas a este sistema abdiquem de seus direitos e aceitem sem protestar as humilhantes condições a elas impostas. Diante disso, o Alcorão não só confere o direito como impõe como uma obrigação o Jihad (que não é necessariamente guerra), o empenho para estabelecer o direito e a justiça, defender o Islam, a Ummah (nação islâmica) de toda e qualquer força opressora ou corruptora que lhe negue o direito de dirigir seu próprio destino.
Porque lutam os Muçulmanos?
O século XX marcou o predomínio de uma ordem mundial dirigida pelo ocidente que desconsiderou completamente os direitos do mundo árabe e das demais nações islâmicas. Pelo poder militar e econômico as potências ocidentais impuseram seus interesses na região submetendo as nações islâmicas a condições injustas que causaram e ainda causam sofrimentos irreparáveis. Ditaduras e regimes tirânicos apoiados pelo ocidente tornaram inviável qualquer possibilidade de liberdade política e verdadeiro desenvolvimento. Isso inclusive, é responsável pelo crescimento das tendências radicais que adotam o terror como estratégia de luta diante da absoluta impossibilidade de ação no campo legal das reivindicações e do debate político. O que de fato, explica porque o terrorismo é um fenômeno recente (da segunda metade do século XX) na história de 1400 anos do Islam.
Frente à criação do Estado de Israel em pleno território palestino, decisão imposta pelas nações do ocidente que gerou uma situação trágica em que o povo palestino se tornou um povo estrangeiro em sua própria terra. Após sucessivos desmandos, violações e crimes do Estado sionista (e o total desamparo perante a comunidade internacional) não restou aos palestinos senão organizarem a resistência ao invasor. O drama do povo palestino se arrasta sem solução por décadas, alimentando a fogueira da revolta e do ódio de geração após geração. O descaso e a insensibilidade tem sido a regra adotada pelas potências ocidentais em relação aos povos islâmicos como os acontecimentos na Bósnia, na Chechênia, em Kosovo e em Cachemira denotam.
A Bósnia foi o exemplo mais vergonhoso desta política criminosa e covarde onde no coração da Europa e em pleno final do século XX, as super-potências européias e os EUA permitiram que Slobodan Milosevic implementasse sua limpeza étnica contra a população muçulmana, eliminando sumariamente milhares de jovens, encerrando em campos de concentração outros tantos e num plano sistemático violando mulheres muçulmanas e expulsando essas populações civis de cidades e vilarejos. Isto tudo às claras, enquanto as potências ocidentais assistiam passivas.
O apoio econômico, militar e diplomático dos EUA ao Estado de Israel desde sua criação até hoje, coloca-o como alvo principal da revolta não só dos fundamentalistas como também de muitos outros muçulmanos. Os EUA, em conluio com o governo sionista, usam de todos os meios que dispõem para impedir que a comunidade internacional intervenha na região para fazer a paz fazendo justiça aos palestinos. Israel diversas vezes simplesmente ignorou as medidas contrárias aos seus interesses e jamais foi punido por isso, seus fortes aliados do ocidente se restringem a apoiar ou a calar ante toda e qualquer política israelense por mais desastrosa e cruel que seja ao povo palestino. Há uma forte onda de hipocrisia que visa rotular a resistência palestina e movimentos como o Hizbullah no Líbano e a resistência chechena como terrorismo puro e simples. Ora, se todos os movimentos de libertação ou resistência dos povos pudessem ser tachados de “terroristas” teríamos que admitir que boa parte das nações hoje livres e soberanas nasceram do “terror”, o que seria um absurdo, pois estas nações só alcançaram a liberdade através da luta, e este é um direito universal e natural de todo povo ou nação oprimida e dominada.
Palavras Finais
O que alimenta o fundamentalismo e as ações violentas não é e nunca foi a religião, mas a própria insensibilidade das nações ricas que pelo poder econômico, político e bélico fazem valer seus interesses no mundo não importando o quanto isso possa prejudicar os demais povos. O poderio econômico define as condições predominantes e isso muitas vezes significa esmagar culturas autóctones, destruir a identidade dos povos, negar-lhes qualquer direito de auto-determinação política. Na verdade o conflito entre o Islam e o ocidente é muito mais profundo do que é aparente, é antes conceitual e filosófico. O Islam se fundamenta em valores éticos e espirituais há muito abandonados pelo pensamento ocidental e este por sua vez almeja impor uma “cultura global” que não tolera diferenças. A menos que o ocidente repense suas relações com o mundo islâmico, que as potências re-avaliem suas posições políticas com respeito as nações islâmicas não haverá perspectiva de paz.
Cinco Questões sobre a Mulher no Islam
A condição da mulher no Islam e no mundo islâmico sempre suscitou polêmicas no ocidente.
O objetivo deste trabalho é lançar luz sobre algumas questões que comumente são levantadas sobre este assunto, questões que de modo geral são mal compreendidas ora pelo forte preconceito e ignorância em relação ao Islam que por séculos têm sido cultivados no ocidente, ora pelas próprias distorções do verdadeiro caráter do Islam nas sociedades e países de maioria muçulmana. Na verdade, como veremos, discutir a condição feminina no mundo islâmico não é de modo algum uma discussão circunscrita ao mundo islâmico, é uma discussão do verdadeiro status e condição da mulher em todas as sociedades atuais.
1) Reconhece o Islam a superioridade do homem sobre a mulher?
O Islam afirma que a mulher e o homem diferem emocional e psicologicamente tanto quanto diferem fisicamente um do outro, o que evidencia que têm diferentes dons, inclinações e potencialidades pela simples razão que cumprem diferentes funções na natureza e na sociedade, ainda que em sua essência (alma) sejam iguais. Do mesmo modo que não podemos dizer que a noite seja superior ao dia, ou que a água seja superior ao fogo em valor natural, também não o podemos dizer do homem e da mulher; Deus, o Altíssimo, estabeleceu a interdependência em todas as formas de criação e estabeleceu encargos para o homem e para a mulher cada qual segundo a sua natureza, e o Islam enfatiza a importância de que quaisquer encargos isoladamente são vitais para o bem estar de todos, de maneira que o homem e a mulher foram criados para a colaboração e o respeito mútuo. Os versículos do Alcorão que versam sobre esses encargos nomeiam o homem como um protetor da mulher e isto não significa superioridade, mas sim, um encargo de responsabilidade natural. O texto sagrado admite superioridade apenas no sentido restrito a uma situação em que o homem mantenha o lar e arque com o sustento da mulher. O Islam também ensina que a sociedade deve se formar sob princípios nos quais ambos exerçam seus encargos naturais e que zelem pela dignidade deles próprios e um do outro.
No Islam não há lugar por exemplo às falsas interpretações teológicas que colocam a mulher como “responsável pela queda do paraíso” e nenhuma passagem do Sagrado Alcorão admite tal coisa. Não há nada no Islam que justifique tirania ou opressão sobre a mulher.
2) O Islam nega o direito de participação profissional e política da mulher?
Tal posição embora adotada por alguns grupos integristas na verdade carece de evidências alcorânicas e de tradições fiéis, esta atitude não se sustenta por si só porque é desprovida de base racional e o que não tenha base racional não tem lugar no Islam. O que é claramente enfatizado é que é função precedente da mulher o zelo pela formação dos filhos e a estabilidade do núcleo familiar dos quais dependem o bem estar da família e da sociedade, enquanto é precedente responsabilidade do homem a busca do sustento da família. Os destinos de uma nação, a propósito não se decidem tanto nos palácios de governo quanto nos núcleos familiares onde o papel da mulher é preponderante. Entretanto, não é vedada a participação profissional da mulher especialmente diante de circunstâncias desfavoráveis em que o bem estar da família não seja plenamente assegurado. Logo, a situação social e econômica predominante na maior parte das nações exige a participação profissional da mulher para o equilíbrio familiar e sempre que seja assim não há oposição do Islam a essa situação conjuntural.
Diante da importância dos encargos naturais da mulher é imperativo que ela tenha uma formação religiosa e intelectual de alto nível, ou seja, a mulher muçulmana deve estudar, do contrário seu estado de ignorância e alienação afetará a formação dos filhos. Isso explica boa parte dos problemas sociais existentes: a má formação da família em razão da negligência do homem e da mulher quanto as suas responsabilidades de um para como outro e para com os filhos.
A mulher deve tanto quanto possível se ater a funções que não firam sua dignidade, que não a exponham a situações que concorram para o desrespeito de sua condição de mulher e que correspondam a sua natureza. E é uma obrigação de um estado islâmico criar condições sociais e econômicas onde as mulheres não sejam expostas a tudo isso.
Quanto à participação política não há nada no Islam que negue o direito de voto e de participação eletiva dentro da concepção clássica de um estado islâmico, onde todos os segmentos sociais são representados.
3) O uso do Hijab (véu) é um sinal de opressão sobre as mulheres?
Esta questão tornou-se, pelo distanciamento do ocidente de suas próprias raízes algo que causa estranheza e suscita falsas concepções. Os rumos de comportamento e costumes que o ocidente tomou nas últimas décadas elegeram o corpo feminino um elemento de apelo com o qual toda uma gigantesca indústria se alimenta e se mantém.
Dizer que uma mulher que cobre o seu corpo por uma questão de fé é oprimida, ignorante ou coisas desse tipo, é o mesmo que dizer que uma mulher semi-nua é uma mulher livre, este é um falso pressuposto em que a liberdade é entendida como libertinagem o que é uma característica de uma sociedade materialista e individualista que nos ensina a fazer o que quisermos como nosso corpo e nossa vida e que isso é “liberdade”.
Até poucas décadas atrás em populações de maioria católica, a nudez e a semi-nudez chocavam as mulheres, mesmo o uso do véu era comum em países católicos e no interior do Brasil. O que promoveu a revolução dos costumes foi a flagrante decadência da religião no ocidente que deu lugar à filosofia materialista própria ao capitalismo que influenciou o pensamento da sociedade para aceitar o relaxamento dos costumes identificando isso como “modernidade”.
O processo que operou essa inversão de valores foi alimentado pela reação justa da mulher a tirania masculina travestida de sistema patriarcal, infelizmente essa reação justa foi cooptada pelo capitalismo que forjou a idéia de que “a mulher se emancipa quando tem total liberdade sobre o seu corpo”. No Brasil, em apenas três décadas essa substituição dos valores tradicionais fez com que a pornografia e a exploração do erotismo (até então restritos a poucos ambientes) se tornassem acessíveis e aceitas como normais, consideradas como sendo meros ramos de consumo nos quais a mulher e o homem não passam de produtos de exposição e mercadoria, elementos de uma máquina de lucro.
O Islam como mensagem divina dá ao ser humano uma noção real da dimensão de sua natureza. Ensina que a mulher não deve ver-se como um pedaço de carne a ser exposto, que isto é indigno para ela, que através de seu recato ela respeita a si mesma e provoca o respeito dos outros para consigo, que como um ser humano ela pode desenvolver as qualidades de caráter e inteligência e afirmar-se por meio disso e então sua beleza física será um adereço para o que ela é e de modo algum isso se tornará razão para sua ruína moral e espiritual.
O Hijáb (véu) a preserva e não a oprime como pensa o ocidente. Ademais ao adotá-lo a mulher não o faz por imposição masculina, mas sim por obediência e fé em Deus.
4) É um costume Islâmico a circuncisão feminina?
A circuncisão feminina é uma prática brutal de diversas culturas afro-asiáticas utilizada desde muito antes do Islamismo e não encontra nenhum apoio nem no Alcorão nem na tradição profética, muito ao contrário, o Islam proíbe qualquer alteração da disposição natural e das formas do corpo humano (e dos animais), salvo no caso de uma comprovada necessidade médica ou de correção cirúrgica. Se nem mesmo a castração dos animais é permissível (ao menos por princípio), como tal mutilação de terríveis conseqüências para a mulher pode ser aceita ou justificada pela Sharia (lei divina)? Infelizmente, alguns povos islamizados que mantiveram costumes tribais da era pagã incorrem neste crime demonstrando uma face cruel da ignorância levada às últimas conseqüências. Todavia, o Islam não pode ser responsabilizado por estes crimes como a imprensa ocidental tem feito parecer ao tratar a questão. O profundo estado de ignorância e miséria em que muitas regiões de maioria islâmica se encontram é uma das conseqüências da ordem política mundial na qual as nações ricas do ocidente são as principais protagonistas.
5) Em que se fundamenta a poligamia masculina no Islam?
A poligamia não é uma invenção do Islam. É uma prática milenar comum a inúmeras culturas e especificamente a civilização semita, vários profetas como Abraão, Jacó, Davi e Salomão a praticaram, o que a princípio não justifica a crítica por parte dos cristãos a esse costume, pois se esses homens prediletos de Deus e de elevada moral e caráter a praticaram, quem poderia condená-los? O Alcorão portanto não instituiu a poligamia masculina, apenas a regulou, determinando condições e assegurando certos direitos a mulher (que não existiam antes do Islam). Deus, o Altíssimo no Alcorão declara o direito do homem de casar-se até com quatro mulheres, desde que tenha comprovadas condições de sustentá-las e tratá-las com igualdade e justiça.
Ressaltemos que a mulher no casamento poligâmico é uma esposa, não uma amante ou concubina, o que significa dizer que ela tem garantidos por lei todos os direitos de uma esposa sobre o homem e seus bens e é plenamente reconhecida como tal e os filhos dessa união tem os seus direitos legitimados. Como a única relação lícita no Islam entre o homem e a mulher é o casamento religioso, poligamia não significa adultério ou concubinato, nem qualquer outro tipo de relação irresponsável.
Embora a poligamia masculina seja um direito do homem, não é em si uma determinação imperativa e nenhuma mulher é obrigada a casar com um homem que já tenha uma esposa, ou aceitar uma segunda esposa (o que faz parte das disposições contratuais a serem determinadas por ambos no ato do matrimônio).
Uma Reflexão Necessária.
O status da mulher tornou-se o tema que gera maior polêmica para o mundo ocidental quando se detém sobre o Islam. Na realidade o que há por trás disso é uma necessidade de afirmar a superioridade da civilização ocidental sobre todas as demais. Contudo, quem analisar a questão com atenção e com imparcialidade descobrirá que nenhuma religião zela mais pela dignidade e pelos direitos naturais da mulher. Muito antes do ocidente, o direito a propriedade e herança foram assegurados pelo Islam à mulher. Se atentarmos aos problemas enfrentados pela mulher nos países islâmicos vemos que não são maiores do que os enfrentados nos países ocidentais. E as raízes desses problemas são as mesmas em todo lugar. A discriminação à mulher não é privilégio desta ou daquela cultura ou religião; ela existe em todas as culturas e se manifesta em todas as tradições religiosas (muito embora isso se deva mais a distorção da compreensão da religiosidade). No caso do mundo islâmico, a opressão contra a mulher é por muitos justificada pela “religião”, falsos sábios asseguram costumes errôneos e leis injustas contra a mulher, entretanto, de modo diverso a mulher enfrenta em todas as partes do mundo abusos contra seus direitos e sua dignidade.
Mesmo num regime brutal e equivocado como o do Taliban no Afeganistão (que usava o Islam para justificar sua tirania e opressão sobre a mulher) tinha ao menos o mérito de punir o estupro com a pena capital, enquanto em muitos países ocidentais a lei não garante proteção à mulher contra esse crime hediondo. A extrema condescendência da lei incentiva o crescimento constante das vítimas de estupro. A violência doméstica contra a mulher é um fenômeno presente em todos os países muçulmanos ou não (só no Brasil 5.000 mulheres morrem por ano vítimas da violência de seus maridos). Dados como esses não nos dão o direito de imaginar que a situação das mulheres é melhor no ocidente do que no mundo muçulmano.
O ocidente exalta a imagem da mulher “independente” “que é dona do próprio corpo”, que não precisa nem dos pais ou de marido. Porém, esta imagem não representa a realidade da grande maioria das mulheres no ocidente. Esta realidade é o drama de uma multidão de adolescentes mães solteiras que acreditaram “que eram donas de seu próprio corpo”, ou outra multidão que precisa vender o corpo em troca de um prato de comida. Todos os problemas sociais vitimam mais as mulheres, o seu status profissional não é reconhecido (ganha proporcionalmente menos que o homem exercendo as mesmas funções) e a prostituição continua sendo oferecida como “alternativa” para corrompê-la e destruir sua dignidade. Ao invés de estigmatizar o Islam, o ocidente deveria repensar a si próprio e suas concepções sobre o status da mulher.