Ayatullah Al-Odhma Assayed Ruhollah Khomeini (K.S.)

A história das lutas dos povos do mundo nos remete à grande representatividade que a manifestação da vontade das massas reproduz. Na história das lutas islâmicas do povo iraniano, notamos o Imam Khomeini (K.S.), um homem brilhante, que tem sido um símbolo típico de amor à liberdade e à independência contra a escravidão.

Um estudo da história das lutas dos povos, poderia mostrar que foram poucos os líderes que denunciaram o colonialismo e prepararam o caminho que conduz ao encontro dos seus objetivos, através da confiança no poder do povo, inspirado também pela ideologia progressiva do Islam. Ele deu deste modo, um ímpeto ás constantes lutas contra a autocracia e o colonialismo.

Acabar com a dominação das potências e o colonialismo, não é uma tarefa simples, mas o Imam Khomeini (K.S.) conseguiu superar todas as dificuldades sem colidir com outros grupos políticos.

Sua infância

O Imam Khomeini (K.S.) nasceu em 1900, equivalente a 1297 (H.S.). O seu nascimento, de acordo com o calendário lunar, coincidiu com o venturoso aniversário natalício de Fátima Azzahrá, a filha do profeta Mohammad (S.A.A.S.) e a mulher mais reverenciada no Islam. Ele provém de uma eclesiástica e militante família muçulmana. Seu pai, Ayatollah Sayyed Mustafa Musavi, estudou em Najaf e Samera, Depois de completar seus estudos, voltou para Khomein, terra natal de Imam Khomeini (K.S.), para ser um dirigente religioso. Teve três filhos e três filhas. Aos 42 anos o pai de Imam Khomeini (K.S.) foi assassinado.

Sua mãe, Hajar, também descendente de uma família muçulmana eclesiástica, era filha do Ayatollah Mirza Ahmad, um exaltado teólogo muçulmano. A partir dos cinco meses de idade, foi criado por sua tia paterna Sahiba e por sua mãe. Foi despojado de seu pai na meninice. Quando atingiu a idade de 15 anos, sua tia morreu e, pouco depois, sua mãe também faleceu. Contudo, tais perdas só serviram para fortalecer a sua vontade.

Os seus dias de escola
O Imam Khomeini (K.S.) era uma criança inteligente, talentosa e que desde cedo começou a aprender. Seu primeiro professor deu-lhe lições particulares e quando o Imam Khomeini (K.S.) aprendeu a ler e escrever, foi para a escola continuar seus estudos. O seu irmão mais velho, Ayatollah Passandideh, ensinou a gramática e a lógica arábica, assim como rudimentos de outra disciplinas.

Nesta altura dos acontecimentos, o Centro para os Estudos Teológicos em Arak, sob o patrocínio de Haj Sheikh Abdulkarim Haeri Yazdi, uma figura ilustre no domínio da teologia, já era famoso. O Imam Khomeini (K.S.) estudou literatura em Arak e, em virtude deste Centro ter sido transferido para Qom, mudou-se para lá, passando a residir na Escola de Darishuta. O Imam Khomeini (K.S.) aprendeu as lições dadas pelo Ayatollah Haeri, e quando este faleceu, já tinha se tornado uma autoridade em direito canônico e teológico. Tinha profundos conhecimentos nos campos da astronomia, filosofia e misticismo.

Desde os primeiros anos de sua vida, o Imam Khomeini (K.S.), tentou arduamente tornar-se uma pessoa formada e educada na sua maneira de ser. Ele era muito conhecido em qualquer círculo de Qom por seus méritos. Atribuía grande importância ao cumprimento dos ritos religiosos e observa as doutrinas islâmicas. Apesar de ficar até a meia noite em oração e em comunhão com Deus, era uma pessoa madrugadora. Dedicou-se de corpo e alma ao seu trabalho, prática da abnegação e mantinha uma rígida disciplina em tudo. Foi um dirigente comprometido e responsável, mantendo-se atualizado e bem ciente das dificuldades da sociedade. Era contrário á tirania e aos tiranos.

No que diz respeito a sua educação, foi um profundo conhecedor de todos os ramos das ciências intelectuais e tradicionais. Começou a ensinar filosofia aos 27 anos, escreveu muitos livros que tratam de diferentes assuntos religiosos. Sua influência e ensinamentos no Centro para estudos teológicos em Qom eram tão importantes que sua ida para o exílio foi um grande choque, não somente para este Centro, mas também para o Islam e para a Independência do Irã. Aos 30 anos, o Imam Khomeini (K.S.) casou-se com a filha de um clérigo muçulmano e teve dois filhos e três filhas.

Suas lutas políticas antes de 1963
Se estudarmos o livro “Kashf Al-Açrar”, escrito pelo Imam Khomeini (K.S.) depois do mês de Setembro de 1941, equivalente ao mês de Sha-hrivar de 1320 (H.S.), saberemos da sua ideologia nas suas dimensões políticas e sociais. Ele diz no livro:

“A religião é a única coisa que pode dissuadir a humanidade da deslealdade e do crime. Infelizmente, aqueles que tomaram a direção do governo no Irã, ou têm uma fé falsa ou não têm nenhuma fé na religião. Estes demagogos que falam ardentemente em defender os interesses do país, na realidade cuidam dos seus próprios interesses. Se um candidato a membro do Parlamento gasta tanto para comprar votos, é porque espera ganhar mais quando for eleito. Depois de alguns meses no posto, um Ministro, digamos pobre, pode juntar uma grande fortuna. Estarão eles a servir o seu país com sinceridade?”

“Mudarres, fazia parte do clérigo muçulmano além de ser uma figura ilustre no Parlamento. Quando morreu, era tão pobre quanto antes. Que os seguidores de Mudarres possam liderar os poderes legislativos, executivos e judiciários, para acabar com a desgraça do país”.

Assim dizendo, o Imam Khomeini (K.S.) sabia muito bem que as três forças do país eram simples instrumentos na mãos do regime. Em outra parte deste livro ele comenta:

“O governo que domina em oposição às leis do país e da justiça, é um grupo de demônios com trajes de polícia para assaltar mulheres inocentes e rasgar o seu véu ou dar-lhe pontapés, mesmo estando grávidas, portanto é opressivo”.

Paralelamente à sua política e as suas atividades sociais, sempre apoiou o povo muçulmano oprimido do Irã.

Os acontecimentos da década depois do ano de 1941, equivalente a 1320 (H.S.) e também do golpe de estado traçado pela CIA em 1953, que uniu o Shah e o Irã á Israel, tinham sido programados para proteger os interesses da América no Oriente Médio. Cada vez mais, o Irã tornava-se economicamente e politicamente dependente da América. Quando John Kennedy começou a governar a América, expôs uma política nova, baseada no surgimento de reformas ostensivas para exercer maior influência nos países do Terceiro Mundo. Tais reformas, entre elas a montagem de “Indústrias Desenvolvidas”, encarregaram-se de tornar o povo urbano dependente de bens importados e incitar os aldeões a imigrarem para as cidades e vilas, desnudando assim as aldeias da produtividade, o que paralisou a economia nacional criada com base na agricultura e artesanatos naturais. Através de importações de bens atuando como intermediários muitos fizeram fortuna e serviram os seus patrões ocidentais.

Mas as figuras religiosas que eram líderes espirituais do povo iraniano descobriram os maus planos do imperialismo estadunidense. O povo do Irã, em suas lutas contra a autocracia e o colonialismo, compreendeu que havia uma ligação entre eles, o povo, e seus líderes religiosos, dentre eles o Imam Khomeini (K.S.) era o que mais se destacava. Para esclarecer as posições adotadas pelo Imam Khomeini (K.S.) e o seu papel no desenvolvimento político e social, vamos citar alguns exemplos históricos:

A) Conselhos Provinciais e Municipais

Em 1962, equivalente ao mês de Mehr do ano 1341 (H.S.), o Conselho de Ministros aprovou uma proposta de estabelecimento de Conselhos Províncias e Municipais. De acordo com este projeto de lei, a cláusula do “Islam” não tinha sido incluída, embora a constituição do país ordenasse que tantos quantos fossem eleitos para o Parlamento deveriam crer nela. A nova proposta declarava que os representantes eleitos para o Parlamento, deveriam prestar juramento em qualquer Escritura Sagrada que acreditassem e não necessariamente no Alcorão Sagrado. Os Ayatollahs exaltados em Qom protestaram dizendo que o projeto em questão estava em desacordo com a Constituição. O Shah Mohammad Reza Pahlevi disse que Alam, Primeiro-Ministro da época, tinha se encarregado disso por iniciativa própria. O Imam Khomeini (K.S.), num telegrama dirigido a Alam, opôs-se ao projeto e pela primeira vez o advertiu contra tais Conselhos e a linha sionista, e despertou o povo para se opor. Protestou contra a tortura de pessoas, detenções e execuções para defender os interesses sionistas e americanos. Levantaram-se oposições públicas contra o governo. As autoridades religiosas de Qom decidiram que todo o povo deveria sair e fazer greve. O governo declarava estado de emergência em Teerã. O Primeiro-Ministro tinha encontrado o seu “Waterloo”. Dois meses depois, em uma audiência com a imprensa, anunciava que a aprovação do projeto dos Conselhos Provinciais e Municipais era inválida e estava anulada.

Ao mesmo tempo, o Imam Khomeini (K.S.) protestou contra a recusa de uma demanda do Parlamento, a falta de liberdade de expressão na imprensa e a intervenção do sionismo no Irã. A vitória extraordinária do povo neste particular preparou o caminho para oposições mais intensas contra a chamada “Revolução do Shah e o povo”, que não era mais do que um plano sugerido por Kennedy para que os países do terceiro mundo pudessem depender economicamente dos Estados Unidos.

B) O Plebiscito do Shah

Para impedir quaisquer levantamentos nacionais e anti-americanos, o governo dos Estados Unidos empregou grandes esforços para dar prosseguimento ás reformas em diversos países. Assim, o Shah Mohammad Reza Pahlevi decidiu implantar as reformas prescritas pelos Estados Unidos sob o nome “Revolução Branca” ou a “Revolução do Shah e o Povo”. Ele sabia que não havia nenhuma barreira em sua frente, a não ser os grupos religiosos chefiados pelo Imam Khomeini (K.S.). A história tem testemunhado como os verdadeiros teólogos e o clero islâmico têm apoiado o povo contra a classe mais privilegiada e os opressores, sem temer as conspirações e as más maquinações dos colonialistas.

Depois das decisões da chamada “Revolução do Shah e o Povo”, terem sido anunciadas e fixado o dia 26 de janeiro de 1963 (Bahman 6, 1341, H.S.) para o plebiscito, o Imam Khomeini (K.S.) convocou o povo para queimá-lo. A convocação teve uma vasta publicidade nacional e o povo respondeu entusiasmadamente. Nas seções de votos a maioria dos eleitores eram os agentes Savak, membros da conhecida polícia secreta do sionista Shah. As entradas estavam desertas, exceto pela presença de soldados armados, contudo a máquina do programa do regime anunciou que 5.600.000 eleitores tinham defendido os seis pontos da “Revolução”.

No mesmo ano, o Imam Khomeini (K.S.) falou para a multidão em Qom, por ocasião de “Eid Al-Feter”, festividade que marca o fim de Ramadan, mês em que os muçulmanos estão em jejum:

“Mantenham-se firmes contras as medidas do regime. Não temam nenhuma prova final. Se o governo recorrer a força, não se rendam a ele. Por que é que deve haver diferença entre o Shah e o povo? O seu plebiscito foi um fracasso. Que isto sirva de lição para eles. Melhor seria para o governo rever a sua política e submeter-se à vontade do povo. Nós, em nome do clero muçulmano, lutamos pela causa do Islam. Nenhuma força, mesmo poderosa, poderá calar-nos”.

O discurso de Imam Khomeini (K.S.) foi fortificador. Tinha se referido à incapacidade do regime para tomar decisões. Realçou mais uma vez que a religião e o apoio principal do povo nunca defenderá o fantoche do regime do imperialismo americano.

C) O principio de 1963

As autoridades religiosas de Qom declaravam que os muçulmanos não poderiam celebrar o Ano Novo iraniano, porque coincidia com o martírio do Imam Assadeq (A.S.). Quando o Shah viu como o povo apoiava a religião e apoiava o Imam Khomeini (K.S.), ficou assombrado. Decidiu neutralizar os planos dos seus oponentes.

No dia 22 de março de 1963, o primeiro mês do calendário iraniano, um grupo de apoiadores do Shah e os agentes Savak, chegaram a Qom em carros blindados e tanques de guerra. Militares em carros do exército, armados de metralhadoras, dirigiram-se também para a cidade. A casa do Imam Khomeini (K.S.) foi invadida por pessoas e, de repente, foram ouvidas palavras de propaganda anti-religiosa. Na escola de Faiziyyeh houve muita confusão e o povo foi atacado ali. Os agentes do Shah abriram fogo contra o povo e o clero muçulmano. Foi um escândalo! O Shah queria forçar o clero muçulmano a manter-se quieto e fazer o que era ordenado pela América.

Assim que o Imam Khomeini (K.S.) recebeu as notícias do acontecimento, foi acalmar a multidão dizendo:

“Estejais calmos. Sois seguidores daqueles líderes sagrados da vossa religião que sofreram grandes atrocidades. Tal escândalo serve como faca de dois gumes. Grandes figuras do Islam morreram para preservar a religião. Eles confiaram em vós, portanto cabe a vós conservar esta sagrada herança”.

O discurso do Imam Khomeini (K.S.) foi convincente, não porque aquele que falava estava ameaçado de morte, mas porque num momento tão crítico prometia uma vitória para o povo e a derrota do Shah.

O Imam Khomeini (K.S.) solicitou aos líderes religiosos exaltados em Teerã, que revelassem a crueldade do regime e que, nos seus sermões se referissem aos ataques desumanos deste, contra o povo religioso, sobre as ameaças de Israel e sobre o verdadeiro perigo para o Islam. Quando o Shah não conseguiu forçar os líderes religiosos a se manterem calados, proibiu que deles se afastassem e os persuadiu a não contrariar a ele ou o Estado de Israel, ou ainda declarar que o Islam estava sendo posto em cheque.

O Imam Khomeini (K.S.) era sempre calorosamente recebido pelo povo. O sincero apoio que as massas davam à chefia religiosa desiludiu o regime. O regime via isto como um obstáculo para a sua política. Depois da morte do Ayatollah Boroujerdi, o Shah criticou abertamente o Islam e a única figura que se dava ênfase à importância da chefia religiosa para o povo e que era um elemento determinado na sociedade, o Imam Khomeini (K.S.). Foi ameaçado pelo Savak para parar de pregar sermões em Faiziyyeh, mas ele foi lá na tarde de Ashura, o décimo dia de Moharram, mês de luto em memória do martírio do Imam Hussein (A.S.) e falou à multidão:

“Chegamos à conclusão de que estão contra o Islam e a chefia religiosa. Israel quer desacreditar o Alcorão, nosso livro Sagrado, eliminar a chefia religiosa e apertar seu punho na nossa economia, comércio e agricultura”.

D) O massacre de Khordad

Este discurso esmagador irritou o Shah. Na noite do dia 5 de junho de 1963, 15 de Khordad, as tropas cercaram Qom, foram até a casa do Imam, e o levaram para a Prisão de Qasr, em Teerã. Mais tarde foi transferido para o quartel de Ishrat Abad. No dia seguinte, o povo marchou pelas estradas chefiados por Haj Mustafa Khomeini, gritando: “Ou morte ou Imam Khomeini”.

Em Teerã o povo marchou pelas estradas exigindo sua imediata soltura da prisão. O comércio e a Universidade foram fechados em Teerã. As tropas abriram fogo contra a população, causando graves acidentes.

Apesar das punições da segurança no dia seguinte, 6 de junho, 16 de Khordad, houve manifestações outra vez em Teerã, em apoio ao Imam Khomeini. Em muitas cidades e vilas do Irã, o povo fez greve. Não há registro disponível de mortos e feridos, mas 15.400 pessoas foram dadas como mortas em Teerã e Qom. As atrocidades da lei marcial do Shah durante estes dias e o apoio que o povo deu a Imam Khomeini, foram relatados pela imprensa estrangeira. Embora a imprensa do ocidente, especialmente os jornais imperialistas nunca tivessem sido capazes ou tivessem tido desejo de divulgar as lutas dos oprimidos sob o jugo do colonialismo, a revolta do dia 5 de junho (Khordad 15) e a chefia do Imam Khomeini causou-lhes tão forte impressão que não puderam negligenciá-la.

Quando o povo recebeu as notícias de que o Imam Khomeini estava bem e gozando de boa saúde, pararam com a greve e o comércio reabriu. Quase dois meses depois ele foi transferido da cadeia para a residência da Savak, em Davoudiyeh, ao norte de Teerã, acalmando a tensão pública.

E) Após o massacre de Khordad

Ao aproximar-se o dia do primeiro aniversário do massacre de Faiziyyeh, sob uma forte pressão pública, o Imam Khomeini foi solto da prisão e enviado para Qom. Em seu primeiro discurso feito na Mesquita de Azam, disse:

“Chamam-nos de pessoas reacionárias. Alguns jornais são subornados a dizer que somos contrários a todas as reformas e tentamos levar o Irã a um retrocesso, à Idade Média. Os muçulmanos versados em teologia e direitos religiosos são contrários à desgraça que o povo sofre aqui. Queremos que eles defendam a independência do nosso país. Nós queremos que não sejam humildes empregados dos outros, nem que roguem por mais ajuda. Será que isto é torna-se antiquado? Não nos opomos à civilização, nem o Islam se opõe. Vós (governo) violais todas as leis, quer humanas quer divinas. Os programas de rádio e de televisão são de abalar os nervos. A imprensa envenena a mente da juventude. Tendes aqui israelitas especialistas em assuntos militares. Enviais estudantes iranianos para Israel. Opomo-nos a isto. Não nos opomos à liberdade da mulher, mas não queremos que as mulheres sejam bonecas feitas, usadas para o propósito indecente dos homens. O vosso sistema educacional está à serviço dos estrangeiros”.

Além de revelar os maus planos do regime de Pahlevi, o Imam insistiu com a unidade do povo islâmico contra o sionismo e o imperialismo.

F) A capitulação do projeto de lei

O governo fantoche de Mansour, o Primeiro-Ministro naquele tempo, submeteu a capitulação do projeto de lei que passou aos “Majlis”, a câmara baixa do Parlamento iraniano de Pahlevi. O projeto em questão deu direitos extraterritoriais a americanos residentes no Irã. O Imam Khomeini (K.S.) foi logo informado deste ato traiçoeiro e em um discurso, explicou as suas razões de oposição ao projeto. Em menos de dez minutos mais de 40.000 cópias de anúncios, expressando as idéias do Imam Khomeini (K.S.), foram distribuídas pelos seus seguidores em Teerã. Em suma, o anúncio dizia:

“Cabe aos Estados Islâmicos exporem as nossas mágoas. Cabe aos pregadores e aos oradores islâmicos protestarem contra tal desgraça. Todas as classes são obrigadas a trabalhar e a lutar para a independência do país. Os estadistas são obrigados a transmitir ao povo as decisões do Parlamento que estão por detrás da cortina. Os partidos políticos devem adotar uma política comum em relação a isto. Os líderes religiosos devem suportar o Islam e o Glorioso Alcorão e apoiar os muçulmanos”.

O Shah, que sentiu seu trono ameaçado, chegou finalmente à conclusão de que não podia ignorar o interesse do povo, a não ser que o Imam Khomeini (K.S.) fosse obrigado a deixar o país. O apoio que o povo dava à chefia religiosa era insuportável para o Shah e o seu governo. Se o povo alcançasse o desenvolvimento político, seria capaz de eliminar o colonialismo através da revolução. Os colonialistas e os seus regimes fantoches, temiam tais ideologias que penetravam através do povo e dos líderes que tinham grande domínio sobre elas. O Imam Khomeini é a manifestação verdadeira de tal chefia.

O Imam Khomeini (K.S.) expatriado para a Turquia

Na noite do dia 4 de novembro de 1964, 13 do mês de Aban do ano 1343 (H.S.), Qom foi ocupada mais uma vez por tropas do serviço secreto iraniano. O Imam Khomeini foi preso e levado ao aeroporto de Mehr Abad em Teerã na intenção de ser expatriado à Turquia. Durante a manhã, foi ordenado o toque e recolher na cidade toda e as pessoas não tiveram permissão para abandonar as suas casas. O serviço secreto cercou as casas dos líderes religiosos. Haj Mustafa Khomeini foi preso e transferido para uma prisão em Teerã e dois meses depois foi igualmente expatriado para a Turquia.

Foram enviados telegramas para a Embaixada da Turquia em Teerã, em apoio à chefia religiosa. Enquanto isso, Hassan Ali Mansour, que era responsável pela capitulação do projeto da lei e da expatriação do Imam Khomeini, era assassinado por um membro do Movimento da Aliança Islâmica.

A seguinte carta foi enviada para a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas:

“Queremos chamar a vossa atenção para as medidas que as Nações Unidas podem tomar a fim de atender a política do Governo iraniano voltada à violação dos Direitos Humanos. O assunto foi publicado nos jornais “New York Times”, “London Times” e “Lê Monde” nas edições de 5 de novembro. Os líderes religiosos foram expatriados como condição de segurança, segundo sugestões da Savak. As altas figuras religiosas foram encarceradas e quase todos os outros líderes estavam sob a vigilância policial em suas casas. A expatriação do Imam Khomeini (K.S.) para Izmir, Turquia foi a pior de todas, violando o Artigo 14 da constituição do Irã, que diz que nenhum iraniano deve ser expatriado ou forçado a abandonar a sua residência para viver em qualquer outra parte, a não ser em circunstâncias estipuladas pela lei.O Imam Khomeini permaneceu sob vigilância policial em Qom desde 1962, portanto, como poderia ser ele culpado de instigação?

O mais importante disso é tomar consciência da atitude do governo turco em aceitar um dirigente religioso de tal qualidade no seu território e tê-lo sob controle. Apreciaremos as vossas investigações segundo merecimento do caso e a vossa decisão posterior, de acordo com a Carta Patente das Nações Unidas de abril de 1965.”

O governo turco, sob pressão do regime iraniano, foi obrigado a transferir o Imam Khomeini (K.S.) para o Iraque. O governo iraquiano concordou com essa transferência, desde que o Irã não entrevisse no destino do Imam Khomeini (K.S.), sua liberdade de atividades e a duração da expatriação no Iraque.

Exílio no Iraque

O Imam Khomeini (K.S.) viveu no exílio, na Turquia, por um curto período durante o qual escreveu vários livros. Em Najaf, Iraque, ele reassumiu as suas atividades, mas aludido num anúncio de que essa retomada não devia ser considerada como o fim do seu exílio e que devia esclarecer ao público adequadamente.

Os teólogos em Qom convidaram o povo a fazer greve e suspender também as aulas no centro para estudos teológicos, para forçar o regime a permitir a volta do Imam Khomeini (K.S.) para a casa, mas tudo foi infrutífero. No exílio, o Imam Khomeini (K.S.) estava sempre meditando sobre como aliviar os sofrimentos dos iranianos.

Ele atribui grande importância ao atestado espiritual do povo. Afirma que o pensar islâmico, o conhecimento dos conceitos do Alcorão, os princípios religiosos atribuídos ao Profeta e os Imames sagrados, deveriam ser os requisitos indispensáveis para a condição de militante no caminho islâmico. Advoga que não se deveria separar a religião das opiniões políticas e acredita que o Islam é a religião que abraça todos os aspectos da vida humana. Ele não era somente considerado como uma das altas autoridades no campo religioso em Qom, mas era também reconhecido como um grande estudante em Najaf.

A posição do Imam Khomeini (K.S.), em face dos problemas sociais e políticos do Irã, enquanto estava no exílio no Iraque, foi bem definido na sua mensagem para o povo do Irã e para o Centro de Estudos Teológicos em Qom:

“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Aqueles que se encarregam da conduta correta, advertem e ordenam que não se pratique a indecência de conformidade com os deveres religiosos, com fim de sustar o Islam e a sua doutrina sagrada, e protegem o povo islâmico contra a dominação das forças estrangeiras, devem ser apoiados com boa fé por todos sem ofender a sua dignidade e respeito próprio”.

A sua mensagem para os estudantes na América e no Canadá, ali ligados a associações islâmicas, exprimiu: “Deveis introduzir o Islam nas sociedades humanas, o modo como domina e aplica a justiça, como os governadores muçulmanos devem porta-se com o seu povo e como pode sacar o tesouro público. Não deveis nunca hesitar em divulgar a conspiração do regime tirânico do Irã contra o Islam e os muçulmanos, a crueldade, o genocídio e os casos de violação da lei no Irã”.
O outro caso de corrupção do regime monárquico foi a celebração realizada por ocasião do 2.500 anos do aniversário da monarquia no Irã, 50 anos do aniversário do reinado de Pahlevi e as cerimônias de coroação do Shah Mohammad Reza Pahlevi. A extravagância e o esplendor sem precisão foram uma carga para a nação. A mensagem do Imam Khomeini (K.S.) a este respeito foi a seguinte:

“O regime tirânico pensa que estou satisfeito com a minha vida. Eu antes preferia ter morrido e voltar para Deus, do que ter vivido para ver o sofrimento das massas oprimidas. Creio que é meu dever protestar.”

“Nos disseram repetidas vezes para não intervimos nos negócios do Estado. Foi-nos proibido lutar contra o regime. Mas a história da humanidade testemunha que foi o Profeta e as figuras religiosas que se levantaram contra os governadores autocráticos”.

“O clero muçulmano soma mais de 150.000, incluindo teólogos de boa fama, bem como autoridades notórias em questões religiosas. Se todos eles escrevessem o que sabem das perversidades do regime, venceriam sem dúvida”.

“Enquanto os pobres estão padecendo, foram gastos 800.000.000 Rials, moeda iraniana, somente para as celebrações monárquicas de Teerã. Vós (o regime) comemorais o morto e ignorais o vivo. O regime saqueia o tesouro público e oferece o uso total dos nossos recursos da fortuna nacional aos estrangeiros”.

Quando o Shah sentiu o perigo iminente para o seu domínio inseguro, pensou em estabelecer um partido para propagar a ideologia da monarquia. Mas, tão má conspiração veio a ser um fracasso.
A seguinte mensagem foi enviada pelo Imam Khomeini (K.S.) ao respectivo Partido Rastakhiz (Ressurgimento):

“O povo despojado do Irã é forçado a aceitar o sistema monárquico, um sistema corrupto que é rejeitado e condenado pelo Islam. O regime procura aniquilar o Alcorão. Os iranianos são compelidos a render-se ao governo sanguinário. O Shah fala sempre da constitucionalidade e da lei Constitucional, enquanto que ele próprio tentou fortemente eliminá-la. Devido ao fato do Partido Rastakhiz desafiar o Islam e os interesses do povo muçulmano do Irã, ninguém deve se aliar a ele, porque fazendo isso seria o mesmo que apoiar o opressor e trair o oprimido”.

Martírio do seu filho, Mustafá Khomeini (K.S.)

Um triste evento aconteceu no Iraque quando o Imam Khomeini (K.S.) estava no exílio. O seu filho, Haj Mustafa, foi martirizado, perdendo a vida no dia 3 de outubro de 1977 (Aban 1, 1356), aos 48 anos. Conta-se que ele foi envenenado. Ele era uma autoridade na lei teórica e em economia e também era versado na filosofia, retórica e nas ciências intelectuais.

Retorno ao Irã

O regime do Shah se apegou em todas as oportunidades para desacreditar a reputação dos líderes religiosos e teólogos e apertou seu poder sobre as massas. Havia um fluxo de cabos telegráficos para Najaf, apresentando condolências ao Imam Khomeini (K.S.) pela perda de seu filho. No dia 7 de janeiro de 1978 (Day 17, 1356, H.S.), foi publicado um artigo no jornal de Teerã, difamando o Imam Khomeini. O povo, especialmente em Qom, contestou-o. As suas subseqüentes manifestações foram subjugadas pelo regime. Em Tabriz havia também manifestações a favor do Imam Khomeini (K.S.). Nesta época, as medidas repressivas e dominantes tomadas pelo regime alcançaram o seu máximo, mas as manifestações da multidão persistiram na maior parte do país.

Enquanto isso, o Imam Khomeini (K.S.), tinha intensificado as sua atividades em Najaf, e a polícia iraquiana colocou sua casa no Iraque sob vigilância, alegando que os interesses de ambos os países, bem como os de nível internacional, tinham sido desprezados por ele. O povo iraniano e os líderes religiosos fizeram objeção e os chefes dos estados muçulmanos e membros da Frente da Resistência Árabe, que tinham se reunido em Damasco entreviram e o Iraque ordenou à polícia para suspender a sua vigilância alegando que tinha sido somente um equívoco. Sofrendo estas dificuldades e o aumento das pressões policiais, o Imam Khomeini (K.S.) deixou Najaf para a fronteira do Kuwait no dia 4 de outubro de 1978. O Kuwait não o aceitou para agradar o Irã. Foi forçado a voltar para o Iraque de onde partiu dois dias depois para Paris.

Surgiram oposições e manifestações no Irã. Deve-se destacar as manifestações da Praça de Jaleh, no dia 8 de setembro de 1978 que terminou em um massacre. As perdas, de acordo com o comunicado da repartição de exames médicos, foram grandes: 4.490 vítimas, sendo a maioria delas mulheres e crianças.

A dita praça agora é chamada de “Praça dos Mártires”.

Em 4 de Novembro do mesmo ano, os estudantes da Universidade de Teerã manifestaram-se a favor da volta de Imam Khomeini (K.S.) para o Irã e 65 pessoas foram mortas. Nos dias 10 e 11 de dezembro de 1978 ocorreram ali outras manifestações. A determinação dos manifestantes era a seguinte:

“O Imam Khomeini é nosso dirigente e as suas aspirações são as do povo. Estes tipos de manifestações são votos de confiança que lhe são atribuídos sempre e um sincero reconhecimento da valiosa chefia das autoridades religiosas exaltadas”.

“Apelamos pelo destronamento do Shah, pelo fim do regime monárquico e do colonialismo que está ligado á autocracia interna. Exigimos que se dê liberdade ao povo muçulmano do Irã para decidir o seu próprio futuro”.

“Apelamos pelo estabelecimento da ordem de justiça islâmica, baseada nos votos dados pelo povo, o sustento da independência e a integridade territorial do país, bem como a realização das liberdades individuais e sociais, de acordo com o padrão islâmico”.

Houve manifestações e comícios no dia 19 de Janeiro de 1979. O resumo da revolução das manifestações é a seguinte:

“Apelamos pela deposição do Shah. Ele e o seu pai usurparam o trono”.

“Apelamos pela formação de um conselho revolucionário Islâmico pelo Imam Khomeini, que fará as preparações para o plebiscito decidir o futuro do Irã”.

O Shah abandonou o país e nomeou Bakhtiar como Primeiro-Ministro, na esperança de que talvez pudesse preparar o caminho para a sua restauração no poder. O Imam (K.S.) continuou a condenar as conspirações americanas e o seu Shah fantoche. Embora Bakhtiar prometesse certas reformas, o povo não deixou que cumprisse sua palavra e exigiu sinceramente a volta do Imam Khomeini (K.S.) para o Irã.

Em 1° de Fevereiro de 1979, o Imam Khomeini (K.S.) regressou para a sua terra natal. O povo recebeu-o entusiasmadamente e de todo coração. Foi uma recepção nunca vista na história. Do aeroporto de Mehrabad, o Imam Khomeini (K.S.) foi para o cemitério de Beheshteh Zahra, local do repouso de todos que deram suas vidas pela causa da Revolução, e de lá falou para a multidão.

Uma semana depois, o Imam Khomeini (K.S.) nomeou Mehdi Bazargan para Primeiro-Ministro. Num anúncio em 10 de Fevereiro, solicitou ao povo para não prestar nenhuma atenção à lei marcial, cujo início estava marcado para às 16:00 horas daquele dia. Ele disse para o povo resistir abertamente à lei marcial e encher as estradas. O povo atacou as esquadras, quartéis e prisões, e no dia seguinte os centros importantes do governo caíram. A Revolução Islâmica, não muito bem organizada, estava vitoriosa, graças à sábia e poderosa chefia do Imam Khomeini (K.S.), este que não aceitou nenhum título ou posição no governo e continuou a ser um dirigente religioso da nação. O Imam Khomeini (K.S.) nunca ignorou os interesses do Islam.

Traços da chefia do Imam Khomeini (K.S.)

O Ayatollah Taleqani, um grande religioso e dirigente político do Irã, que teve um papel importante no descrédito do regime anterior, mobilizando o povo, sempre dizia que ao sentir-se desanimado, visitava o Imam Khomeini (K.S.) e voltava inspirado, cheio de confiança e esperança.

O falecido Ayatollah Mutahhari, um célebre teólogo do Islam, no seu livro “Movimentos Islâmicos nos Últimos Cem Anos”, escreveu sobre o Imam Khomeini (K.S.):

“O seu nome, memória, palavras, fervo do espírito, vontade inflexível, firmeza, coragem, perspicácia e fé profunda são falados por pessoas de todas as classes. Ele é o mais querido, o mais magnífico herói dos heróis e o orgulho para a nação iraniana. É um dos frutos justos na linhagem profética que, sob todas as circunstâncias, nega o torcimento e reivindicação falsa. Inspira a essência da revolução na nação. Poucos líderes teriam influenciado, como ele fez, todos os aspectos da vida na sociedade. A mobilização das massas é um exemplo da sua chefia”.

O Imam Khomeini considerava o Islam como um sistema que envolve todas as sociedades, baseado no comando divino sobre todos os outros sistemas. Ele acredita que um dirigente espiritual deve ser versado nos preceitos divinos para dirigir a sociedade nos caminhos do Islam.
O Imam Khomeini preparou o caminho para nossa Revolução Islâmica, através de um movimento que começou em 1963. Ele inspirou um desejo ardente no povo para a revolução. Apesar de ter sido apoiado pelas massas, ele se considerava um simples teólogo e ainda é considerado um símbolo máximo de humildade. Trata de todos os problemas do ponto de vista Islâmico. As leis de Deus e do Islam são as mais respeitadas. A passagem do tempo não alterou a sua visão do mundo. No que diz respeito ao problema palestino e o mundo Islâmico, ele mantém uma posição inabalável. O Imam Khomeini (K.S.) fala da vitória da verdade sobre a classe próspera, bem como sobre a falsidade. Ele diz:

“Nós embarcamos na longa luta contra o regime americano e esperamos que a nossa futura geração estenda a bandeira da unidade, libertados dos opressores.”

“A nossa Revolução Islâmica tem a pura essência do Islam. É uma crença no mundo Islâmico. As doutrinas promovidas por outras ideologias, não compreenderam a nossa Revolução, que introduziu conceitos e métodos não somente no Irã, mas em todo o globo”.

Imam Khomeini (K.S.)

Felicito sinceramente a importante nação iraniana, porque Deus todo Poderoso favoreceu-nos com seu braço poderoso, que é a força dos oprimidos, para aniquilar o opressivo regime monárquico. Durante a história da monarquia, os tirânicos humilharam e trataram maliciosamente esta nação. Mas Deus todo poderoso fez da nossa importante nação o guia e o exemplo das nações oprimidas e concedeu-lhe a sua verdadeira herança pelo fundamento da República Islâmica do Irã.

Num dia tão auspicioso que é o dia da chefia do “Ummah” e o dia da vitória e triunfo da nação, comunico a fundação da República Islâmica do Irã.

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